segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Brilhante em forma de gota amarelo

Brilhante em forma de gota amarelo – novo leilão Christie’s

Um lindo diamante amarelo de 32,7 quilates vai ser leiloado ela Casa Christie’s em outubro.
A pedra preciosa foi avaliada em 8 milhões de dólares, mas parece que ela pode chegar a 13 milhões. Segundo o Instituto Gemológico dos estados Unidos, é uma gema rara.
O tom amarelo vivo é lindíssimo, e não existem muitos desses no mercado.
“Yellow vivid” literalmente brilha com uma cor diferente  de tudo o que eu já vi” – palavras de Rahul Kadakia Chefe do setor de jóias da Casa Christie.
Diamantes amarelos obter a sua cor de nitrogênio substituindo átomos de carbono na estrutura do diamante. Quanto mais nitrogênio absorvido, mais profunda é a cor.
Christie disse que a pedra poderia superar o preço por quilate de 203.000 dólares alcançados pela Diamond Drop 18,49 quilates de ouro amarelo vendidos em Londres em 1990.
Os especialistas concordam que os preços dos diamantes coloridos estão em alta, e o pessoal da Christie’s disse que tem visto fortes aumentos no preço por quilate  para diamantes coloridos de qualidade.
Quem será o felizardo a ficar com essa linda gema??
brilhante amarelo leilão Christies

A Extração de riquezas – Os Garimpos Brasileiros

a Extração de riquezas – Os Garimpos Brasileiros

garimpo-falandoemjoiasO garimpo é uma atividade de extração mineral que já existe há muito tempo no mundo.
Os primeiros sinais dessa atividade datam do século XV, com os Europeus que partiam em busca de novas terras para conquistar suas riquezas minerais.
No Brasil, os garimpos começaram a despontar no século XVIII, com as campanhas em busca de ouro e diamantes no estado de Minas Gerais.garimpo-falandoemjoias
A atividade garimpeira é considerada uma forma legal de extração de riquezas minerais desde que atenda a determinadas regras e obrigações. É permitido a qualquer brasileiro ou cooperativa de garimpeiros, desde que  esteja regularizado no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão no país que controla todas as atividades de mineração.
O garimpo se torna problema justamente porque a maioria deles segue às margens da lei. Ocasionando  uma série de problemas ,muitos deles de caráter social.
garimpo-falandoemjoiasIsso em virtude da baixa qualidade de vida dos trabalhadores do garimpo, que vivem em pequenos povoados sem qualquer tipo de infra-estrutura (água tratada, esgoto, saúde, escolas, entre outros).
Infelizmente, no Brasil, muitos garimpos quase sempre estão associados a confrontos, assassinatos, roubos, disputas de terra, prostituição, e narcotráfico e sem esquecer à degradação ambiental.garimpo-falandoemjoias
Isto porque os garimpos ilegais são extremamente difíceis de serem controlados.
garimpo-falandoemjoiasEles também desestabilizam a paz, pois invadem terras indevidas, como reservas indígenas, muitas vezes, na base de confrontos violentos.
Mas não são todos.Existem muitas empresas que fazem um garimpo consciente, Com projetos de reaproveitamento das pedras que saem do garimpo e não são aproveitadas.
Um grande exemplo é o garimpo de opala no norte do Piauí há poucos anos 150 garimpeiros fundaram uma associação e legalizaram 90% dos terrenos, onde catam o que sobrou para ganhar a vida. E estão ganhando. Eles encontram opala no rejeito desprezado pelas mineradoras 40 anos atrás.garimpo-falandoemjoias
Muitos garimpeiros morreram cavando as minas de opalas da região. Placas sinalizam os novos tempos: “proibido morrer”. O cuidado com a segurança e com o meio ambiente estão por toda a parte.
O trabalho é feito respeitando o meio ambiente. O que se retira que não é usado,logo é compactado para fazer reflorestamento. Neste garimpo a retirada não é desordenada como acontece em muitos pelo Brasil a fora.
garimpo-falandoemjoiasCada garimpo tem um acampamento: uma espécie de base de apoio improvisada, onde eles fazem as refeições e também descansam nos momentos de folga. Eles levam para o acampamento o jeito de viver na roça.
Na cidade, de Pedro II, a mais próxima do garimpo já se vê o reflexo nas ruas. As casas coloniais estão preservadas existem muitas  joalherias e oficinas Nos últimos anos, a produção de jóias aumentou seis vezes. A cidade soube usar as opalas para melhorar a vida dos moradores. Jovens que antes teriam que ir embora para arrumar emprego hoje vão de moto para o trabalho.garimpo-falandoemjoias
Essa comunidade orgulha o país inteiro fazendo as coisas direito. Alem de não prejudicar a natureza faz com que todos a volta cresçam junto estabilizando a vida de todos.


