domingo, 2 de março de 2014

Garimpeiros arriscam a vida em busca do “ouro verde”

Garimpeiros arriscam a vida em busca do “ouro verde”
No mês em que o mundo parou para ver o resgate de 33 mineiros em Copiapó, no deserto do Atacama, no Chile, a reportagem de Com Ciência Ambiental esteve visitando a Serra da Carnaíba, conhecida também como a “Terra das Esmeraldas”, localizada no distrito que leva o mesmo nome, no município de Pindobaçú, no norte da Bahia. Descoberto no final de 1963, o garimpo da Serra da Carnaíba continua sendo um lugar de cobiça e aventura, e o sonho de ficar milionário da noite para o dia continua vivo. Em cada “corte”, local onde se realiza o garimpo, a esperança de encontrar o veio das esmeraldas mantém homens e mulheres trabalhando 24 horas, alheios aos iminentes riscos de acidentes.
Para chegar até o local de trabalho dos garimpeiros, é utilizado um carretel, guincho usado para alçar e descer pessoas e materiais até o fundo das minas. Preso a um “cavalo”, espécie de cinta confeccionada com pedaço de pneu, os mineradores, chamados de garimpeiros, descem até o fundo das grunas (galerias onde se realiza o trabalho de extração de minérios), que podem chegar a mais de 300 metros de profundidade.
De baixo do chão, onde a temperatura é escaldante, beirando os 40 graus, os trabalhadores manipulam dinamite, respiram fuligem e estão sujeitos a desabamentos o tempo todo. Os garimpeiros reconhecem que o risco de morrer é real, mas segundo eles, pode compensar, uma vez que dois gramas de esmeralda de boa qualidade podem ser vendidos por até 5 mil dólares.
Na maioria dos “cortes” ou “serviços”, a exploração da esmeralda, conhecida também como “ouro verde”, é feita de forma rústica. Por exemplo, o ascensorista é quem controla o que sobe e desce – de pedras a pessoas. A máquina, movida a diesel, tem dois comandos: acelerador e freio. Geralmente a comunicação com o interior da mina é feita por meio de um tubo de PVC, usado como comunicador. 
Para se chegar a um veio de esmeraldas, é preciso cavar buracos verticais com até 300 metros de profundidade no solo rochoso. As minas são cavadas dentro de barracões cobertos, sendo invisíveis para quem anda nas ruas do garimpo. Para iniciar a perfuração de uma mina, é preciso instalar bananas de dinamite em fendas feitas com uma britadeira. À medida que se encontram veios de pedra preciosa e a rocha fica mais solta, os garimpeiros se valem de ferramentas mais "delicadas", como marretas e picaretas.
O trabalho de garimpo é pesado, dificultoso, muito perigoso e, o pior, nem sempre dele se obtém lucros. Milhares de pessoas trabalham no garimpo por necessidade e por não ter outro meio de vida.
Segundo informações da CCGA (Cooperativa Comunitária dos Garimpeiros Autônomos da Bahia), com sede em Pindobaçú, mais de 30 mil famílias têm o garimpo como sendo o único meio de subsistência.
Por meio da Portaria 119 de 19/01/1978 do Ministério de Minas e Energia, os garimpeiros têm autorização para trabalhar e sobreviver das esmeraldas de Carnaíba. Eles esperam do governo federal o reconhecimento da profissão. Por ser uma atividade com renda intermitente (possui intervalos), não há estabilidade, ou seja, não é gerado um fluxo contínuo e permanente de renda. Um dos principais objetivos da classe é lutar para a aprovação do projeto para transformar os garimpeiros em segurados especiais, com direitos previdenciários como aposentadoria.
Conforme dados da CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral), as zonas mineralizadas em esmeralda ocorrem em três áreas, totalizando 1.512,49 hectares, situadas no Distrito de Esmeralda de Carnaíba, em Pindobaçu. A zona mineralizada mais importante, e já investigada com sondagem, situa-se na parte da reserva garimpeira, em uma área com 41,54 hectares. O órgão presume que exista nas reservas de 7 mil a 13,4 mil toneladas de esmeraldas gemológicas e não gemológicas.
A CBPM não só realiza trabalhos de pesquisa em suas áreas, principalmente por meio de sondagem, como também dá apoio técnico aos garimpeiros e micro-empresários da região.
Impactos ambientais 
Os impactos mais comuns são resultados de garimpos de esmeralda sem nenhuma proteção, além do rejeito que é jogado sem tratamento a céu aberto. Ocorre também contaminação dos rios e aquíferos subterrâneos por causa da implantação de fossas em um grande número de casas. Outro fator de contaminação é o lixo jogado na rua e a não existência de esgotamento sanitário, sendo os esgotos domésticos lançados diretamente no rio sem tratamento. Outro grande impacto negativo é o desmatamento em áreas sujeitas à erosão forte provocada pela alta declividade e a composição areno-argilosa dos solos. A partir de estudo realizado, a área foi caracterizada como de risco ambiental para população.
Já a Cooperativa Comunitária dos Garimpeiros descarta a possibilidade de haver riscos ao meio ambiente, alegando que “a reserva garimpeira de Carnaíba fica situada no semiárido baiano, em meio à Caatinga e a lugares formados por muitas rochas”, o que atenua os prejuízos ambientais. 
A entidade que representa os garimpeiros garante que o trabalho de garimpagem causa pouquíssimo impacto ambiental, pois as minas são subterrâneas e não a céu aberto e também pelo fato de os explosivos usados não causarem efeitos fisiológicos, porque são ecológicos. “Sou ecologista e respeito a natureza. Se devemos ter consideração e cuidados com aves e animais silvestres, muito mais consideração e respeito devemos ter pelo ser humano”, garante Antonio Caldas, presidente da Cooperativa Comunitária de Garimpeiros.
Indianos 
Os indianos são os principais compradores do que é extraído em Carnaíba. Os ‘bagulhos’, pedras de pequeno valor, são denominadas também de “pedras indianadas”, por conta do interesse dos inidianos por esse tipo de material. “As esmeraldas de Carnaíba, em sua maioria, são escórias denominadas de lixo, ou pedras indianadas, cujo mercado brasileiro rejeita para compra. Somente quem se interessa pelas esmeraldas bagulho são os indianos. Eles vêm trazendo o dinheiro da Índia para Carnaíba, o que gera renda e meio de sustentação a mais de 30 mil famílias garimpeiras”, disse Antonio Caldas, rebatendo em seguida a alegação de que o comércio das pedras não gera tributos. “Com aquilo que no Brasil é considerado lixo, geramos tributos fiscais, renda e impostos para os cofres públicos do Estado da Bahia e do nosso país”.
Prostituição 
A presença de vários garimpeiros solteiros ou daqueles que deixam as suas esposas na sede do município, ou em outras cidades, tem atraído prostitutas para os pequenos bordéis existentes na localidade. Segundo Caldas, os problemas do Garimpo da Carnaíba são comuns aos que acontecem na maioria das áreas de exploração mineral. “Claro que é inevitável haver promiscuidade no garimpo. Isso acontece atualmente em qualquer lugar, e em qualquer cidade, povoado e bairros nobres de qualquer capital no mundo. No Garimpo da Carnaíba e Serra da Carnaíba, existem várias igrejas evangélicas e a maioria dos donos de garimpo são evangélicos. Eu mesmo não bebo, não fumo, sou vegetariano e ecologista, além de ser temente ao Deus de Abrão, Isaque e Israel”, ressaltou.
