sábado, 14 de junho de 2014

O caso das esmeraldas encontradas no gelo após desastre de avião

O caso das esmeraldas encontradas no gelo após desastre de avião


Alpinistas na região de Mont Blanc, na França (foto: AFP)
Pedras preciosas descobertas são avaliadas em quase 150 mil euros
Este é um enredo que poderia fazer parte de uma das histórias em quadrinhos de Tintin – um prefeito francês, um historiador, um comerciante de pedras preciosas judeu de Londres e suas conexões tênues com uma sacola de joias descoberta no pico Mont Blanc.
As primeiras pistas vêm de 24 de janeiro de 1966, quando o voo 101 da Air India inicia sua descida para o aeroporto de Genebra. O piloto havia feito um erro de cálculo em relação à altitude e o Boeing 707 rumava para o topo da Mont Blanc, a mais alta montanha da França.
Todos os 117 passageiros abordo morreram na colisão. “O avião fez uma grande cratera na montanha”, teria dito o primeiro guia a chegar ao local. “Tudo foi completamente pulverizado. Nada era identificável exceto por algumas cartas e pacotes”
Várias tentativas de resgate de corpos e destroços foram canceladas devido a condições climáticas desfavoráveis. Muitos restos foram coletados nos anos seguintes à tragédia – incluindo uma mala diplomática, mas pedaços de metal retorcido ainda podem ser encontrados no alto da montanha.
Mas levou meio século para que o local da queda revelasse seu maior segredo.

Esmeraldas, safiras e rubis

Entre os destroços que se espalharam com a explosão estava uma pequena caixa com 100 preciosas esmeraldas, safiras e rubis, que acabou sendo jogada longe e engolida pelo gelo.
A caixa, que está sendo reclamada por duas famílias, teria o nome delas gravado em uma lateral. Ela foi escondida pelo gelo e encontrada por um alpinista local, que a entregou para a polícia.
A decisão do montanhista de não tomar posse das pedras preciosas – avaliadas em 246 mil euros – impressionou a polícia.
“Como você pode ver, ele é muito honesto”, disse Sylvain Merly, da polícia local. “Ele não queria ficar com uma coisa que pertenceu a uma pessoa que morreu”.
As joias foram levadas para o prefeito de Chamonix, que as armazenou em um cofre da prefeitura até que a imprensa ficou sabendo do caso.
Quando a história veio a público, jornalistas começaram a buscar mais detalhes. Eles chegaram a publicar a foto de um guia de montanhas, Stephane Dan, que teria achado as pedras. Na verdade o que ele tinha eram pedras extraídas da própria montanha, as quais vendia por 20 euros cada.
“Gostaria ter ter achado as pedras reais”, ele lamenta. “Escalo todos os verões para coletar pedras para vender. Achei muitas peças do avião. Achei uma garrafa de café da Air India e um altímetro usado no avião”.
Aquele havia sido o segundo acidente aéreo da Air India na mesma região. Dezesseis anos mais cedo outro avião, um Constellation conhecido como Princesa Malabar, caiu na montanha, também durante o processo de aproximação de Genebra. Por isso há destroços de duas aeronaves na mesma região.
Dan disse que segundo os rumores locais, o escalador que descobriu as pedras preciosas era de Bourg-Saint Maurice, uma vila que fica a três horas de carro de Chamonix. “Nós todos ouvíamos o que estava acontecendo, mas soava como um mistério. Agora sabemos que foi real, mas não sei quem as encontrou”.
Nesse ponto eu tentei filmar as pedras preciosas. Mas Sylvain Merly disse que não estava mais autorizado a falar sobre o assunto e me direcionou para a administração do Estado de Haute-Savoi, na vila de Annecy.
Lá me disseram que não participavam da investigação e me recomendaram procurar François Bouquin, chefe de gabinete da prefeitura de Chamonix. Bouquim me indicou o Tribunal de Bonneville.
Aquela corte me enviou para o tribunal de Albertville, que por sua vez me mandou de volta a Bouquin.
“Eu não queria dizer não para você. Mas não pode ver as pedras. Neste ponto é uma questão de segurança. Estamos conduzindo nossa investigação e não acreditamos que a imprensa seja útil ou necessária neste momento”, disse Bouquin.
Foto mostra pacotes que conteriam pedras preciosas (foto: reprodução /BBC)
Autora desconfia que autoridades locais esteja tentando ficar com pedras preciosas
Consegui porém que ele me enviasse duas fotos do que ele chamava de “tesouro”, nas mãos do prefeito e escondido em pacotes policiais opacos.
“Essa história é tão francesa”, disse Francoise Rey, uma historiadora local e autora do livro “Crash ao Mont Blanc”, sobre os dois acidentes da Air India. “Você pede para ver as pedras e eles mandam uma foto delas em um saco”.