The 1000 ha Alexandrite deposit is located in the gemological district of Malacacheta

The 1000 ha Alexandrite deposit is located in the gemological district of Malacacheta, 30 km far from Malacacheta city, state of Minas Gerais, Brazil. The colors of alexandrites varies from blue to green (also known as blue peacock), but trichroism can occur, varying between blue, strong green and green yellowish.

A área disponível para negócios esta inserida no Distrito Gemológico de Malacacheta que localiza-se à cerca de 30 km ao norte da cidade homônima.



Geologia

O intenso intemperismo tropical transformou as rochas da área em extensos e profundos solos lateríticos com exposições periódicas de saprólito. Quando ocorrem, as exposições de rochas frescas situam-se ao longo de drenagens, cortes de estrada e escarpas íngremes.

O Distrito gemológico de Malacacheta situa-se em terreno metamórfico de fácies anfibolito, intrudido por granitos, do domínio tectônico interno da Faixa Araçuaí (Pedrosa-Soares e Wiedemann-Leonardos 2000). O embasamento, de idade arqueana a paleoproterozóica, retrabalhado no Ciclo Brasiliano, é constituído predominantemente por biotita gnaisse bandado do Complexo Guanhães (Pedrosa-Soares et al. 1994).

Sobre ele repousam as unidades que ocupam a maior parte da área, denominadas formações Salinas e Capelinha (Pedrosa-Soares 1995, Guimarães e Grossi- Sad 1997, Voll e Pimenta 1997).

Segundo BASÍLIO, M.S.; PEDROSA-SOARES, A.C.; JORDT-EVANGELISTA, H. a alexandrita de Malacacheta apresenta-se como grãos milimétricos, mas raramente atinge alguns centímetros. Os grãos são angulosos e de arestas agudas. Faces cristalinas preservadas praticamente inexistem, devido ao intenso fraturamento. Estas características evidenciam transporte por distâncias curtas.

As cores da alexandrita de Malacacheta variam do verde ao azul (conhecida comercialmente como “azul pavão”), mas pode ocorrer nítido tricroísmo, variando entre azul, verde intenso e verde amarelado.

A presença do cromo, identificado por microssonda eletrônica, em substituição a parte do alumínio, está intimamente relacionada à característica mudança de cor, que se dá de verde ou azul em luz natural, para vermelho framboesa ou violeta sob luz incandescente. Os teores de cromo podem variar desde 0,3% a 1,2% (Basílio, 1999; Pinheiro et al., 2000).

Inclusões de talco, antofilita e actinolita-tremolita, minerais comuns nas rochas ultra máficas da área, foram identificadas em grãos de alexandrita do Córrego do Fogo (Henn, 1987).

Basílio (1999) também verificou a presença de inclusões cristalinas, na forma de um mineral fibroso (actinolita?) e um mineral placóide hexagonal (biotita?).

Descrição dos Depósitos

Desde 1975 a alexandrita tem sido extraída apenas de depósitos aluvionares no Distrito de Malacacheta. É ainda desconhecida a rocha na qual os cristais de alexandrita se cristalizaram (Basílio, 1999).

