sábado, 1 de março de 2014

A nova corrida do ouro em Serra Pelada — sem as tensões, o sofrimento e as cenas bíblicas dos anos 80


A nova corrida do ouro em Serra Pelada — sem as tensões, o sofrimento e as cenas bíblicas dos anos 80

Operários da mineradora canadense no túnel escavado recentemente em Serra Pelada. A terra rica em partículas de ouro será retirada e levada à superfície por máquinas (Foto: Antônio Milena / Milenar)
Operários da mineradora canadense no túnel escavado recentemente em Serra Pelada. A terra rica em partículas de ouro será retirada e levada à superfície por máquinas

A NOVA CORRIDA A SERRA PELADA
No local onde existiu o maior garimpo do mundo, ainda há muito ouro. Em 2013, esse tesouro começará a ser explorado de forma organizada e com o uso de tecnologia moderna
Vinte e cinco anos depois do fechamento do maior garimpo do mundo, Serra Pelada voltará a produzir ouro. No lugar dos 100.000 homens de todas as partes do Brasil que se amontoaram nos terraços enlameados de uma cratera cavada no sul do Pará em busca do metal precioso, em condições precárias, haverá máquinas modernas operadas por funcionários com carteira assinada e protegidos por equipamentos de segurança.

Nos anos 80, a terra retirada no garimpo era carregada em sacos no ombro dos garimpeiros e a escavação se fazia com pás e picaretas (Foto: Luis Novaes - 1982 / Folhapress)
Nos anos 80, uma cena bíblica: a terra retirada no garimpo era carregada em sacos no ombro por milhares de garimpeiros, e a escavação se fazia com pás e picaretas (Foto: Luis Novaes – 1982 / Folhapress)
Em vez de garimpeiros agachados em frente a uma fogueirinha fervendo mercúrio em uma panela para separar as partículas de ouro da terra, serão utilizados complexos processos não poluentes de decantação, flotação e fundição para produzir barras de ouro de 25 quilos com 80% de pureza.
Nas próximas semanas, a mineradora canadense Colossus Minerals, que está investindo 700 milhões de reais em Serra Pelada, concluirá a medição da reserva ainda intocada, que escapou às escavações artesanais dos garimpeiros na década de 80.
SEM MERCÚRIO -- No processo industrial, a separação será feita com técnicas não poluentes como a decantação e a fundição -- na foto, em fase experimental (Foto: Antonio Milena / Milenar)
SEM MERCÚRIO — No processo industrial, a separação será feita com técnicas não poluentes, como a decantação e a fundição — na foto, em fase experimental (Foto: Antonio Milena / Milenar)
Em 2010, quando a cooperativa dos garimpeiros ganhou do governo federal o direito de retomar a exploração de seu tesouro, os técnicos do Ministério de Minas e Energia estimaram em 50 toneladas a quantidade de ouro ainda existente no local. Se o cálculo se confirmar, será mais do que se conseguiu extrair nos sete anos em que o garimpo funcionou, entre 1980 e 1987 (40 toneladas).
Os velhos métodos, contudo, não servem mais. O ouro remanescente encontra-se misturado em uma camada de argila, a 200 metros de profundidade, que se estende a sudoeste da cratera aberta nos anos 80.
Os garimpeiros não sabiam disso e, depois de retirar o ouro que estava mais próximo à superfície, continuaram cavando na vertical. Em vão.
Eles já não conseguiam encontrar uma quantidade significativa do minério e acabaram atingindo um lençol freático, que começou a inundar o garimpo. O governo, então, mandou interromper as atividades no local.
COM MERCÚRIO -- Na década de 80, os garimpeiros usavam metal tóxico para isolar o ouro das impurezas (Foto: Claudio Laranjeiras)
COM MERCÚRIO — Na década de 80, os garimpeiros usavam metal tóxico para isolar o ouro das impurezas (Foto: Claudio Laranjeiras)
Para retomar a exploração, a cooperativa teve de criar a Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral, uma joint venture com a empresa canadense. Os 38.000 garimpeiros cooperados não precisarão fazer nada além de dividir entre si 25% dos lucros da operação.
Na Vila de Serra Pelada, situada no município de Curionópolis, há uma gameleira de 15 metros de altura que serve de ponto de encontro de homens que há trinta anos sonham com a reabertura do seu Eldorado.
A árvore ganhou o apelido de “Pau da Mentira”, por causa das histórias improváveis contadas à sua sombra, mas bem que agora poderia ter seu nome mudado para “Pau da Esperança”.
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José Mariano dos Santos, de 58 anos, acredita que a nova fase de Serra Pelada poderá garantir a ele e seus colegas uma renda mensal de 20.000 reais. No passado, Santos chegou a acumular 411 quilos de ouro, o equivalente a 47 milhões de reais em valores atuais, o que fez dele o segundo homem mais rico do garimpo.
Esbanjou tudo em festas, em viagens extravagantes e em investimentos desastrados. Hoje ele sobrevive do salário mínimo que recebe como aposentadoria.
Os representantes da mineradora se preocupam com as expectativas dos seus sócios brasileiros. “Não temos dúvida de que esta mina tem potencial para se tornar uma das mais produtivas do mundo, mas infelizmente não será capaz de enriquecer esses 38.000 homens”, diz a canadense Ann Wilkinson, vice-presidente da Colossus.
ALAGADA -- Na cratera escavada nos anos 80, os garimpeiros que eram donos de "barrancos" contratavam outros homens para ajudá-los a retirar a terra com ouro. O lago que se formou no local tem uma área equivalente à de dois estádios do Maracanã (Foto: Antonio Milena / Milenar)
ALAGADA — Na gigantesca, impressionante cratera escavada nos anos 80, os garimpeiros que eram donos de “barrancos” contratavam outros homens para ajudá-los a retirar a terra com ouro. O lago que se formou no local tem uma área equivalente à de dois estádios do Maracanã (Foto: Antonio Milena / Milenar)
Para atender à remuneração sonhada pelos garimpeiros, a mineradora teria de atingir uma média de extração anual dez vezes a das principais minas do mundo. Isso é impossível, mesmo com a alta concentração de ouro que os técnicos estão encontrando em Serra Pelada.
A média confirmada até agora é de 20 gramas de ouro por tonelada de terra. Em comparação, a média na maior mina em operação no Brasil, em Paracatu, em Minas Gerais, é de 0,45 grama por tonelada.
Durante a fase de prospecção, os geólogos descobriram que as imagens de enormes pepitas de ouro, que ajudaram a fomentar a corrida a Serra Pelada nos anos 80, não se repetirão. Essas pedras já eram raras naquele tempo, e, agora, mais ainda.
Cada terraço retangular é um "barranco", medida de propriedade dos garimpeiros na década de 80 (Foto:  Grislaine Morel / Gamma)
Cada terraço retangular é um “barranco”, medida de propriedade dos garimpeiros na década de 80 (Foto: Grislaine Morel / Gamma)
O ouro em pó que sobrou está diluído no solo argiloso. Para que se chegue aos pontos de maior concentração do metal, foi construído um túnel de 1 600 metros de extensão e 5 metros de largura.
Mesmo que haja alguma pepita em meio às 150 toneladas de terra que serão recolhidas diariamente por pequenas escavadeiras, ela acabará triturada no processo mecânico de separação do metal.
A dificuldade técnica e o alto custo da extração na “nova” Serra Pelada são compensados de duas formas. Primeiro, o ouro não é o único tesouro do local.
Há quantidades significativas de platina e paládio, metais de grande valor industrial e para a confecção de joias. “Só são conhecidas outras duas minas no mundo onde o ouro vem acompanhado desses metais”, diz o presidente da Colossus, o canadense Claudio Mancuso.
NOVA ILUSÃO -- O garimpeiro José Mariano dos Santos, o Índio, achou 411 quilos de ouro, tornando-se um dos homens mais ricos de Serra Pelada (no detalhe, no auge). Perdeu tudo. Ele sonha em receber 20.000 reais mensais com a parcela que lhe cabe na repartição dos lucros da mineradora com a cooperativa dos garimpeiros
NOVA ILUSÃO — O garimpeiro José Mariano dos Santos, o Índio, achou 411 quilos de ouro, tornando-se um dos homens mais ricos de Serra Pelada (no detalhe, no auge). Perdeu tudo. Ele sonha em receber 20.000 reais mensais com a parcela que lhe cabe na repartição dos lucros da mineradora com a cooperativa dos garimpeiros
A segunda compensação é a crescente demanda pelo ouro, motivada pela desvalorização do dólar e pela instabilidade nas bolsas de valores. No ano passado, o metal acumulou uma alta de 16%, enquanto o índice Bovespa caiu na mesma proporção, e os bancos centrais compraram 440 toneladas de ouro, quase seis vezes mais do que em 2010.
O aumento da procura fez o preço da onça troy (equivalente a 31 gramas) saltar de 300 dólares, em 1998, para 1 710 dólares, na semana passada.
Da preferência dos investidores do século XXI à febre que levou milhares de brasileiros a abandonar a família para tentar a sorte em Serra Pelada nos anos 80, o ouro é desejado por uma razão simples. Ele é raro. Todo o ouro já extraído no planeta, 160.000 toneladas, caberia em apenas 64 piscinas olímpicas.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Matéria-prima do crescimento




