quarta-feira, 31 de maio de 2017

Descobertas novas reservas de lítio no Jequitinhonha

Descobertas novas reservas de lítio no Jequitinhonha

Estudo mostra que potencial do Brasil pode ser 20 vezes maior que o atual

                                                                                                                                                                                                                                               


              
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Em Salinas. Pegmatito, rico em espodumênio (partes brancas), é mineral de onde se extrai o lítio
           
Um estudo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) do Serviço Geológico do Brasil divulgado nessa quinta-feira (30) revelou novas reservas de lítio no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais, com alto potencial de exploração econômica. A pesquisa, que começou em 2012, mapeou todas as reservas do metal no país.

Foram localizados 45 depósitos de lítio associado a pegmatito (espécie de rochas), na maior parte em território mineiro. Os pesquisadores também analisaram locais já conhecidos e “mineralizados”, e verificaram que há potencial para ampliar a atividade econômica também nessas regiões.

Segundo o presidente da CPRM, Eduardo Jorge Ledsham, a descoberta de novos depósitos no nordeste de Minas é desafiadora. “Além dos salares, pegmatitos também são fontes de lítio”, disse. “A extração é feita pela Companhia Brasileira de Lítio para utilização na indústria de vidro e cerâmica. Ainda faltam investimentos em tecnologia para aproveitar o recurso na produção de baterias ou medicamentos, por exemplo”, diz.

Com essa descoberta, o Brasil pode aumentar em 20 vezes suas reservas. Hoje, o país tem 0,4% das reservas de lítio do mundo. A estimativa é que, em 2019, já responda por 8%, tornando-se o quinto país no ranking de reservas mundiais. Atualmente o país produz 1% do mineral em uso no mundo, o que equivalente a 48 mil toneladas. Argentina, Chile e Bolívia, juntos, agrupam cerca de 70% das reservas conhecidas de lítio do planeta, estimadas em mais de 13 milhões de toneladas, segundo dados da CPRM.

O metal, que é chamado de “petróleo branco”, tem custo de cerca de US$ 30 mil a tonelada, mas esse valor tende a subir com a demanda. O valor de mercado total do lítio no mundo deve subir para US$ 43 bilhões já em 2020, segundo a consultoria norte-americana Market Research.

A demanda por esse metal para a produção de itens de alta tecnologia tem aumentado, mesmo com a crise econômica global. “O lítio vai sair da coxia e se apresentar em palco principal. O metal é altamente procurado pela sua aplicação em baterias. Países que querem se tornar competitivos precisam estar atentos, e o Brasil está de olho,” comenta.

A oportunidade de negócio pode alavancar a economia dos países latino-americanos, prejudicada pela queda dos preços das commodities tradicionais, como petróleo, soja e gás.

A diretora de Desenvolvimento Sustentável na Mineração do Ministério de Minas e Energia, Maria José Salum, falou da importância estratégica deste projeto para Minas Gerais. “Além de atrair investimentos, a descoberta pode trazer um desenvolvimento regional e geração de empregos aos moradores do Vale do Jequitinhonha,’’ diz.

Para o superintendente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Paulo Brant, nascido no Vale do Jequitinhonha, o estudo abre novas possibilidades. “A primeira fase do projeto é um avanço, mas é preciso que o governo estadual invista, para que os pesquisadores prossigam com o projeto,” diz.

O projeto “Avaliação do Lítio no Brasil” está inserido no empreendimento Minerais Estratégicos conduzido pela CPRM, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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