domingo, 30 de abril de 2023

MADEIRA PETRIFICADA💎💎


 A madeira petrificada é um fóssil, sendo também conhecida como madeira fossilizada. Madeira petrificada com vestigios de opala tal como diz o nome Xilopala. Ela se forma quando o material vegetal é enterrado pelos sedimentos e protegido da decomposição devido ao oxigênio e aos organismos.

ESMERALDA EXTRA💎💎




 

OVO DE PIRITA NATURAL💎💎


 

QUARTZO RUTILADO💎💎


 Quartzo sagenítico ou quartzo rutilado, é uma variedade de quartzo com inclusões de rutilo em forma de agulha. Wikipédia

ESMERALDA💎


 A Esmeralda é a variedade mais nobre do mineral berilo. Outras variedades de berilo são a água-marinha, a morganita, o heliodoro, a goshenita e a bixbyíta. A cor verde da esmeralda é devida à presença de quantidades mínimas de crômio e, às vezes, de vanádio.



Fonte:  Wikipédia

sexta-feira, 28 de abril de 2023

GEODO DE AMETISTA


 

OSTRA COM PÉROLAS💎


 

Diamantes – Lágrimas da terra💎💎


Diamantes




Diamantes – Lágrimas da terra

Diamantes
Diamantes
Carbono puro, isso mesmo, essa é a composição dessa pedra tão fascinante e desejada.
Cristalizado sob altas pressões e temperaturas, nas mais profundas entranhas da terra há bilhões de anos.
Para se ter uma idéia, a mais jovem rocha vulcânica da qual se extrai diamantes possui a idade de 70 milhões de anos.A origem do nome, "Adamas", é grega. Significa invencível, indomável.
Foram trazidos à superfície por erupções vulcânicas, ficaram depositados nos locais de onde atualmente podem ser extraídos por métodos economicamente viáveis.
As jazidas são encontradas, portanto, em terras vulcânicas, no entanto a maioria delas está localizada em depósitos aluvionais, formados pelas correntezas de rios. Em média 250 toneladas de minério são extraídas para que se obtenha 1 quilate de diamante lapidado.
Seu sistema de cristalização pode ser monoclínico ou cúbico, de simetria normal. Os cristais exibem faces curvas ou estriadas e com depressões triangulares sobre as faces. A clivagem é octaédrica perfeita e fratura concóide. Sua dureza na escala de Mohs é 10. É a substância mais dura que se conhece. A outra única substância conhecida de igual dureza é o nitreto de boro (borazon) obtido artificialmente. O peso específico do diamante varia de 3,516 a 3,525. Pode apresentar uma variedade de cores partindo do incolor, amarelo, vermelho, alaranjado, verde, azul, castanho e preto. Seu índice de refração é 2,4195.
Se for submetido a altas temperaturas em presença de oxigênio, será convertido em CO2. Sem o contato com oxigênio transforma-se em grafita, a 1900ºC.
Dizem os especialistas que não existem dois diamantes iguais. Cada um é único e exclusivo, com suas características próprias.
Têm-se notícia do surgimento dos primeiros diamantes por volta de 800 a C., na Índia.
Um diamante passa por diversos processos até chegar à forma na qual costumamos vê-los em jóias. É preciso lapidá-lo para que adquira o brilho intenso tão característico.
Diamantes
Foram os hindus quem descobriram que somente um diamante poderia cortar o outro. No entanto, esse povo apenas acentuava algumas "falhas" naturais da gema bruta, por receio na redução de peso.
Mas um diamante só estará devidamente aproveitado em seu brilho quando totalmente lapidado.
Com a lapidação a gema perde uma boa parte de seu peso, isso é inevitável para que se melhore seu efeito ótico, seu brilho e sua capacidade de decompor a luz branca nas cores do arco-íris.
O mais belo corte (lapidação) para o diamante é o chamado brilhante, criado pelo joalheiro veneziano Peruzz, no final do século XVII. Essa lapidação tem a forma redonda e compõ-se de 58 facetas. Cada faceta é simétrica e disposta num ângulo que não pode variar mais de meio grau.
As pessoas costumam errar ao dizer que querem comprar uma peça com brilhantes. A gema é diamante, brilhante é apenas o nome da lapidação. O diamante pode ser lapidado em diversas outras formas e lapidações e então não será mais "brilhante".
Para ser lapidado um diamante deve ser primeiramente entregue a um especialista que examinará cuidadosamente a pedra buscando o melhor aproveitamento possível conjugado à valorização da pedra sob todos os aspectos.
Diamantes
De início a gema deve ser clivada ou serrada.
A clivagem é feita por meio de uma batida sobre uma lâmina. A gema será dividida.
A pedra também pode ser serrada em partes, se assim indicar o especialista. Serrando diamente
Depois dessa fase o diamante segue para as mãos de outros profissionais, aquele que dá o formato básico da pedra, e os abrilhantadores que definem as facetas da pedra. Em geral esse serviço é especializado, há aqueles que fazem as facetas da parte de cima e a mesa; há os que fazem a parte de baixo (pavilhão) e há os profissionais que fazem a cintura da pedra.
Diamantes
Esquema de lapidação
Quando a lapidação começou a ser desenvolvida, alguns lapidários acreditavam que o maior número de facetas daria maior brilho à gema, esse pensamento não é correto. A lapidação brilhante é a que explora ao máximo a capacidade de brilho e dispersão de luz (arco-íris) nessa gema.
Podem ser lapidados em outras formas como gota, navete, baguete, coração, etc.
Hoje em dia encontramos diferentes lapidações, graças ao surgimento do laser, são cabeças de cavalo, estrelas, luas, entre outros.