Os depósitos mais ricos encontram-se ao longo de apenas dois cursos d’água: o Córrego do Fogo e o Ribeirão Soturno. Nos ribeirões Santana e Setubinha existem aluviões relativamente pobres em alexandrita. O Ribeirão Setubinha recebe as águas do Córrego do Fogo.

Três superfícies erosivas foram identificadas na região de Malacacheta por Guimarães e Grossi-Sad (1997). A superfície mais antiga, representada por chapadas, possui altitudes em torno de 1.200 metros. Estas são suportadas por quartzito da Formação Capelinha ou xisto da Formação Salinas.

A segunda superfície tem altitudes em torno de 900 m e suas drenagens mostram vales estreitos e de margens abruptas, como ocorre com o Ribeirão Setubinha. Este e outros cursos que se estabeleceram no segundo ciclo erosivo parecem ter sido herdados do primeiro ciclo. Estes cursos escavaram seus canais na primeira superfície e, persistindo em sua ação erosiva, adquiriram meandros que foram realçados durante o segundo ciclo.

A superfície erosiva mais recente é resultado do rebaixamento do nível de base local. Como evidência da erosão provocada por este rebaixamento observa-se a presença de paleoalúvios em cotas imediatamente superiores aos cursos d’água atuais e a reincisão dos aluviões atuais por estes mesmos cursos.

Nestes compartimentos do relevo foram identificados três tipos de depósitos secundários de alexandrita, a saber: depósitos em paleoalúvios, depósitos em alúvios recentes e depósitos em tálus.

Os depósitos paleoaluvionares estão presentes em grande parte da calha do Ribeirão Setubinha, nos trechos onde este corre mais encaixado, desde a foz do Córrego do Fogo até cerca de 5 km antes da cidade de Setubinha.

Os depósitos aluvionares recentes situam-se no Córrego do Fogo e ribeirões Santana, Soturno e Setubinha, sendo mais desenvolvidos nas cabeceiras do Córrego do Fogo e ao longo de todo o percurso dos ribeirões Santana e Soturno. O único depósito de tálus observado encontra-se próximo à margem esquerda do Córrego do Fogo, cerca de 4 km a montante de sua foz.

O minério de ouro é encontrado em veios e também no solo - a venda

A propriedade mineral foi descoberta por garimpeiros por volta de 1990, onde foi retirado em média 02 toneladas de ouro. No ano de 1992 foi paralizada a lavra a pedido do DNPM.

O minério de ouro é encontrado em veios e também no solo, extraído atraves de bateias.

A propriedade fica muito bem localizada, perto da cidade de Vila Propicio, com 5.145 habitantes. Esta a 25 km da cidade de Goianésia com mais de 60 mil habitantes e apenas 160 km de Brasília e 185 km de Goiânia.

São encontrados vários tipos de minérios, porém o principal é o minério de ouro.

O número do processo no DNPM é 860.615/2008

A área possui partes montanhosas e também possui partes planas. São 800 hectares de requerimento e 600 hectares de propriedade do próprio Sr. Antônio Otavio.

Possui dois portos próximos um em Anápolis (135 km) já em pleno funcionamento e a ferrovia já em construção próximo a Goianésia.

A energia esta próxima com 6 km de postes já colocados e 3 km dos 6 km estão com os fios colocados.

General Information

The property was discovered by mineral prospectors around 1990 where it was taken an average of two tons of gold in 1992 and stopped mining application by the DNPM.

Gold ore is found in vein and also in the soil was removed with pans. It is very well located, near the town of Vila town with 5145 inhabitants conducive.

This 25 km from the city of Goianésia with more than 60 000 inhabitants and only 160 km and 185 km from Brasilia to Goiania.

Various ores are found, but his main source is the gold ore.

The DNPM´s process number is 860.615/2008

The area is mountainous parts and also has flat parts. There are 800 hectares and 600 hectares of application owned by Mr. Antonio Otavio.