Sobre a existência de trabalho infantil, apesar de a reportagem ter flagrado crianças trabalhando, Caldas garante que denúncia formalizada ocorreu apenas uma vez, ainda na década de 1970, “mas foi corrigido à época e nunca mais aconteceu”.
Histórias 
De sua descoberta até hoje, várias são as histórias que marcaram e ainda marcam a vida de diversos seres humanos que tiveram alguma ligação com o garimpo. São muitos casos de garimpeiros que, em um piscar de olhos, ficaram milionários. Também é comum encontrar muitos desses “milionários” que hoje vivem em dificuldade. “Tem muita gente aqui que ganhou fortuna, mas ficou pobre da noite para o dia. Não soube empregar bem o dinheiro, gastou com carros, viagens, farras e hoje vive trabalhando para outros garimpeiros”, relata o goiano Valter Oliveira, que há mais de vinte anos reside em Carnaíba. “Aqui teve um garimpeiro que ganhou tanto dinheiro que pegava um cordão de náilon e amarrava cédulas no fundo do carro e saía arrastando pelas ruas. Quando alguém perguntava: por que você está fazendo isso? Ele respondia: eu corri muito atrás delas (das cédulas), agora elas é que correm atrás de mim”, conta com humor o garimpeiro.
Alexandro Souza de Santana, 24 anos, é filho de dono de ‘serviço’ e, apesar de novo, comemora a aquisição do primeiro carro, da pequena fazenda e da casa própria. Na opinião de Santana, que tem apenas o ensino fundamental incompleto, o garimpo é o melhor lugar para quem não tem “estudo”. “Mesmo sendo perigoso, o garimpo permite às pessoas que não estudaram ganhar dinheiro. De vez em quando morre gente em acidente com boi”, conta Alexandro.
Reinilde Maria dos Santos, de 50 anos de idade, sustenta os cinco filhos com o dinheiro que ganha com a venda de alexandrita. Segunda ela, um quilo do refugo de pedras pode lhe valer até 600 reais.
Gildean Silva Ribeiro, subgerente da empresa de mineração Beira Rio, comemora a compra do seu Eco Sport e de sua fazenda, com algumas cabeças de gado. Ele diz que a pedra está difícil de ser encontrada, mas acredita que com paciência muita gente ainda vai mudar de vida. Já o proprietário da empresa onde Ribeiro trabalha orgulha-se de dizer que seus funcionários melhoraram suas condições financeiras. Quanto à questão de segurança, diz prezar pela saúde dos garimpeiros. “A segurança é um quesito essencial na nossa empresa. Não trabalhamos sem os equipamentos de proteção individual”, garante o empresário.
O garimpeiro Edemilson Nery de Oliveira, conhecido por Neguinho, de 35 anos, é responsável pelas montagens das gambiarras, instalações elétricas nas galerias. Natural de Jacobina, Bahia, trabalha há 12 anos na Serra da Carnaíba e diz não pensar em voltar para a terra natal. “O garimpo é minha vida”, declarou.
Imprensa nacional 
Tema de matéria publicada na edição de número 49 da extinta revista O Cruzeiro, em 7 de dezembro de 1968, o Garimpo da Carnaíba de Cima teve sua história abordada pela primeira vez por um meio de comunicação de circulação nacional. O texto evidenciava o início da garimpagem, ocorrido entre os anos de 1960 e 1963. Naquele momento a população passava por dificuldades financeiras por conta da falta do Ouricuri e Babaçú (espécies de cocos), produtos de onde se extraiam suas amêndoas para comercialização. Por esse motivo, a atividade de garimpagem de esmeraldas passou a ser o principal meio de trabalho, sobrevivência e única fonte de sustento das famílias.
Estrutura e funcionamento do garimpo*
Não existe discriminação étnica, de gênero ou de classe social no garimpo. Todos trabalham juntos. A extração mineral é a principal atividade econômica do município. Apesar disso, não há investimento, como se deveria, na extração desses minerais e na segurança de quem os procura. A extração mineral é peculiar aos garimpos e em galerias subterrâneas, normalmente sem uma análise prévia. No garimpo de Carnaíba, a técnica de mineração é feita ainda artesanalmente. A desorganização começa desde o local escolhido para instalar uma mina, pois o processo de escavação da galeria é na encosta, onde os garimpeiros montam o serviço de extração, até a sua estrutura interna e o seu modo de funcionamento. 
Nessas encostas, os garimpeiros constroem barracões cobertos e ao centro cavam um buraco vertical até encontrarem o veio de esmeraldas, sendo invisíveis para quem anda nas ruas do garimpo. O garimpeiro compra um corte, isto é, um lote, e contrata alguns trabalhadores para furar a mina. O poço cavado verticalmente é geralmente chamado de frincha. Para iniciar a perfuração de uma mina, precisa-se instalar bananas de dinamite em fendas feitas com uma britadeira. Os trabalhadores descem e sobem clipados em um cavalo. O pó do xisto se espalha no chão, na boca do serviço, e, ao misturar-se com a água que brota da rocha, deixa o piso liso, provocando acidentes. Garimpeiros já caíram de uma altura de aproximadamente 60 metros. 
O garimpeiros acompanham esse veio, formando uma gruna, que pode conter ou não as gemas. A estrutura das grunas também é um risco, pois na maioria das vezes os trabalhadores têm de andar quase que agachados, pelo fato de o teto ser baixo e em algumas partes ficar caindo pedras. Por isso, colocam esbirro em algumas grunas. 
Sob a terra do garimpo, esses serviços parecem um formigueiro. A estrutura interna de uma mina é composta por vários equipamentos fundamentais ao serviço. As minas funcionam 24 horas diárias. O número de guinchos depende do número de porões, para cada porão um guincho, no “Brasil” (parte externa) tem o primeiro, que é acompanhado de um compressor de ar para a britadeira realizar a perfuração das rochas, a ventoinha para retirar a fumaça das explosões, um padrão de luz para realizar a detonação e um cano de PVC que os garimpeiros utilizam para fazer a comunicação com o “Japão” (parte interna), onde o guincheiro dá uma assoprada no cano e no fundo da mina os trabalhadores respondem com outro assopro, realizando-se a comunicação. A maioria dessas escavações, ou cortes, acompanha o sentido do riacho que se despeja de uma altura de mais de dez metros da serra.
O garimpo está divido em dois trechos de exploração. Sendo trecho velho e trecho novo. Em parte do trecho velho, em 1969, houve um desabamento resultado da infiltração de água na encosta que provocou o deslizamento. Testemunhas contam que só ouviram o forte barulho e a grande nuvem de fumaça subir. Alguns corpos foram resgatados, mas até hoje não se sabe ao certo o número de pessoas que morreram. O acidente ainda é muito comentado entre os moradores locais. 