Avaliação

Seria uma falha grave deixar de mencionar o clássico padrão para classificação e avaliação de um diamante.
São os 4 C’s:
C – Color (cor)
C – Clarity (pureza)
C – Cut (lapidação)
C – Carat (peso) (quilates)




 

Fonte: www.joia-e-arte.com.br

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Vale (VALE3): Custos de produção apontados no balanço chamam atenção de analistas

 

Jessica Bahia MeloCarteiras
Publicado 27.04.2023 12:05 Atualizado 27.04.2023 12:12
Vale (VALE3): Custos de produção apontados no balanço chamam atenção de analistas© Reuters
 
VALE
+2,27%
VALE3
+1,10%
TIOc1
-0,76%
DCIOU3
+2,64%
TIOc2
+2,99%
TIOc3
+2,58%

Investing.com – Além da perda de força dos preços do minério de ferro, analistas demonstraram surpresa com os custos de produção da Vale (BVMF:VALE3), apontados em balanço referente ao primeiro trimestre deste ano. A Vale ainda anunciou hoje a nomeação de Mark Cutifani, que será o presidente do recém-formado Conselho de Administração do negócio de metais básicos.

Após iniciarem o dia em queda, os papéis subiam ao final da manhã, com alta de 0,56%, a R$70,67 às 12h04 (de Brasília).

A Vale reportou uma diminuição no lucro, impactado por vendas e preços do minério de ferro menores, em contraponto aos custos mais elevados. O lucro líquido atribuível aos acionistas foi de US$1,837 bilhão, contra US$4,456 bilhões entre janeiro e março do ano passado e US$3,724 bilhões no quarto trimestre de 2022. Já o Ebitda ajustado das operações continuadas totalizou US$3,7 bilhões, US$2,7 bilhão inferior na comparação com o 1T22.

Segundo a XP Investimentos (BVMF:XPBR31), os custos de produção mais altos resultaram em Ebitda 12% mais fraco do que o esperado pela companhia e 7% inferior ao consenso. Conforme o analista Guilherme Nippes, a dinâmica de custos acende um alerta sobre o desempenho no futuro, ressaltando ainda o aumento dos gastos das operações de níquel. A XP mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$97,10.

O Santander (BVMF:SANB11) também considerou o Ebitda abaixo do esperado devido aos volumes e preços fracos, fatores que foram elencados como destaques negativos. De acordo com os analistas Rafael Barcellos e Arthur Biscuola, enquanto o custo caixa ficou em linha com as expectativas, o breakeven para minério de ferro e pelotas aumentou.  Por outro lado, a Vale apresentou um fluxo de caixa sólido. O Santander possui classificação outperform para as ações, com preço-alvo de US$19 para as ADRs negociadas nos Estados Unidos. No entanto, diz preferir exposição a cobre em relação ao minério de ferro.

O Itaú BBA avaliou o balanço negativo, principalmente no desempenho de custos. O Ebitda esteve em linha com as estimativas do banco, que ressaltou o fluxo de caixa como sólido diante de menores necessidades de capital de giro, enquanto a dívida líquida subiu de US$14,1 para US$14,4 bilhões. Entre os pontos de atenção, está a “deterioração sequencial dos resultados na divisão de ferrosos, uma vez que a melhor realização dos preços do minério de ferro foi compensada por menores volumes e um maior custo de entrega na China”, apontam os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza e Marcelo Furlan Palhares. As ações da Vale são consideradas outperform pelo Itaú BBA, com preço-alvo de US$18.

Na visão da Ativa Investimentos, os custos frustraram as expectativas e seguem afetando o segmento de siderurgia, enquanto o de transição de energética mostra fraqueza da operação de cobre e níquel. Para a Ativa, os indicadores vieram abaixo do esperado, com perspectiva de que os preços do minério de ferro sigam sem força.

A Ativa afirmou que esperava receitas mais fracas com vendas menores e preços mais baixos do minério de ferro, além de pior mix de produtos, mas disse estar surpreendida negativamente pela dinâmica de custos pela realização de one-offs visando a manutenção de plantas. O lucro líquido também decepcionou, de acordo com o analista Ilan Arbetman. “Ainda que tenha registrado um positivo fluxo de caixa livre em função de uma rubrica de capital de giro positiva, entendemos que o mercado recepcionará os resultados de forma negativa se indagando sobre a dinâmica de custos nos próximos trimestres”, acredita. A Ativa possui recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$92.



                                    



Fonte: Investing.com

segunda-feira, 24 de abril de 2023

OPALA NOBRE DE PEDROII- PIAUÍ- BRAZIL


 

MAIOR DIAMANTE DO MUNDO VAI A LEILÃO 💎💎


 

A maior mina de ouro aberta à visitação pública do mundo.

 Maior mina de ouro aberta a visitação do mundo, a Mina da Passagem guarda segredos e mistérios que encantam a todos. A descida para as galerias subterrâneas se faz de modo incomum, através de um trolley. O percurso tem 315 metros de extensão e chega a 120 metros de profundidade, onde se vê um maravilhoso lago de águas cristalinas,  formado pelos aquíferos que inundaram quilômetros de túneis, quando estes deixaram de ser bombeados. Mergulhar neste mundo subaquático é possível, através de uma empresa especializada. O cenário do interior da mina impressiona a todos, com suas galerias, salões e colunas. Não há também como esquecer o lado humano, o sacrifício daqueles que escavaram as entranhas da montanha em busca de riquezas. A temperatura é estável o ano todo, entre 17° a 20° C. Desde a sua fundação, no início do século XVIII, foram retiradas aproximadamente 35 toneladas de ouro.

Visitá-la é como viajar pela história, vivenciando a saga e a sina perigosa dos homens que procuravam pelo ouro no interior das montanhas mineiras.”



terça-feira, 18 de abril de 2023

ÁGUA- MARINHA EXTRA💎💎


 

DRUSA DE AMETISTA💎💎


 

OS GARIMPOS DE PEDRAS PRECIOSAS EM MINAS GERAIS..COMPLETO..

