Os mestres da análise
DINHEIRO traz com exclusividade os melhores analistas de ações do Brasil. Saiba como eles trabalham e o que pensam do mercado
O trabalho dos analistas de ações tem sido especialmente desafiador nos últimos meses. Além das dificuldades inerentes à tarefa de prever – com precisão – o futuro, foi preciso lidar com uma aparentemente interminável crise política, uma economia que está demorando a deslanchar, e um cenário internacional imprevisível. Mesmo assim, alguns profissionais de mercado conseguiram, consistentemente, escolher boas ações.
Pelo terceiro ano consecutivo, a empresa de informações financeiras Thomson Reuters escolheu os melhores analistas de ações da América Latina, e DINHEIRO traz essas escolhas com exclusividade. Segundo Raj Shah, diretor da Thomson Reuters responsável pela premiação, foram considerados apenas os analistas que indicam ações para terceiros, o chamado sell side, e não os que avaliam a compra de ações para as próprias instituições em que trabalham, o buy side.
Foram consideradas duas categorias: as recomendações de ações emitidas durante 2016, e as estimativas de resultados realizadas entre abril de 2016 e março de 2017. As instituições financeiras com mais analistas escolhidos também foram premiadas. O melhor departamento de análise foi o do banco BTG Pactual, que teve três analistas premiados na estimativa de resultados (veja o quadro ao final da reportagem). O banco emprega 25 analistas, 18 deles brasileiros.
“Uma das principais características do nosso time é a senioridade, todos estão conosco há bastante tempo, e oito deles são sócios do banco”, diz Carlos Sequeira. O economista carioca, no banco desde 2002, chefia a equipe que acompanha cerca de 200 empresas de dezenas de setores, no Brasil e em outros países da América Latina. Em sua maioria, os analistas são engenheiros, economistas e administradores de empresas.
As tarefas gerenciais não afastam Sequeira da avaliação de empresas. Ele é o responsável pela análise de dois setores, o de telecomunicações e o de empresas de tecnologia. Depois de um intenso movimento de consolidação nos últimos anos, as empresas telefônicas estão tendo de enfrentar um cenário mais maduro e adverso. A prestação de serviços de voz, as ligações telefônicas tradicionais, está perdendo espaço para a transmissão de dados.
Sequeira avalia que, apesar da mudança estrutural no negócio, as companhias brasileiras estão bem preparadas para os próximos anos. “Esse é um setor intensivo em capital, mas as companhias fizeram investimentos maciços nos últimos anos e agora vão começar a colher esses frutos”, diz ele. Sua principal aposta no setor é a Vivo, que deverá desfrutar de uma geração de caixa consistente e estável nos próximos anos. Telefonia também é o setor de Lucio Aldworth, do Citi, o melhor dentre os analistas brasileiros na estimativa de resultados.
Economista pela University of North Carolina, Aldworth é analista desde o ano 2000. Passou cinco anos na Goldman Sachs e está há pouco mais de quatro no Citi. “Quando comecei, o setor de telecom era muito mais dinâmico, e hoje está consolidado, por isso passei a acompanhar também as empresas de educação”, diz ele. Aldworth tem TIM e Vivo entre suas empresas telefônicas preferidas, mas recomenda apenas as ações da primeira. “Vivo é uma excelente empresa, mas isso já foi percebido pelo mercado e suas ações têm pouco potencial de valorização adicional”, diz. No caso das empresas de educação, ele espera tempos duros.
O resultado dessas companhias é muito dependente da disponibilidade de verbas públicas do programa governamental Fies, cuja dotação orçamentária caiu 75% desde seu pico em 2014. “Só vão prosperar as empresas de educação que tiverem força financeira, balanços sólidos e uma gestão excepcional de riscos”, diz ele, que não recomenda nenhuma compra no setor. Paola Mello, sua colega no Citi, a melhor analista brasileira na recomendação de ações pela Thomson Reuters, é mais otimista. A economista com mestrado em Finanças está no Citi há cinco anos e acompanha o setor de varejo no Brasil e em outros países da América Latina.
