segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O brilho do carbono

O brilho do carbono
John Chadwick, editor da revista International Mining (IM), analisa as recentes novidades e mudanças no setor de diamantes, onde a alta demanda promete emoções. Matéria cedida com exclusividade para a revista Minérios & Minerales

De Beers afirma que “a crescente demanda dos consumidores por jóias com diamantes, impulsionada pela China e Índia, juntamente com a produção estável no curto e médio prazo, resultará em um déficit estrutural da oferta, que deve resultar na valorização de preço para a indústria.”
 
Foi também declarado na Reunião Instrucional de Diamante da Anglo American no dia 30 de novembro do ano passado que a “indústria de diamante bruto agora exige investimentos em novos projetos até mesmo para manter a produção. Nos próximos anos, a produção adicional das minas Gahcho Kue, Argyle e Petras poderão trazer a produção de volta para (mas não acima) os níveis de pré-recessão”.

Ele também sugeriu que a China e a Índia poderiam ser as responsáveis por metade da demanda mundial até 2025 (em comparação com 12% em 2008). O fornecimento de diamantes brutos está estruturalmente limitado, com nenhuma nova produção prevista em futuro próximo. Existe um declínio da produção das minas atuais; a produção mundial máxima foi alcançada em 2006 e algumas descobertas de grandes jazidas foram feitas durante as últimas duas décadas.

De Beers lista os principais produtores mundiais por valor, com a maior base de reserva, fornecendo escala e futura produção sustentável, conforme a tabela:

Houve algumas mudanças significativas entre as principais mineradoras de diamante recentemente. Em agosto passado, a Anglo American completou a aquisição de uma participação de 40% na De Beers da CHL (que representa os interesses da Família Oppenheimer), aumentando assim a sua participação para 85%.

Em novembro de 2012, Harry Winston Diamond Corp firmou contratos de compra de ações da BHP Billiton Canada, juntamente com várias associadas, visando ao controle de todos os ativos de diamante da BHP Billiton, incluindo a sua participação controladora na mina de diamantes Ekati, bem como a instalação para triagem de diamante e vendas em Yellowknife, Territórios do Noroeste do Canadá e Antuérpia, na Bélgica. A mina Ekati consiste na Zona central, que inclui a mina de operação e outros de kimberlitos já licenciados, assim como a Zona Tampão, área adjacente de kimberlitos com potencial para desenvolvimento e exploração.

Ekati, a primeira e maior produtora de diamantes do Canadá, cuja produção foi iniciada em1998, fica a cerca de 310 km ao nordeste de Yellowknife nos Territórios do Noroeste. Ela inclui tanto operações a céu aberto e subterrâneas e está localizada próxima a mina de diamantes Diavik, na qual Harry Winston detém uma participação de 40%. Ekati tem produzido uma média de cerca US$ 0,75 bilhão/ano de diamantes brutos ao longo dos últimos cinco anos. Essa produção representa aproximadamente 6% do fornecimento mundial de diamantes brutos em termos de valor. A fase atual da produção na mina processa minérios de qualidade inferior, mas com alto volume em quilates, na cava a céu aberto de Fox, complementado pela lavra subterrânea da parte baixa dos kimberlitos de Koala e Koala Norte. Embora a produção nos próximos dois anos seja inferior à média alcançada ao longo dos últimos cinco anos, espera-se que ela retorne a níveis mais altosquando a lavra atingir camadas de maior teor nas minas a céu aberto de Misery e Pigeon. O plano atual da mina Ekati prevê sete anos de produção, mas há recursos complementares que poderiam se tornar econômicos com o aumento dos preços dos diamantes.

Harry Winston tem estado envolvido na indústria de diamantes canadense desde a descoberta de Diavik, em 1994. Ele diz que “está entusiasmado com a oportunidade de prolongar a vida da mina Ekati. Diavik é a maior mina de diamantes do Canadá, com a descoberta de quatro kimberlitos em 1994 e 1995. A mina está localizada em uma ilha de 20 km², em Lac de Gras, Territórios do Noroeste, a cerca de 300 km de Yellowknife, e apenas a 220 km ao sul do Círculo Polar Ártico.