 


Pretendo compartilhar nesta crônica uma parte dos elementos recolhidos durante as recentes viagens aos territórios gemíferos localizados no nordeste do Estado de Minas Gerais. O objetivo é apresentar as atividades e os diferentes atores para permitir melhor entendimento de uma indústria baseada na exploração artesanal de gemas. De maneira geral, é uma indústria ainda pouco conhecida e com poucos trabalhos acadêmicos de foco não-geológico que sejam profundamente interessados nos espaços ligados à exploração das gemas. A aproximação e o tratamento deste tipo de indústria são delicados. A própria natureza das gemas – que concentram grande valor em pequenos volumes facilmente transportáveis (Hugon, 2009) – favoriza a criação de redes comerciais informais, a exploração ilegal e a fragmentação das initiativas(Guillelmet, 2000; Duffy, 2007). A presença e, às vezes, o predomínio da ilegalidade no setor, complica as tentativas de abordagem aos atores particularemente mudos sobre suas atividades (Canavesio, 2010). Por isso, neste contexto, a compreensão e a racionalização de tal setor se apresenta como uma problemática por si só e seu esclarecimento deve ser concluído antes de passar para a outra pergunta central de meu trabalho de tese de doutorado que não será abordada aqui: as riquezas gemíferas se tornam, ou não, um benefício para as áreas onde sejam exploradas?
2A escolha do nordeste mineiro para fundamentar esta análise se justifica por várias razões. Dentre os diversos territórios que exploram jazidas de gemas no Brasil, a região é provavelmente o melhor exemplo do que se aproxima mais de uma cadeia produtiva completa baseada em espaços periféricos, pois o norte de Minas Gerais apresenta índices que refletem uma situação sócio-econômica desfavorável. De fato, além das numerosas e variadas jazidas de gemas de cor que se espalham pela região estarem sendo bastante exploradas há dezenas de anos por alguns milhares de indivíduos, encontra-se ali o que talvez seja a maior concentração de atividades de lapidação de pedras e de comércio do país.Estima-se que haja pelo menos quase quatrocentos centros de lapidação e duzentos comércios apenas na cidade de Teófilo Otoni, sem contar com as várias centenas de corretores (GEA/IEL, 2005). Em Governador Valadares o número de atores seria provavelmente dividido por dois, mas que beneficiariam de renda similar aos colegas de Teófilo Otoni, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior (MDIC, 2012).
Mapa 1. Áreas visitadas durante pesquisas de campo.
Mapa 1. Áreas visitadas durante pesquisas de campo.
Fonte: Castañeda, Addad & Liccardo (2001), Cornejo & Bartorelli (2010) e autor.
3Por causa da grande extensão da região e da dificuldade de acesso, não foi possível visitar todas as localidades. Então, além dos dois principais centros de lapidação e comércio que são Teófilo Otoni e Governador Valadares, algumas áreas foram escolhidas e visitadas em função da possibilidade e da disponibilidade das pessoas encontradas. Tomei cuidado para não ficar limitado em redes pessoais similares, desta forma mantive relações com pessoas de localizações, atividades e posições nas hierarquias locais diversas. Vários deslocamentos foram necessários, tanto para visitar, quanto para revisitar esses lugares, para assim ganhar uma relativa confiança dos atores. Posteriormente eles foram entrevistados através de um questionário que será analisado na tese em si. As informações apresentadas nesta crônica resultam principalmente de abordagens informais. Trechos de depoimentos e fotografias foram integrados para permitir uma melhor representação do contexto e ambiente.

A extração

Foto 1. Turmalina em estado bruto – peça de coleção.
Foto 1. Turmalina em estado bruto – peça de coleção.

4Minas Gerais é conhecida por ser uma das regiões gemíferas mais ricas do mundo (Delaney, 1996). Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, cerca da metade das minas de pedras preciosas do país se localizariam no nordeste do estado (DNPM, 2013). Além da abundância de quartzos, a região contém importantes quantidades e variedades de pedras de cor, preciosas ou semi-preciosas, como esmeraldas, águas-marinhas, morganitas, turmalinas, topázios, kunzitas, andaluzitas, brasilianitas, alexandritas e crisoberilos, para citar apenas algumas extraídas regularmente. Às vezes, vários tipos de pedras podem ser extraídos de uma única jazida. E se a exploração gemífera pode ser caracterizada pelo tipo de pedra buscada, pode ser igualmente pelo tipo de processo extrativo empregado. Dependendo dos agentes envolvidos no processo extrativista, existem quatro tipos diferentes:
  • CataO solo é escavado em forma retangular e o buraco não passa de alguns metros de profundidade. Tábuas de madeira são encaixadas na vertical para sustentar as paredes. É a forma de extração menos arriscada para os mineiros, no entanto é muito nociva para o meio ambiente, já que necessita de uma superfície de clareira maior que os outros métodos.
Foto 2. Lavrador trabalhando em mina do tipo “cata”.
Foto 2. Lavrador trabalhando em mina do tipo “cata”.
.
  • Vagão. A mina forma uma grande cavidade a céu aberto colina adentro. Este tipo de extração é facilmente identificável a grandes distâncias, por isso é pouco utilizado por aqueles que trabalham de forma ilegal.
  • O Túnel. Os túneis são a forma de exploração de pedras preciosas mais comum na região. Medindo cerca de dois metros de altura por um metro de largura, os túneis seguem na horizontal e são feitos normalmente na borda de uma colina, pois desta forma conseguem alcançar grandes profundidades a pequenas distâncias. Quanto mais fundo, mais chances de encontrar as pedras mais bonitas. Tábuas e pedaços de madeira também são utilizados, desta vez apenas na entrada da mina ou em certos locais que apresentam risco de desabamento dentro do túnel. Podem chegar até duzentos ou trezentos metros de profundidade e explosivos são usados regularmente.
Foto 3. Trabalhador de mina entrando em túnel, com lanterna em primeiro plano.
Foto 3. Trabalhador de mina entrando em túnel, com lanterna em primeiro plano.