Mello diz estar otimista com ações menos óbvias do setor, como Raia Drogasil, Via Varejo e Hering. “Estamos bem fora do consenso do mercado”, diz ela. “Na nossa avaliação, o mercado exagerou na baixa dessas companhias no fim do ano passado, e há espaço para recuperação.” Seu método de análise vai além dos números do balanço. “Visito as lojas e converso com os gerentes, vejo se as pessoas estão comprando muito ou pouco”, diz ela. “Tudo isso é essencial para uma análise com mais base.”
Pelo terceiro ano consecutivo, a empresa de informações financeiras Thomson Reuters escolheu os melhores analistas de ações da América Latina, e DINHEIRO traz essas escolhas com exclusividade. Segundo Raj Shah, diretor da Thomson Reuters responsável pela premiação, foram considerados apenas os analistas que indicam ações para terceiros, o chamado sell side, e não os que avaliam a compra de ações para as próprias instituições em que trabalham, o buy side.
Foram consideradas duas categorias: as recomendações de ações emitidas durante 2016, e as estimativas de resultados realizadas entre abril de 2016 e março de 2017. As instituições financeiras com mais analistas escolhidos também foram premiadas. O melhor departamento de análise foi o do banco BTG Pactual, que teve três analistas premiados na estimativa de resultados (veja o quadro ao final da reportagem). O banco emprega 25 analistas, 18 deles brasileiros.
“Uma das principais características do nosso time é a senioridade, todos estão conosco há bastante tempo, e oito deles são sócios do banco”, diz Carlos Sequeira. O economista carioca, no banco desde 2002, chefia a equipe que acompanha cerca de 200 empresas de dezenas de setores, no Brasil e em outros países da América Latina. Em sua maioria, os analistas são engenheiros, economistas e administradores de empresas.
As tarefas gerenciais não afastam Sequeira da avaliação de empresas. Ele é o responsável pela análise de dois setores, o de telecomunicações e o de empresas de tecnologia. Depois de um intenso movimento de consolidação nos últimos anos, as empresas telefônicas estão tendo de enfrentar um cenário mais maduro e adverso. A prestação de serviços de voz, as ligações telefônicas tradicionais, está perdendo espaço para a transmissão de dados.
Sequeira avalia que, apesar da mudança estrutural no negócio, as companhias brasileiras estão bem preparadas para os próximos anos. “Esse é um setor intensivo em capital, mas as companhias fizeram investimentos maciços nos últimos anos e agora vão começar a colher esses frutos”, diz ele. Sua principal aposta no setor é a Vivo, que deverá desfrutar de uma geração de caixa consistente e estável nos próximos anos. Telefonia também é o setor de Lucio Aldworth, do Citi, o melhor dentre os analistas brasileiros na estimativa de resultados.
Economista pela University of North Carolina, Aldworth é analista desde o ano 2000. Passou cinco anos na Goldman Sachs e está há pouco mais de quatro no Citi. “Quando comecei, o setor de telecom era muito mais dinâmico, e hoje está consolidado, por isso passei a acompanhar também as empresas de educação”, diz ele. Aldworth tem TIM e Vivo entre suas empresas telefônicas preferidas, mas recomenda apenas as ações da primeira. “Vivo é uma excelente empresa, mas isso já foi percebido pelo mercado e suas ações têm pouco potencial de valorização adicional”, diz. No caso das empresas de educação, ele espera tempos duros.
O resultado dessas companhias é muito dependente da disponibilidade de verbas públicas do programa governamental Fies, cuja dotação orçamentária caiu 75% desde seu pico em 2014. “Só vão prosperar as empresas de educação que tiverem força financeira, balanços sólidos e uma gestão excepcional de riscos”, diz ele, que não recomenda nenhuma compra no setor. Paola Mello, sua colega no Citi, a melhor analista brasileira na recomendação de ações pela Thomson Reuters, é mais otimista. A economista com mestrado em Finanças está no Citi há cinco anos e acompanha o setor de varejo no Brasil e em outros países da América Latina.
Mello diz estar otimista com ações menos óbvias do setor, como Raia Drogasil, Via Varejo e Hering. “Estamos bem fora do consenso do mercado”, diz ela. “Na nossa avaliação, o mercado exagerou na baixa dessas companhias no fim do ano passado, e há espaço para recuperação.” Seu método de análise vai além dos números do balanço. “Visito as lojas e converso com os gerentes, vejo se as pessoas estão comprando muito ou pouco”, diz ela. “Tudo isso é essencial para uma análise com mais base.”
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