domingo, 5 de março de 2017

A Origem da Vida

A Origem da Vida 
 Evolução


1. Aspectos históricos

Em 1 924, o bioquímico russo Aleksander Oparin publicou o livro Proiskhozhdenie zhizni ("A Origem da Vida"). Nele, o pesquisador apresenta a sua explicação para o surgimento dos seres vivos, como uma evolução lenta e gradual a partir de sistemas inorgânicos. As idéias de Oparin ainda hoje são tidas como verdadeiras e representaram um enorme avanço em relação às teorias vigentes na sua época.
Aristóteles, há mais de 2 000 anos, defendia a hipótese que se baseava na existência do princípio ativo ou princípio vital, capaz de produzir matéria viva a partir de matéria bruta, quando em condições favoráveis. Segundo Aristóteles, esse princípio ativo não era algo concreto, mas uma "força capaz de gerar vida". Tal teoria ficou conhecida porAbiogênese ou Geração Espontânea, e foi aceita até há pouco mais de um século.
Até mesmo "receitas para gerar seres vivos" eram propostas, como essa, do belga Jean-Baptiste van Helmont. Ele ensinava a produzir camundongos a partir de uma camisa suja, guardada com germe de trigo em um local tranqüilo, para que pudesse sofrer a ação do princípio ativo. Veja a tal receita: "Chegando cansado em casa, deixe a camisa suada em um canto tranqüilo da casa, e coloque junto dela pedaços de pão. Depois de 21 dias, a camisa estará toda rasgada, com uma ninhada da camundongos em cima".
O biólogo italiano Francesco Redi, em 1 668, deu início ao combate à teoria da Abiogênese. Redi punha pedaços de peixe em vidros abertos e notava que, depois de poucos dias, esses pedaços se cobriam com grande quantidade de larvas de inseto. Em frascos mantidos fechados, as larvas não apareciam. Redi também notou que as larvas, ao se desenvolverem, davam origem a moscas muito parecidas com as que ele via voando ao redor dos vidros com peixes.



Os partidários da Abiogênese argumentaram que os frascos fechados não permitiam a entrada de ar e, por conseguinte, do princípio ativo. Para abafar essas críticas, Redi passou a cobrir os vidros com gase perfurada. Mesmo assim, não verificou o aparecimento de larvas. Segundo afirmou Redi, seres vivos só deveriam aparecer a partir de um ser vivo pre-existente. Essa idéia é o fundamento da teoria da Biogênese, que começou a se opor à Abiogênese.
Embora os seus trabalhos tenham sido executados com critério e cuidadosamente, Redi não conseguiu derrubar de vez a Abiogênese, idéia consagrada por muitos séculos, até nessa época.
A invenção dos microscópios deu uma nova força à Abiogênese. Os seus defensores diziam que os pequenos micróbios observados com o auxílio dos microscópios só podiam ser gerados por geração espontânea, tal era a velocidade com que aumentavam de quantidade.
John Needham, padre inglês, em 1.745, realizou algumas experiências em 1 745, tentando confirmar a abiogênese. Ele punha líquidos nutritivos obtidos com caldo de frutas e carne. Depois de aquecidos, os frascos eram fechados e novamente aquecidos. Com o microscópio, Needham verificava o aparecimento de milhões de micróbios, e dizia que haviam surgido por geração espontânea.
Lazzaro Spallanzani, padre italiano, realizou novamente trabalhos semelhantes aos de Needham em 1 776, mas fervendo os caldos nutritivos, ao invés de apenas aquecê-los. Depois de fervidos, fechava os frascos cuidadosamente. Segundo ele, o simples aquecimento não era suficiente para destruir todos os micróbios já presentes nos caldos nutritivos. Seus caldos permaneciam livres de germes por vários dias depois de fechados.
Os trabalhos de Spallanzani foram duramente criticados por Needham. Segundo ele, o italiano tinha destruído oprincípio ativo, com a fervura, o que impedia que novos seres vivos surgissem. Essa idéia aparentemente absurda foi bastante para derrubar as conclusões de Spallanzani.
Louis Pasteur, cientista francês que viveu entre 1 822 e 1 895, realizou interessantes experimentos, em 1 862, destinados a derrubar a teoria da geração espontânea. Em seus trabalhos, empregava caldos nutritivos que eram colocados em frascos de vidro. A seguir, aquecendo o bico dos frascos, Pasteur encurvava os seus gargalos, tornando-os semelhantes a "pescoços de cisne", como passaram a ser chamados. Alguns frascos continuavam com os gargalos retos. Depois disso, Pasteur fervia cuidadosamente os caldos. Ele notou que o líquido dos frascos de gargalo encurvado não se contaminavam, mesmo depois de passados vários dias, enquanto o líquido dos outros frascos logo se tornava turvo, denunciando a presença de numerosos germes. Como os frascos de pescoço de cisne continuavam abertos, não se podia argumentar sobre a impossibilidade de entrada do princípio ativo, se ele de fato existisse. Os líquidos permaneciam livres de germes porque eles ficavam retidos nas curvas do gargalo! Caso o longo gargalo dos frascos fosse quebrado, Pasteur verificava que, em poucos dias, a solução nutritiva se enchia de micróbios e se turvava.


Essa engenhosa experiência de Pasteur foi conclusiva, porque não evitava a entrada de ar e do tal princípio ativo. Foi o golpe mortal na Abiogênese.
Eliminando uma dúvida, os trabalhos de Pasteur acrescentaram outra: de onde surgiram os primeiros seres vivos? Alguns pesquisadores lançaram a hipótese segundo a qual os primeiros seres vivos chegaram à Terra em corpos celestes, como os meteoritos. Essa hipótese é conhecida como Panspermia Cósmica ou Hipótese dos Cosmozoários.
De fato, já foram detectados restos de compostos orgânicos em pedaços de meteoritos, tais como hidrocarbonetos, aminoácidos, bases nitrogenadas e outros compostos de carbono.
Todavia, a Panspermia Cósmica sofre duas grandes contestações. Inicialmente, ela não resolve a questão central do problema, ou seja, como surgiu a vida? Ela apenas transfere o problema daqui para algum outro lugar. Além disso, nenhum organismo poderia tolerar as intensas radiações e as elevadas temperaturas enfrentadas pelos meteoritos, durante as suas viagens espaciais e durante a entrada na atmosfera terrestre, quando se aquecem até se tornarem incandescentes (as "estrelas cadentes" são corpos que se incendeiam ao entrar na atmosfera terrestre).
Segundo os dados atualmente disponíveis, pode-se admitir que a vida tenha surgido na Terra, embora não haja argumentos suficientes para se acreditar que só aqui ela tenha existido, ou ainda exista.
De acordo com a Hipótese Autotrófica, os primeiros seres vivos eram capazes de sintetizar moléculas orgânicas. Como foram os primeiros a colonizar a Terra, não dispunham de outros que lhes servissem de alimento. Entretanto, a execução da fotossíntese é um processo tão complexo, do ponto de vista metabólico, que é pouco provável que os seres vivos mais primitivos já fossem capazes de executá-la.
Segundo o que se acredita, atualmente, os seres vivos evoluem do mais simples para o mais complexo, e não ao contrário, como admite essa hipótese.




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