terça-feira, 27 de junho de 2017

Exploração mineira nos fundos marinhos pode prejudicar irremediavelmente biodiversidade

Exploração mineira nos fundos marinhos pode prejudicar irremediavelmente biodiversidade


A exploração de minérios nos fundos oceânicos poderá provocar danos irreparáveis à biodiversidade marinha, alertaram hoje cientistas, economistas e académicos numa carta divulgada na publicação científica Nature Geoscience. Os especialistas exigem à autoridade internacional que gere os leitos marinhos (International Seabed Authority), no âmbito da lei marítima das Nações Unidas, que reconheça os riscos para as espécies e que promova a discussão pública sobre as ameaças colocadas pela extração mineira a grande profundidade.
“Há uma incerteza tremenda quanto à resposta ecológica à mineração a grande profundidade”, afirmou a bióloga marinha Cindy Van Dover, da Universidade de Duke, no estado americano da Carolina do Norte, defendendo que a indústria mineira tem que acautelar a proteção da biodiversidade dos fundos marinhos. O professor universitário Linwood Pendleton, especializado em ecossistemas marinhos, salientou que a extração de recursos fósseis incluirá sempre consequências, uma das quais será “uma inevitável perda de biodiversidade, incluindo muitas espécies que nem sequer foram descobertas”.
Os investigadores apontam os depósitos submarinos de metais e elementos raros como os mais apetecíveis para a indústria mineira, que já está a procurar fazer contratos para essas fontes de negócio.  Em 2001 havia apenas seis contratos de mineração de profundidade mas este ano esse número atingirá 27, referem, 17 deles na zona do Pacífico entre o Hawai e a América Central.
Para a indústria, há nos leitos oceânicos milhares de milhões de toneladas de manganês, cobre, níquel e cobalto, materiais usados no fabrico de motores, ligas metálicas, baterias e tintas, entre muitas outras aplicações. Os cientistas desvalorizam a proposta da indústria para compensar a perda de biodiversidade nas profundezas criando recifes artificiais nas zonas costeiras, considerando-a “tão ambígua que é cientificamente inútil”. ”Isso é como salvar macieiras para proteger laranjas”, ilustrou Van Dover, frisando que as perturbações nos ecossistemas de profundidade podem ter efeitos durante décadas ou séculos, e podem ser irreversíveis.
A escala dos projetos em apreciação – o maior dos quais abrange mais de 83.000 quilómetros quadrados e prevê extração a cinco quilómetros ou mais de profundidade – tornaria qualquer operação de reparação ambiental tão cara que é irrealista pensar que possa acontecer.
Fonte: DN


   

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