sexta-feira, 23 de junho de 2017

É possível ganhar dinheiro com a compra e revenda de pedras e metais preciosos, mas é preciso saber como o preço do bem é definido; ter um avaliador de confiança é fundamental

É possível ganhar dinheiro com a compra e revenda de pedras e metais preciosos, mas é preciso saber como o preço do bem é definido; ter um avaliador de confiança é fundamental

Mais que símbolos de status, joias podem ser mercadorias lucrativas. Ganhar dinheiro com elas, contudo, exige conhecimento técnico e de mercado. Muitos compram as peças a preços convidativos em leilões para revendê-las. Outros derretem a aliança de ouro da avó por uns trocados. Alguns obtêm empréstimos bancários penhorando os objetos. A revenda de metais e gemas pode ser um bom negócio, contanto que o avaliador seja de confiança.

Thinkstock/Getty Images
Pureza, cor e tamanho da pedra preciosa são critérios que definem o valor de mercado da joia

Os critérios que precificam uma joia – ou seja, definem o quanto ela vale – são diferentes nos mercados de penhor e nas joalherias. Nos primeiros, contam mais o peso da peça e a composição do metal. No segundo, há um valor de mercado mínimo e máximo, que varia conforme uma série de parâmetros (leia abaixo).
“Uma pedra preciosa nunca perde valor, ao contrário do que se imagina”, afirma a designer e especialista em joias Mariah Rovery, que fundou uma grife com seu nome. Quando um diamante comprado em uma loja por R$ 20 mil for avaliado em R$ 5 mil na revenda, é porque, diz Mariah, a peça foi vendida a um preço acima de seu real valor, não possuindo os critérios que justificassem seu preço.

Se a joia possui certificado internacional de qualidade, for peça única e atender aos quesitos de pureza, cor e tamanho, é impossível que se desvalorize, reitera a especialista. Esses critérios devem ser considerados principalmente se o objetivo da compra for investir.
A oscilação do dólar também pode ser uma aliada para lucrar. “Quando o câmbio sobe, é uma boa oportunidade para vender a peça em dólares”, afirma Mariah, para quem uma joia deve ser, contudo, um investimento pessoal. “Não se compra para vender. Mas se um dia você precisar de dinheiro, pode conseguir um valor razoável.”
Penhor:  crédito barato e sem restrição
Operado apenas pela Caixa Econômica Federal, o penhor de bens é uma forma antiga de obter crédito. Pedras e metais preciosos podem ser dados como garantia para obter um empréstimo. Seu valor é determinado por especialistas do banco.
“Cada peça é pesada e avaliada conforme suas características, eventuais defeitos, atualidade da joia, presença de adornos e a composição da liga metálica”, explica a superintendente Nacional de Pessoa Física da Caixa, Lore Manica Ribeiro.
Com pedras preciosas, os critérios são mais rigorosos, segundo ela.  “O valor de pedras como o diamante é regulado pela sua disponibilidade, pureza, ausência de cor ou cor mais intensa, lapidação e peso".
Bracelete de jade: pureza, cor e tamanho determinam o valor de mercado da gema. Foto: Thinkstock
Caixa Econômica Federal realiza em média 34 leilões de joias por mês no Brasil. Foto: Thinkstock
Pedra de rubi: peça está entre as mais cobiçadas e valiosas, ao lado de esmeralda, diamante e safira. Foto: Thinkstock
Diamante: pedra não perde valor, desde que certificada . Foto: Thinkstock
Colar de prata: com alta do ouro, joalheiros aderem ao metal para tornar o mercado acessível. Foto: Thinkstock
Anéis de ouro: cotação do metal acompanha o mercado financeiro. Foto: Thinkstock
Bracelete de jade: pureza, cor e tamanho determinam o valor de mercado da gema. Foto: Thinkstock



O penhor é uma opção para quem não tem acesso a outras formas de crédito – além de ser uma das modalidades mais baratas. Os juros mensais ficam em torno de 1,5%, perdendo apenas das taxas do crédito consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ao redor de 0,75% ao mês. Pessoas com o nome sujo também podem penhorar, já que o banco não exige avaliação cadastral do cliente.
No ano passado, o volume de bens penhorados subiu 25%. O recorde histórico de empréstimos com penhor aconteceu em outubro de 2012, quando o valor acumulado das peças alcançou R$ 942,9 milhões.
Como o varejo avalia as peças?
No mercado varejista, o primeiro critério para determinar o valor de uma pedra é sua pureza, de acordo com Mariah. Quanto maior a presença daquele material – ouro ou diamante, por exemplo – na peça, mais ela vale.
A coloração vem em segundo lugar. Quanto mais viva e forte é a cor de um rubi ou esmeralda, por exemplo, mais cara ela é. No caso da opala, o material furta-cor em seu interior aumenta seu preço.
Alguns avaliadores também levam em conta a marca da joia para precificá-la na revenda, uma vez que algumas grifes são vistas como sinônimo de qualidade, como Bulgary ou H. Stern.
Metais como ouro e prata, no entanto acompanham a cotação do mercado financeiro, atualmente em torno de US$ 90 por grama. “Neste caso vão avaliar o valor do metal, independentemente da marca”, diz a designer de joias.
Preferência do brasileiro
No Brasil, as peças mais vendidas são em ouro 18 quilates, que possui 75% do metal, ligado a outros componentes em sua formulação. “É uma preferência cultural”, acredita Mariah. Esta composição é mais barata que o ouro 24 quilates – a forma pura do metal – e também mais fácil de ser trabalhado, por ser menos rígido e quebrar menos.

Mariah Rovery
Safira, esmeralda e diamante figuram entre as pedras mais cobiçadas no Brasil

Segundo a especialista, as pedras mais preciosas, e também mais cobiçadas no mercado, são o diamante, o rubi, a esmeralda, a safira, e mais recentemente a turmalina paraíba, que "entrou na moda" em todo o mundo, após ter sido descoberta em território brasileiro.
Mariah trabalha mais com ouro puro (24 quilates) banhado sobre a prata ou ouro 18, o que barateia a peça. Com a cotação do dólar muito alta – passou de US$ 40 por grama há cerca de seis anos para os US$ 90 atuais –, muitos joalheiros têm preferido trabalhar com a prata, para tornar o negócio mais acessível ao bolso. “É uma alternativa mais barata ao consumidor”, diz a designer.
O mercado da prata cresce de tal modo que a Caixa introduziu, em dezembro de 2012, a opção de objetos com o metal como garantia para o penhor.
O mercado do leilão de joias
Quando o proprietário de uma joia penhorada não honra o pagamento do empréstimo por mais de 60 dias, a peça segue para leilão na Caixa. Apenas 1,8% dos contratos de crédito tornam-se inadimplentes, segundo dados do banco. Destes, 77% acabam regularizando o pagamento. Os outros 23% seguem efetivamente para a venda, e em torno de 90% dos objetos ofertados são vendidos.
No catálogo para leilão disponível no dia 17 de agosto, os interessados encontram desde um brinco de ouro de 1,4 grama, com lance inicial de R$ 68, até um conjunto de anéis, brincos, colares e pingentes com diamantes com valor mínimo de R$ 16.151.
Qualquer pessoa jurídica ou pessoa física maior de 18 anos pode dar um lance nas peças, desde que apresente os documentos exigidos pelo banco. As regiões com maior concentração de contratos são Rio de Janeiro, Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. A Caixa realiza cerca de 34 leilões por mês.
Exame

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