Matéria-prima do crescimento

Previsões apontam investimentos de US$ 470 bilhões no setor de mineração brasileiro durante o período de 2008 a 2015. Um número recorde, que reforça a contribuição das empresas canadenses e nacionais para a expansão acelerada do mercado



Ferro, cobre, níquel, alumínio, bauxita, ouro, fosfato, zinco, nióbio. A variedade de minérios encontrados em solo brasileiro já seria suficiente para justificar os números de um dos setores que atualmente mais crescem no país. A quantidade de investimentos e de projetos colocados em prática, no entanto, comprova o boom da produção mineral nos últimos anos, que, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), correspondeu a R$ 46 bilhões, em 2007, representando um aumento de 21% em relação aos R$ 38 bilhões obtidos em 2006. Se, além da extração, os valores da indústria e da transformação mineral forem considerados, o total chega a R$ 126 bilhões, ou seja, 9,5% maior do que os R$ 115 bilhões registrados no ano anterior.

“Desde 2001, presenciamos o crescimento do setor em decorrência do aumento da demanda mundial, principalmente da China, Índia, Coréia, Alemanha e do Japão”, afirma Paulo Camillo Vargas Penna, presidente do Ibram. Na China, por exemplo, a busca por minérios – especialmente o de ferro – é resultado do forte processo de urbanização e de desenvolvimento industrial do país. “A previsão é a de que, nos próximos 25 anos, cerca de 800 milhões de chineses migrem da área rural para a urbana”, explica.

A maior parte da produção nacional é, portanto, destinada ao comércio exterior. Das 350 milhões de toneladas de minério de ferro produzidas em 2007, apenas 20% – ou cerca de 70 milhões – permaneceram no mercado interno. O produto mais exportado, porém, foi o ferro-nióbio, que correspondeu a 76 mil toneladas no ano passado – o equivalente a 95% da produção mundial. Deste total, mais de 71,8 mil toneladas desembarcaram em terras estrangeiras, gerando para o Brasil uma receita de US$ 1,06 bilhão. A perspectiva é a de que o crescimento permaneça acelerado nos próximos anos. “As previsões indicam que, de 2008 a 2012, os investimentos cheguem a US$ 47 bilhões, quase 90% acima do previsto no ano passado, que era de US$ 25 bilhões para o período 2007–2011”, afirma Penna.

Em meio a um cenário positivo, a contribuição das empresas estrangeiras – em especial das canadenses – para o desenvolvimento do setor ganha destaque. “Um exemplo é a Kinross, que este ano deve se tornar a maior produtora de ouro do Brasil”, considera Penna, ao citar ainda a atuação das junior companies – pequenas empresas que geralmente contam com um ativo mineral. “Essas companhias desenvolvem pesquisas de identificação de reservas para vendê-las a companhias maiores”, completa.

