sábado, 3 de maio de 2014

Classificação dos depósitos minerais quanto a características especiais



Quanto a Características Especiais
Trata-se de uma classificação genérica que engloba alguns depósitos com características peculiares ou especiais e, por isso, merecedores de destaque em relação aos tipos anteriormente descritos.
Sulfetos Maciços Vulcanogênicos (VMS) – Uma classe especial de Depósitos Vulcano-exalativos cujas características mais marcantes decorrem da (i) acumulação de grandes massas de Sulfetos (essencialmente constituídas por pirite (± pirrotite), calcopirite, esfalerite e galena) e do (ii) seu carácter estratiforme a lenticular, concordante em relação a horizontes estratigráficos bem definidos, onde os minérios se encontram encaixados.
 
A natureza exclusivamente sedimentar ou vulcânica das formações que encaixam as massas de Sulfetos maciços é determinante na caracterização do ambiente geológico em que as mesmas se desenvolveram.

Os VMS podem ainda ser subdivididos nos seguintes tipos de acordo com a sua associação com o tipo de rochas encaixantes:
1. Depósitos de Sulfetos maciços vulcanogênicos
a) Tipo Primitivo - Kidd Creek e Amulet (Canadá);
b) Tipo Polimetálico - Aljustrel e Neves Corvo (Portugal), Rio Tinto, Tharsis e Aznalcollar (Espanha);
c) Tipo Ofiolítico - ofiolito de Troodos (Chipre).
d) Tipo Besshi – Besshi (Japão)

2. Depósitos de Sulfetos maciços associados a rochas sedimentares clásticas (SEDEX) Red Dog (USA), Sullivan (Canadá); Rubiales (Espanha);

3. Depósitos de Sulfetos maciços associados a rochas carbonatadas (MVT-Mississippi Valley Type) – Polaris (Canadá), Upper Mississippi Valey district (USA)

Depósitos de Greenstone Belts (Cinturões de Rochas Verdes)– Merecem destaque por se tratar de uma seqüência de rochas vulcano-sedimentares que ocorre em associação com Terrenos de Alto-Grau (“terrenos granito-greenstones”), típicas do Arqueano e, principalmente, por conterem as mais importantes mineralizações de ouro. Contém também mineralizações de prata, chumbo, cobre, níquel, cromo, zinco, Associação Pb-W-Zn-Ag-(Cu), etc.
Os greenstones belts tem sido interpretados como sendo uma crosta oceânica antiga e terrenos de arco de ilha. Essa seqüência foi submetida à deformação e ao metamorfismo geralmente fácies metamórfico xisto-verde, com aparecimento de cloritas, actinolita, anfibólios verdes e outros minerais esverdeados que deram origem ao nome “greenstone”.
Via de regra a estratigrafia de um Greenstone Belts compreende: (i) uma unidade vulcânica máfica basal, de natureza toleítica de fundo oceânico; (ii) uma unidade vulcânica félsica a intermediária, de quimismo calcialcalino com características similares às de vulcanitos de arcos continentais; e (iii) uma unidade sedimentar constituída de turbiditos vulcano-derivados e sedimentos vulcanoquímicos do tipo chert e BIF. Esse conjunto de supracrustais encontra-se metamorfisado nas fácies xisto verde e anfibolito e intrudido por granitóides sin a tardi-tectônicos, sills gabróicos e corpos lamprofíricos pós-tectônicos.
Essa mesma seqüência poderia ser descrita para os Ofiolitos e para Assoalhos Oceânicos.
Alguns exemplos brasileiros incluem os Greenstone Belts (GB) de Crixás, Guarinos e Pilar de Goiás (GO) com Mineração de Ouro da Mineração Serra Grande, em Crixás, o GB do Rio Itapicuru (BA) com Mineração de Ouro da Mineração Fazenda Brasileiro e o GB Rio das Velhas com Mineração de Ouro da Morro Velho e São Bento Mineração S/A (fechada em 2006/2007), entre vários outros.
 Depósitos de Zonas de Cisalhamento
A Zona de Cisalhamento (ZC) é uma faixa de alta taxa de deformação atuante nas rochas (vide Anexo para saber mais sobre ZC). São tipicamente Falhas desenvolvendo tectonitos em vários graus metamórficos e de deformação (devido ao dínamo-metamorfismo), responsáveis pela formação de planos por onde passam fluidos mineralizantes hidrotermais e onde se precipitarão os minerais-minérios. Geralmente exibem metamorfismo retrógrado e diferentes tipos de alteração hidrotermal.
Os tipos de mineralizações dependem da composição dos fluidos e estes da composição do magma ou das rochas adjacentes, cujos elementos estão sendo carreados em solução pela ZC. As facilidades promovidas pelos planos e pela cinemática de cisalhamento favorecem o posicionamento de corpos mineralizados oriundos de regiões mais profundas (“emplacement”), a percolação de fluidos oriundos da desidratação devido ao metamorfismo progressivo, remobilizações de metais e reconcentração em zonas favoráveis, entre outros e a conseqüente precipitação de metais e formação de Depósitos Minerais. As importantes mineralizações de ouro associadas a ZC´s e de ouros bens minerais foram os fatores preponderantes para incluirmos as Zonas de Cisalhamento neste capítulo.
 
São comuns as mineralizações de ouro, remobilizações e re-concentrações de quase todos os bens metálicos. No RN podemos citar os exemplos das mineralizações de Au-Bi-W hospedados em níveis escarnitos cisalhados de Bonfim (Lages / RN), as mineralizações auríferas da mina São Francisco (Currais Novos/RN), entre outros menores.

