sábado, 23 de agosto de 2014

Os prós e contras do gás de xisto no Brasi

Os prós e contras do gás de xisto no Brasi

De uns anos para cá, o tema gás de folhelho, popularmente conhecido como gás de xisto (shale gas, em inglês), tem ganhado maior relevância. O uso dessa fonte não convencional vem sendo apontado como um elemento promissor para a indústria. Com o potencial de trilhões de metros cúbicos espalhados em bacias ao redor do planeta, a vantagem econômica desse insumo é o fato de ser mais barato que o petróleo, o que poderá acarretar uma  mudança profunda na matriz energética no mundo todo. Com relação a esse assunto, dois tópicos suscitam debates e opiniões controversas: seu potencial produtivo e os possíveis riscos ao meio ambiente.
Com a extração e produção do gás de xisto já em estágio avançado, os EUA têm produção em escala comercial, o que desencadeou uma revolução na oferta do produto onde ele é ofertado a preços competitivos, o que forçou outros países a se enquadrarem a essa nova realidade. Já o Canadá oferece aos investidores um pacote de incentivos fiscais para acelerar a produção. Na América Latina, a Argentina já vem fazendo investimentos nessa área. Aqui no Brasil, onde o pré-sal é a estrela do momento e das próximas décadas, o País ainda está engatinhando e despertando para o assunto.
Mesmo não sendo possível afirmar com exatidão qual é o volume de suas reservas, acredita-se que tenha chances de se tornar um importante produtor de gás não convencional, ficando entre os dez maiores e se tornando autossuficiente em longo prazo. O primeiro aceno do governo nesse sentido foi a realização no ano passado da 12ª rodada de licitação exclusivamente para gás de xisto. Na ocasião, 12 empresas apresentaram ofertas vencedoras, foram arrecadados R$ 165,2 milhões em bônus de assinatura e foram arrematados 72 dos 240 blocos ofertados.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), apenas três das sete bacias dos blocos oferecidos têm vocação para apresentar recursos não convencionais, conforme estudos geológicos e sísmicos: do Recôncavo (Bahia), de Sergipe, de Alagoas e de São Francisco (Minas Gerais). Por ser um assunto relativamente novo no Brasil, tanto o governo quanto os investidores ainda buscam respostas mais concretas para questões como o alto nível de risco exploratório e dilemas ambientais. Nesse caso, vale citar gargalos como a falta de infraestrutura e logística nas regiões onde se localizam os blocos e a ausência de rede de gasodutos, fatores estes que podem ter impactos na rentabilidade do produto, consequentemente encarecendo o investimento.
Nessa lógica, como ainda não é possível estimar o custo de produção, não há como prever o preço final do insumo. Mas a questão aqui no Brasil não é apenas econômica. Mesmo nos EUA há pontos controversos, como a questão ambiental, que também é uma preocupação dos ambientalistas brasileiros. A exploração dessa fonte requer um grande aparato tecnológico para realizar a extração do gás, que é feita por fraturamento hidráulico, método de perfuração do subsolo para atingir as camadas de xisto e extrair gás das rochas. Essa técnica gerou questionamentos sobre o impacto nos lençóis freáticos dos produtos químicos usados, o tratamento da água de superfície, aumento da emissão de gases de efeito estufa, o uso intensivo de água e a possibilidade de abalos sísmicos.
Pensando nisso, a ANP publicou no Diário Oficial, no último dia 11, a Resolução nº 21/2014 que regulamenta essa atividade de perfuração. Nesse contexto, é importante frisar que o Brasil não deve ficar de fora dessa discussão, que pode alterar radicalmente o cenário do mercado mundial de energia e já deu um primeiro passo no sentido de superar os obstáculos de exploração, estudar a viabilidade do negócio, buscar respostas mais precisas sobre o potencial brasileiro e dimensionar como e de que forma será prospectado o gás de xisto. Sempre levando em conta as questões geopolíticas e ambientais locais, como impostos, regulação e mão de obra.

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