Décimo terceiro produtor mundial de ouro, com aproximadamente 47 toneladas, o Brasil exportou, em 2007, 36 toneladas do minério – um aumento de 6,5% em relação a 2006 –, sendo Estados Unidos (92%), Reino Unido (6%), Canadá (2%) e Emirados Árabes (2%) seus maiores importadores. Posicionada entre as principais produtoras de ouro do país, a Kinross atua em território nacional desde 2003, depois de adquirir ações da TVX Gold, de assumir o controle acionário da Rio Paracatu Mineração (RPM), em Minas Gerais, e de comprar 50% da Mina de Crixás, em Goiás, que hoje produz cerca de 6 t/ano do minério.

A empresa pretende ampliar sua presença no Brasil investindo US$ 540 milhões no Projeto Expansão – na Mina Morro do Ouro –, que visa triplicar a produção da RPM de 5 t/ano para 15 t/ano, a partir de setembro.

Assim como a Kinross, a Yamana Gold aposta no potencial do país, contando, atualmente, com as unidades Serra da Borda Mineração e Metalurgia, em Mato Grosso; Mineração Maracá, em Goiás; e Jacobina Mineração e Mineração Fazenda Brasileiro, na Bahia. “O Brasil apresenta um parque industrial capacitado e competitivo, grandes reservas e uma boa relação entre governo e setor”, avalia Arão Portugal, vice-presidente de administração da empresa, ao revelar os motivos que atraíram, por exemplo, investimentos de US$ 177 milhões na Mineração Maracá – cuja produção comercial de concentrado de cobre com ouro contido foi declarada em 2007 – e de US$ 60 milhões na Serra da Borda.

“Em 2008, o orçamento mundial da Yamana é de US$ 83 milhões, sendo 50% do valor aplicado no Brasil”, conta Portugal, ao destacar, além dos projetos de ampliação, a exploração de uma nova mina: a Pilar de Goiás. “Até o fim do ano, esperamos chegar a 1,3 milhão de onças de ouro, com a meta de aumentar, em 2012, a produção para 2,2 milhões”, completa.

Entre os investimentos previstos para até 2012, mais de US$ 1 bilhão será aplicado na exploração do ouro, segundo o Ibram, que destaca a atuação da junior company Jaguar Mining – por meio da subsidiária Mineração Serras do Oeste (MSol) – nas minas de Paciência e do Pilar, em Minas Gerais. “Temos projetos em outras regiões do estado e no Ceará”, conta Adriano Nascimento, vice-presidente de exploração e engenharia da MSol. Cleber Macedo, diretor-financeiro da empresa, informa que os recursos, em 2007, foram de US$ 73 milhões – 32% a mais do que o registrado em 2006.

“Formamos uma joint venture com a Xstrata no Ceará e adquirimos áreas da Vale na região de Caeté”, explica, ao revelar a venda de 67 mil onças de ouro no mercado externo no ano passado – um aumento de 91% em relação a 2006. “Até 2012, o recurso previsto é de US$ 560 milhões. Cerca de US$ 140 milhões serão investidos em 2008, pois esperamos vender 150 mil onças de ouro”, acrescenta.

Com uma produção tão acelerada quanto a do ouro – correspondente a 200 mil toneladas em 2007 –, o cobre é um dos metais básicos explorados pela Aura Minerals, que hoje avalia a viabilidade da jazida Serrote da Laje, em Alagoas. “Pretendemos iniciar a produção no local até 2011. Além deste projeto, realizamos pesquisas em outras 30 regiões de Alagoas”, diz Carlos Bertoni, managing director da empresa. No ano passado, a Serrote da Laje exigiu investimentos de R$ 17 milhões – 456% mais do que em 2006. “Em 2008, os números devem chegar a R$ 25 milhões”, adianta Bertoni, ao revelar as ações de preservação ambiental na região. “Minimizamos as possibilidades de desmatamento, atingindo somente as áreas essenciais para a atividade, além de reaproveitar todo o material suprimido”, acrescenta.

Fonte primária – A existência de diamantes em fonte primária – originários dos quimberlitos – tem atraído investimentos em pesquisas da Brazilian Diamonds, responsável pela descoberta do minério em São Roque de Minas, em Minas Gerais. “Os quimberlitos requerem grandes investimentos em pesquisa, já que apenas uma a cada mil rochas apresenta o minério. Hoje, estamos em processo de licenciamento, visando instalar uma mina no local”, informa Érico Ribeiro, diretor-administrativo e financeiro da empresa no Brasil. Além do Projeto Canastra 1, a companhia dedica-se a outros estudos.

Além de diamantes, a anglo-australiana Rio Tinto é reconhecida por sua atuação nos segmentos de alumínio, cobre, minério de ferro, minerais energéticos (carvão e urânio) e industriais (bórax, dióxido de titânio, sal e talco). No Brasil desde 1971, a empresa agora investe na capacidade da mina em Corumbá, em Mato Grosso do Sul, depois de anunciar recursos de US$ 2,15 bilhões para expandir a produção de minério de ferro – que deverá saltar dos 2 milhões de t/ano para 12,8 milhões de t/ano em 2010 – chegando futuramente a 23,2 milhões de toneladas. O objetivo é ampliar sua participação em mercados da América Latina e no Oriente Médio. No segmento de alumínio – que, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), terá um consumo doméstico de produtos transformados de mais de um milhão de toneladas em 2008 –, a companhia conta com a atuação da Rio Tinto Alcan, após a aquisição da canadense Alcan por US$ 3,8 bilhões, em 2007. Unidas, as duas potências ganharam uma capacidade produtiva de 4,4 milhões de t/ano, impulsionando os números mundiais do mercado.

