quarta-feira, 31 de julho de 2013

Subterrâneos do cobre


Subterrâneos do cobre



Uma vila com cara de cidade, construída há 35 anos só para os empregados de uma mineração. Pilar, norte da Bahia, abriga quase 8 mil pessoas. Lugar bucólico, sossegado. Mas embaixo das ruas, a vida é agitada. Trânsito intenso e pesado. Caminhões, ônibus, tratores e máquinas enormes circulam em 70 quilômetros de túnel. Transportam gente e muita pedra. É minério de cobre. A frente de trabalho menos profunda está a 600 metros da superfície. O último trecho do túnel fica a 800 metros de profundidade. É uma área tão quente que ficou conhecida como inferno. Nem o diabo gosta, dizem os mineiros. Quem trabalha nas áreas onde as rochas são desmontadas sofre um pouco, porque a temperatura passa dos 40 graus. É um calor quase insuportável.
Raimundo Rodrigues Neto é um dos responsáveis pelo recolhimento do minério. Nas galerias de extração, sempre há o risco de desmoronamento. Por isso, o caminhão é operado por controle remoto.
"Somos obrigados a suportar porque dependemos do trabalho para viver", conforma-se o operador de máquinas.
Raimundo procura ser rápido. Em três minutos, consegue carregar a caçamba. Ele só se livra do calor quando entra na boléia com ar refrigerado. Quem trabalha nessa função passa até sete horas lá dentro.
Esta é a mais antiga mina de cobre do Brasil. Produz 25 mil toneladas por ano. Mas, para chegar a esse volume, as máquinas trabalham dia e noite, sem parar.
"A média em nossa mina é de 1%: em 100 toneladas, uma tonelada é de cobre", revela o geólogo Rodrigo Arquimedes Farias.
Nos paredões úmidos da rocha, dá para se ver o minério. A parte amarela, parecendo ouro, é cobre. O futuro da mina é incerto. Os campos conhecidos do minério serão esgotados em 2008. Todos os dias, no fim do expediente, uma procissão silenciosa nas galerias torce para que as pesquisas encontrem novas jazidas.
Cobre, ouro, rutilo, ametista, esmeralda. Jóias que encantam, embelezam. O chão brasileiro é um grande depósito de preciosidades. Mas, nesse mundo de aventuras, a maior riqueza está nas mãos, na coragem do homem que busca o pão embaixo da terra.

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