Foto 4. Trabalhador de mina no fim de um túnel, uma hora após à detonação de explosivos.
Foto 4. Trabalhador de mina no fim de um túnel, uma hora após à detonação de explosivos.

  • Caixa americana. Esta é a forma de exploração mais ambiciosa em termos de tecnologia e investimento. Por isso é o método privilegiado das grandes operações, da qual faz parte a extração de esmeraldas. A mina é caracterizada por um buraco profundo que varia entre vinte metros para as mais artesanais até mais de trezentos metros para aquelas mais importantes, necessitando da instalação de um sistema de elevador – normalmente um simples arreio. Pedaços de madeira, muitas vezes do eucalipto cultivado na região, são usados ao longo da descida para sustentar as paredes. No fundo da cavidade existe uma sala, início de um ou vários túneis escavados na horizontal para seguir as “veias” gemíferas.
5Existem diversas formas de exploração física, mas a forma setorial mais comum em termos de atividade e uso de recursos humanos é a garimpagem. Ou seja, é uma forma de exploração mineira ilegal e artesanal. As pessoas que praticam são chamadas de garimpeiros, o que pode ser interpretado pejorativamente por alguns deles, que por sua vez preferem ser chamados de lavradores. Diversas empresas artesanais são fruto de iniciativas independentes ou de pequenos grupos de atores, comumente oriundos do meio rural e que dividem o tempo entre a mineração e atividades agrícolas de subsistência. Eles escavam dentro da propriedade de um parente, vizinho ou amigo e podem se instalar na mina durante a semana e voltar para casa nos finais de semana. Aqueles que moram próximo podem fazer o caminho de ida e volta todos os dias, especialmente depois que ficou mais fácil aceder meios de transporte modernos, como as motocicletas. Os garimpeiros que trabalham em minas de difícil acesso, às vezes preferem trazer toda a família de uma vez para ficar o ano todo. Os “acampamentos” podem ser pequenas habitações, no melhor dos casos cabanas de madeira.
Foto 5. Cama dentro do alojamento de trabalhador de mina.
Foto 5. Cama dentro do alojamento de trabalhador de mina.

6A realidade das grandes minas que pertencem a empresas mineradoras de meio ou grande porte é completamente diferente, já que seu funcionamento se compara mais a uma empresa do que a um modelo artesanal. Os equipamentos são mecanizados e as condições gerais das minas são melhores, mais organizadas e mais modernas. Engenheiros e geólogos também participam continuamente das atividades. Devido ao tamanho, elas acabam tendo uma nova demanda de profissionais como capatazes ou agentes de segurança, funcionários de limpeza e pessoal administrativo. E as tarefas podem ser mais especializadas: as pessoas que escavam o terrenos não são necessariamente as mesmas que irão limpar e separar os resíduos das gemas.
Foto 6. Entrada de um túnel do tipo parecido com “caixa americana” de empresa mineradora.
Foto 6. Entrada de um túnel do tipo parecido com “caixa americana” de empresa mineradora.

Foto 7. Trabalhador de empresa mineradora lavando minerais e seus resíduos extraídos.
Foto 7. Trabalhador de empresa mineradora lavando minerais e seus resíduos extraídos.

7Em sua maioria, as operações gemíferas são financiadas por diversos parceiros – os “sócios” - que normalmente não participam diretamente das atividades de mineração. A participação deles varia de acordo com a necessidade e a disponibilidade de cada um: por exemplo, um sócio leva um equipamento de motor particular, um outro financia os explosivos usados durante as operações de escavação, um outro se encarrega da alimentação e das eventuais contribuições salariais aos empregados das minas. Quando um lote de pedras é extraído, os benefícios da venda são divididos de acordo com o pré-estabelecido e também de acordo com as contribuições de cada um. Geralmente, a divisão segue o padrão: 20% da venda para o proprietário do terreno; entre 40 e 60% para os sócios; entre 20 e 40% para os empregados, dependendo do valor do salário mensal, que varia entre meio e um salário mínimo.
8É muito comum que as pequenas estruturas mineiras, ou seja, aquelas que empregam apenas duas pessoas, encontrem pedras somente uma vez a cada dois ou três anos, resultando em uma venda de algumas dezenas de milhares de reais no melhor dos casos. Aquelas que são um pouco mais ambiciosas ou que são exploradas há anos por serem particularmente férteis e que podem contratar até uma dezena de pessoas certamente conseguem encontrar muito mais pedras. No entanto as despesas são igualmente elevadas, uma soma que representa algo em torno de 5 à 20 mil reais de investimento mensal, variando de acordo com o tamanho da exploração.
9As maiores operações mineiras podem ter um ritmo de escavação de pedras semanal e seus empregados chegam a ganhar até 3 mil reais em um bom mês. Mas elas támbém não estão livres de um período infértil e caso esta situação dure tempo demais, pode causar o fechamento da mina devido aos altos custos de sua manutenção. Estas empresas possuem normalmente escritórios na cidade vizinha à mina, onde a maior parte das pedras é estocada. Muitas delas também guardam minerais encontrados durante as escavações (principalmente feldspato ou mica), mas estes materiais não são considerados o objetivo final nem a parte mais importante dos negócios.