Glossário de alguns dos termos utilizados no garimpo de esmeralda
Arroio - entulho. Deriva da corruptela de roia, rolha. Rocha que impede o acesso ao veio do mineral procurado 
Bagulhos - esmeraldas brutas de baixo valor
Berilo - exemplar de esmeralda bruta com forma prismática bem definida
Bestunta - na bestunta: ao acaso, de forma aleatória
Biriba - esmeralda lapidada de baixo valor
Boi - grande bloco de rocha ou de mineral extraído do garimpo
Canga - exemplar de mineral para coleção. Corruptela de ganga
Carretel - guincho para alçar e descer pessoas e material da gruna
Cavalo - espécie de cinta confeccionada com borracha na qual o garimpeiro senta ou se engancha para descer ou ser alçado da gruna
Corte/Serviço - local onde se realiza o garimpo. Conjunto de grunas de onde se extraem esmeraldas e outros minerais. O mesmo que serviço
Desarroiador - garimpeiro encarregado de remover o arroio que bloqueia o acesso ao mineral buscado
Estanho - subproduto da extração de esmeraldas, cujo quilo é vendido em média por 25 reais; 
Gruna - galeria onde se realiza o trabalho de extração de minérios
Malado - quem ganhou muito dinheiro
Vazar - encontrar esmeraldas

Injustiça Cristalina

Injustiça Cristalina

<i>Garimpeiros extraindo o quartzo de uma galeria. Foto: Arquivo Casef</i>.
Garimpeiros extraindo o quartzo de uma galeria. Foto: Arquivo Casef.
O quartzo é a rocha que sustenta a vida dos trabalhadores em Buriti Cristalino. É a matéria prima para fibras de óculos, relógios e bijuterias nas grandes cidades, por exemplo. Segundo o geólogo João Victor Campos, “o quartzo (SiO2) é um silicato que ocupa o grau 7 na escala de dureza Moss. Ocorre na natureza como importante constituinte em rochas ígneas, tais como granitos, pegmatitos e riolitos. Existem em diversas cores e por isso são largamente usados como ornamentos, principalmente em jóias. Também conhecidos como “cristais de rocha”, têm largo emprego nas indústrias de equipamentos óticos e elétricos”.
Há em Buriti, principalmente, o quartzo puro e o quartzo rutilado. Aquele transparente e este com uma espécie de risco interno natural, que garimpeiros chamam de “cabelo” e que atribui mais valor à pedra. As minas ficam em terras devolutas requeridas pela Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras (CASEF), que possui seis licenças renovadas de três em três anos. O prefeito, Litercílio Júnior (PT), está lutando para aumentar para cinco. Essas licenças são autorizadas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral.
Quartzo puro e quartzo rutilado, na janela da cooperativa, com a caminhonete da Casef ao fundo. Foto: Eduardo Sá.
Quartzo puro e quartzo rutilado, na janela da cooperativa, com a caminhonete da Casef ao fundo. Foto: Eduardo Sá.
Os garimpeiros se reúnem em grupos e rateiam o que vendem, 10% vai para a cooperativa que arca com o custo das licenças e dos meios de produção. Eles têm apenas dois compressores, duas perfuratrizes e dinamites para formar e explorar a galeria subterrânea. Os explosivos, comentou seu Antônio Cléber, membro da cooperativa, começaram a ser usados há apenas cinco anos, antes era a base de picareta mesmo, no braço. Questionado sobre como se sabe onde tem a rocha, disse que é na base do risco, uma coisa meio intuitiva, na voz da experiência, pois fica debaixo da terra. Vão tentando até achar, num sol que ninguém merece.
Seu Antônio trabalha no garimpo desde os 8 anos. As crianças pegam tarefas leves, mas trabalham desde cedo no garimpo, explicou. Ele está com 52 anos e até hoje não sabe quanto vale o quilo da mercadoria, tampouco quanto é o preço do produto final no mercado: “o ouro você sabe quanto vale a grama pelo menos, chega um cara mais espertinho aqui e bota preço naquilo que a natureza criou”, diz. O quilo pode variar de 50 centavos a 500 reais, complementou. Já conseguiu ganhar 500 contos no mesmo quilo que a princípio valia 20, é tudo na pechincha, na lábia, não existe qualquer contrato ou carteira de trabalho, varia de acordo com a “qualidade” da pedra e quantidade de produção da jazida.
Um problema grave nesse cenário é a locomoção, pois a CASEF possui apenas uma Toyota para transportar o material. A sabedoria popular é simples e clara, vai direto ao ponto. Veja o exemplo que o Seu Antônio deu para explicar a situação: “um dia desses comprei umas telhas por 150 reais, só o frete para trazer custava 250”, tal a dependência que eles têm para escoar a mercadoria. Sem falar nas condições das vias de acesso, são as piores, terra cheia de pedras, beirando precipícios em alguns trechos. Do galpão do garimpo até Brotas são 28 Km, uns cinquenta minutos na Toyota da cooperativa, sem a carga. Nela cabe cerca de uma tonelada da substância.
Da esquerda para a direita, os garimpeiros: Marco Antônio Quinteiro, Lourivaldo Pereira da Silva e Antônio Cléber, na ativadade em Buriti Cristalino. Foto: Eduardo Sá
Da esquerda para a direita, os garimpeiros: Marco Antônio Quinteiro, Lourivaldo Pereira da Silva e Antônio Cléber, na ativadade em Buriti Cristalino. Foto: Eduardo Sá
Segundo Marco Aurélio Quinteiro, a Casef foi fundada em 1990 em resposta a um grupo de empresários que queriam ficar com as terras da região. Os garimpeiros conseguiram ficar com mais ou menos 6 mil hectares, mas “as principais áreas os empresários seguraram”, criticou. Já Olderico, também cooperado, afirma que a Casef veio com a nova Constituição, seguindo a nova regulamentação. Ambos ressaltaram que a cooperativa foi financiada por um belga, Tierry De Durghgrave. A prefeitura não tinha interesse, o gringo conseguiu suporte financeiro da sua terra natal.
Quinteiro explicou que o trabalho no garimpo é realizado o dia inteiro, de abril a outubro, na época da seca; quando chove vão todos trabalhar na agricultura: “mas isso é por causa das condições mesmo, se tivéssemos um mercado ficaríamos direto”, desabafou. Antônio Cléber, por sua vez, lembrou que “a prefeitura era contra a cooperativa, o maquinário precisava de água e tirava parte do poder de dominação dela”. O atual prefeito, Litercilio Júnior (PT), que tomou posse no ano passado após anos de dominação de um coronel da região, declarou que “o município tem o compromisso de criar condições, como estradas e abastecimento de energia. Inclusive nós já temos no garimpo, com o prefeito de Oliveira dos Brejinhos, um projeto para fazer uma ação conjunta entre as prefeituras e a cooperativa para tentar melhorar o acesso e ter mais possibilidades de transitar veículos maiores para escoar o material do garimpo”.
“Existe uma máfia horrorosa aí, além dos chineses tem os atravessadores”, denunciou José Lima de Souza. Ele também trabalha com as pedras e, como os seus colegas, acredita que o desafio da cooperativa está em conseguir lutar por uma fatia do mercado. Isso é o pior de tudo, o negócio se dá com chineses, ninguém sabe como eles chegaram à região, essa relação tem mais de 30 anos, aparecem por lá com freqüência. “Me parece que isso sai tudo contrabandeado, os chineses não pagam os impostos como devem ser pagos e quem perde é o município e o Brasil”, criticou Lourivaldo Pereira da Silva, outro garimpeiro.
A China, noticiou o Le Monde Diplomatique Brasil de setembro, fez um acordo com a República Democrática do Congo em função da exploração dos minérios africanos, como o cobalto e o nióbio. Em contrapartida, os orientais vão investir na infraestrutura do país com um avanço tecnológico, através da fibra óptica que viabilizará a energia elétrica, ainda à base de velas, e as comunicações, por exemplo. No Brasil, nesse caso do sertão baiano, é rapina mesmo, tudo feito de maneira ilícita.
O trabalho coletivo dos garimpeiros na extração do minério, no sertão da Bahia. Foto: Eduardo Sá.
O trabalho coletivo dos garimpeiros na extração no sertão da Bahia. Foto: Arquivo Casef.
Lourivaldo, estranhando minha presença, percebeu que eu estava entrevistando os garimpeiros sobre o assunto e se aproximou para contar uma história recente: há mais ou menos dois anos, um caminhão partiu de Oliveira dos Brejinhos, município próximo a Buriti, com tambores cheios de quartzo, ninguém sabe qual era o peso. Não eram da cooperativa, a Polícia Federal o abordou no meio da estrada, Lourivaldo não soube explicar direito, mas o fato é que mataram o motorista. Um chinês apresentou as notas de despacho à polícia, no final das contas soube-se que pagaram 300 mil para o estado numa mercadoria que devia valer cerca de 3 milhões de reais. Lenda ou não, o que importa é que essas questões estão na consciência dos trabalhadores que não podem fazer nada: o povo sabe que é um insulto a proporção do que recebem em relação ao valor total da mercadoria.
Mesmo sem entender nada do assunto, não perdi a oportunidade de meter o bedelho onde não fui chamado. Marco Aurélio pegou duas pedrinhas pequenas, para me ensinar a diferença entre o quartzo puro e o rutilado, cujos valores são bem diferentes. De cara, logo falei: ué, mas esse puro é muito mais bonito, o rotulado parece que está trincado por dentro. Ele também acha, disse que sempre teve esse pressentimento de que os caras não pagam mais barato nesse para ganhar mais lá fora; não dá para saber. Antônio Cleber, ouvindo o papo, refletiu e disse que nunca tinha pensado nisso: é uma hipótese a não ser descartada.
O maior geógrafo que o Brasil já teve, Milton Santos, nasceu em Brotas de Macaúbas. Em um de seus livros ele critica a “vocação usurária dos intermediários” e que os “pobres não são economicamente marginais, mas explorados, não são politicamente marginais, mas oprimidos”, em referência ao subdesenvolvimento das populações periféricas. Vale a citação, precisa e pertinente, uma defesa dos seus conterrâneos numa questão pontual diante de um problema estrutural em nosso país.
“O QUE NÓS TEMOS CERTEZA É QUE A PESSOA QUE MENOS GANHA COM A PEDRA É O CARA QUE TIRA ELA”, DIZ O GERENTE DA COOPERATIVA
olderico