Aliada aos recordes em investimentos, a atuação das mineradoras nacionais contribui para consolidar a imagem do país no exterior. Este é o caso da Vale, que, desde a aquisição da Inco, em 2006, aplica seu know how no Canadá por meio da Vale Inco. “Quando adquirimos a Inco, projetamos a tonelada do níquel a US$ 9 mil/t. Hoje, ela está em US$ 18 mil/t, o dobro do previsto. Este foi, portanto, um negócio que valeu a pena”, diz Roger Agnelli, presidente da Vale, ao destacar que os recursos de US$ 59 bilhões programados para até 2012 serão elevados nos próximos meses. A meta é alavancar a produção de minérios, como o carvão e o cobre. Para o carvão, por exemplo, a alternativa é dar início à fase 2 do projeto em Moatize, em Moçambique, que poderá elevar a produção de 15 mil toneladas para 40 mil toneladas em 2012, enquanto para o cobre é possível dobrar o projeto de Salobo, no Pará, de 100 mil toneladas para 200 mil toneladas anuais.

“Já consolidamos 12 joint ventures com empresas juniores e majors, formando um portfólio de 68 projetos nos países onde atuamos”, afirma o diretor de exploração mineral da Votorantim Metais (VM), Jones Belther, ao explicar a presença da empresa na Bolívia, no Peru, na Argentina, na Colômbia e no Canadá. “Nossa meta é descobrir novos depósitos de zinco, níquel, ferro e carvão”, esclarece. No Brasil, a VM atualmente analisa a viabilidade de Montes Claros de Goiás (níquel), no oeste de Goiás, e de Aripuanã (zinco e conteúdos subordinados de cobre, chumbo, prata e ouro), no noroeste de Mato Grosso, com produção estimada para 2011 e 2012, respectivamente, entre outros projetos. “O investimento previsto para 2008 é de R$ 150 milhões, sendo R$ 107 milhões destinados ao Brasil”, acrescenta o executivo.

A aquisição, em julho, de metade da produção de concentrado de níquel da australiana Mirabela do Brasil por US$ 1 bilhão impulsionará a produção de Fortaleza de Minas (MG), que passará das atuais 6 mil t/ano para 18 mil t em 2009, enquanto o projeto de Bongará, no Peru, – viabilizado por meio de joint venture com a canadense Solitario Resources – absorverá quase R$ 24 milhões, em 2008. Nos demais países, a VM busca novas oportunidades de negócios. “O investimento no Canadá este ano é de US$ 2 milhões, e, para os próximos anos, os planos são de US$ 10 milhões/ano”, diz Belther.

Tendo por acionistas a Vale e a BHP Billiton, a Samarco Mineração, por sua vez, está voltada para a lavra, o beneficiamento, o transporte, a pelotização e a exportação de minério de ferro. O principal produto da companhia – que mantém a unidade industrial de Germano, em Ouro Preto e Mariana (MG), e a de Ponta Ubu, em Anchieta (ES) – é a pelota de minério de ferro, exportada para o Oriente Médio e a África (23%); o Japão, a Malásia, a Indonésia e Taiwan (22%); a China (21%), a Europa (20%) e as Américas (14%). “Para aumentar a produção em 54%, inauguramos um mineroduto de 398 quilômetros, capacitado para transportar 16 t/ano de polpa do minério para o Espírito Santo. Além disso, construímos outra usina de concentração, na unidade em Mariana, que permite processar 23,5 milhões de t/ano. Os investimentos foram de R$ 3,1 bilhões, incluindo a usina no Espírito Santo”, conta Ricardo Vescovi, diretor de operações da Samarco.

Ao abranger desde a extração do minério de ferro até a sua transformação em produtos como o ferro gusa e o aço, a MMX Mineração e Metálicos – do Grupo EBX – também é um dos destaques nacionais do setor, representada pelas unidades MMX Corumbá, MMX Amapá e MMX Minas-Rio. Recentemente, a companhia anunciou a venda do controle do capital da IronX – subsidiária que controla o projeto de minério de ferro Minas-Rio e o sistema de minério de ferro Amapá – para a Anglo American, em uma operação avaliada em mais de R$ 8 bilhões.

Estudos de viabilidade – Mais do que acelerar a produção, os investimentos no setor têm gerado oportunidades para as consultorias e prestadoras de serviço, impulsionando ainda mais a presença canadense no Brasil. Entre elas, a Minerconsult Engenharia – pertencente ao grupo quebequense SNC-Lavalin – elabora estudos de viabilidade para empresas como Vale, Anglo American, Samarco e Kinross, incluindo todas as fases de engenharia e construção. “Atuamos nas modalidades EPCM – Engineering, Procurement and Construction – e Alliance, que consiste na formação de um time integrado com o cliente, disponibilizando a expertise técnica da SNC-Lavalin”, afirma Paulo Afonso Resende, diretor-técnico da Minerconsult, ao citar que os procedimentos de engenharia têm o apoio de modernas ferramentas. “Utilizamos a tecnologia 3D e programas de gestão integrada, incluindo módulos de informação, planejamento, elaboração e controle de orçamentos e gestão de suprimentos”, informa.

Fundado em Toronto, o Grupo Golder aplica sua experiência no país desde 1998, por meio da subsidiária Golder Associates Brasil. A equipe de engenheiros, geólogos e cientistas ambientais, segundo Eduardo Chapadeiro, gerente da área de ciências ambientais, oferece assessoria em monitoramento ambiental, controle de emissões atmosféricas, investigação de contaminação de solo e de água subterrânea, planos de fechamento de minas, entre outros. “Desenvolvemos para a Kinross projetos de reabilitação e revitalização do Córrego Rico, em Paracatu”, exemplifica.

Em engenharia, os destaques são os estudos de utilização de novas tecnologias de manuseio e a disposição final de rejeitos produzidos em plantas de beneficiamento de minérios.

Atuando no Brasil nas áreas de mineração e metalurgia, a Hatch também opera mundialmente nos segmentos de energia e infra-estrutura. “Oferecemos conhecimento sobre o beneficiamento dos minérios ao processo de metalurgia para metais ferrosos e não-ferrosos, incluindo a estruturação de empreendimentos de grande porte – acima de US$ 1 bilhão – para áreas como infra-estrutura de minas, plantas metalúrgicas e a logística de transporte dos minérios”, explica Flavio Galvão, diretor da unidade de negócios Base Metals, ao citar o desenvolvimento de estudos de viabilidade, a elaboração de programas de engenharia e as construções de plantas. “Todos os projetos contam com ações de preservação ambiental integradas à sustentabilidade e às necessidades da comunidade”, esclarece.

