terça-feira, 8 de agosto de 2017

A Vale na semana decisiva

A Vale na semana decisiva


O futuro da Vale está na mesa e será decidido na sexta-feira: na data pelo menos 54% das ações preferenciais da companhia terão que ser convertidas em ordinárias.
Sem isso, a reestruturação da mineradora faz água.
A Vale acha que está caminhando para alcançar a marca, mas acendeu-se uma luz amarela no mercado desde ontem sobre o êxito da conversão.
Investidores de ações da Vale têm uma semana para decidir se trocam papéis

Termina daqui a uma semana o prazo para os investidores que têm ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Vale optarem pela conversão de seus papéis em ordinários (ON, com voto). Com a mudança, passarão a ter direito a voto nas assembleias, mas também terão sua participação na empresa levemente diluída, ou seja, menor que a atual. Mesmo assim, analistas veem como positiva a reestruturação societária da mineradora, que deverá culminar na entrada no Novo Mercado, o patamar mais elevado de governança corporativa da B3 (antiga BM&FBovespa). A expectativa é que outras grandes empresas sigam esse caminho no futuro.
O prazo, 11 de agosto, é o mesmo para quem aplica nos papéis da empresa por meio de fundos de investimento, mas, neste caso, o processo se dá de forma indireta e está atrelado à decisão do gestor desses recursos, que é um profissional ligado às instituições financeiras. Já os investidores que utilizaram recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a compra de ações da mineradora, em 2002, não precisam se preocupar. São pouco mais de 140 mil cotistas que ainda têm algum dinheiro aplicado nos fundos Vale-FGTS, que totalizam cerca de R$ 1,96 bilhão em ações da mineradora. Na época dessa oferta, foram vendidas para os cotistas basicamente apenas ações ordinárias. Portanto, eles não precisam fazer opção nenhuma nesse momento, mas podem se beneficiar no futuro.
Nos fundos de investimento abertos que incluem apenas ações da Vale, o gestor pode convocar uma assembleia de cotistas dos fundos, que são os investidores que têm algum dinheiro nessa carteira, para que eles avaliem a proposta e a decidam pela migração ou não. Foi isso que o Bradesco fez em alguns de seus fundos, mas essa não é a regra. Isso porque, em geral, os estatutos dessas carteiras deixam as decisões de investimento na mão do gestor, desde que ele respeite determinadas premissas — como só investir só em ações da Vale, por exemplo.
No Brasil, é comum algumas empresas terem duas classes de ações. As PN, que têm a preferência no recebimento de dividendos, e as ON, que dão direito a voto nas assembleias, ou seja, ao controle de fato da companhia. Na avaliação de Bruno Giardino, analista do Santander, a conversão irá melhorar a liquidez dos papéis da empresa, em especial entre estrangeiros, que veem isso como um certificado, pois no exterior o mais usual é uma classe única de ação. De forma resumida, isso significa que ficará mais fácil comprar e vender essas ações.
Na avaliação de analistas, portanto, os investidores devem fazer a migração. Mas, e quem não quiser migrar? O risco, segundo os especialistas, é ficar em posse de uma ação que tem uma base de investidor menor, ou seja, vai ter menos gente interessada em negociar esse papel, deixando a cotação mais volátil e até mesmo sem um comprador na hora em que o investidor decida se desfazer desses investimentos.
— De maneira geral, é melhor migrar para as ações ordinárias. Além da liquidez, a empresa pretende migrar para o Novo Mercado da Bolsa, que é o segmento de maior governança corporativa, em que as empresas precisam ser mais transparentes. Isso dá uma melhor proteção ao investidor minoritário — disse Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos L & S, para quem após a entrada no Novo Mercado, uma empresa pode ter uma valorização de até 20%.
UMA AÇÃO, UM VOTO
No Novo Mercado, além da empresa só ter papéis ON, ou seja, uma ação é igual a um voto, os acionistas minoritários passam a ter direito a um tag along de 100% no caso da venda do bloco controlador da empresa. Isso significa que, se alguém comprar a Vale, o que for pago por ação terá de obrigatoriamente ser oferecido aos minoritários.
A reestruturação societária foi proposta em fevereiro pela Valepar, que é o grupo de controle formado por BNDESPar, Bradespar, a japonesa Mitsui e fundos de pensão (Petros, Funcef e Previ). Também foram sugeridas a incorporação da Valepar pela Vale e a mudança no estatuto social que permita essa entrada no Novo Mercado. No fim de junho, em assembleia, os minoritários decidiram aceitar a reestruturação. Nela, cada papel PN será trocado por 0,9342 ON. Já os controladores vão receber 1,2065 para cada papel ON que já tenham. Para a proposta de reestruturação ir em frente e a Valepar ser incorporada pela Vale, é necessário que 54,09% dos detentores de papéis PN aceitem a conversão até 11 de agosto. A expectativa é que isso ocorra, já que a aprovação às mudanças na assembleia atingiu 68% nesse grupo.
A diluição na participação do acionista, afirma o analista Marco Saravalli, da XP Investimentos, acaba sendo compensada pelos benefícios da maior liquidez e de uma estrutura de maior governança. Para gestão também há ganhos, já que o controle fica pulverizado. Isso daria à Vale um papel de corporação, ou empresa sem dono, comum em países com um mercado acionário mais desenvolvido, mas raro no Brasil — uma das exceções é a Renner. Outro ganho seria a redução da percepção de risco, devido à melhor governança, e, consequentemente, do custo de financiamento da empresa. E, com menos encargos de dívida, os lucros tendem a melhorar.
No ano até a última quarta-feira, as ações preferenciais da Vale acumulam uma alta de 23,8%, cotadas a R$ 28,89. As ordinárias
Fonte: Vale

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