Olderico Barreto é irmão de Zequinha, guerrilheiro morto junto ao capitão Carlos Lamarca na resistência à ditadura militar nos anos 70. Ele foi um dos sobreviventes da operação Pajussara, em Buriti Cristalino, onde foi preso e torturado, hoje é gerente da Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras (CASEF) e espécie de líder comunitário em Brotas de Macaúbas, no sertão da Bahia. A região, integrada à Chapada Diamantina, já foi ponto de exploração de ouro e diamantes, atualmente ainda é rica em quartzo. Em entrevista ao Fazendo Media, Olderico conta como é feita a extração dessas pedras, a situação precária  dos garimpeiros nesse contexto, a dependência que têm dos atravessadores e o desafio de tentar tirar uma fatia do bolo desse mercado riquíssimo.

Eu gostaria que você começasse contextualizando essa história da extração do cristal aqui na região, como funciona a produção?

A produção de quartzo dessa região, a exploração, iniciou na década de 30 e até hoje essa pedra é explorada. Foi tirado o quartzo da superfície, mas ainda há muitos veios de quartzo “engrunados” nesses morros. Eu tenho uma noção, através de um estudo que estamos fazendo, de que tem mais quartzo do que o que já tiramos porque os veios mergulham e afloram e só foi mexido nos afloramentos. Então por essa lógica nós não tiramos provavelmente nem ¹/4 desse quartzo que existe aqui.
É uma região rica que tem um quartzo industrial da melhor qualidade por quilo do Brasil. Eu acho que do mundo, porque hoje eles buscam alternativas na África, em Madagascar, e lá o quartzo com certeza não tem a qualidade do nosso industrial. Temos o quartzo ornamental também que é muito lindo e todas as modalidades: o quartzo hialino, o fumé, o rutilado e o citrino, que é amarelinho. Todas essas pedras são queridas no mercado ornamental e as suas rochas no campo industrial.
Nesse cenário, como são as condições de trabalho dos garimpeiros na extração?
A cooperativa trabalha obedecendo a legislação mineral e ambiental, então nós trabalhamos buscando o mínimo de risco. Mas nós conhecemos lavras clandestinas aonde não se usa máscaras: quando fura o silício vai para o pulmão do cara e mata ele. Nós temos caras que pedem, porque todos os operadores do compressor dele já morreram na década passada por falta da utilização de protetor. Mas no nosso caso, o associado é sócio da cooperativa, ele não é um empregado, o que ele tira é dele e ele dá uma porcentagem para a cooperativa. Hoje, da lavra livre que ele trabalha, ele dá 10% apenas.
Os garimpeiros que eu conversei falaram que é tudo na base da pechincha, ninguém soube dizer qual é o lucro no dia a dia. Como não tem contrato, como fica essa questão da grana que a pessoa tira?