Harry Winston não opera a mina, cuja tarefa cabe à Diavik Diamond Mines, uma subsidiária da Rio Tinto. Ela opera a mina e a Harry Winston paga 40% dos custos operacionais e de capital da mina e recebe 40% da produção de diamantes.

Os três kimberlitos atualmente lavrados, A154 Sul, A154 Norte e A418, são pequenos em diâmetro por termos globais da indústria, porém são de alta qualidade, com alguns dos maiores teores por tonelada do mundo. Em 31 de dezembro de 2011, a Diavik tinha 16,1 milhões de quilates de reservas provadas e 42,8 milhões de quilates de reservas prováveis ??(com base de 100%).


Grupo De Beers opera minas no Canadá, Namíbia, Botswana e África do Sul

As qualidades excepcionais da Diavik tornam-na uma das minas de diamantes mais valiosas e rentáveis ??do mundo. O plano atual da mina prevê produção comercial até 2022.



Brilho da Índia

O parceiro na Diavik de Harry Winston, Rio Tinto, tem empolgado o setor de diamantes recentemente com notícias de seu projeto Bunder na Índia, a 500 km ao sudeste de Delhi. Este é o projeto mais avançado de diamantes da Rio Tinto em todo o mundo e a descoberta mais importante no país durante muitas décadas. Ela está localizada na região Bundelkhand de Madhya Pradesh e é a primeira descoberta de diamantes na Índia em mais de 50 anos e uma de apenas quatro novas minas de diamantes programadas a entrar em operação no mundo nos próximos anos.

A Rio Tinto concluiu estudos que identificaram um recurso inferido de 37 milhões t com 0,7 quilate/t para a chaminé de lamproíto de Atri. A empresa vem pesquisando diamantes na Índia desde 2001 e até agora descobriu mais de 40 lamproítos e kimberlitos. Ela descobriu as chaminés de Bunder em 2004.

O projeto Bunder inclui um conjunto de oito chaminés de lamproítos alojadas em rochas sedimentares proterozóicas de disposição plana. As sondagens foram até agora focadas no lamproíto de Atri, duas chaminés fundidas com uma área de 17 ha. A chaminé é exposta ao longo de sua margem sudoeste, mas em outros lugares é coberta por até 23 m de colúvio.

A geometria do lamproíto tem sido limitada pelas perfurações HQ e NQ à profundidade de 400 m abaixo da superfície. O teor de diamante é baseado em onze furos centrais de 203 mm de diâmetro, com 50 a 75 m de espaçamento até 250 m de profundidade. A avaliação do preço do diamante usou de 320 quilates recuperados a partir de uma amostragem a granel de superfície e a partir de outros 90 quilates recuperados de um furo de sondagem. As amostras foram processadas usando técnicas de separação em meio denso para recuperar pedras de escala comercial (> 0,85 mm).

O projeto Bunder deve iniciar sua produção em 2016 ou no início de 2017 – ao nível estimado de 2-3 milhões de quilates/ano. Madhya Pradesh, onde está localizado o projeto, passa a ser classificada entre as 10 melhores regiões produtoras de diamantes no mundo, em termos de valor e volume.

No final de agosto, a Rio Tinto lançou o Courageou Spirit, o conjunto inaugural de joias feitas com diamantes do projeto Bunder. Jean-Marc Lieberherr, Diretor Comercial da Rio Tinto Diamonds, relatou recentemente ao Financial Times que os diamantes de Bunder são «o sonho de um comerciante».

“Estamos retomando a história de diamantes da Índia e sua rica tradição que podemos potencializar em nossa mensagem de marketing. Podemos falar sobre a história da Índia como a terra dos diamantes e contos de marajás com seus tesouros.