Acordo

A própria historiadora tentou ver as pedras, mas teve o pedido negado pelo prefeito.
Rey disse estar convencida de que o alpinista e o prefeito fecharam um acordo de 50% para cada um antes mesmo de contar aos jornalistas sobre o achado.
A legislação francesa prevê um período de dois anos. “Se nenhum dono for achado em dois anos, metade das joias ficarão com o prefeito e metade com o escalador”.
“Tenho certeza de que eles estão interessados em ficar com as pedras e que não farão nada para ajudar as famílias ou o dono a provar que são deles.”
O prefeito Fournier minimizou o valor das joias, para diminuir o interesse sobre elas. “Ele me disse que as pedras não são tão bonitas. Eles fingem estar mais aborrecidos que felizes, é essa impressão que querem passar”.
O prefeito, que está em campanha eleitoral, não deu entrevista, mas Bouquin respondeu em nome dele. “A sugestão de que nós fizemos um acordo é louca. Não há acordo. Nem conhecemos quem achou as pedras. Há uma lei e um procedimento que devem ser seguidos e isso é tudo”.
Na década de 1990, enquanto Rey pesquisava para seu livro ela teve acesso a um dossiê criminal compilado pelo tribunal de Bonneville que continha muitos documentos. Entre eles estava uma carta relacionada a um seguro, reclamando as joias para um homem que vivia em Londres.
Ela anotou o nome da família: Issacharoff.
Infelizmente ela não conseguiu copiar suas iniciais. “Eu vi a carta. Não a tenho, mas eu a vi. Copiei o nome da pessoa que esperava as pedras em Londres. Tenho certeza de que há mais detalhes nessa carta. O que precisa ser feito é voltar lá e achar essa carta, o que tem se provado muito difícil”.
Esse processo não será mais aberto ao público nos próximos 75 anos. Por isso a historiadora está agora pedindo autorização na Justiça para voltar a vê-lo.
Uma busca rápida na internet revela que a família Issacharoff é uma das mais tradicionais no ramo de comércio de pedras preciosas na Grã-Bretanha. O negócio foi iniciado pela família de origens russa e judia na década de 1930. Ele se tornaram os maiores importadores de pedras coloridas do Reino Unido.

Comerciantes

Telefono para Avi Issacharoff, chefe da Diamantes Henig e ele diz instantaneamente que as pedras são de sua empresa. “Venha a meu escritório e lhe contarei os detalhes”.
Encontro Avi atrás de varias portas blindadas em Hatton Garden, o bairro dos diamantes de Londres. Ele diz se lembrar do pai falando sobre o acidente e o alívio coletivo da família com o fato de que nenhum parente estava no avião. Normalmente, quando faziam uma compra desse tamanho, um deles ia pessoalmente pegar a mercadoria.
Neto de Ruben e filho de David, Avi é o terceiro a comandar o negócio. Seu pai ainda está vivo, mas sofre de demência e não consegue lembrar dos detalhes. “Nós consultamos nossos advogados, mas eles disseram que não temos chances. Não temos mais registros de 50 anos atrás. A única forma de provarmos que as pedras são nossas é que nosso nome estaria escrito no pacote”, disse.
Mas os Issacharoff de Londres não são os únicos a reclamar as pedras. Outro ramo da família Issacharoff, da Espanha – sem relação com os primeiros, mas também mercadores de pedras preciosas – estariam abordando autoridades francesas em uma tentativa de ter acesso à carta que Francoise Rey diz ter visto.
Bouquim, do escritório do prefeito, disse que viu o pacote no qual as pedras foram achadas, mas não necessariamente seria possível identificar um nome nele.
“Talvez consigamos identificar o nome no pacote, mas é difícil de ver. Foram 50 anos sob o gelo”.
Enquanto isso, os meses estão passando.