Não tem contrato. Rapaz, o quartzo industrial dá para você ter uma previsão de quanto se tira por mês. Existem jazidas que você explode e pode tirar até dez toneladas/dia, mas há também garimpos, caças, que você pode tirar 10 kg, 5 kg, ou às vezes nenhum, mas dá para você ter uma média de produção mensal. Já o quartzo ornamental não há como medir porque você pode passar um ano sem produzir absolutamente nada e de repente você está em cima de uma jazida e arranca duas, três toneladas, e até enriquece: já vi cara comprar até avião de uma jazida.
Pedras de quartzo, amostras que ficam na cooperativa para a negociação. Foto: Eduardo Sá.
Pedras de quartzo, amostras que ficam na cooperativa para a negociação. Foto: Eduardo Sá.
Tem aquela coisa sazonal também, de que quando chove o pessoal vai para o campo trabalhar a terra, né?
É isso, quando chove ele é agricultor porque até se tiver “abrizado” a lavra ele abre uma capa, ela enche d’água, aí no outro dia ele chega. E assim todo mundo tem a sua rocinha, todo mundo é agricultor, então começa a chover eles vão para as suas roças e abandonam até terminar o período da chuva quando eles voltam para o garimpo. Com as águas são boas e têm uma boa lavoura, ele até demora a voltar para o garimpo, mas nos anos secos e no período seco eles são garimpeiros e sobrevivem dessa atividade. E no sistema manual, é uma garimpagem de subsistência.
Não dá para estipular uma média, então?
Não dá de maneira nenhuma, é uma coisa de subsistência mesmo. Agora, pode ocorrer de você encontrar grandes bolsões mineralizados e produzir: é comum às vezes as pessoas fazerem 100, 200, 500, até um milhão de reais em lavra de quartzo.
Qual a razão da fundação da cooperativa?
A cooperativa veio com a nova constituição, com a nova legislação. Nós vivíamos aqui um regime de matrícula que permitia a garimpagem individual e coletiva nas lavras sem nenhum licenciamento. E eles pagavam apenas uma taxa e conseguiam uma matrícula que lhe permitia circular dentro do território nacional com as cinco toneladas. A partir da extinção desse regime de matrícula, criaram um regime de permissão de lavra garimpeira que é amparado pela constituição federal no artigo 174 e tem a lei 7.805 específica para normatizar a vida dessas pessoas.
Os garimpeiros criticaram muito a situação do atravessador e não têm noção de qual o preço do produto na ponta do mercado. Aonde entram os chineses nisso e como você vê essa questão do mercado?
O que nós temos de certeza absoluta é que a pessoa que menos ganha com a pedra é o cara que tira ela. Eu tenho um exemplo que é bem sintomático, o próprio grande comprador de pedra me contou ali em baixo do galpão da cooperativa que comprou uma pedra – a melhor pedra que teve aqui nessa região, parece que faltaram 4 kg para 1 tonelada – completamente limpa e cheia de rutilo, um cabelo loiro muito bonito e sem nenhuma inclusão, muito transparente. Esse quartzo o cara pediu 7 milhões e meio, pediu para efetuar o pagamento em dois cheques: como ele estava com dificuldades com folhas de cheque aqui fora do banco e tudo, e na lavra querendo comprar mais coisas, questionaram por que duas folhas de cheque e não uma. Ele falou: a de 500 mil é para o cara que arrumou a pedra e a de 7 milhões é dele que vendeu. Ali, naquela distância, ele já teve uma margem de lucro dessa.
Mais que todos os trabalhadores juntos…
O garimpeiro que tirou a pedra, e era um grupo, ganhou meio milhão e ele sete porque atravessou. E o cara na frente que comprou é quem vai enriquecer ainda, então é uma cadeia que fica a ponta no garimpo e a pirâmide vai se abrindo. Você está entendendo? O garimpeiro fica bem na pontinha como a pedra, a parte mais fina da coisa fica na mão dele.
Entrada da cooperativa, na ocasião ocorreu a assembleia de inauguração do Instituto Zequinha Barreto em Brotas de Macaúbas. Foto: Valdemi Silva - PT/Osasco.
Entrada da cooperativa, na ocasião ocorreu a assembleia de inauguração do Instituto Zequinha Barreto em Brotas de Macaúbas. Foto: Valdemi Silva - PT/Osasco.
Nesse contexto, os chineses entram aonde?
Os chineses saem de lá, atravessam esses oceanos todos, vêm aqui e dizem o valor da pedra que ele quer comprar. Ele é que dá o valor, imagine você indo comprar ouro lá na China e como você pagaria o quilo, é mais ou menos assim a coisa. Ou indo comprar ouro lá no Maranhão na mão dos índios dentro da selva, a que preço você fornecia se é você quem dá o preço? E pior ainda que quando tem um quartzo grande, acima de 100 kg, eles quem dão o peso também. Então eles dão o preço e dão o peso, em material de 100 kg, 200 kg e 500 kg. Como o cara não tem balança, eles dizem o peso e o preço e ficam com o material.
E imposto nada, tudo contrabandeado?
É tudo clandestino, a lavra clandestina com a comercialização clandestina. Então foi nessa coisa que a cooperativa entrou para criar condições de exportar isso, de formalizar essa economia e atrair divisas para o município, ao Brasil, gerando emprego e renda. O desafio da cooperativa é chegar no mercado internacional vendendo e recebendo isso em dólar ou outra moeda. E já deixando suas divisas no Banco do Brasil, distribuir para o associado em real e assim por diante.
A cooperativa foi fundada no dia no dia 1º de janeiro de 1990, baseada numa lei que foi de 88, a lei 7.805 de 17 julho deste ano, então a cooperativa precisa e deve caminhar nessa direção de regularização dessa atividade aqui nessa área.
Por outro lado, tem uma questão paradoxal que você citou quando estávamos na cooperativa: os chineses são os que pagam melhor, não é?
Dizem que há um divisor tecnológico entre a China e o resto do mundo que é esse rutilo, então quando eles chegam e vêem que tem outro comprador eles pagam melhor porque são os que melhor utilizam. O que a gente deduz desse processo todo é que os outros países utilizam o quartzo rutilado apenas como ornamental, pela beleza dele para ornamentos.
A China utiliza para um processo de industrialização, um processo tecnológico. Então onde há concorrência eles chegam, colocam um preço melhor e levam, não significa que eles paguem bem. Se eles perceberem que tem alguém querendo comprar aquilo com a finalidade industrial eles chegam e põem um preço acima, porque sabem que eles dão outra valorização e destinação à mercadoria. Eles atravessam todo esse oceano e vêm atrás dele, prioritariamente atrás do quartzo rutilado, há quem diga que eles têm um processo tecnológico avançadíssimo e essa substância representa para eles o avanço que diferencia a China do resto do mundo.