Depoimento de um garimpeiro, 51 anos (Coronel Murta)

“Comecei a trabalhar em um garimpo quando tinha 13 anos, com meu pai. Nós tínhamos uma fazenda modesta entre Araçuaí e Coronel Murta e dividíamos o trabalho entre as atividades agrícolas de subsistência e a garimpagem, o que é muito comum por aqui. Desde então eu nunca deixei de trabalhar na mineração, mas às vezes de maneira inconstante. Nos anos 90, por exemplo, comecei a viajar para o interior de São Paulo para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar a cada estação. Mas mesmo se o salário era correto em comparação ao que a gente ganha aqui, não valia muito a pena. Na verdade eu tinha despesas de transporte, alimentação, às vezes acomodação, e o dinheiro não compensava a distância da minha família. Então parei de vez e desde 2005 dedico a maior parte do meu tempo ao garimpo, a não ser no fim do ano, com a chegada das primeiras chuvas, que eu tomo conta da minha pequena plantação. Quando o ano é razoável conseguimos colher comida suficiente para nos manter quase o ano todo, mas às vezes as chuvas são tão raras que já no mês de março acabou tudo. Por outro lado, desde a criação do Bolsa Família temos a garantia de ter um mínimo todos os meses. Acho que essa ajuda é uma benção que nos assegura um mínimo de sobrevivência para mim, para minha esposa e para minha única filha.
(…) Meu irmão trabalhava na mina de feldspato vizinha que usa material mais pesado, o que não é possível nas minas de turmalina que pedem um trabalho mais delicado. Há mais ou menos dois meses, uma pedra caiu na cabeça dele por causa de um pequeno desmoronamento. O traumatismo foi maior do que a gente pensava e eu tive que levá-lo ao pronto-socorro do hospital de Montes Claros, a cerca de 280km de distância. Ele está melhor, mas não sei se vai poder trabalhar novamente na mina. Mas eu vou bem, felizmente nunca tive nenhum problema com ninguém e nunca sofri nenhuma ameaça. A gente ouve muitas histórias nos garimpos, mas nem todas elas são verdadeiras.
(…) Pra mim, é um trabalho como os outros. Acordo de manhã, vou até o fundo do túnel onde coloco uma dezena de detonadores e, depois da explosão, espero uma hora, uma hora e meia, tempo suficiente para o gás que escapa ter se dissipado. Durante esse tempo eu tomo um café, às vezes com meu colega que trabalha na mina em dias alternados, mais ou menos. A gente recolhe os restos da explosão, depois usa uma bitadeira e em seguida recolocamos mais um lote de detonadores. E mais um no final da tarde. Vou para a mina no domingo à noite e fico até sexta-feira, mesmo se eu moro perto, a meia hora a pé. Gosto de passar minha semana de trabalho nesse ambiente, eu me sinto bem, é uma vida que gosto.
(…) Trabalhei em uns vinte garimpos durante toda minha vida e o mais profundo deles chegava a mais ou menos 200 metros. No início, quando só tem terra, avançamos rapidamente, entre 5 e 6 metros por dia. Quando chegamos na pedra, descemos a uma velocidade de 2 metros por dia, mas tudo depende da terra e da rocha. Há três semanas encontrei algumas turmalinas que vendemos aqui mesmo para um corretor de Coronel Murta em três lotes, por um total de 16 mil reais. Quando é assim eu chamo todos os sócios – no caso, quatro – e meu parceiro para decidir sobre o lote e sobre o valor. Geralmente tudo acontece sem problemas. Antes disso, encontrei há dois anos um outro lote de turmalinas de qualidade um pouco pior. A gente encontra pedras, mas isso nunca me deu oportunidade de refazer minha vida, como foi o caso de alguns poucos. Meu futuro já está todo planejado: continuar a vida que levo esperando a aposentadoria que vai chegar em alguns anos como agricultor, pois estou inscrito na profissão no Sindicato Rural.”

A lapidação

10Outras atividades ligadas à mineração foram se organizando ao longo do tempo, entre elas, a atividade de transformação das gemas. Este trabalho é feito pelos lapidadores, que em sua maioria exercem atividade nas cidades de Teófilo Otoni e Governador Valadares. Geralmente os centros de lapidação contam com no máximo três pessoas. Os maiores podem contratar até cerca de vinte trabalhadores, mas atualmente este tipo de empresa é muito rara. Os centros de lapidação normalmente tomam a forma de pequenos ateliês próximos aos principais centros de comércio ou em cima de lojas, ou ainda no pátio de domicílios nos bairros residenciais – a chamada lapidação de fundo de quintal.
11O objetivo da lapidação de uma pedra é ressaltar a beleza do mineral e prepará-la para incorporar uma joia. Não existe uma única maneira de trabalhar o produto e a escolha depende da pedra bruta inicial, já que a intenção é tirar o menos possível de material e manter a pedra mais volumosa possível. O processo de transformação descrito pelos profissionais acontece em quatro etapas diferentes:
  • Serrar. A pedra é serrada grosseiramente apenas para retirar os excessos.
  • Formar. Em seguida a pedra é colada com cera na ponta de uma varinha e o lapidador lhe dá sua forma final. Esta operação requer às vezes, quando ela faz parte de uma coleção de joias, por exemplo, a calibragem e a padronização das pedras trabalhadas.
  • Façamentar, ou simplesmente lapidar. E a operação que permite trabalhar as faces planas das pedras.
  • Polir. Finalmente a pedra é polida para que possa ser apresentada sob seu melhor brilho. Pós abrasivos, partículas de diamantes ou de coríndon, são utilizados nesta etapa.
Foto 8. Pequeno centro de lapidação informal.
Foto 8. Pequeno centro de lapidação informal.