Ouro faz brotar do chão uma história

Quando os primeiros exploradores chegaram ao Brasil, o maior objeto de desejo era o ouro, metal precioso o bastante para manter o fausto das cortes européias. As excursões pioneiras pelo litoral e até pelo interior foram frustrantes. Nada parecia haver naquela terra além de natureza pródiga, solo fértil e índios pagãos. Qualidades estas, aliás, para as quais os exploradores davam pouca ou nenhuma importância.

Nas margens do Tripuí foram encontradas as pepitas de ouro que mudaram a história do Brasil

Qual das montanhas de Minas seria Sabarabuçu?
 
Foi no contato com os índios que os estrangeiros se deram conta que algo de muito valioso se escondia nos recônditos do Brasil. Não faltavam histórias sobre uma terra distante, onde o ouro brotava no leito dos rios. No alto de suas montanhas podiam ser retiradas pedras de magníficas cores, verdes e azuis... O nome de uma dessas serras era Sabarabuçu, mas havia outras, muitas outras.
A Corte Portuguesa desincentivava as jornadas pelo interior, com receio de que a corrida lhe tirasse o controle sobre o que viesse a ser descoberto. Mas não foi possível segurar a força das lendas, que finalmente provariam ser a mais pura verdade. A primeiras expedições, conforme consta em alguns estudos, se deram já no séc. XVI. Não foram bem sucedidas e muitos aventureiros não voltaram para contar o que viram na terra virgem e hostil. Somente no final do século seguinte se daria o achamento das primeiras e tímidas lavras de metais.
"Bandeira" era o nome das grandes incursões pelo país naqueles tempos. As "bandeiras" que penetraram Minas inicialmente partiam do planalto de Piratininga, em São Paulo. A de Fernão Dias, em 1674, tinha por finalidade encontrar Sabarabuçu, o Eldorado. Foram sete longos anos de trabalho árduo, nos quais poucas pedras foram encontradas. No entanto, a jornada revelou grande parte do imenso território. Dos pousos para descanso das tropas de Fernão Dias surgiriam mais tarde núcleos povoados, cujo papel foi fundamental para a colonização do estado.
Fernão Dias morreu em 1681, nas proximidades da cidade de Caeté, talvez frustrado por não ter encontrado as esmeraldas que buscava. Talvez tivesse pensado que o ouro e as pedras estavam mais ao norte, ainda mais distantes nas entranhas do Brasil. Se pensou assim estava errado. Mal sabia ele que tinha alcançado Sabarabuçu e que só faltou procurar mais um pouquinho. Seus companheiros continuariam seu trabalho, entre eles seu filho Garcia Rodrigues Paes e seu genro Borba Gato, que abriram importantes caminhos para o interior.
 
Ouro faz brotar do chão uma história
Produção de ouro nas Minas Gerais
1697
1699
1705
1715
1739
1744
1754
1764
115 Kg
725 Kg
1,5 Ton
6,5 Ton
10 Ton
9,7 Ton
8,8 Ton
7,6 Ton
O tão sonhado ouro por fim se acharia nos fins daquele século XVII. E era muito, muito ouro, opulentas minas. O mais provável é que o descobridor tenha sido um paulista, Antônio Rodrigues Arzão, que não pôde concluir seu feito por causa da animosidade dos índios que caçava. Bartolomeu Bueno de Siqueira assumiu, com as informações que recebeu, a busca pelo metal. Descobriu em 1694, nos arredores de Itaverava, jazidas cujas amostras de ouro foram levadas para o Rio de Janeiro, para apreciação do Governador, que tinha jurisdição sobre todas as descobertas.
Pico do Itacolomi, referência para os primeiros bandeirantes (Mariana - MG)

Câmara e Cadeia (Mariana - primeira capital da província das Minas Gerais)

Mina de ouro (Ouro Preto - MG) Belas paisagens no caminho do ouro (Cachoeira do Campo - MG)
 
Em 23 de junho de 1698, a "bandeira" comandada por Antônio Dias de Oliveira chegou aos pés de um pico, chamado Itacolomi. Ali seriam lançados os fundamentos de uma fabulosa cidade, por cujas ruas percorreriam o ouro e os ideais de liberdade: nascia a inesquecível Vila Rica (atual Ouro Preto), que foi capital da província até o final do século XIX. Em 1709 era criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. No início da mineração, o ouro encontrado no leito dos rios obrigou os garimpeiros a viverem como nômades. Esgotada a lavra partiam para outras mais lucrativas. A população encontrava-se bastante dispersa. Os imigrantes vinham de todo lugar, ansiosos por fazer riquezas naquele novo Eldorado. Quando o ouro começou a ficar escasso nos rios, a extração passou para as encostas das montanhas. O trabalho de cavar exigiu que o minerador se fixasse. As minas foram surgindo e junto a elas os núcleos povoados. O ouro parecia brotar em todo lugar. Sabarabuçu, Cataguás ou Cataguases, Caeté, do Rio das Mortes, Itambé, Itabira, Ouro Preto, Ouro Branco etc. Eram enfim muitas minas, ou melhor dizendo, "Minas Gerais". Já em 1701 o nome começou a ser usado, sendo oficializado em Carta Régia de 1732.
A ambição dos imigrantes origina o primeiro grande conflito pelo ouro: a guerra dos emboabas, que envolveu paulistas e demais imigrantes. Em decorrência disso, a Coroa Portuguesa criou em 1720 a Capitania das Minas, desmembrada de São Paulo. Passou a controlar duramente a extração, recolhendo 20% de tudo que era produzido, o chamado quinto. As atividades agrícola e manufatureira praticamente não existem. Apenas uma agricultura de subsistência e criação de pequenos animais, como o porco. Os demais produtos chegam às regiões mineradoras no lombo de burros. A província cresce rapidamente e com ela a carência por produtos de primeira necessidade. Os mercadores ambulantes também se estabelecem nos povoados. Surge o primeiro grande mercado consumidor do Brasil. Tudo é comercializado, de escravos africanos a artigos importados da Europa. A abertura do Caminho Novo, por Garcia Rodrigues Paes, intensificou ainda mais a troca de mercadorias, ligando o Rio de Janeiro às regiões mineradoras. O ouro fez com que a capital da Colônia se transferisse de Salvador, na Bahia, para a cidade do Rio de Janeiro em 1763.
A intensa mistura de pessoas tão diferentes em um mesmo ambiente, impulsionadas pelo poder do ouro, deu início a uma nova sociedade. Portugueses, paulistas, negros, índios e outros imigrantes se misturavam e formaram um mosaico cultural. Até então vigorava no Brasil a rígida sociedade dos engenhos, com sua estrutura paralítica, cujos rumos eram ditados pelos Senhores, principalmente os das grandes fazendas de açúcar. A incipiente e efervescente sociedade mineira tinha características mais democráticas, os padrões de conduta não eram tão rígidos e a ascensão social era mais fácil. Até mesmo um escravo, numa bateada feliz, podia enricar e comprar sua liberdade. A combinação da vida urbana com a atividade mineradora cria novos ofícios, desenvolvendo um novo embrião de classe média. São escultores, músicos, tropeiros, pintores, marceneiros, alfaiates, entalhadores, advogados, poetas... Um Estado Moderno nasce no Brasil, com administração burocrática, fiscalização e arrecadação de impostos.
  Os diamantes também escreveram a história de Minas (Diamantina - MG)

Igreja São Francisco de Assis, obra-prima do Barroco Mineiro (Ouro Preto - MG) Igreja N.Sra. do Ó, pequena jóia do Barroco Mineiro (Sabará - MG)

Teto da Igreja São Francisco de Assis (Ouro Preto - MG)
Nesse ambiente tornou-se possível o surgimento de um movimento artístico e cultural sem precedentes no Brasil. As vilas se tornam prósperos redutos, onde floresce uma rica arquitetura. As artes tomam impulso, lembrando em muito o renascimento europeu. Vigora o mecenato e mestres como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde encontram o ambiente perfeito para exercerem sua genialidade. O Barroco Mineiro impressiona por seu esplendor, sua força e dramaticidade. É uma arte de fervor religioso, teatral e encontrou em Minas o cenário perfeito para se estabelecer.