There are two ports next to Annapolis (135 km), now fully operational and the railroad now under construction near Goianésia.

The electric energy is next with 6 km of poles already placed and 3 km of 6 km with wires are placed.

Garimpo do Engenho Podre em Mariana, Minas Gerais

Desenvolvimento sustentável e garimpo - o caso do Garimpo do Engenho Podre em Mariana, Minas Gerais

(Sustainable development and garimpo - the case of the Engenho Podre Garimpo in Mariana, Minas Gerais)
 
 
Pedro AmadeI; Hernani Mota de LimaII
IUniversidade Federal de Ouro Preto - UFOP/PPGEM E-mail: pedroamade@yahoo.com.br
IIUniversidade Federal de Ouro Preto - UFOP/DEMIN E-mail: hernani.lima@ufop.br




RESUMO
Esse artigo avalia uma atividade garimpeira, garimpo de ouro do Engenho Podre, com base nos princípios de desenvolvimento sustentável. Esse estudo partiu da hipótese de que a implementação de um sistema de gestão ambiental, compromisso assumido pela Cooperativa dos Garimpeiros de Mariana (COOPERGAMA), na assinatura de um termo de ajuste de conduta, associado a uma melhora no desempenho técnico operacional, é possível, sendo que tal atividade pode ser levada adiante de forma sustentável com foco no tripé ambiental, econômico e social. Embora ainda marginal, do ponto de vista técnico, a COOPERGAMA adotou, durante o período de estudo, práticas ambientais e socio-econômicas em atendimento aos princípios de desenvolvimento sustentável. Entretanto aspectos administrativos, falta de investimentos e desorganização da cooperativa, entre outros fatores, ainda afetam a sustentabilidade de tais práticas a longo prazo. Esse artigo mostra que, uma vez adotadas as boas práticas ambientais e administrativas, é possível atender aos princípios de desenvolvimento sustentável numa atividade garimpeira.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, garimpo de ouro, meio ambiente.

ABSTRACT
Based on sustainable development principles, this paper evaluates artisanal gold mining activity in Engenho Podre. This study followed the hypothesis that the implementation of environmental management according to a conduct adjustment agreement firmed by the Cooperativa dos Garimpeiros de Mariana (COOPERGAMA), associated with operational performance improvement would permit continuation of this activity in a sustainable way from the environmental, socioeconomic and cultural point of view. Although still illegal, from the technical point of view, the artisanal mining at Engenho Podre is adopting environmentally-accepted strategies to promote reasonable socioeconomic development. However, administrative issues and lack of investments still affect the sustainability of such practices in the long-term. This paper shows that when good administrative and environmental practices are adopted, it is possible to meet the sustainable development principles in an artisanal mining activity.

Keywords: Sustainable development, artisanal gold mining, Environment.




1. Desenvolvimento sustentável e mineração
A definição de desenvolvimento sustentável é multidimensional. A primeira dimensão enfatiza a sustentabilidade do ambiente natural, que inclui a qualidade ambiental e o estoque dos recursos naturais. A segunda destaca a sustentabilidade econômica dos padrões de vida da sociedade. Segundo Eggert (2000), sustentabilidade econômica, no que diz respeito às atividades de mineração, envolve a transformação de capital mineral em capital humano. A ONU adota o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que incorpora dados da renda bruta doméstica, do nível de educação, da expectativa de vida e de outros fatores relacionados com o desenvolvimento econômico. A terceira dimensão ressalta a sustentabilidade social e cultural. Mais difícil de medir, essa dimensão envolve o que é justo ou ético - conceitos sobre os quais há maior dificuldade de concordância entre as partes envolvidas. Eggert (2000) foca essa dimensão em duas questões principais - distribuição e processo. A distribuição dos benefícios e custos de uma mineração, por exemplo, pode não ser justa ou equitativa. Especificamente, os benefícios vão para os acionistas e para os governos (taxas) e, por outro lado, os custos associados são transferidos para a comunidade local na forma de rupturas sociais, riscos ambientais ou perda da identidade cultural. Processo, por outro lado, refere-se ao modo como decisões são tomadas e o papel das várias partes interessadas numa negociação. Nesse contexto, o processo de consulta e envolvimento das partes interessadas na tomada de decisão é fundamental para alcançar resultados socialmente e culturalmente sustentáveis.
Para promover o desenvolvimento sustentável, as empresas de mineração devem integrar as dimensões econômica, social e ambiental a suas atividades (Mikesell, 1994). Precisam mudar o foco de uma resposta ambiental end-of-pipe para um tratamento mais socialmente responsável. Devem forjar uma parceria com a comunidade com base no reconhecimento do potencial produtivo, social e cultural da comunidade, buscando uma melhoria do padrão de vida e de renda da comunidade envolvida, criando meios para a preservação de seus valores sociais e culturais (Epps & Brett, 2000). Finalmente, visto que as minas não duram para sempre, empresas de mineração têm sido orientadas em usar sua capacidade técnica/financeira para estimular governos locais no desenvolvimento de novos negócios não ligados à mineração (Khanna, 2000). Tal atitude, certamente, poderá propiciar aumento nos serviços de infraestrutura e maior ocupação da mão-de-obra existente, reduzindo a pressão econômica e social sobre a mina.
Cragg (1998) defende a adoção dos princípios de desenvolvimento sustentável no planejamento, operação e fechamento de uma mina como forma de tornar a atividade defensável e acreditável a longo prazo. James (2000), por sua vez, ressalta que, para a mineração atender aos princípios do desenvolvimento sustentável, seus negócios devem ser tratados com foco no tripé - preservação ambiental, crescimento econômico e social - dentro de sua estratégia de negócios.
A difusão dos princípios de desenvolvimento sustentável trouxe três grandes conseqüências para a mineração. Primeiro, levou à inclusão dos aspectos culturais, econômicos e sociais de um projeto de mineração para as comunidades locais, desde a fase de exploração, até o pós-fechamento de uma mina (Clark & Clark, 1996; Miller, 1997; Munchenberg, 1998). Atualmente, a consideração ambiental envolve não somente a preservação de um ecossistema e a garantia de segurança da comunidade. O foco mudou para uma visão mais ampla do bem-estar humano e dos direitos dos habitantes locais, passando a se preocupar com a qualidade de suas vidas e com as gerações futuras. Segundo, os princípios de desenvolvimento sustentável demandam a consideração de crescimento econômico e preservação ambiental desde o início de um projeto proposto. Terceiro, incluem a avaliação, em nível de projeto, dos valores morais e de ética, bem como levando em consideração valores subjetivos da comunidade, ao invés de apenas, enfatizar o tradicional valor econômico.
Os elementos anteriormente listados são intrinsecamente ligados e sugerem que o desenvolvimento sustentável seja avaliado numa escala mais ampla do que no nível de uma mina individual. A mineração deve, portanto, maximizar sua contribuição ao desenvolvimento sustentável numa escala maior. Em termos práticos, significa minimizar os impactos ambientais e maximizar os ganhos econômicos e sociais obtidos da explotação de um recurso mineral. A questão crítica está em se atingir um equilíbrio sustentável. Simplesmente maximizar os retornos econômicos e sociais não contribuirá para o desenvolvimento sustentável. O progresso nestes três itens varia consideravelmente, especialmente na questão social, ainda pouco desenvolvida, como exemplificado por Warhurst, Macfarlane al. (1999).

2. Estudo de caso
O garimpo do Engenho Podre é operado pela Cooperativa Regional Garimpeira de Mariana - COOPERGAMA, criada em 17/04/2004 para extração de ouro por draga no Rio Gualaxo do Norte (Figuras 1). Em 2005, após paralisação de suas atividades pela FEAM, a COOPERGAMA conseguiu reabrir o garimpo através de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), o qual envolveu a FEAM, o IGAM, o DNPM e o Ministério Público. O TAC incluía, entre outras medidas a serem tomados pela COOPERGAMA, a elaboração e apresentação do Relatório de Pesquisa e do Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) ao DNPM e dos Planos de Reabilitação de Degradadas (PRAD), de Controle Ambiental (PCA) e Relatório de Controle Ambiental (RCA) à FEAM. Em adição aos consultores contratados para elaboração dos referidos planos, a COOPERGAMA foi também assistida pelo Departamento de Engenharia da Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, via projetos de pesquisa financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), com base nos editais de demanda induzida para formalização de Aglomerados Produtivos Locais (APL's).
A atividade garimpeira na região existe desde a chegada dos Bandeirantes há mais de 300 anos. Intensa entre 1700 e 1750, pode-se afirmar que, desde então, o garimpo tem demonstrado sustentabilidade enquanto atividade importante para a economia e cultura da região. Embora historicamente minimizador de pressão social, o garimpo, dado ao conjunto de práticas administrativas e ambientais inadequadas, está distante de atender aos princípios de desenvolvimento sustentável. Desse modo, o presente estudo buscou avaliar a contribuição do garimpo de ouro para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural de Monsenhor Horta (Mariana - MG) e suas implicações ambientais e tecer as relações entre Desenvolvimento Sustentável e a atividade garimpeira.

3. Metodologia
O presente trabalho consistiu em duas etapas. Uma envolveu o levantamento de dados sócio-econômicos do Garimpo do Engenho Podre, por meio de entrevistas com garimpeiros, cooperados (proprietários das dragas), visitas à Prefeitura de Mariana para coleta de informações sobre o Distrito de Monsenhor Horta, de forma a permitir uma avaliação da importância do garimpo no Distrito e seu impacto econômico e social. A outra consistiu na análise dos procedimentos operacionais e de gestão do garimpo e suas implicações no aproveitamento do recurso mineral e no meio ambiente.

4. Resultados e discussão

4.1 Diagnóstico sócio-econômico
Uma análise dos dados coletados no garimpo demonstrou:
Baixa faixa etária dos garimpeiros. A idade média de 25 anos, inferior à média nacional (33 anos), segundo BARRETO (2000). Os garimpeiros de Monsenhor Horta começam mais cedo que os do quadro nacional. A proximidade do garimpo do Distrito de Monsenhor Horta e a atratividade do ganho fácil que tal atividade desperta nos jovens do local podem se constituir na razão pelo referido fato. A outra é cultural - a atividade garimpeira faz parte da cultura local há mais de 300 anos (75% dos garimpeiros do Engenho Podre são de gerações de garimpeiros).
Baixo grau de escolaridade. Os analfabetos representam 23% do total de garimpeiros, sendo os demais distribuídos em primário (62%), médio (14%) e superior incompleto (1%). Embora Monsenhor Horta também possua ensino médio noturno, a baixa escolaridade dos garimpeiros é justificada pela dificuldade de acesso à escola (os garimpeiros passam a semana no garimpo, distante 30 km do Distrito). A baixa escolaridade, por outro lado, pode justificar a atração pelo garimpo. De um modo geral, o garimpo não requer mão-de-obra qualificada, tampouco melhor nível educacional. Mais ainda, a grande oferta de vagas geradas nas mineradoras da região tem pouca influência no garimpo, visto ser a exigência de segundo grau completo para tais vagas um ponto de corte considerável.
Renda média mensal alta dos garimpeiros. No período do estudo, a COOPERGAMA possuía 22 cooperados, que operavam 26 dragas no rio Gualaxo do Norte, com cinco a seis funcionários em cada, os quais recebem 5% da produção bruta de ouro. A produção da COOPERGAMA contabilizada de 15 de março a 15 de novembro de 2006 é apresentada na Tabela 1. A produção média mensal do Garimpo do Engenho Podre correspondeu a 9,1 kg de Au. Considerou-se, para os cálculos da receita gerada, o valor do grama de ouro em R$ 40,00 (valor de venda no garimpo). Dessa forma, pode-se chegar a uma renda líquida média de R$ 624,28 por garimpeiro por mês. Os garimpeiros pesquisados têm em média três anos na atividade, com um turno de trabalho de 8 horas e 5,5 dias de serviço por semana. Aproximadamente, 85% dos garimpeiros são responsáveis pela renda familiar e corresponde a 26% da população do distrito de Monsenhor Horta.