Distribuidora das empresas canadenses CME Blasting & Mining Equipment e HLS Hard Line Solutions, a CME do Brasil oferece às mineradoras tecnologia em forma de equipamentos que geram mais eficiência e produtividade. “A CME Blasting fabrica afiadoras de bits – ferramentas de perfuração de rocha – e a HLS desenvolve controles remotos e sistemas de comunicação que dão mais segurança aos operadores e permitem monitorar as minas a distância, por meio de sensores”, esclarece o diretor-comercial, Fernando Lamêgo Duarte.

Além de consultoria, o crescimento do setor tem ampliado a atuação dos escritórios de advocacia. Pedro Garcia, especialista em direito minerário, societário e antitruste do Veirano Advogados, registra a participação do escritório em cerca de 40 processos de aquisição de mineradoras, além de arrendamento de direitos minerários, estruturação e financiamento de projetos de pesquisa e lavra e assessoria no lançamento de ações no país e no exterior. “Os clientes estrangeiros precisam de orientação específica, uma vez que a legislação de mineração no Brasil é altamente complexa”, explica.

Affonso Aurino Barros da Cunha, sócio na área de mineração do Tozzini Freire, destaca o respeito das mineradoras estrangeiras pelos preceitos legais do país.

“Isso pode ser vital, principalmente para as empresas recém-chegadas e com projetos em áreas muito remotas”, analisa.

O escritório oferece desde suporte em direito minerário até o apoio em operações de aquisição. “Para companhias de pequeno e de médio porte fornecemos serviços de auditoria de títulos minerários e de projetos em geral – como questões ambientais, de energia e de logística”, completa.

“Em razão do aquecimento do mercado nos últimos anos, várias companhias estrangeiras têm procurado oportunidades no país, especialmente as junior companies”, diz Carlos Vilhena, sócio responsável pela área de mineração do Pinheiro Neto Advogados, ao considerar a geologia e a capacitação profissional como fatores atrativos. “O Brasil dispõe de uma oferta de serviços e de equipamentos de altíssima qualidade”, acrescenta.

A aquisição de 49% de participação na MMX Minas-Rio pela Anglo American, no valor de US$ 1,15 bilhão, é um dos exemplos recentes da atuação do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. “Na segunda fase de negociações, temos assessorado a Anglo American na aquisição do controle acionário da IronX, que detém 51% do projeto de minério de ferro da Minas-Rio e 70% do projeto do Amapá”, conta a advogada Maria Cecília Cury Chaddad, ao considerar, ainda, a assessoria prestada ao Credit Suisse e ao Pactual na oferta pública inicial de ações da MMX, em 2007. Umas das tendências, por sinal, é a consolidação de ativos. Segundo Garcia, do Veirano Advogados, as informações divulgadas pelas principais empresas de auditoria indicam que as fusões e aquisições no setor, nos últimos anos, superaram os US$ 150 bilhões. Maria Cecília, do Machado Meyer, por sua vez, destaca a verticalização da cadeia produtiva, em que as empresas siderúrgicas – visando ao aumento de competitividade na produção – buscam o acesso direto aos insumos. “A aquisição de minas pertencentes à J. Mendes pela Usiminas ilustra bem essa situação”, cita, ao indicar um dos movimentos futuros deste mercado.

Grupo canadense quer extrair ouro ao lado de Belo Monte

Grupo canadense quer extrair ouro ao lado de Belo Monte
Por André Borges | De Brasília
O rio Xingu vai deixar de ser palco exclusivo de Belo Monte, a polêmica geradora de energia em construção no Pará. Em uma região conhecida como Volta Grande do Xingu, na mesma área onde está sendo erguida a maior hidrelétrica do país, avança discretamente um megaprojeto de exploração de ouro. O plano da mineradora já está em uma etapa adiantada de licenciamento ambiental e será executado pela empresa canadense Belo Sun Mining, companhia sediada em Toronto que pretende transformar o Xingu no "maior programa de exploração de ouro do Brasil".

O projeto é ambicioso. A Belo Sun, que pertence ao grupo canadense Forbes & Manhattan Inc., um banco de capital fechado que desenvolve projetos internacionais de mineração, pretende investir US$ 1,076 bilhão na extração e beneficiamento de ouro. O volume do metal já estimado explica o motivo do aporte bilionário e a disposição dos empresários em levar adiante um projeto que tem tudo para ampliar as polêmicas socioambientais na região. A produção média prevista para a planta de beneficiamento, segundo o relatório de impacto ambiental da Belo Sun, é de 4.684 quilos de ouro por ano. Isso significa um faturamento anual de R$ 538,6 milhões, conforme cotação atual do metal feita pela BM&FBovespa.

A lavra do ouro nas margens do Xingu será feita a céu aberto, porque "se trata de uma jazida próxima à superfície, com condições geológicas favoráveis". Segundo o relatório ambiental da Belo Sun, chegou a ser verificada a alternativa de fazer também uma lavra subterrânea, mas "esta foi descartada devido, principalmente, aos custos associados."

Para tirar ouro do Xingu, a empresa vai revirar 37,80 milhões de toneladas de minério tratado nos 11 primeiros anos de exploração da mina. As previsões, no entanto, são de que a exploração avance por até 20 anos. Pelos cálculos da Belo Sun, haverá aproximadamente 2.100 empregados próprios e terceirizados no pico das obras.

O calendário da exploração já está detalhado. Na semana passada, foi realizada a primeira audiência pública sobre o projeto no município de Senador José Porfírio, onde será explorada a jazida. Uma segunda e última audiência está marcada para o dia 25 de outubro. Todo processo de licenciamento ambiental está sendo conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará. O cronograma da Belo Sun prevê a obtenção da licença prévia do empreendimento até o fim deste ano. A licença de instalação, que permite o avanço inicial da obra, é aguardada para o primeiro semestre do ano que vem, com início do empreendimento a partir de junho de 2013. A exploração efetiva do ouro começaria no primeiro trimestre de 2015, quando sai a licença de operação.

Todas informações foram confirmadas pelo vice-presidente de exploração da Belo Sun no Brasil, Hélio Diniz, que fica baseado em Minas Gerais. Em entrevista ao Valor, Diniz disse o "Projeto Volta Grande" é o primeiro empreendimento da companhia canadense no Brasil e que a sua execução não tem nenhum tipo de ligação com a construção da hidrelétrica de Belo Monte ou com sócios da usina.

"Somos uma operação independente, sem qualquer tipo de ligação com a hidrelétrica. Nosso negócio é a mineração do ouro e trabalhamos exclusivamente nesse projeto", disse Diniz.

O "plano de aproveitamento econômico" da mina, segundo o executivo, ficará pronto daqui a seis meses. Nos próximos dias, a Belo Sun abrirá escritórios em Belém e em Altamira. Hélio Diniz disse que, atualmente, há cerca de 150 funcionários da empresa espalhados na Volta Grande do Xingu, região que é cortada pelos municípios de Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e Altamira.
O local previsto para receber a mina está localizado na margem direita do rio, poucos quilômetros abaixo do ponto onde será erguida a barragem da hidrelétrica de Belo Monte, no sítio Pimental. A exploração da jazida, segundo Diniz, não avançará sobre o leito do rio. "A mina fica próxima do Xingu, mas não há nenhuma ação direta no rio."

Para financiar seu projeto, os canadenses pretendem captar recursos financeiros no Brasil. De acordo com o vice-presidente de exploração da Belo Sun, será analisada a possibilidade de obter financiamento no BNDES. "Podemos ainda analisar a alternativa de abrir o capital da empresa na Bovespa. São ações que serão devidamente estudadas por nós."

Segundo a Belo Sun, o futuro reservado para a região da mina, quando a exploração de ouro for finalmente desativada, será o aproveitamento do projeto focado no "turismo alternativo", apoiado por um "programa de reabilitação e revegetação". Na audiência pública realizada na semana passada, onde compareceram cerca de 300 pessoas, a empresa informou que haverá realocação de pessoas da área afetada pelo empreendimento e que a construção de casas será financiada pela Caixa Econômica Federal. A Belo Sun listou 21 programas socioambientais para mitigar os impactos que serão causados à região e à vida da população.

