Ações do “fique em casa” bombaram no trimestre; Via Varejo decolou 190%
O Ibovespa (IBOV) registrou o melhor trimestre em dezesseis anos e meio, em uma forte recuperação após o tombo nos primeiros meses do ano, quando prevaleceu a aversão a risco por causa da pandemia do novo Covid-19.
Apesar de o Ibovespa ainda estar distante dos 120 mil pontos que ameaçou romper no começo de 2020, ele já se afastou razoavelmente da mínima do ano, em março, quando se aproximou dos 60 mil pontos.
O Ibovespa acumulou no segundo trimestre elevação de 30,2%, com apenas três ações com desempenho negativo no período, em movimento que teve como catalisadores a ampla liquidez global e declínio dos juros para taxas historicamente baixa no país.
Essa combinação animou um fluxo histórico de pessoas físicas a migrar para a renda variável, apesar da forte volatilidade determinada pela pandemia, além do cenário político turbulento no Brasil.
No acumulado desde o início do ano, contudo, a performance continua negativa, em 17,8%.
Destaques do trimestre:
– Via Varejo (VVAR3) teve o melhor desempenho do Ibovespa no trimestre, de 189,96%, com o setor de comércio eletrônico respondendo por três das cinco maiores altas do índice no período de abril a junho.
Medidas de restrição para frear a disseminação do Covid-19 colocaram as pessoas em casa e estimularam o comércio online como nunca. B2W (BTOW3) contabilizou valorização de 123,02% e Magazine Luiza (MGLU3) somou elevação de 83,77%. Em Nova York, o Mercado Livre apurou um salto de 101,76%.
– BTG Pactual (BPAC11) acumulou elevação de 130,14% no segundo trimestre, apoiado principalmente em perspectivas positivas para plataformas de investimentos, diante da forte migração de recursos para o mercado de capitais em busca de melhores retornos, diante de uma Selic a 2,25% ao ano, com possibilidade de recuar ainda mais.
Na véspera, o banco obteve 2,65 bilhões de reais em oferta de units que serão destinados, em parte, para acelerar o crescimento de sua área de negócios de varejo digital. Em Nova York, o seu maior competidor, a XP Inc (XP) disparou 117,78% no trimestre.
Outros destaques de alta no trimestre incluíram a empresa de educação Cogna (COGN3), que tem investido em uma plataforma de educação online, e que acumulou valorização de cerca de 65%.
A empresa de carne Minerva (BEEF3) também teve valorização semelhante.
O grupo de turismo CVC (CVCB3), +63,4%, e a companhia aérea Gol (GOLL4), +63,1%, fortemente impactados no início da pandemia, também estão do lado positivo da tabela, em meio às reaberturas de economias e flexibilizações de medidas de isolamento.
Quedas
A Embraer (EMBR3) contabilizou uma perda de 15,2%, no pior desempenho do Ibovespa no trimestre, marcado pelo fracasso no acordo com a Boeing, que previa a compra do controle da divisão de jatos comerciais da fabricante brasileira pela companhia norte-americana por 4,2 bilhões de dólares. A diretoria da Embraer defendeu por anos o acordo, argumentando que ele seria fundamental para garantir o futuro da companhia.
A Hering (HGTX3) registrou perda de 3,76%, com a perspectiva desafiadora para 2020, em meio ao fechamento de lojas, menor confiança do consumidor e maior desemprego, minando perspectivas de uma recuperação da varejista de vestuário.
Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no segundo trimestre:
– Índice financeiro: +22,29%
– Índice de consumo: +39,45%
– Índice de Energia Elétrica: +21,7%
– Índice de materiais básicos: +30,29%
– Índice do setor industrial: +28,62%
– Índice imobiliário: +28,75%
– Índice de utilidade pública: +25,53%
– Índice small caps: +32,49%