CRISTAL RUTILADO DA REGIÃO DE NOVO-HORIZONTE-BAHIA

  CRISTAL RUTILADO DA REGIÃO DE NOVO-HORIZONTE-BAHIA

  Quartzo Rutilado ou Cristal rutilado a maior economia da região de Novo Horizonte- Ibitiara- Bahia, saiba tudo sobre esse mineral muito caro.

Cristal rutilado da Região de Novo Horizonte-Ba

Quartzo rutilado em novo Horizonte -Ba

QUARTZO

CRISTAL-DE-QUARTZO ou AGREGADO DE CRISTAIS DE ROCHA
Gema citada na Bíblia (Job 28:17).
As 3 fotografias do sítio Portal das Joias mostram quartzos.
O cristal-de-rocha é o mais comum de todos os cristais. Pedernal (pederneira) é o quartzo comum, arredondado pelo transporte em águas dos rios...
Como vimos, cristal é um termo genérico. Diz-se de todos os minerais que têm a forma cristalina, ou seja já nasce como cristal, como o quartzo que é um cristal!
O quartzo-puro é conhecido como “cristal-de-rocha” ou simplesmente quartzo.
O quartzo-violeta é conhecido como “ametista”.
O quartzo-amarelo é conhecido como “citrino”.
O quartzo-rosa é conhecido como “quartzo-rosa”.
O quartzo-verde é conhecido como “aventurina” e por aí vai...

Quando possui as cores amarela, parda ou avermelhada, provocadas por óxido de ferro, recebe o nome de quartzo-ferrífero. Muitas vezes ele forma cordões, ou filões de preenchimento de cor branca leitosa, em rochas distintas.
“Entre as muitas variedades do quartzo, a mais abundante é o quartzo-incolor, muito conhecido pelos nomes de quartzo-hialino e cristal-de-rocha. Essa segunda denominação é muito infeliz, porque todos os minerais formam cristais e todas as rochas são compostas de minerais... Para piorar ainda mais as coisas, os dicionaristas escrevem cristal de rocha (sem hífen). Quem escreve assim está falando de um cristal qualquer de uma rocha qualquer, não de uma variedade de quartzo de características bem definidas”, diz o geólogo Pércio de Moraes Branco (museugeo@pa.cprm.gov.br).
Quartzo é um mineral formador de rochas, pois o quartzo se encontra em quase todos os tipos de rochas, também uma pedra ornamental e uma gema.
Por causa de suas propriedades, ele é dificilmente atacável, seja por via mecânica, seja por via química. Por esse motivo é o mineral mais abundante na terra. O nome quartzo tem se mantido em sua forma primitiva, não tendo sofrido qualquer alteração posterior.
Quando componente principal das rochas, ele se apresenta na forma de quartzo cristalizado, vítreo, incolor e transparente, ou como quartzo-comum, opaco, quartzo-leitoso ou quartzo-filoniano. As variedades coloridas são pedras ornamentais muito apreciadas.
Brilho: vítreo, traço branco, fratura concóide e estilhaçáveis, não exibe clivagem, é muito estável, sendo atacado somente pelo ácido fluorídrico. As formas trigonais bem cristalizadas apresentam, usualmente, prismas hexagonais e faces romboédricas nas extremidades.
Além de seu emprego em joias, o quartzo é muito usado pelos terapeutas que empregam cristais. Importante como matéria-prima na indústria eletrônica, como abrasivo, nas indústrias de vidro e cerâmica.
É utilizado também no campo da técnica para a obtenção de ultra-sons (por causa de suas propriedades piezoeléctricas) e para o controle de emissores e relógios. Na fabricação de vidros de alta qualidade, esses vidros são chamados de cristal, o que vem aumentar ainda mais a confusão de nomes envolvendo o quartzo...
Copos de cristal, lustres de cristal, entre outros, são feitos de vidro, que não é matéria cristalina. Por isso, quando se fala de quartzo-incolor, deve-se usar o nome correto, cristal-de-rocha, e não apenas cristal...
Abaixo (lado esquerdo da tela), quartzo-leitoso, foto do sítio Companhia das Gemas. Lado direito, cristal-abacaxi ou quartzo-abacaxi, curioso tipo de cristal-de-rocha, foto by Portal das Joias.
Um elemento importante para o reconhecimento do quartzo são as estrias sobre as faces prismáticas. Encontra-se em geados, filões, cavidades e drusas.
No Cazaquistão, por exemplo, foi encontrado um cristal, em 1958, com a altura de uma casa de dois andares, pesando 70 toneladas. As drusas, agregados de cristais desenvolvidos sobre uma base plana, podem conter, no caso do quartzo-incolor, milhares de cristais, totalizando centenas de quilogramas. A maior já encontrada tinha 784 kg!
Fórmula: Si O2 (anidrido silício, denominado sílica). D: 7. DR.: 2,65.
Localidades: O Brasil é o maior produtor mundial de quartzo, com jazidas principalmente em Minas Gerais, Goiás e Bahia, particularmente na região do Planalto Central, próximo ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Também é encontrado na Espanha, Alemanha, Alpes, Urais, República de Madagáscar.
Analogias: Energia: projetiva, receptiva. Planeta: Sol, Lua. Signo Leão. Elemento: fogo, água. Chakra: coronário, todos. Tarô: O Mago.
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Para aqueles que gostam: Significado Esotérico
A pura luz branca emitida através dele, por conter todas as cores, possui qualidades regeneradoras e energizantes. É fonte de força cósmica, ideal para sessões de cura. Possui uma aura radiante, muito forte, indicada para harmonizar o ambiente. É o cristal da sabedoria, do misticismo e da clarividência, usado como um amplificador poderoso. Dá proteção contra todos os tipos de radiação. É extremamente eficiente em radiodifusão e armazenamento de formas-pensamentos.
O cristal de quartzo, o mais comum de todos os cristais, costuma ser colocado no alto da cabeça, no chakra da coroa, e diz-se que ele estimula a glândula pineal, sensível à luz, e ativa a consciência superior. Objetivo: cura, psiquismo, poder, equilibra as emoções, excelente para a meditação, desfaz negatividade no campo energético da pessoa e do ambiente.
É a pedra da vitória, auxilia vencer a ansiedade e ajuda a percepção intuitiva. Proporciona um equilíbrio emocional, físico e mental. É uma pedra universal que reflete todas as cores do arco-íris. É a pedra vocacional, antidispersivo, é muito usado por bruxos preguiçosos. Ele deve ser guardado num saquinho de couro com ramos secos de arruda, avenca, hera e um pouquinho de tabaco.