Zonas de Cisalhamentos da Faixa Seridó (nos Estados do RN e PB) e mineralizações auríferas associadas.


Foto de flourescência de scheelita hospedada em skarn
Depósitos do Tipo Skarn – O termo “SKARN” (em português escarnito) ganhou uma conotação mais ampla e, por isso, merecedora de inclusão nesse capítulo de Depósitos Especiais. Antes o termo era empregado numa conotação genética (rocha formada por processos hidrotermais), porém atualmente entende-se por “Skarn” as rochas metamórficas que contem minerais calciossilicatados, tais como, por exemplo: o diopsídio, epidoto,wollastonita, granada andradita, grossularita, actinolita etc. De outra forma, são rochas metamórficas regionais ou de contato constituídas por silicatos de Ca, Mg e Fe derivado de um protolito de calcários e dolomitas nos quais são introduzidos metassomaticamente grandes quantidades de Si, Al, Fe e Mg.
Os “skarns” são formados durante o metamorfismo regional ou de contato e por uma variedade de processos metassomáticos envolvendo fluidos magmáticos, metamórficos, meteoritos e/ou de origem marinha. Eles são encontrados adjacentes a plutons, ao longo de falhas e zonas de cisalhamento, sistemas geotermais rasos, na base do assoalho oceânico e em profundidades crustais. O que define o “skarn” é a mineralogia que inclui uma ampla variedade de minerais calciossilicatados e associados, mas comumente predomina a granada e o piroxênio.
Modelo de Formação de skarnóide
  Etapas da evolução de um pluton associado a depósitos tipo Skarn
 A) Intrusão Inicial que causa metamorfismo de contato nas rochas sedimentares.
B) Recristalização metamórfica e mudanças de fases mineralógicas na rocha original, com processos locais de metassomatismo e circulação de fluidos que formam diversos minerais do grupo calciossilicatados (denomina-se skarn de reação e skarnoide), e sucede ante litologías diversas ao longo de um contato entre tipos de fluidos. Observe que o metamorfismo é mais extenso e de maior temperatura em profundidade que nas zonas adjacentes e no topo do sistema.
C) Cristalização e liberação de fácies aquosas da qual resulta a skarnização por fluidos metassomáticos. Observe em profundidade a aureola metamórfica é menor. No topo do sistema as vezes o processo metassomático supera a aureola metamórfica.
D) O resfriamento do pluton e a possível circulação de água meteórica muito oxigenada causam alteração retrógrada (retrometamorfismo) do complexo de minerais calciossilicatados sendo esta alteração mais típica em sistemas formados a baixas profundidades.

TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DE SKARNS E AMBIENTES TECTÔNICOS DE FORMAÇÃO DE SKARNS
 Os skarns podem ser subdivididos de acordo com diversos critérios. O termo “Endoskarn” (ou endoescarnito) é utilizado oara indicar que o protólito é ígneo enquanto Exoskarn (ou exoescarnito) para protólitos sedimentares.
Skarn magnesiano e Skarn cálcico são termos utilizados para descrever a composição dominante do protólito e os minerais escarníticos resultantes. Tais termos podem ser combinados, como exoskarn magnesiano o qual contem forsterita-diopsídio formado de dolomita. Calciossilicática Hornfels designa rochas de granulometria fina composta por minerais calciossilicatados que resulta do metamorfismo de unidades carbonáticas impuras (calcário argilítico ou ardosiano).
Os skarn de reação podem se formar de metamorfismo isoquímico de unidades de carbonato e ardósia finamente interacamadados onde há a transferência metassomática de componentes entre as litologias adjacentes.
Os skarnóides são um termo descritivo de rochas calciossilicaticas que possuem granulometria relativamente fina, pobre em ferro e que reflete, no mínimo em parte, o controle composicional do protólito. Geneticamente o skarnoide é intermediário entre hornfels e skarn de granulometria grosseira.
 Os Depósitos Minerais de “skarn” são classificados de acordo com o metal econômico dominante. São Depósitos que partilham muitas modificações e características geoquímicas, mas são, no entanto, facilmente distinguíveis. Assim, os Depósitos metálicos de skarn são divididos em sete tipos (Au, Cu, Fe, Mo, Sn, W, e Zn – Pb), enquanto os não-metálicos, explorados comercialmente em vários locais do mundo, recebem o nome do mineral-minério. Os sete tipos são designados como: Fe Skarn, Au Skarn, W Skarn, Cu Skarn, Zn Skarn, Mo Skarn e Sn Skarn.
As características gerais incluem: (i) alteração por remobilização seletiva de minerais calciossilicatados (ex: piroxênios – diopsídio, espinélio, hedembergita, johansenita, wollastonita; granadas – andradita, grossularita, almandina – espessartita; anfibólios – hornblenda, tremolita-actinolita; scheelita. Esmectita (argila), clorita, talco, siderita, calcita, opalina). (ii) A mineralogia de alteração aparece tipicamente zonada, existindo quase sempre uma superposição da metamorfismo progressivo por minerais de retrometamorfismo. (iii) A rocha hospedeira é tipicamente calcária, calcários, dolomitas ou rochas sedimentares clásticas calcárias. (iv) Os depósitos do tipo skarn são variados compreendendo grandes famílias de tipos de depósitos.

Um comentário: