quarta-feira, 25 de setembro de 2013

INB encontra nova reserva de urânio

INB encontra nova reserva de urânio

Leo Pinheiro/Valor / Leo Pinheiro/ValorBittencourt, diretor da INB: "Em cinco ou dez anos, o Brasil terá aumentado suas reservas para 1 milhão de toneladas"
A estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) descobriu no interior da Bahia indícios de urânio com o dobro de concentração daquele extraído da única mina ativa do Brasil. A área fica na região de Caetité (BA), onde a INB já explora urânio. Embora os dados sejam preliminares, a estatal acredita que a reserva de Caetité dobrará de tamanho com novas descobertas.
"Na mina em operação em Caetité, o urânio tem 3 mil partes por milhão (ppm). Nas amostras que colhemos, o urânio tem 6 mil partes por milhão. No Brasil, nunca identificamos uma região tão rica quanto essa", disse o diretor de Recursos Minerais da INB, Otto Bittencourt. Se confirmada, a reserva poderá produzir o combustível para Angra 3 e para as quatro das oito novas usinas que o governo pretende construir até 2030.
As descobertas ocorreram há quatro meses. A primeira a encontrar pistas de urânio de alto teor foi a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), que trabalhava em parceria com a INB. A CBPM, que havia identificado 34 áreas com indícios na região onde está a mina, detectou 22 novos alvos.
A INB, então, escolheu dois desses pontos para cavar. Não precisou ir fundo. A cerca de um metro e meio, segundo Bittencourt, os técnicos pararam numa camada de rocha e de lá colheram amostras do urânio com 6 mil ppm.
Para detalhar a descoberta - saber, por exemplo, qual a extensão da área onde foram encontradas essas amostras e se em outros pontos o teor no minério é tão alto - a INB está preparando licitação para contratar uma empresa que faça a sondagem do solo. Isso significa perfurar cerca 100 metros de rocha com um equipamento com ponta de diamante que permite uma leitura mais precisa da riqueza encontrada no solo. Os novos alvos - termo usado pelos geólogos - estão na zona rural da região do município de Caetité, a 750 km de Salvador. A INB tem comprado de sitiantes as terras sob as quais pode estar a nova reserva.
"Pelo que já vimos, a perspectiva é de no mínimo dobrar o tamanho da reserva de Caetité", disse o diretor. Descoberta nos anos 70, a mina de Caetité é a única que produz urânio não só no Brasil, mas em toda a América Latina. A reserva medida, indicada e inferida é de 100 mil toneladas de urânio - das quais 80 mil consideradas garantidas. Esse valor inclui as 34 áreas já identificadas além da área da mina em operação. Se a promessa se confirmar, são os 22 novos alvos que ampliarão as reservas para 200 mil toneladas. Com uma vantagem: com minério que tem o dobro de teor, a INB gastaria os mesmos recursos para produzir o dobro de concentrado, diz o diretor.
O custo de produção do concentrado é de US$ 50 a US$ 60 mil por tonelada. A INB tem o monopólio no Brasil da venda de concentrado de urânio. Tudo o que produz abastece a Eletronuclear e (depois da fase de enriquecimento na Europa) alimenta as usinas de Angra 1 e Angra 2. O Brasil não exporta.
As reservas totais de urânio do país são de 309 mil toneladas. Além das aproximadas 100 mil de Caetité, a reserva de Santa Quitéria (CE) tem 140 mil toneladas que deve começar a produzir em 2017; o resto está espalhado em quantidades menores pelo país. Em 2009, o Brasil produziu 400 toneladas de concentrado; em 2010, caiu para menos de 200 toneladas e este ano deve voltar para as 400 toneladas.
O achado na Bahia é resultado da retomada dos trabalhos de prospecção. "De meados dos anos 80 até 2007, a pesquisa mineral de urânio esteve quase desativada. As reservas de 300 mil toneladas eram mais do que suficientes para atender à demanda interna". Em 2007, o governo federal retomou o programa nuclear e estabeleceu, entre outras metas, terminar a construção de Angra 3, construir entre quatro e oito usinas até 2030 e ampliar as reservas e a produção de concentrado urânio. "Os últimos levantamentos do Serviço Geológico do Brasil indicam várias áreas com anomalias radioativas de urânio. É tudo novo, áreas que não conhecíamos por causa dessa desativação das pesquisas."
A INB pesquisa em diversos Estados, como Pará, Roraima, Ceará, Bahia e Minas Gerais. Bittencourt mostra otimismo. "Em cinco ou dez anos, o Brasil terá aumentado suas reservas para 1 milhão de toneladas, o equivalente às atuais reservas da Austrália."

Solo paraense tem 270 toneladas de ouro

Solo paraense tem 270 toneladas de ouro

Oito projetos em fase de implantação cobrem quatro regiões do Estado

Uma nova corrida pelo ouro no Pará deve atrair milhares de imigrantes ao Pará nos próximos cinco anos, já que pelo menos oito projetos espalhados por várias regiões do Estado confirmaram a incidência do minério. Ao todo, as reservas paraenses apresentam capacidade de produzir 9 milhões de onças (oz) de ouro, ou seja, 270 toneladas do mineral. Dos oito projetos previstos para o Estado - todos já em fase de implantação -, três estão na região do Tapajós; dois no Sudeste paraense; um na região do Xingu; e dois no Nordeste. A previsão é que as oito reservas estejam em total funcionamento até 2017, de acordo com o geólogo paraense Alberto Rogério da Silva. Segundo ele, no entorno dos depósitos minerais, serão gerados cerca de 500 empregos diretos e mais 6,5 mil indiretos. Os projetos da região do Tapajós serão explorados pelas mineradoras Ouro Roxo (reserva de 700 mil oz), Unamgen S/A (2 milhões oz) e Serabi Gold (600 mil oz). Já no Sudeste do Pará, a exploração será feita pelos grupos Reinarda Mineração (200 mil oz/ano) e Colossus Minerals (1,1 milhão oz). No Xingu, o projeto pertence à companhia Belo Sun Mining Corporation (cujo plano, embora ainda esteja em fase de licenciamento, apresenta uma reserva de 2,8 milhões oz). Por último, no Nordeste do Estado, estão em fase de pesquisa os empreendimentos das empresas Luna Gold Mineração e Companhia Nacional de Mineração (CNM). De acordo com o geólogo, a região Tapajós tem a maior área garimpeira do mundo (são 100 mil km²), com mais de 2,2 mil pontos de extração de ouro e uma reserva de 28 mil km². Alberto Rogério afirma que uma das empresas instaladas em Itaituba está articulando um projeto para montar sua refinaria em Belém, com o objetivo de refinar todo o ouro paraense. Segundo ele, a produção atual de ouro em Itaituba gira em torno de 250 a 300 quilos por mês. O geólogo explica que aproximadamente 52% do minério produzido no Pará são destinados às joalherias de várias partes do mundo; 20% são convertidos em investimentos privados, ou seja, viram papéis na bolsa de valores; e o restante (30%) se transforma em outros tipos de investimentos.

Canastra tem depósito de diamantes

Canastra tem depósito de diamantes

Bia Fanelli/Folhapress / Bia Fanelli/FolhapressSerra da Canastra: para o DNPM, a área passível de exploração de diamantes é de 2 mil hectares, "quase nada" frente à extensão de 197 mil hectares do parque
A paisagem exuberante da Serra da Canastra esconde preciosidades que vão além da diversidade de fauna e flora e das nascentes de água que inspiraram algumas pessoas a dizer que o parque é "azul". Uma fração da área de 197 mil hectares guarda também estoques de quartzito e possivelmente a maior reserva de diamantes do Brasil.
Estudos geológicos preliminares identificaram na região a existência de rochas kimberlíticas, fonte das maiores ocorrências de diamantes primários no mundo e raras no Brasil. Essas rochas geram pedras de alto valor, em contraponto à ocorrência mais corriqueira de aluviões - depósitos de cascalho, areia e argila que se formam na margem ou foz de rios e caracterizados por pedras menores.
A mineração tem sido uma das pressões econômicas por trás da disputa de quase uma década para redesenhar os contornos geográficos de Canastra. De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a área passível de exploração de diamantes é de 2 mil hectares, "quase nada" frente à extensão total do parque. Outros 6 mil hectares seriam aptos à mineração de quartzito.
Conservacionistas, no entanto, alegam que a exclusão dessa área, somada aos mais de 100 mil hectares já ocupados, "retalharia" a unidade federal de proteção integral.
Um relatório de conclusão do grupo interministerial formado em 2006 para analisar os conflitos, ao qual o Valor teve acesso, afirma que a ocorrência de diamantes foi identificada em dois locais. O primeiro kimberlito, chamado de Canastra 1, teria potencial de geração de 550 mil a 2 milhões de quilates de diamantes (0,2g por quilate), entre cinco e oito anos. O segundo, Canastra 8, de 40 milhões e 139 milhões de quilates em 20 anos.
"É um depósito de diamante importante, mas é potencial porque a pesquisa não foi finalizada", diz Miguel Antonio Cedraz Nery, diretor-geral do DNPM. "Se comprovado, seria um dos maiores do país".
Os alvarás haviam sido concedidos à Samsul Mineração, principal empresa do grupo canadense Brazilian Diamonds, que faz pesquisas com diamantes no Brasil. Mas foram suspensos após a acusação do Ministério Público Federal de ilegalidade da exploração na área de conservação. "Só não revoguei o alvará para não gerar instabilidade no mercado", diz Nery. As pesquisas continuam interrompidas.
Uma sucessão de erros do Estado permeou a história de Canastra. Criado em 1972, o parque tinha originalmente 197 mil hectares, mas desencontros entre desapropriações e planos de manejo fizeram com que as autoridades ambientais administrassem, de fato, somente 71,5 mil hectares.
Na área restante, a ocupação se consolidou e cresceu, enquanto o próprio governo emitia licenças ambientais e títulos minerários que permitiram a instalação de novas atividades, todas em conflito com os objetivos de um parque nacional. "Apenas em 2001, no processo de elaboração de um novo plano de manejo, o Ibama constatou o equívoco institucional" e passou a reconhecer a área da Serra da Canastra em sua totalidade, diz o relatório interministerial.
Segundo o DNPM, o Brasil representa hoje apenas 0,2% da produção mundial de diamantes. Em 2007, foram 182 mil quilates. Em 2008, 70 mil quilates, uma queda brusca explicada pela crise financeira internacional que tornou as cobiçadas pedras supérfluas.
Em um cenário mais conservador, de produção de 550 mil quilates em cinco anos, os diamantes de Canastra praticamente dobrariam a produção brasileira. "E em um cenário otimista, a gente ia começar a aparecer [no cenário mundial]", diz o diretor de fiscalização do DNPM, Walter Lins Arcoverde.
O relatório acrescenta: "Esses dados justificam plenamente, sob o ponto de vista econômico, a lavra de diamante nesses dois locais (...). Em termos de geração de emprego, a empresa titular da área estima 1,3 mil postos de trabalho, o que também justifica a atividade, a qual será desenvolvida nos tempos médios de sete anos em Canastra 1 e de 16 anos em Canastra 8".
Para a procuradora do Ministério Público Federal, Ludimila Oliveira, os projetos de lei em trâmite no Congresso podem "retalhar o parque nacional sem observar as bacias hidrográficas". Ela lembra que a criação da unidade de conservação veio como resposta a uma seca que, pela primeira vez na história, interrompeu a navegação do rio São Francisco e desencadeou uma mobilização da sociedade. "É possível até haver alterações, mas desde que precedida de uma revisão dos estudos técnicos", diz.
Além da Samsul, o Brazilian Diamonds mantinha outro pé em Canastra através da Mineração do Sul, adquirida da De Beers em 2002. Em agosto passado, o grupo canadense anunciou a venda da subsidiária. Em nota, o CEO Stephen Fabian informou: "Tem sido um tempo difícil no Brasil para exploradores de diamantes.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Chinesa Shandong faz oferta de até US$ 1 bi pela Jaguar Mining