QUARTZO-AZUL (BLUE QUARTZ) – Uma forma muito rara de se encontrar. Usado na Lemúria para abrir o chakra cardíaco, aumentar a longevidade e auto-expressão. Promove paz e tranquilidade, auxilia no desenvolvimento da paciência, tolerância e compaixão. É calmante anti-inflamatório e regula os hormônios. Útil contra os desconfortos do período menstrual. Favorece as relações e a expressão, estimulando o comportamento casual e espontâneo.
Quartzo-azul
QUARTZO-ENFUMAÇADO ou QUARTZO-FUMÊ – Uma das mais brilhantes de todas as pedras escuras, o quartzo fumê supostamente transforma a energia espiritual do corpo em poder curativo, quando posto sobre o chakra da raiz. Os terapeutas dizem que o quartzo fumê deve ser usado com cuidado. Ligeiramente escuro, com inclusões aciculares de rutilo. Apresenta com frequência, inclusões de amianto, clorita, turmalina. Localidade: Brasil (Minas Gerais). Inicia o movimento de Kundaline. Excelente para meditação. Alinha os três chakras de baixo. Dá proteção, ensina o caminho da luz, quando se está dentro da escuridão.
Quartzo-fumê, foto do sítio Companhia das Gemas.
QUARTZO-ROSA ou RÓSEO (ROSE QUARTZ) – Frequentemente com fissuras e ligeiramente transparente, sua cor, pouco resistente à luz, varia entre o vermelho-claro, róseo e violeta-claro. A substância corante é o manganês. Muitos deles encontrados no mercado, foram coloridos artificialmente com óxido de ferro. Localidades: Brasil, República de Malgaxe, EUA, Urais, Áustria. Sua cor suave e calmante, serve para curar mágoas acumuladas pelo coração, dissolve as cargas que reprimem a capacidade de dar e receber amor. Emana uma energia que substitui as tristezas, temores e ressentimentos, e resolve os problemas emocionais. Diz-se que, no chakra do coração, o quartzo ajuda a obter amor próprio e paz interior, que se acredita serem o primeiro passo no processo de cura. Os terapeutas de cristais aconselham os clientes a usar o quartzo rosa para ajudá-los a conquistar a harmonia consigo mesmos. Usado para estimular o amor e abrir o chakra cardíaco. Aumenta a confiança e o falso orgulho é negado. Ajuda a limpar sentimentos de culpa, medo e ciúme. Chakra: cardíaco. Tarô: A Decisão. Desfaz pedras dos rins. Signo: Touro. Leva a pessoa para a auto-realização, é indicada para carência afetiva ou problemas de relacionamento.
Girafa em miniatura, lapidada em cristal de quartzo-rosa...
QUARTZO-RUTILADO – Transmuta negatividade, excepcionalmente poderoso. Alivia depressão, facilidade para inspiração e aumento da clarividência. Poder de cura muito grande. Chakra: todos. Abaixo, quartzo-rutilado, ambas as fotos são do sítio Companhia das Gemas.
QUARTZO-TURMALINIZADO – Contém turmalina preta. Dá projeção astral e é condutor da luz. Nivela polaridade masculina e feminina.
QUARTZO-VERDE ou AVENTURINA – É um agregado formado por compactação de finos grãos de quartzo, opaco e compacto. A presença de pequenas lâminas de óxido de ferro inclusas lhe conferem uma cor pardo-avermelhada (pedra-ouro). E a mica de cromo lhe dá uma cor verde (crisoquartzo), conhecido como aventurina e chamado também de aventurina-verde. Posta sobre o chakra do plexo solar, supostamente liga o corpo mental, superior e inferior, ao físico; liberta energia bloqueada e permite uma respiração profunda e curativa. Fortalece a saúde em geral, tem o poder de curar, tonifica e estimula a circulação sanguínea e restabelece as energias do corpo. Dá sorte no amor e no jogo. Manifestando abundância estimula criatividade e facilita a vida. Mantém os pés no chão. É calmante e proporciona autoconfiança, controle e maturidade. Corresponde ao chakra cardíaco. Signo: Câncer. Propriedades físicas como as da ametista. Localidades: Brasil, Urais, Índia, República de Malgaxe.
Quartzo-verde-rutilado, foto do sítio Companhia das Gemas.
DIAMANTE DE HERKIMER? – É uma forma de quartzo. Alivia o stress e a tensão, especialmente nos músculos. Similar ao diamante, irradia energia, armazena informações, tem a habilidade para obter recordações de vidas passadas e estimula clarividência. Objetivo: cura, proteção, psiquismo, poder. Energia: receptiva. Planeta: Sol. Elemento: fogo. Chakras: todos. Tarô: A Justiça. Signo: Leão.

Do lado direito da tela, girafa da coleção “Animais”, peça banhada a ouro, com cristal Swarovski, adquirida em São Paulo (1986).
Do lado esquerdo, girafas confeccionadas em prata, uma peça com o corpo trabalhado em drusa de cristal-de-quartzo (lado esquerdo) e a outra foi trabalhada com pedra de ametista (lado direito). Ambas foram adquiridas no Shopping Center Ibirapuera, em São Paulo (1986). Estas são as primeiras peças em prata da coleção...

Cristais de Quartzo de Brotas de Macaúbas

Cristais de Quartzo de Brotas de Macaúbas

A produção baiana de Quartzo  atingiu 15.253 toneladas de minério bruto, cotada a R$ 19,58 por tonelada. Entretanto, essa produção é praticamente dominada pelos garimpeiros, o que torna o controle de quatitativos extremamente dificultada.
O Município de Brotas de Macaúbas está situado na microrregião da Chapada Diamantina, distando 590 quilômetros de Salvador. O acesso é através da BR-242, que, a partir do entroncamento, dista 42 quilômetros da sede do município. É dominado por um clima semi-árido e seco a sub-úmido, com temperatura mínima média em torno de 16°c, a máxima média em torno do 35°c, ficando a média geral em torno de 20°c. Seu período chuvoso estende-se de Novembro a Março, atingindo a pluviosidade anual média de 723 mm, com mínimos de até 309 mm e máximas de até 1593 mm.
Olderico Barreto - Presidente da Associação dos Garimpeiros - Brotas de Macaúbas.
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O Município de Brotas de Macaúbas dispõem de intensa atividade baseada especialmente no garimpo de Quartzo, com origens assentadas na década de 1930. Desde então passou-se a explorar e explotar suas variedades verificadas que são Quartzo hialino, Quartzo leitoso, Quartzo fumê e Quartzo fumê rutilado.