12Depois de lapidada, uma pedra bruta pode perder entre 30 e 70% de seu corpo inicial, mas esta porcentagem é muito variável e depende enormemente do tipo de gema e da lapidação escolhida, assim como da dificuldade do trabalho. Pedras como kunzitas, que se quebram facilmente, ou alexandritas, extremamente duras, acabam sendo bem mais complicadas de se lapidar. Não é raro que uma pedra se quebre em vários pedaços por causa de um defeito ou de uma escolha equivocada no início do processo de lapidação. Neste caso, a soma da venda dos pequenos pedaços será sempre inferior àquela da pedra inteira.
13De acordo com os atores locais, a indústria lapidária vem sofrendo uma forte baixa. Se em um passado recente o número de lapidadores na região pode ter chegado a dois ou três mil, talvez até mais do que isso, atualmente apenas algumas centenas teriam conseguido manter o emprego de forma regular. A falta de pedras e a concorrência chinesa são geralmente os dois principais argumentos dos atores para explicar a situação. Hoje, muitos deles trabalham apenas por temporadas ou mantêm outros empregos paralelos, geralmente fora do setor das gemas. Alguns decidiram ir para o exterior, incluindo a China nos últimos anos.
14A maior parte das pequenas empresas independentes frequentemente fazem uso de equipamentos antigos, de mais de trinta anos. Todas as máquinas são dotadas de motor e se antigamente elas eram montadas artesanalmente por alguns lapidadores locais, atualmente a concorrência asiática vem ganhando espaço. Os equipamentos importados oferecem um aspecto mais moderno, uma qualidade igual por um preço inferior, o que forçou a maior parte dos antigos fabricantes locais a abandonar sua produção. De qualquer forma, a maioria dos artesãos locais evitam substituir seus materiais por equipamentos mais modernos, pois isso representa um investimento pesado difícil de recuperar. Segundo os próprios, eles não dispõem de oferta de trabalho suficiente para fazer valer à pena tamanho investimento.
Foto 9. Lapidador formando uma citrina.
Foto 9. Lapidador formando uma citrina.

15Anos depois de diversas ações públicas locais feitas por institutos como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos – IBGM, e a Associação dos Joalheiros, Empresários de Pedras Preciosas e Relógios de Minas Gerais – AJOMIG, com o objetivo de alavancar a indústria de lapidação a um patamar mais avançado da joalheria, o projeto parece não ter dado certo. Os atores ainda não evoluiram como o esperado e na verdade provavelmente nem desejam fazê-lo. Poucas pessoas originárias da região se especializaram em joalheria e os raros indivíduos independentes que se aventuraram se satisfazem com um mercado local e com alguns turistas de passagem. Apenas uma das grandes empresas entre os atores abordados dedica uma parte de suas atividades à joalheria. A explicação está no fato de que além de enfrentar uma concorrência nacional já instalada, o mercado asiático também está presente. As raras joias encontradas em Teófilo Otoni e Governador Valadares provêm, muitas vezes, da China. Os atores de nacionalidade chinesa importam pedras do Brasil, principalmente quartzo, e as transformam em seu país a um custo menos elevado. Produzem, por exemplo, colares, para em seguida reexportá-los ao Brasil.
Foto 10. Colares importados da China fabricados a partir de quartzos brasileiros.
Foto 10. Colares importados da China fabricados a partir de quartzos brasileiros.

Depoimento de um lapidador, 56 ans (Teófilo Otoni)

“Abandonei a escola muito cedo, só estudei até o primeiro grau, então comecei a vender pedras na rua desde os 14 anos, assim como muitas outras pessoas. Depois comecei a trabalhar ao mesmo tempo como lapidador aos 16 anos e assim que consegui juntar um pouco de dinheiro, fui trabalhar sozinho. Em seguida aluguei um local perto da principal praça da cidade, onde acontecia o grosso do comércio, o que continua sendo o caso hoje em dia. De tempos em tempos dou uma volta pela praça de manhã para saber o que está acontecendo no mercado e às vezes compro algumas pedras.
(…) Eu me dedico mais ao negócio de esmeraldas. Tento me abastecer direto nas minas e vou de vez em quando em Goiás e na Bahia, mas bem menos hoje em dia, já que está mais difícil encontrar esmeraldas de boa qualidade. Na verdade, meus principais centros de abastecimento agora são Itabira e Nova Era, que são bem mais próximos. No momento trabalho em casa, no meu quintal. Lapido as pedras para dar a forma principal e depois terceirizo o facetamento e o polimento por um custo de 50 reais por pedra. Depois de lapidada, normalmente vendo a gema pelo dobro do preço que paguei por ela, mas claro que isso varia muito, pois às vezes a pedra é menos bonita do que o esperado depois de lapidada, ou então pode se quebrar no processo. O fato de fazer eu mesmo as primeiras etapas de lapidação me permite economizar um pouco de dinheiro, mas principalmente me dá a certeza de que a pessoa não vai trocar a pedra por outra parecida de menos valor depois de trabalhá-la. Isso pode acontecer porque é bastante difícil associar uma pedra bruta a uma pedra lapidada.
(…) Eu já tive alguns clientes joalheristas, principalmente um que trabalhava para Amsterdam Sauer e que vinha mais ou menos a cada três meses em Teófilo Otoni para comprar pedras comigo. Mas agora os joalheiros trabalham cada vez mais exclusivamente com as grandes empresas da região e mandam lapidar as pedras diretamente em São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte. Então viajo todo mês ou a cada dois meses para estas cidades para vender minha produção. Também costumo ir a Ouro Preto ou Brasília. Sei por experiência que as joalherias estão à procura de esmeraldas, então vou oferecer espontaneamente. Mas também acontece de eu ligar para alguns ex-clientes antes de ir. Faço negócio principalmente com brasileiros, mas também tem alguns estrangeiros, inclusive alguns chineses em Brasília, Rio de Janeiro ou São Paulo que chegaram a pouco tempo. No final dos anos 80 me inscrevi no Sindicato Nacional dos Garimpeiros para conseguir uma carteira provando que eu trabalhava no ramo, mas nunca renovei minha inscrição, pois a primeira carteira já é suficiente para não ter mais problemas com a polícia”
(…) Mesmo se o comércio já foi melhor, ainda está bom para mim. Minha mulher e minha filha me ajudam um pouco com as tarefas administrativas e meu sobrinho toma conta do cyber café que comprei há pouco tempo. Tenho uma outra filha que foi para a Itália, perto de Nápoles, e ela trabalha ilegalmente no setor da agricultura. Hoje está casada com um italiano e faz dois anos que começou a vender algumas pedras diretamente para joalherias napolitanas. Claro que ela precisa de uma nota fiscal para provar que a mercadoria é legal, é arriscado demais passar a fronteira sem provas e também é mais fácil para vender depois de chegar lá. Os chineses também tentam vender suas pedras, mas os italianos não confiam neles. Por outro lado, parece que agora está mais complicado fazer negócios, acho que por causa da crise que atinge a Europa, as pessoas acabam comprando menos joias. Mas imagino que seja temporário. Minha filha mais nova que mora com a gente pensa em fazer um curso de joalheria, mas eu estou velho demais para mudar de carreira agora e, de qualquer forma, isso não me interessa.”.