A mineração na Amazônia

A mineração na Amazônia

A amazônia tem uma contribuição significativa na atividade de extração e transformação mineral realizada em território brasileiro, considerando a ocorrência na região de diverso minerais que influenciam na balança comercial do país, sendo o Pará o segundo maior Estado exportador de minérios.
A extração do Nióbio colocou o Brasil em 1º lugar ranking internacional, em 2º com a extração do Ferro, Manganês e Aluminio(bauxita), e em 5º com o Caulim e Estanho. O Estado do Amazonas participa com 12% do Nióbio extraído no Brasil, e com 60% do Estanho.
O minério de Ferro de Carajás, sudeste do Pará, representa 26% da extração nacional, colocando o Estado atrás apenas de Minas Gerais. O Manganês da Mina do Azul, em Carajás, e da Buritirama, em Marabá, contribuíram com mais de 50% da extração de 2,4 milhões de toneladas em 2008.
O Estado do Pará é responsável por 100% da extração nacional dos minérios de Caulim, 85% de bauxita, 60% do cobre e 10% do Ouro, nas regiões Nordeste, Oeste e Sudeste..
A tendência para 2009, dependendo das condições da crise na economia mundial, é de que haja um crescimento significativo na extração de Bauxita, Cobre, Níquel, Fosfato e Ferro, considerando a entrada em operação das minas de Cobre e Níquel, da Vale, em Carajás, a mina de Bauxita da Alcoa em Juruti, e o salto da extração de Ferro de Carajás para 126 milhões de toneladas/ano.
Na Amazônia Legal a extração mineral responde por 25% do total das exportações, a transformação responde por 21%. Os estados do Pará e Maranhão, em 2008 responderam por 26% das exportações, com destaque para o ferro, cobre e manganês, que representaram 89% da comercialização de minério da Amazônia ao exterior.
A situação dos minérios mais extraídos na Amazônia, é esta: em primeiro lugar o ferro(35,2%), em segundo a alumina -bauxita(17,6%), em terceiro o alumínio(15,1%) e em quarto o cobre(11,3%).
Na pauta de transformação, destacaram-se as exportações de ferro gusa, alumínio e alumina, que representam 88% da exportação deste segmento na Amazônia Legal.
O extrativismo mineral representou 59,2% dos US$ 8 bilhões produzidos pela indústria mineral do Estado do Pará. O município de Parauapebas participou com 35,8%(minério de ferro), Barcarena com 33,3%(alumina e alumínio), Canaã dos Carajás com 10%(cobre), Marabá com 7,1%(ferro gusa e manganês),Oriximiná com 6,3%(bauxita), e outros com menor participação.
A extração e transformação mineral na amazônia tem contribuído para o crescimento do PIB nos municípios, vejamos o caso dos 10 primeiros colocados no Estado do Pará: 1º lugar, Belém(28,21%), 2º, Barcarena(8,03%), 3º, Parauapebas(6,72%), 4º, Marabá(5,91%), 5º, Ananideua(5,56%), 9º, Canaã dos Carajás(1,58%), e 10º, Oriximiná(1,42%).
Tratando-se de reservas, conhecidas, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial em Bauxita, com depósitos concentrados em três distritos principais: Trombetas(médio Amazonas), Almeirim(baixo Amazonas) e Paragominas-Tiracambú(plataforma Bragantina).
Expressivos depósitos de Caulim estão distribuídos em três principais distritos: Manaus(médio Amazonas), Almeirim(baixo Amazonas) e Capim(plataforma Bragantina). Ouro e Cassiterita, estão distribuídos pelas mais diversas áreas da região amazônica.
As jazidas de Ferro de Carajás, com seus 18 bilhões de toneladas de minério, corresponde à maior concentração de alto teor já localizada no planeta. Distribuídas em quatro setores principais: serra Norte, serra Sul, serra Leste e serra de São Félix ou serra Arqueada.
A pesquisa, extração e transformação mineral no estado do Pará ocorrem em quatro principais regiões: no Oeste, envolvendo os municípios de Oriximiná, Juruti, Monte alegre, Alenque e Óbidos; Nordeste, de Paragominas, São Domingos do Capim a Barcarena; Sudeste, Marabá, Cuiriomópolis, Parauapebas e Canaã dos Carajás; e Sul, Xinguara, Ourilândia, Tucumã, São Félix do Xingu, Rio Maria, Floresta do Araguaia, Santa Maria das Barreiras e Conceição do Araguaia.
As principais empresas de extração e transformação atuando no Pará, são: Vale, Anglo Americam, Alcoa, Albrás, Alunorte, Rio Tinto, Mineração Rio do Norte, CBA, Imerys Rio Capim Caulim S.A, Caulim da Amazônia S.A(CADAM/Vale), Pará Pigmentos S.A(PPSA/Vale), Xtrata e Caraíba Metais.
A CONTRADIÇÃO
A mineração na Amazônia tem se dado de forma espoliatória e predatória, desterritorializando populações tradicionais, degradando o meio ambiente, com poluição do ar, do solo, das bacias hídricas, desflorestamento, a destruição dos habitats naturais dos animais silvestres e destruição dos sitios arqueológicos.
São projetos dirigidos de fora para dentro da região sem que os povos amazônidas tenham a oportunidade de discutir e opinar sobre a viabilidade e necessidade dos empreendimentos.
Os núcleos urbanos próximos das áreas a serem mineradas passam por rápidas e indesejáveis transformações com o crescimento da população que migra motivada pela expectativa da empregabilidade. Os efeitos até então incontroláveis tem sido a elevação do índice de prostituição, da violência e de acidentes de trânsito.
As empresas aproveitam da conivência e submissão do Estado, das precárias condições que vivem a maioria das populações dos municípios onde elas se instalam, para através da manipulação da consciência das pessoas, com o discurso da chegada do desenvolvimento, criar um ambiente favorável para sua implantação.
Uma situação emblemática, que até hoje gera impacto negativo, foi a exploração do manganês, em Macapá. Depois da retirada de quase todo o manganês ficaram as crateras de até 170 metros de profundidade e um estoque de 70.000 toneladas de rejeitos, proveniente da extração de 34 milhões de toneladas de manganês, do processo de pelotização, com um percentual de arcênio muito superior ao encontrado no minério in natura.
Percebe-se pelas diversas experiências que o impacto da mineração é localizado, desestruturante e ao mesmo estruturante, ao modo que interessa às empresas. Desestrutura as comunidades locais, urbanas e rurais, provocando a migração de pessoas vindas de outras regiões e do campo para a cidade.
O aumento sem controle da população no entorno dos projetos constituindo grandes aglomerados nos núcleos urbanos, o aumento da criminalidade, o comércio de drogas, a superlotação nas escolas e a falta de serviços de atendimento à saúde para tanta gente, são impactos mais visíveis.
Sobre a população da área de Influência Direta(AID) da Vale, na região de Carajás, considerando os anos de 2000, 2005 e a projeção para 2010, os dados mostram um crescimento do ano de 2000 para 2005, no total da área, de 22,9%, e uma projeção de crescimento do ano de 2005 para o ano de 2010, de 92,9%. Registrando um total de habitantes no ano de 2000, de 344.386, no ano de 2005, de 423.361, e a projeção para o ano de 2010, de 817.268 habitantes.
Embora o crescimento da população total da área, do ano de 2000 para 2005, tenha sido de 22,95, mas no município de Canaã o crescimento foi de 88,3%, saltando de 10.921 para 20.570 habitantes.
A projeção do aumento populacional para 2010, no total da área, é de 92,9, mas é bom ressaltar que os índices por município variam de 61,2 %(Tucumã) a 197,9%(Canaã). Os maiores índices de crescimento populacional previstos são dos municípios de Parauapebas(107,3%), Ourilândia(139,1%) e Canaã(197,9%). Os outros municípios são: Marabá(81,2%), Eldorado(67,2%), e Curionópolis(77,2%).