Pode-se, também, observar a participação da COOPERGAMA em projetos sociais via doação financeira para construção da igreja na localidade de Ponte do Gama, manutenção da ambulância do distrito, ajuda à banda local nas festividades de comemoração dos 170 anos de sua fundação e apoio aos eventos religiosos.
4.2 Diagnóstico operacional da atividade garimpeira
O processo de extração de ouro adotado no Garimpo do Engenho Podre é rudimentar e predatório, com perdas consideráveis na recuperação do ouro, decorrentes da ausência de uma pesquisa mineral sistemática, e da falta de planejamento de extração e do uso de equipamentos rudimentares e mal dimensionados (Figura 2). Estudos conduzidos no Departamento de Engenharia de Minas da UFOP demonstraram que a recuperação de ouro no garimpo varia entre 30 a 35%. Razões para a baixa recuperação incluem a utilização de equipamentos rudimentares (sluices), o baixo nível educacional dos garimpeiros, o amadorismo administrativo com implicações na disponibilidade de peças para reparo, manutenção e reposição de motores e bombas e a falta de suporte técnico. Esses aspectos implicam uma utilização predatória e não sustentável, do ponto de vista técnico e econômico da reserva mineral.




4.3 Diagnóstico ambiental da garimpagem no rio Gualaxo do Norte
O diagnóstico ambiental possibilitou concluir que, em todo o processo de extração, separação, concentração, amalgamação e queima do amálgama, há inúmeros impactos ambientais e consideráveis riscos à segurança e à saúde dos garimpeiros. Os impactos ambientais incluem a supressão da mata ciliar, assoreamento do rio Gualaxo do Norte e aumento da turbidez decorrente do lançamento do rejeito das calhas diretamente no leito do rio, vazamento de óleo e graxas, perda de mercúrio na amalgamação e queima do amálgama ao ar livre sem utilização de retortas. A almagamação e a queima do amálgama, em adição à ausência de condições higiênicas adequadas (instalações sanitárias, bebedouros etc.), além da presença de alojamentos insalubres constituem os itens de riscos à saúde e segurança dos garimpeiros.
Mudanças no processo produtivo foram executadas durante a vigência dos projetos de pesquisa apoiados pela FAPEMIG e geraram resultados positivos, tanto na produção, como na minimização dos impactos ambientais e na redução dos riscos à saúde e à segurança. Entre essas mudanças, destacam-se a criação de um laboratório para amalgamação, a coleta seletiva de lixo, a instalação de caixas com espuma para captação de óleos e graxas, que vazavam dos motores e reservatórios e o lançamento dos rejeitos dos sluices em catas desativadas.
Tais mudanças, cujos objetivos foram amenizar os impactos ambientais e atender às solicitações constantes no TAC, foram plenamente aprovadas e adotadas no garimpo. A construção do laboratório de amalgamação buscou atender a duas solicitações. Uma ambiental, que visava a minimizar o lançamento de mercúrio nas margens do rio, e a outra visava a concentrar a produção em determinado local, de forma a melhorar o controle da produção por parte da COOPERGAMA e maximizar o recolhimento do percentual da cooperativa. Uma secretária foi contratada para esse trabalho.
As demais mudanças tiveram foco na minimização dos impactos ambientais da atividade. Vistorias ambientais posteriores, executadas pela FEAM, comprovaram o sucesso dessas medidas.
Uma alteração no processo produtivo, entretanto, faz-se necessária para aumentar a recuperação do ouro. No entendimento dos pesquisadores envolvidos, o que realmente ocorre no garimpo é uma mudança do ouro de local, uma vez que os sluices apresentavam baixa recuperação. Entretanto modificações no processo envolvem recursos financeiros para aquisição de equipamentos tecnologicamente mais adequados e treinamento dos garimpeiros. Outro projeto submetido e aprovado pela FAPEMIG, que inclui a substituição dos equipamentos, está sendo adotado no garimpo.