O comércio

16As atividades de comércio incluem o conjunto das operações ligadas à compra e venda de pedras de cor, brutas ou lapidadas, sem um objetivo de tranformação suplementar. Duas formas de comércio se destacam: a corretagem, que faz o papel intermediário entre o vendedor e o comprador em troca de um porcentagem da venda; e o comércio clássico, que consiste na compra do produto, estocá-lo e vendê-lo. Mas uma terceira forma de comércio poderia ser tambem integrada: aquela onde as próprias empresas mineradoras se encarregam de exportar diretamente sua produção, sem passar por intermediários.
Foto 11. Amostras de topázios imperiais e esmeraldas por um vendedor de rua.
Foto 11. Amostras de topázios imperiais e esmeraldas por um vendedor de rua.

17Os corretores exercem suas atividades de maneira informal na rua. É na rua também que se faz contatos profissionais e se troca informações sobre o mercado. Nas zonas rurais da região são geralmente os postos de gasolina que muitas vezes servem de endereço dessas trocas comerciais, mas o local pode variar. Em Araçuaí, por exemplo, os bares atrás da estação rodoviária têm esta função. Nas maiores cidades da região, os pontos de encontro se localizam à proximidade dos centros urbanos, próximo a sedes das principais empresas mineradoras e de comércio de gemas do nordeste de Minas Gerais. Em Governador Valadares os corretores podem ser encontrados no cruzamento das ruas Peçanha e Afonso Pena, local conhecido como “esquina dos aflitos”, onde uma mesa é posta em frente a um bar e cerca de vinte pessoas se sentam sobre cadeiras de plástico encostadas a um muro que lhes faz sombra. Em Teófilo Otoni, pelo menos uma centena de comerciantes costuma ocupar a principal praça da cidade diariamente, fazendo do lugar provavelmente o maior centro de trocas informais de pedras do país. A constante presença dos corretores e a maneira desordenada e, às vezes, insistente com que abordam os raros clientes em potencial pode dar uma imagem um pouco agressiva do negócio, muitas vezes mais exagerada do que é na realidade.
Foto 12. Vendedores de pedras com suas bolsas na Praça Tiradentes em Teófilo Otoni.
Foto 12. Vendedores de pedras com suas bolsas na Praça Tiradentes em Teófilo Otoni.

18Muitas vezes, atores que se apresentam como corretores podem também vender mercadorias próprias, aproximando-se do papel de comerciante clássico, mas sem loja física para exercer a profissão. A maioria deles mantém suas pedras guardadas em pochetes ou bolsas, mas há quem exponha os produtos em mesas, o que pode dar à praça de Teófilo Otoni uma imagem de feira de pedras para quem vem do exterior. Se o número de corretores perambulando na praça ainda é grande, o número de clientes estrangeiros está em constante diminuição, segundo os atores locais. Por isso, muitos vendedores de pedras passaram a ter outras profissões, como cantor de bar, pintor de prédio, etc, além daqueles que já beneficiam de uma aposentadoria. A falta de clientes faz com que uma grande parte das pedras acabe circulando apenas nas mãos dos próprios corretores. Entretanto, alguns deles percorrem o país inteiro comprando a mercadoria nas áreas rurais da região ou do nordeste do país, vendendo-a posteriormente em Teófilo Otoni, plataforma da corretagem do país, ou ainda nas grandes cidades do sudeste brasileiro.
Foto 13. Águas-marinhas espalhadas sobre uma cama de hotel de um vendedor de pedras
Foto 13. Águas-marinhas espalhadas sobre uma cama de hotel de um vendedor de pedras

Depoimento de um corretor, 64 ans (Teófilo Otoni, mas originário de Itinga)

