domingo, 19 de fevereiro de 2017

O legado de Walt Disney

O legado de Walt Disney

Branca de Neve comemora seu 75º aniversário, e celebramos o impressionante legado de Walt Disney 
 Quando um famoso ator disse, em 1934, que faria seu primeiro longa-metragem de animação, o mundo do cinema apelidou o projeto de “Loucura de Disney”. Até sua mulher, Lillian, estava preocupada, e teria dito ao marido: “Ninguém nunca vai pagar um centavo para ver um filme sobre anões.”
 
Mas, lançado há 75 anos – dezembro de 1937 –, Branca de Neve e os sete anões veio a ser o filme de maior bilheteria do ano, ganhou o Oscar, e já arrecadou mais de 830 milhões de reais em bilheteria. Disney se tornou uma marca global e se estabeleceu em filmes de ação, merchandising e parques temáticos. Nem todos concordaram com esse mundo “disneyficado”, mas não há dúvida de que ele teve um impacto em tudo, desde listas de Natal a compositores…
 
Imagens em movimento
“A animação moderna tem uma dívida enorme com o trabalho pioneiro dos Estúdios Disney”, reconhece Merlin Crossingham, da Aardman Animations, empresa que produziu A fuga das galinhas. “Antes da guerra, Disney fazia um ou dois filmes por ano e desenvolveu equipamentos como a câmera multiplano [que movimenta os desenhos diante das lentes em diferentes distâncias, criando profundidade], o que conduziu a animação para seu grande momento.”
 
Crossingham ainda prossegue: “Seus principais animadores, Walt Stanchfield e Ollie Johnston, também promoveram uma expansão do talento no setor. Insistiram em desenhos de modelo vivo e em projetos de arte pessoais para novos funcionários. Eram perfeccionistas e faziam o artista repetir uma imagem até ficar bom. Tudo com a aprovação de Disney, que queria nada menos que o melhor.
 
“Disney criou também alguns dos grandes personagens da animação – como em Branca de Neve – com grande senso de oportunidade e uma complexa gama emocional. Ele pensava em personagens como atores ‘de verdade’.”
 
O inventor da diversão
“‘Divertimento’ é um conceito relativamente novo”, diz David Thomas, que está trabalhando com esse tema em um doutorado na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. “A palavra ‘fun’ só tem cerca de 200 anos, e a ideia de um ‘lugar divertido’ coincide mais ou menos com o sucesso de Walt Disney. Inspirado por outros parques de diversões, ele concebeu a Disneylândia. Mas decidiu ir além e criar um filme que permitisse que as pessoas entrassem – como o Castelo de Cinderela.     
 
“Agora se vê essa ‘tematização’ por toda parte: restaurantes temáticos, lojas que parecem feiras de rua italianas e hotéis como o Caesar’s Palace, em Las Vegas. A Disneylândia foi tão bem-sucedida que, quando pensamos em um ‘lugar divertido’, nós o vemos com as lentes de Disney.”

Uma história paralela
Em um comentário menos nobre, você pode culpar Walt Disney por todos aqueles presentes associados a filmes que as crianças da família exigem a cada Natal.
 
“Ele identificou muito rápido que seus desenhos inspiravam a imaginação das crianças de uma forma que poderia ser complementada com brinquedos”, diz Margaret Moore, uma entusiasta de Disney e fundadora de um site de brinquedos vintage. “Os desenhos animados do Mickey Mouse se tornaram tão populares que os primeiros brinquedos de pelúcia licenciados já eram produzidos em 1930. Charlotte Clark, costureira, foi encarregada de fazer cerca de 500 bonecos do Mickey por semana, ao custo de 5 dólares cada. Hoje, um original desses pode ser vendido por mais de 4 mil dólares!”
 
Em meados dos anos 1930 os brinquedos da Disney eram produzidos em todo o mundo, e o sucesso de Branca de Neve deu a Disney a oportunidade de introduzir de tudo, de estatuetas de porcelana a porta-escova de dentes. Não é de surpreender que a receita das mercadorias licenciadas da Disney em 2010 tenha sido 10 vezes maior do que rendeu Toy Story 3.
 
Admirador de Disney
Stephen Tompkinson, de Coração Selvagem
“Sou um grande fã da Disney! Para mim, foi o primeiro estúdio que conhecia seu público. Os filmes eram feitos por jovens de espírito. Acho que as crianças sempre amarão os filmes, porque foram feitos com o pensamento voltado para elas. Quando criança, assisti a todos que pude, e usava minha mesada para vê-los sempre que lançavam um novo. A beleza dos desenhos é de tirar o fôlego.
 
Acho que um dos primeiros filmes de Disney que vi foi Mogli, o menino lobo. Era um dos favoritos de Daisy – ela adorava Balu, o urso, e ainda se refere a mim como ‘Papai Urso’.”
» Stephen atuou na série de TV Coração selvagem.
 
Protetor da vida selvagem
“Alguns psicólogos de crianças – incluindo Freud – acreditam que elas se veem em continuidade com formas animais”, diz David Whitley, autor de The Idea of Nature in Disney Animation (A ideia da natureza nos desenhos Disney). “Os animais das histórias infantis são frequentemente usados pelas crianças para desenvolver uma ideia de seu lugar no mundo natural.”
 
Walt Disney cresceu em uma fazenda no estado americano do Missouri e, nas palavras de Whitley, “ao enfatizar a natureza em seus primeiros filmes, fazia uma tentativa de se reconectar com as memórias idealizadas da infância – que acho que as crianças reconhecem quando assistem”.
 
Alguns escritores, acrescenta Whitley, sugeriram que filmes emotivos e icônicos, como Bambi, são responsáveis por formar ativistas em defesa da vida selvagem.
 
Admiradora de Disney
Helen George, atriz
“Uma das minhas primeiras lembranças é relacionada à Disney. Nós tínhamos uma Kombi velha e, quando eu estava com 5 anos, papai a vendeu e chegou com uma pilha de dinheiro na cozinha. Ele contou as notas e disse: ‘Certo, temos o suficiente para ir à Disneylândia.’ Comecei a gritar e correr pela casa. Cheguei a bater a cabeça com força na mesa da cozinha, mas não me importei.
» Helen George atuou no filme Os três mosqueteiros em 2011.
 
Dê um assobio
“Meus pais me levaram para ver todos os filmes da Disney e, mesmo criança, eu poderia dizer que as canções eram muito especiais”, afirma o lendário autor Tim Rice, que trabalhou nos filmes da Disney A Bela e a Fera, Aladim e O Rei Leão. “Eles certamente me transmitiram o grande amor que sinto pelos musicais.”
 
Ainda segundo Tim Rice: “Disney elevou o nível das trilhas sonoras não só dos desenhos animados, mas dos filmes em geral. Canções como ‘When You Wish Upon a Star’(Pinóquio) e ‘I Wan’na Be Like You’ (Mogli, o menino lobo) se tornaram standards. As pessoas ainda as cantam hoje. As grandes canções da Disney acrescentam muito ao personagem, ao enredo e à emoção do filme. Elas mostraram a todos nós como deveriam ser feitas.”
» O Rei Leão, musical que conta com canções escritas por Tim Rice, estreia no Brasil em março.        











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