“Com uma história como Bunder, ela age aos quatro fatores C [claridades, cor, quilate, corte] um elemento emocional, muito importante no marketing de brilhantes”.

Austrália

A Mina Argyle Diamond, 100% controlada pela Rio Tinto, está em funcionamento desde 1983. Localizada na região leste de Kimberley, ao norte da Austrália Ocidental, a Argyle é a maior fornecedora mundial de diamantes. Os diamantes produzidos pela Argyle são encontrados em uma variedade de cores, incluindo brancochampagne e rosa. A Argyle é a principal fonte mundial de diamantes rosa raros, que se tornaram a pedra de assinatura da mina.

Em 2005, a Rio Tinto aprovou a construção de uma mina subterrânea abaixo da cava a céu aberto existente. O desenvolvimento subterrâneo está progredindo e a primeira planta de britagem foi comissionada este ano.

Gahcho Kue

Desde 1993, os estudos de exploração e ambientais e outros trabalhos estão em andamento para o desenvolvimento da mina de diamante de Gahcho Kué, em Kennady Lake, a cerca de 280 km ao nordeste de Yellowknife e a 80 km ao sudeste da mina Snap Lake, da De Beers. O projeto é um empreendimento conjunto entre a De Beers Canada (51%) e a Mountain Province Diamonds (49%). Três depósitos de Kimberlitos têm potencial para ser explorados: 5034Hearne e Tuzo.

Em 8 de novembro, a Mountain Province Diamonds anunciou os resultados de recuperação de micro diamantes do programa de sondagem sondagem em Tuzo, concluído em abril de 2012. Este programa definiu a extensão de profundidade da Kimberlito Tuzo ao longo de aproximadamente 214 m, começando a 350 m até profundidade de 564 m.

O recurso atual indicado de Tuzo, de 1,21 de quilates/t, é a partir da superfície até uma profundidade de 300 m. O recurso inferido, com uma classificação média de 1,75 quilate/t, é de uma profundidade de 300 m a 350 m.

Uma avaliação independente em marco de 2012 sobre os diamantes de Tuzo, recuperados a partir de amostragem de massa precedente, indica um valor real do minério por quilate de US$ 316 e um valor modelado de US$ 104/quilate. O maior e mais valioso diamante recuperado até o momento do projeto Gahcho Kue vem de Tuzo - uma pedra de 25,13 quilates, um octaedro de cor H, o qual tem sido valorizado de forma independente em $20,000/quilate.

Tuzo é um dos quatro kimberlitos conhecidos dentro do empreendimento conjunto da Gahcho Kue. Três dos quatro kimberlitos (5034, Hearne e Tuzo) têm uma reserva provável de 31,3 Mt com um grau totalmente diluído de 1,57 quilate/ t, para um  teor total de diamante de 49 milhões de quilates. Com base nessa reserva, o empreendimento conjunto está atualmente viabilizando a primeira mina, que deverá produzir uma média de 4,5 milhões de quilates por ano para os primeiros 11 anos. A Gahcho Kue poderá estar em operação já em 2015/2016.

O Líder do Mercado       

De Beers é o maior produtor naquilo que ela descreve como “a parte mais rentável da cadeia de valor da indústria”. [Ela tem] um portfólio global de ativos de alta qualidade e recursos inigualáveis e base de reserva, [com] “controle de parte das minas emblemáticas da indústria. Também reivindica liderança em termo de custos com cerca “de 70% da sua produção na extremidade inferior da curva de custo”.

E relata que “20% dos quilates de alto valor correspondem a quase 75% do valor total de diamantes  brutos da De Beers.”