“Entrei tarde no negócio. Até meus 48 anos eu era agricultor e criador, mas um dia perdi todo meu rebanho, 80 cabeças de gado atingidos pela raiva. Neste dia perdi tudo e decidi fazer como muitos outros na região: trabalhar no garimpo. Comecei perto de Medina, em um terreno que pertencia ao meu sogro, que era um modesto agricultor, ele também. Eu equilibrava a atividade de escavação com a agricultura de subsistência e participava também de algumas atividades de corretagem, mas de maneira bem local.
(…) Um dia um conhecido meu, dono de um hotel em Itaobim, veio me dizer que um francês estava procurando pedras para comprar. Eu o coloquei em contato com as pessoas que ele procurava, nós dois simpatizamos e depois disso nos encontramos a cada três meses. Ele vem ao Brasil comprar pedras brutas para revender na França. Ele faz porta-a-porta e vai de comércio em comércio lá, pelo que me falou. Hoje ele se tornou meu principal cliente e a gente viaja pela região cada vez que ele vem aqui para comprar mercadoria a um preço melhor.
(…) Há seis anos vim morar em Teófilo Otoni para acompanhar meu filho que é funcionário público. Como minha mulher adoeceu gravemente e precisa ir regularmente ao hospital, achamos melhor virmos também. Para mim, o comércio de pedras está bem melhor agora do que quando comecei, mas meu filho me ajuda com 400 reais todos os meses (cerca de 150 euros) para colaborar com as despesas. Tenho também uma aposetadoria como agricultor. Hoje penso em talvez voltar para o garimpo em um futuro próximo. Não tenho mais condição física para cavar a terra, mas posso ser útil cozinhando ou fazendo pequenas tarefas do dia-a-dia.”
19Os comerciantes possuem geralmente um endereço formal para exercer sua atividade, apresentando-se como lojas de vendas de pedras de cor. O atrativo de uma loja é que ela tem mais chances de ter um primeiro contato com novos clientes, pois é um lugar físico e oficial que passa mais confiança para os visitantes ocasionais do que uma esqunia de rua ou praça. A loja também permite ao visitante saber onde encontrar a pessoa com quem ele manteve contato da última vez que fez negócio, e é principalmente uma vitrine para o comerciante, já que as pedras expostas geralmente representam apenas uma ínfima parte dos produtos estocados. Os proprietários deste tipo de comércio muitas vezes trabalham com outras atividades relacionadas, como a mineração, a lapidação ou a venda à distância pela internet, por exemplo. Alguns deles também estão implicados no comércio de minerais industriais.
Foto 14. Estoques de pedras de coleção de comércio, com quartzos fumê em primeiro plano.
.
20Em Teófilo Otoni existe uma estrura comercial original e relativamente organizada, em formato de galeria, composta por cerca de vinte pequenas lojas: a galeria da Associação dos Corretores e Comerciantes de Pedras Preciosas, mais conhecida localmente pelo acrônico ACCOMPEDRAS. Construído no início dos anos 90 com a ajuda das autoridades locais, o lugar foi concebido na sua origem para oferecer a alguns corretores que trabalhavam na praça um ponto “formal” de venda. Algumas lojas mudaram de dono e é possível achar hoje proprietários em situações diversas - do corretor que consegue a maior parte de seu lucro graça às comissões, até pequenas empresas que vendem pela internet. Alguns investem parte de seus lucros em atividades de garimpo, onde viram sócios.
Foto 15. Entrada da galeria ACCOMPEDRAS em Teófilo Otoni.
Foto 15. Entrada da galeria ACCOMPEDRAS em Teófilo Otoni.
.
21Por último, certos pontos de comércio aparecem na forma de escritórios. Normalmente escritórios de empresas mineradoras possuem explorações à proximidade e têm a função de cuidar da parte administrativa. De uma forma ou de outra acabam filtrando pessoas indesejáveis – a maior parte dos corretores –, se dedicando exclusivamente àqueles que interessam mais – geralmente clientes ricos. Tal filtragem é possível por causa de uma entrada com um importante sistema de segurança. Há clientes brasileiros, mas a maior parte dos produtos é exportada para outros países e os negócios fechados cada vez mais frequentemente à distância. Muitas destas empresas, realizam parte de seus negócios em feiras internacionais estrangeiras, geralmente nos Estados Unidos (Tucson) ou em Hong-Kong (três feiras anuais), às vezes na China (Shangai) ou na Europa (Munique, Sainte-Marie-aux-Mines). Bem mais raramente, para não dizer nunca, participam das feiras organizadas no Brasil (São Paulo, Soledade, Teófilo Otoni, e às vezes Governador Valadares), cujo alcance é sobretudo nacional, apesar das propagandas locais.
Foto 16. Entrada segura do escritório de empresa de pedras.
Foto 16. Entrada segura do escritório de empresa de pedras.

Considerações finais

22Antes da aplicação dos questionários semi-dirigidos que guiariam a continuação do meu trabalho, uma pesquisa mais ampla e menos sistemática foi necessária para a) delimitar a área geográfica do estudo; b) ganhar a confiança dos atores do setor, o que pode ser considerado como incontornável para o prosseguimento da pesquisa; c) identificar e formalizar os diferentes tipos de atores existentes em função do tipo e do porte das atividades exercidas; d) e sobretudo entender a organização e funcionamento geral de um negócio particularmente obscuro, cujos principais elementos estão apresentados aqui. Esta primeira parte de trabalho de campo permitiu também destacar alguns questionamentos que não teriam sido levados em consideração, ou pelo menos não suficientemente, e que se mostraram centrais para a continuação da pesquisa.
23O caso, que se apresenta sob a forma de um sistema de produção particularmente bem delimitado no espaço, leva à indagação sobre a relevância da terriorialidade nesta conjuntura, permitindo revisitar os quadros teóricos dos Sistemas e Arranjos Produtivos Locais (Cassiolato & Lastres, 2003; Marcos, 2006). Os numerosos projetos voltados para o desenvolvimento das atividades apoiadas pelas autoridades públicas constituem também um interesse suplementar. Este tipo de ação pode ser usada como complemento para responder a pergunta central do meu trabalho, que é saber em quais condições as riquezas gemíferas podem ser uma vantagem para os territórios extrativistas. A observação mais relevante desta primeira fase das pesquisas, no entanto, foram as recentes evoluções que afetam as atividades locais. A totalidade dos atores afirma que a produção e o comércio de pedras na região enfraqueceram consideravelmente durante a última década, circunstâncias que as estatísticas oficiais não conseguem apontar.







Fonte: O Estado de Minas