A mineração na Amazônia

A mineração na Amazônia

A amazônia tem uma contribuição significativa na atividade de extração e transformação mineral realizada em território brasileiro, considerando a ocorrência na região de diverso minerais que influenciam na balança comercial do país, sendo o Pará o segundo maior Estado exportador de minérios.
A extração do Nióbio colocou o Brasil em 1º lugar ranking internacional, em 2º com a extração do Ferro, Manganês e Aluminio(bauxita), e em 5º com o Caulim e Estanho. O Estado do Amazonas participa com 12% do Nióbio extraído no Brasil, e com 60% do Estanho.
O minério de Ferro de Carajás, sudeste do Pará, representa 26% da extração nacional, colocando o Estado atrás apenas de Minas Gerais. O Manganês da Mina do Azul, em Carajás, e da Buritirama, em Marabá, contribuíram com mais de 50% da extração de 2,4 milhões de toneladas em 2008.
O Estado do Pará é responsável por 100% da extração nacional dos minérios de Caulim, 85% de bauxita, 60% do cobre e 10% do Ouro, nas regiões Nordeste, Oeste e Sudeste..
A tendência para 2009, dependendo das condições da crise na economia mundial, é de que haja um crescimento significativo na extração de Bauxita, Cobre, Níquel, Fosfato e Ferro, considerando a entrada em operação das minas de Cobre e Níquel, da Vale, em Carajás, a mina de Bauxita da Alcoa em Juruti, e o salto da extração de Ferro de Carajás para 126 milhões de toneladas/ano.
Na Amazônia Legal a extração mineral responde por 25% do total das exportações, a transformação responde por 21%. Os estados do Pará e Maranhão, em 2008 responderam por 26% das exportações, com destaque para o ferro, cobre e manganês, que representaram 89% da comercialização de minério da Amazônia ao exterior.
A situação dos minérios mais extraídos na Amazônia, é esta: em primeiro lugar o ferro(35,2%), em segundo a alumina -bauxita(17,6%), em terceiro o alumínio(15,1%) e em quarto o cobre(11,3%).
Na pauta de transformação, destacaram-se as exportações de ferro gusa, alumínio e alumina, que representam 88% da exportação deste segmento na Amazônia Legal.
O extrativismo mineral representou 59,2% dos US$ 8 bilhões produzidos pela indústria mineral do Estado do Pará. O município de Parauapebas participou com 35,8%(minério de ferro), Barcarena com 33,3%(alumina e alumínio), Canaã dos Carajás com 10%(cobre), Marabá com 7,1%(ferro gusa e manganês),Oriximiná com 6,3%(bauxita), e outros com menor participação.
A extração e transformação mineral na amazônia tem contribuído para o crescimento do PIB nos municípios, vejamos o caso dos 10 primeiros colocados no Estado do Pará: 1º lugar, Belém(28,21%), 2º, Barcarena(8,03%), 3º, Parauapebas(6,72%), 4º, Marabá(5,91%), 5º, Ananideua(5,56%), 9º, Canaã dos Carajás(1,58%), e 10º, Oriximiná(1,42%).
Tratando-se de reservas, conhecidas, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial em Bauxita, com depósitos concentrados em três distritos principais: Trombetas(médio Amazonas), Almeirim(baixo Amazonas) e Paragominas-Tiracambú(plataforma Bragantina).
Expressivos depósitos de Caulim estão distribuídos em três principais distritos: Manaus(médio Amazonas), Almeirim(baixo Amazonas) e Capim(plataforma Bragantina). Ouro e Cassiterita, estão distribuídos pelas mais diversas áreas da região amazônica.
As jazidas de Ferro de Carajás, com seus 18 bilhões de toneladas de minério, corresponde à maior concentração de alto teor já localizada no planeta. Distribuídas em quatro setores principais: serra Norte, serra Sul, serra Leste e serra de São Félix ou serra Arqueada.
A pesquisa, extração e transformação mineral no estado do Pará ocorrem em quatro principais regiões: no Oeste, envolvendo os municípios de Oriximiná, Juruti, Monte alegre, Alenque e Óbidos; Nordeste, de Paragominas, São Domingos do Capim a Barcarena; Sudeste, Marabá, Cuiriomópolis, Parauapebas e Canaã dos Carajás; e Sul, Xinguara, Ourilândia, Tucumã, São Félix do Xingu, Rio Maria, Floresta do Araguaia, Santa Maria das Barreiras e Conceição do Araguaia.
As principais empresas de extração e transformação atuando no Pará, são: Vale, Anglo Americam, Alcoa, Albrás, Alunorte, Rio Tinto, Mineração Rio do Norte, CBA, Imerys Rio Capim Caulim S.A, Caulim da Amazônia S.A(CADAM/Vale), Pará Pigmentos S.A(PPSA/Vale), Xtrata e Caraíba Metais.
A CONTRADIÇÃO
A mineração na Amazônia tem se dado de forma espoliatória e predatória, desterritorializando populações tradicionais, degradando o meio ambiente, com poluição do ar, do solo, das bacias hídricas, desflorestamento, a destruição dos habitats naturais dos animais silvestres e destruição dos sitios arqueológicos.
São projetos dirigidos de fora para dentro da região sem que os povos amazônidas tenham a oportunidade de discutir e opinar sobre a viabilidade e necessidade dos empreendimentos.
Os núcleos urbanos próximos das áreas a serem mineradas passam por rápidas e indesejáveis transformações com o crescimento da população que migra motivada pela expectativa da empregabilidade. Os efeitos até então incontroláveis tem sido a elevação do índice de prostituição, da violência e de acidentes de trânsito.
As empresas aproveitam da conivência e submissão do Estado, das precárias condições que vivem a maioria das populações dos municípios onde elas se instalam, para através da manipulação da consciência das pessoas, com o discurso da chegada do desenvolvimento, criar um ambiente favorável para sua implantação.
Uma situação emblemática, que até hoje gera impacto negativo, foi a exploração do manganês, em Macapá. Depois da retirada de quase todo o manganês ficaram as crateras de até 170 metros de profundidade e um estoque de 70.000 toneladas de rejeitos, proveniente da extração de 34 milhões de toneladas de manganês, do processo de pelotização, com um percentual de arcênio muito superior ao encontrado no minério in natura.
Percebe-se pelas diversas experiências que o impacto da mineração é localizado, desestruturante e ao mesmo estruturante, ao modo que interessa às empresas. Desestrutura as comunidades locais, urbanas e rurais, provocando a migração de pessoas vindas de outras regiões e do campo para a cidade.
O aumento sem controle da população no entorno dos projetos constituindo grandes aglomerados nos núcleos urbanos, o aumento da criminalidade, o comércio de drogas, a superlotação nas escolas e a falta de serviços de atendimento à saúde para tanta gente, são impactos mais visíveis.
Sobre a população da área de Influência Direta(AID) da Vale, na região de Carajás, considerando os anos de 2000, 2005 e a projeção para 2010, os dados mostram um crescimento do ano de 2000 para 2005, no total da área, de 22,9%, e uma projeção de crescimento do ano de 2005 para o ano de 2010, de 92,9%. Registrando um total de habitantes no ano de 2000, de 344.386, no ano de 2005, de 423.361, e a projeção para o ano de 2010, de 817.268 habitantes.
Embora o crescimento da população total da área, do ano de 2000 para 2005, tenha sido de 22,95, mas no município de Canaã o crescimento foi de 88,3%, saltando de 10.921 para 20.570 habitantes.
A projeção do aumento populacional para 2010, no total da área, é de 92,9, mas é bom ressaltar que os índices por município variam de 61,2 %(Tucumã) a 197,9%(Canaã). Os maiores índices de crescimento populacional previstos são dos municípios de Parauapebas(107,3%), Ourilândia(139,1%) e Canaã(197,9%). Os outros municípios são: Marabá(81,2%), Eldorado(67,2%), e Curionópolis(77,2%).