domingo, 2 de julho de 2017

DIAMANTE SINTÉTICO PARA APLICAÇÃO EM JOALHERIA

DIAMANTE SINTÉTICO PARA
APLICAÇÃO EM JOALHERIA
HISTÓRIA, DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO ATUAL



Embora o diamante sintético tenha ainda pouca utilização em joalheria, o aperfeiçoamento das tecnologias de síntese e a otimização dos processos, assim como os aumentos na escala de produção e no número de fabricantes nos levam a crer que, em poucos anos, a possibilidade de um consumidor brasileiro escolher entre adquirir um diamante natural ou sintético se tornará uma realidade.
Para que chegássemos a este estágio, muitos esforços foram despendidos por diversos pesquisadores ao longo de mais de 150 anos. Um dos mais importantes pioneiros na tentativa de sintetizar diamantes foi o prêmio Nobel Frédéric-Henri Moissan (1852-1907), químico francês cujo nome se tornou conhecido pelo setor joalheiro em 1997, quando surgiu o mais eficaz substituto do diamante, a moissanita sintética. A designação de seu equivalente natural, o mineral moissanita, é justamente uma homenagem a este eminente cientista, que o descobriu em um meteorito em 1904.
As idéias e iniciativas deste e de outros pioneiros inspiraram diversos pesquisadores a desenvolverem seus próprios trabalhos até que o diamante fosse pela primeira vez obtido através de síntese por um grupo de cientistas suecos da empresa ASEA, em 1953. Como os escandinavos não acreditavam que outros pesquisadores pudessem se encontrar em igual estágio de desenvolvimento, o êxito deste trabalho ainda não se tornara público quando, no ano seguinte, a empresa norte-americana General Eletric anunciou que havia sintetizado diamante de qualidade industrial por um processo reproduzível em escala comercial, solicitando e obtendo sua patente a nível mundial. Quatro anos mais tarde, em 1958, foi a vez da De Beers comunicar que também desenvolvera um método de síntese e já era capaz de produzir diamante em sua planta na África do Sul.
Novo marco significativo na história da síntese do diamante ocorreu em 1970, quando a General Eletric comunicou ter, finalmente, obtido exemplares de qualidade adequada à aplicação em joalheria, alguns deles com pesos pouco superiores a 1 quilate, em estado bruto.
Desde então, a tecnologia de síntese vem se aprimorando continuamente, mas também trazendo apreensão à indústria joalheira. Visando assegurar a credibilidade do mercado de diamantes naturais e resguardar a confiança dos consumidores, os fabricantes de diamantes sintéticos têm procurado fornecer informações detalhadas sobre os meios de distinção entre os dois tipos, inclusive com alguns deles comercializando seus produtos com a devida identificação, seja por meio de inscrições externas a laser nos rondízios das pedras, marcas internas e/ou certificados de origem emitidos por laboratórios independentes.
Nos dias de hoje, apenas cerca de 20% da produção anual de diamantes no mundo é de origem natural, sendo que aproximadamente 25 % destes são adequados ao mercado joalheiro. Os cerca de 80 % restantes são sintetizados e destinam-se em sua quase totalidade às aplicações tecnológicas, sendo que em 2003 a produção de diamante sintético atingiu o vultoso montante de 450 toneladas.
O principal método de síntese utilizado é o de altas pressões e temperaturas (HPHT), através do qual se obtém diamante a partir de grafita pulverizada e que procura reproduzir em prensas de laboratório as extremas condições em que este mineral se forma na natureza. Recentemente, a técnica de deposição de vapor químico (CVD), através da qual se obtém diamantes diretamente de sua fase gasosa, vem recobrando ênfase, tendo em vista suas promissoras aplicações tecnológicas. Os meios visuais e analíticos de distinção entre os diamantes naturais e os produzidos por estes métodos serão o tema do nosso próximo artigo.
Empresas detentoras da tecnologia de síntese, entre elas De Beers, General Eletric, Sumitomo e Gemesis, assim como alguns laboratórios de síntese russos têm concentrado seus esforços nos últimos anos na tentativa de atingir níveis de produção satisfatórios de gemas de elevada qualidade em termos de cor, pureza, tamanho, morfologia e simetria, para que possam, em um breve futuro, atender regularmente a uma potencial demanda por parte da indústria joalheira.
Embora todas as mencionadas empresas já tenham obtido experimentalmente diamantes incolores e de diversas cores e algumas já os tenham inclusive comercializado em quantidades muito reduzidas, a maior parte dos diamantes sintéticos de qualidade gemológica atualmente comercializados continua sendo de cor amarela a amarela-marrom, pois a redução do conteúdo de nitrogênio, que origina esta cor, é ainda um procedimento extremamente complexo e oneroso. Por outro lado, diamantes sintéticos com cores modificadas por tratamento, sobretudo vermelhos e vermelhos amarronzados, têm sido vistos com freqüência cada vez maior no mercado.

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