O Ouro (Au), elemento químico de símbolo Au, é um metal de cor amarela, denso e brilhante. Graças a essas características, bem como a sua inalterabilidade e raridade, é o metal precioso por excelência. Apresenta certas propriedades físicas e químicas singulares: tem grande ductilidade, isto é, pode ser facilmente reduzido a fios sem se romper; sua maleabilidade é tão elevada que pode ser batido até alcançar uma espessura da ordem de 0,0001mm, em folhas translúcidas; e tem pouca dureza, pelo que é frequentemente usado em ligas com cobre e prata. Bom condutor de calor e eletricidade, o ouro não se altera em contato com o ar e a água, mas é atacado pelo cloro e dissolve-se no mercúrio. Não é atacável por ácidos isolados, mas somente por ação da água-régia, mistura dos ácidos clorídrico e nítrico.
Símbolo de riqueza e importante fator econômico em todas as épocas, a ponto de ter servido de padrão internacional de conversão de moedas por mais de um século, o ouro encontrou novas aplicações, no fim do século XX, nas indústrias eletrônica e espacial.
Mineral nativo, o ouro cristaliza-se no sistema cúbico (monométrico, isométrico ou regular), e são raros os cristais distintos e perfeitos. Ocorre comumente em formas arborescentes alongadas e não tem clivagem, ou seja, fragmentação em planos.
Ocorrência e obtenção - O ouro está amplamente distribuído na natureza, embora em concentrações escassas. Normalmente encontrado em rochas magmáticas, na forma de partículas de várias dimensões, o ouro também ocorre em rochas sedimentares e frequentemente em conexão com rochas metamórficas. Encontra-se, mais frequentemente e em quantidades apreciáveis, em depósitos sedimentares clásticos denominados placers.
Quando associado ao quartzo, o ouro é encontrado de maneira irregular: em pequenas lâminas (frequentemente invisíveis a olho nu), cordões e mesmo massas de cristais. Os minerais que comumente acompanham o ouro são: pirita, calcopirita, galena, esfalerita, arsenopirita, tetradimita, minerais de telúrio, bismuto nativo, arsênico nativo, estibinita, cinábrio, magnetita, hematita, barita, xilita, apatita, fluorita, siderita e crisocola.
Durante muito tempo o ouro foi obtido não diretamente dos veios de quartzo, mas de depósitos secundários encontrados nos vales, nas encostas de montanhas ou colinas e no leito dos rios. O ouro aí encontrado apresenta-se usualmente puro, em massas denominadas pepitas quando atingem certas dimensões. Atualmente são mais raros os depósitos sedimentares, e o ouro é obtido diretamente da rocha matriz.
Encontra-se ouro em quase todas as regiões da Terra, sob as mais diversas condições de ocorrência. No Brasil, durante muito tempo os depósitos mais importantes estiveram ao longo da serra do Espinhaço, em Minas Gerais, e a mina de Ouro Velho, nas proximidades de Belo Horizonte, é uma das mais profundas do mundo. Entretanto, na segunda metade do século XX a principal área de extração passou a ser a Amazônia, com destaque para os seguintes garimpos: Serra Pelada, rio Tapajós, rio Amana, rio Parauari, rio Madeira.
Sob o ponto de vista da extração, as minas de ouro pertencem a dois tipos. No primeiro tipo, as minas de rochas auríferas, geralmente localizadas em filões, o teor do minério é da ordem de 6 a 12 gramas de ouro puro por tonelada de terra e rocha. A exploração desse tipo de mina pode ser feita a mais de três mil metros de profundidade. O segundo tipo, as minas de depósitos aluvionais auríferos, é de exploração bem mais fácil. O trabalho se faz por meio de dragas, e os teores minerais são mais baixos que nas minas do primeiro tipo.
Na exploração de veios subterrâneos (filões), o metal é triturado, lavado e submetido à amalgamação, processo que consiste na mistura dos grânulos de ouro com mercúrio em placas de cobre, para separá-los da ganga. O metal puro é obtido por destilação do amálgama. Em outros casos, essa última fase é substituída pela reação do ouro com cianureto de sódio, com posterior precipitação do metal puro por reação com zinco ou alumínio.
O tratamento do ouro encontrado nas areias de aluvião é bem mais simples. A massa arenosa fina passa por calhas transportadoras equipadas de desbastadores e chega a coadores com fundo revestido de veludo filetado. Também se podem utilizar as mesas de balanço e eventualmente a flotação. O ciclo da extração, quase sempre finalizado com a amalgamação, inclui ainda a refinação, quando o ouro contém impurezas, que podem ser eliminadas por copelação, por via química (pela ação do cloro ou do ácido sulfúrico) ou por eletrólise.
Aplicações - Por ser encontrado em forma relativamente pura na natureza, e pela singularidade de suas propriedades físicas, o ouro tornou-se o mais apreciado dos metais, muito utilizado desde a antiguidade em joalheria, ourivesaria e decoração. Artesãos egípcios, minoicos, assírios e etruscos criaram belos e elaborados trabalhos de arte em ouro, material que era aceito na troca por bens e serviços.
Em joalheria, o ouro é geralmente empregado em liga com prata e cobre (ouro amarelo), com níquel (ouro branco), paládio ou platina. O ouro puro diz-se ouro fino; e a liga com menor teor de ouro é chamada de ouro baixo. O ouro é classificado por quilate, que é cada uma das partes em peso de ouro puro contidas em 24 partes do metal usado para a liga. Uma liga de 12 quilates contém cinquenta por cento de ouro, enquanto o de 24 quilates é ouro em estado puro. Quando os quilates são estipulados por lei, diz-se que o ouro é de lei.
Por sua elevada condutibilidade elétrica e resistência a agentes corrosivos, o ouro é empregado na indústria elétrica e eletrônica, no revestimento de circuitos impressos, contatos, terminais e sistemas semicondutores. Películas muito finas de ouro, que refletem mais de 98% da radiação infravermelha incidente, são usadas em satélites artificiais para controle de temperatura e nos visores dos trajes espaciais, como proteção. Da mesma forma, essas películas, aplicadas às janelas dos grandes edifícios comerciais, reduzem a necessidade de ar-condicionado e conferem maior beleza às fachadas. Na área de saúde, o ouro tem aplicação na odontologia, para obturação, e o ouro radioativo se usa na cintilografia do fígado.
Mais de metade da produção mundial de ouro é adquirida pelos bancos centrais de todos os países para constituir reserva monetária. Além disso, como garantia do papel moeda em circulação, o ouro pode ser utilizado para cobrir diferenças nas balanças de pagamentos dos diferentes países.
A adoção do ouro como unidade de conta pelos diferentes sistemas monetários conduziu ao estabelecimento do padrão-ouro, posto em vigor pela primeira vez no Reino Unido em 1821. Tal padrão estipulava relações fixas pelas quais qualquer moeda poderia ser convertida em seu valor em ouro. Depois da primeira guerra mundial, no entanto, o número de países que garantiam a conversão de sua moeda em ouro passou a ser cada vez menor, e a prática foi totalmente extinta após ter sido abandonada pelos Estados Unidos, último país a adotá-la.
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