A produção sempre foi reconhecidamente de vulto, entretanto, de dimensionamento altamente problemático.
Seus estimados cerca de 200 pontos de garimpos distribuídos no município, todos voltados para a produção dessas variedades de Quartzo, não mostram registros de produção confiáveis.
Cristais de Quartzo agregados sob a forma de drusa - Garimpo do Bojo do Ioiô - Brotas de Macaúbas
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Visando agregar a mão de obra garimpeira, normalizando a sua conduta, procurando colocar a produção em um caminho de regularização e melhoria, surgiu a Cooperativa Agromineral Sem-Fronteiras – CASEF. Esta passou a agregar praticamente todos os garimpos e garimpeiros do Município de Brotas de Macaúbas, além de outros dos municípios em torno. Efetua lavra legalizada estendendo-se por Brotas de Macaúbas, Oliveira dos Brejinhos, Ipupiara e Gentio do Ouro, contando com associados cooperativas ligados a todos esses municípios, contando atualmente com um quadro de 645 associados.
Retirada de drusa de Quartzo - Garimpo do Bojo do Ioiô - Brotas de Macaúbas.
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Como deveres, os associados devem pagar uma taxa de manutenção da área de 10% da sua produção. Além disso, a revenda controlada de explosivos pela CASEF costuma a cobrar ágio de 30%, o qual é utilizado para novas aquisições e necessária manutenção do seu estoque.
Retirada de drusa de Quartzo - Garimpo do Bojo do Ioiô - Brotas de Macaúbas.
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Dentre esses destacam-se os Garimpos do Bojo do Ioiô, do Bojo Vermelho e o Garimpo Mina da Banana.
Drusa de Quartzo - Garimpo do Bojo do Ioiô - Brotas de Macaúbas.
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A produção se caracteriza por recursos muitos limitados, em paragens muito distantes e de acesso prejudicado pelas condições das estradas e problemas como o de manutenção dos compressores.

Veja quais são as pedras preciosas mais valiosas do mundo

Veja quais são as pedras preciosas mais valiosas do mundo

Diamantes raríssimos, pérolas gigantescas, esmeraldas brasileiras e muitas outras pedras preciosas fazem dessa lista uma das mais caras do mundo.

 Veja quais são as pedras preciosas mais valiosas do mundo
A Terra está recheada de pedras preciosas, estejam escondidas bem no fundo do oceano, nas correntes dos riachos ou nas entranhas dos terrenos mais inóspitos. Localizadas nos lugares mais improváveis, os homens já encontraram verdadeiras raridades, pedras tão preciosas que valem milhões e estão nas coroas e anéis de realezas. Veja quais são algumas dessas preciosidades brilhantes (a relação não está na ordem dos mais caros):

1 – Diamante Koh-i-Noor

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Esse é simplesmente um dos diamantes mais famosos do mundo, pertencente à Coroa Britânica. Trata-se de um diamante especial, não somente pelo altíssimo valor, mas por estar envolto em lendas e mistérios ao longo dos séculos. Nos séculos passados, o Koh-i-Noor pertenceu aos indianos, considerado por muitos um dos maiores diamantes do planeta.
Alguns textos religiosos hindus indicam que o diamante pode ter sido encontrado há mais de 5 mil anos. Quando a Índia foi anexada ao Império Britânico, a Rainha Vitória foi declarada Rainha Imperatriz do país asiático, recebendo em mãos o Koh-i-Noor. Atualmente, esse precioso e raro item histórico pesa 108 quilates e é um dos diamantes mais brilhantes do mundo.

2 – Safira Millennium

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
A Safira Millennium, que é do tamanho aproximado de uma bola de futebol, é uma preciosidade esculpida com desenhos de figuras históricas famosas. Caso você se interesse, essa raridade está à venda por míseros US$ 180 milhões. Contudo, se você quiser comprar, é necessário colocar a peça em um local onde as pessoas possam contemplar a grandiosidade do objeto.
Essa peça valiosíssima foi esculpida pelo artista italiano Alessio Boschi, que concebeu a Safira Millennium como um tributo aos seres humanos mais geniais que já andaram entre nós. Entre as personalidades, é possível encontrar Shakespeare, Beethoven, Michelangelo, Einstein e muitos outros. A safira mede 28 centímetros e foi descoberta em Madagascar, em 1995.

3 – Aquamarine Dom Pedro

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
O maior pedaço de pedra aquamarine (ou água-marinha) encontrado no mundo foi aqui no Brasil. A preciosidade foi batizada com o nome do antigo imperador do Brasil, Dom Pedro, encontrada em 1980. Atualmente, ela está em exposição permanente em um museu em Washington, nos Estados Unidos.
Essa joia foi polida pelo alemão Bernd Munsteiner, que esculpiu o material no formato que ele possui hoje. A principal beleza da Aquamarine Dom Pedro está no brilho, por ser translúcida e de um azul-claro profundo.

4 – Maior pérola do mundo

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Essa é a maior pérola do mundo, pesando seis toneladas e medindo 1.6 metros de diâmetro. Ela foi descoberta na China e vale, aproximadamente, US$ 300 milhões – na China as pérolas são mais valorizadas do que diamantes. A pedra é formada, basicamente, de minerais fluoritas, compostos de fluoretos de cálcio.
Apesar de o material em si não ser algo raro, a magnitude da formação é que chama a atenção do público. As pessoas que poliram essa raridade levaram mais de três anos para deixá-la nesse formato arredondado perfeito. Além disso, ela é capaz de brilhar no escuro quando é exposta por tempo demais a luz.

5 – Esmeralda Bahia

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
A Esmeralda Bahia é uma das preciosidades que também foi encontrada aqui no Brasil. Hoje, ela está nos Estados Unidos, e muitos clamam ser os donos reais da raridade. Trata-se de uma pedra que possui inúmeras esmeraldas dentro de si, pesando cerca de 360 quilos. O valor? Mais de R$ 700 milhões.
Cilindros verdes e brilhantes podem ser encontrados na rocha, em estado bruto, o que é muito raro de ocorrer com esmeraldas. Ela já passou por várias mãos até chegar aos Estados Unidos, muitos a vendarem sem saber o real valor da peça. Hoje ela está em disputa no Tribunal de Justiça de Los Angeles, sem um dono definido.

6 – Diamante Moussaieff

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Esse é o maior diamante vermelho já encontrado no mundo – e também foi descoberto aqui no Brasil. Com quase um quilo, essa raridade possui um corte triangular característico, capaz de fazer com que ele emita mais brilhos e reflexos. Foi descoberto em 1990, nas Minas Gerais, na região de Alto Paranaíba.
O diamante vermelho foi comprado por William Goldberg, um famoso empresário no segmento de pedras preciosas. Originalmente, a preciosidade foi batizada de "Escudo Vermelho". Entretanto, a joia foi comprada em 2002 por Shlomo Moussaieff, que o rebatizou com o próprio nome.

7 – Turmalina Paraíba

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Realmente o Brasil é uma terra de muitas preciosidades. A Etheral Carolina Divine também foi encontrada em nossas terras, classificada com uma turmalina Paraíba. As turmalinas Paraíba são nomeadas desse jeito por serem encontradas com maior facilidade nesse estado do Nordeste, apesar de serem extremamente raras. O principal diferencial dessa pedra é o tom de cor, levemente azulado, que não é encontrado em nenhum outro lugar do mundo.
A Etheral Carolina Divine vale aproximadamente US$ 100 milhões e já não se encontra no Brasil. Atualmente, o dono dela é o canadense milionário Vincent Boucher. Ela é a maior e mais preciosa turmalina Paraíba já encontrada no mundo.