A integração da De Beers e da Anglo American segue as seguintes premissas:

• Mudanças limitadas na estrutura de gestão de De Beers

• Suporte às iniciativas estratégicas de De Beers

• Ênfase na manutenção da marca De Beers

• Aproveitar os benefícios de escala do Grupo Anglo American

• Centralização de certas funções corporativas dentro da Anglo American

• Melhoria dos sistemas e padrões de relatórios da De Beers

• Aprofundamento das relações de colaboração com os parceiros chave da De Beers

• Consolidar a coesão na gestão

A De Beers tem uma carteira de projetos bem posicionada para o longo prazo, com plano de desenvolvimento geograficamente diversificado. Além da Gahcho Kue, esse plano inclui o Cut 8 de Jwaneng (Botswana) e o projeto subterrâneo de Venetia (África do Sul

Debswana, a maior produtora do grupo, é uma joint venture de 50/50 com o governo da República do Botswana. Ela opera quatro minas a céu aberto: Jwaneng, Orapa, Letlhakane, Damtshaa, que produziram 22,9 milhões de quilates em 2011.

As operações a céu aberto de Jwaneng utilizam métodos de caminhões e escavadeiras, localizadas a 160 km a oeste de Gaborone. Existem quatro jazidas conhecidas (três chaminés de grande porte e uma menor), ao longo de cerca de 54 ha. A Jwaneng é a maior produtora de diamantes do mundo, por valor. O projeto Cut 8 e as operações atuais prolongarão a vida da mina de 2017 a 2028:

• Rejeito do Cut 8 a ser lavrado: 660 milhões t

• Minério do Cut 8 a ser extraído: 91 milhões t

• Quilates do Cut 8  do minério extraído: 102 milhões de quilates

• Custo de capital de infraestrutura: aproximadamente US$ 450 milhões

• Primeiro minério processado na planta 8

• Estágio atual do projeto:

• Projeto de infraestrutura concluído abaixo do orçamento (2010-2012)

• Frota do equipamento em grande parte adquirida

• Mineração de rejeitos iniciada em 2010

• Rejeito escavado até o momento – 112 milhões t

O projeto subterrâneo de Venetia prolongará a vida da maior mina de diamante da África do Sul pelo menos até 2043, produzindo cerca de 111 milhões de quilates. Trata-se de duas jazidas abaixo da cava a céu aberto atual (Cut 4), a iniciar-se em 2021.

O projeto prevê dois poços verticais (serviços e produção) a 1040 m. Ele empregará sublevel caving (SLC) para produzir, em média, 6 milhões t/ano e 4,4 milhões de quilates por ano. A Autorização Ambiental (EA) foi emitida em Julho de 2012, enquanto que o EMP foi aprovado em outubro. A Anglo afirma que “as aprovações regulamentares finais são iminentes.”

A Namdeb Holdings é um empreendimento conjunto 50/50 com o governo da Namíbia, e detém 100% das licenças da Namdeb (terra) e Debmarine da Namíbia (mar) até 2020. As operações de mineração ocorram na costa da Namíbia, em profundidades de água de 80-130 m. As operações de terras aluviais são realizadas ao longo da costa sudoeste e áreas do interior da região de Karas e entre as cidades costeiras de Oranjemund e Liideritz. Em 2011, as operações marinhas produziram 990.000 quilates, e as operações terrestres produziram 346.000 quilates.

A frota da marinha é composta por cinco embarcações de lavra vertical e uma de lavra horizontal, além de embarcações subcontratadas para exploração e levantamentos geológicos. Duas embarcações foram modernizadas em 2013 para aumentar as taxas de lavra. A tecnologia patenteada da De Beers lhe dá vantagem competitiva e o “Sea Walker” usado para extrair diamantes ao longo da zona de arrebentação é um exemplo disso.

No Canadá, além da mina subterrânea Snap Lake nos territórios do noroeste; a mina a céu aberto Victor, no norte de Ontário; e o projeto Gahcho Kue, a De Beers está examinando o depósito de diamante Chidliak, na Ilha Baffin, em Nunavut. A campanha de exploração avançada foi concluída. A De Beers mantém uma opção de parceria com a Peregrine Diamonds até o final de 2013.

A Embarcação Debmar Atlantic atracada a cerca de 35 km da costa da Namíbia.

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