Chinesa Shandong faz oferta de até US$ 1 bi pela Jaguar Mining

Chris Ratcliffe/Bloomberg / Chris Ratcliffe/Bloomberg
- A Shandong Gold, uma das maiores produtoras de ouro com sede na China, apresentou uma proposta de compra da brasileira Jaguar Mining, segundo informações reproduzidas por agências internacionais. Fontes, contudo, divergem sobre o valor da proposta, que varia de US$ 785 milhões a US$ 1 bilhão.
A Jaguar produz ouro em duas minas, de Turmalina e Paciência, em Minas Gerais, e está desenvolvendo uma terceira operação, o Projeto de Gurupi, no Estado do Maranhão. No terceiro trimestre, alcançou produção de 40.660 onças de ouro.
Segundo informações do site da empresa, a Jaguar é uma “entidade” canadense com sede executiva principal em Belo Horizonte e escritório administrativo em Concord, New Hampshire, nos Estados Unidos. “As ações da Jaguar estão listadas na Bolsa de Valores de Toronto e de Nova York sob o símbolo JAG”, informa.

O tesouro escondido sob a cidadezinha modorrenta

O tesouro escondido sob a cidadezinha modorrenta

A simplicidade do lugar engana. O município de São José da Safira, a cerca de uma hora de Governador Valadares, no leste de Minas Gerais, tem apenas 4 mil habitantes e casinhas coloridas com telhados de duas águas. Aqui e ali, galinhas ciscam pelas ruas e, na hora do almoço, moradores se acomodam em cadeiras nas calçadas para jogar conversa fora. Mas embaixo dessa cidade há um tesouro.
No subsolo do território de São José da Safira está a maior mina de turmalina do mundo, segundo Carlos Cornejo e Andrea Bartorelli, autores de "Minerais e Pedras Preciosas do Brasil" (Solaris, 2009). A mina é constituída por duas lavras: a lavra do Cruzeiro e a da Aricanga. A primeira, pertencente à família de Douglas e Antônio Neves; a segunda, a Henrique Fernandes. Além de produtores, eles são comerciantes de pedras.
A região de Safira - que compreende ainda Marilac, Santa Maria do Suaçuí e Água Boa, todas nas proximidades da Serra do Cruzeiro - esteve na rota de aventureiros e bandeirantes ainda no século XVI que buscavam esmeraldas. Em 1996, autores franceses do livro "Tourmalines" sustentaram que é essa a Serra das Esmeraldas, um local perseguido por exploradoras nos séculos XVI e XVII, segundo Cornejo e Bartorelli. E que em 1674 atraiu o bandeirante Fernão Dias.
As primeiras incursões daquela época permitiram a descoberta de jazidas de turmalinas, berilos e águas-marinhas - identificados na época erroneamente como esmeraldas, safiras e turquesas.
Os pais de Douglas e Antonio Neves, primos, compraram os direitos da mina em 1982. Dez anos depois, os proprietários morreram em um acidente de avião. Foi quando a segunda geração assumiu o negócio. Dali saem pedras que vão principalmente para a China. São mais de cem trabalhadores todos os dias escavando.
A turmalina vermelha - ou rubelita - da Mina do Cruzeiro é tida como a melhor do mundo, dizem os autores. Dos 10 mil metros de túneis mapeados vieram turmalinas de várias cores entre elas a apelidada de "verde Brasil"