5. Conclusões
A atividade garimpeira é vista como degradadora do meio ambiente e do recurso mineral, por ser predatória e rudimentar, além de não dispor de um planejamento das operações de extração do minério. As instalações de tratamento/concentração são pouco eficientes, possibilitando baixa recuperação do bem mineral. O mesmo se faz sentir no Garimpo do Engenho Podre, onde, além dos problemas ambientais inerentes da operação, ocorrem perdas superiores a 40% na recuperação, segundo estudos efetuados no Departamento de Engenharia de Minas da UFOP.
Segundo Barreto (2001), os principais impactos gerados, na etapa de produção do ouro em garimpos, são: desmatamento de mata ciliar; turbidez, assoreamento dos rios, poluição por mercúrio nos solos, nos sedimentos, nas águas dos rios e no ar, com conseqüências na saúde ocupacional, na biota e na flora. Esses impactos foram verificados no Garimpo do Engenho Podre, embora a poluição por mercúrio tenha sido controlada, após a implantação de um programa de gestão ambiental, que incluiu a construção de um laboratório de amalgamação, queima do amálgama em retorta e disposição controlada do rejeito da amalgamação. O programa de gestão ambiental aplicado ao Garimpo do Engenho Podre constitui uma das etapas em busca da sustentabilidade ambiental da atividade na região.
Embora marginal, do ponto de vista técnico, a atividade garimpeira desenvolve um papel importante como geradora de emprego e aumento de renda, conforme dados econômicos apresentados. Os garimpeiros ligados à COOPERGAMA representam apenas 10% da população de Monsenhor Horta, mas, por outro lado, a atividade é forte geradora de riquezas para o distrito com grande impacto no comércio local, além do apoio financeiro da cooperativa em projetos sociais e culturais no local.
O desenvolvimento sustentável incorpora estratégias ambientalmente adequadas para promover um desenvolvimento sócio-econômico mais eqüitativo. No Garimpo do Engenho Podre, verifica-se que os funcionários envolvidos, mesmo aqueles menos alfabetizados, possuem um poder de compra alto, quando comparados com os dados do quadro nacional, onde aqueles com o mesmo nível de educação ganham apenas o correspondente a um salário mínimo.
Está em andamento um projeto, na FAPEMIG, de transferência de tecnologia, aprovado dentro do Edital de Arranjos Produtivos Locais - APL's de base mineral. Esse projeto está sob a coordenação de professores do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto e visa, além de montagem de instalações de beneficiamento mais eficientes, ao planejamento de extração do bem mineral e à implantação de um sistema de gestão ambiental.
Paralelamente, o Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa está envolvido num projeto de revegetação de mata ciliar na área do Garimpo, o qual também obteve apoio financeiro da FAPEMIG. Os projetos da UFOP e, agora, da UFV, em parceria com a COOPERGAMA, demonstram uma mudança de mentalidade dos garimpos em prol de uma atividade mais satisfatória do ponto de vista ambiental e sócio-econômico - ferramentas imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável da atividade.

6. Agradecimentos
Os autores agradecem a FAPEMIG, pelo financiamento do projeto EDT2526/06 "Agregação de valor tecnológico, funcional e ambiental na extração de ouro por draga no rio Gualaxo do Norte" que possibilitou tal trabalho.