Mato Grosso vive ‘boom’ do ouro

Mato Grosso vive ‘boom’ do ouro
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Produção cresce vertiginosamente e movimenta a economia dos municípios. Nos últimos nove anos houve um salto de 4.676% na extração, que hoje registra oito toneladas/ano e pode chegar a 15 toneladas/ano em 2015.

A princípio os dados podem parecer absurdos, mas, de fato, nos últimos anos Mato Grosso voltou a produzir ouro em ritmo acelerado. Para se ter ideia deste crescimento vertiginoso, basta analisar os números equivalentes à produção do minério no Estado. Em 2003, por exemplo, Mato Grosso tinha um valor quase que irrisório de lavras exploradas, algo em torno de 173 quilos ao ano. Em 2011, no entanto, o volume atingiu 8.092 toneladas, o que representa um salto de 4.676% na produção.


Os dados são do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPN) e confirmam Mato Grosso em terceiro lugar no ranking dos maiores produtores do metal amarelo no País, ficando atrás apenas de Minas Gerais e Goiás, que ocupam a 1º e 2º posições, respectivamente.


Pepitas de ouro encontradas no garimpo da Cidade Rosa - Foto: Mary Juruna | Fotos: Mary Juruna/Gilberto Pereira de SouzaA comercialização do ouro vive em crescente expansão e valorização em todo o mundo. As bolsas de Nova York, Londres, Hong Kong e Sidney – principais comercializadoras da commodity – registram uma cotação do ouro em ascendência. Em maio de 2002, a cotação do minério girava em torno de US$ 300 a onça-troy (o equivalente 31,104 gramas de ouro), em maio de 2012, a cotação é de US$ 1.650 por onça-troy.


Aumento este bastante significativo, mais ainda se levarmos em consideração que, mesmo em tempos de crise na economia mundial, o preço pago pelo ouro esteve sempre valorizado, atribuindo-lhe a característica de uma aplicação segura.


A valorização do ouro, entretanto, não é sentida apenas nas grandes bolsas de valores. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Extrativistas de Minérios do Estado de Mato Grosso (Sindminério), Laerte Lisboa Lima, o crescimento da exploração aurífera é real e crescente em muitos municípios mato-grossenses. Fato esse, que gera uma movimentação econômica bastante elevada nas localidades onde o minério é explorado.


Em Poconé, na Baixada Cuiabana, por exemplo, a busca pelo ouro volta a movimentar a região o que, consequentemente, contribui para aquecer a economia local. José Lúcio do Amaral, que trabalha neste setor, revela que existem ao menos 12 garimpos no município e que, segundo ele, são responsáveis por 70% da economia da Cidade Rosa. “É fácil perceber que esta atividade gera emprego e remuneração aqui na cidade. O trabalho de exploração do ouro é um dos pilares de sustentação da nossa economia, isto porque o garimpeiro ‘deixa aqui’ o dinheiro que consegue por aqui”, ressalta Amaral.


Ele afirma que essa exploração de ouro na região teve uma queda significativa após o Plano Collor, em 1990. ‘O Plano veio como um balde de água fria para os garimpeiros, muitos ficaram endividados e acabaram abandonando a atividade’. Ele revela, porém, que aos poucos a atividade foi retomada na região, atingindo números significativos a partir do ano 2000. “De lá para cá a atividade tem se expandido e a expectativa de analistas é de que os números possam ser cada vez mais expressivos”, assegurou Amaral. No último mês, ele afirma que o grama do ouro estava sendo comercializado no município ao valor de R$ 86.


Presidente da Cooperativa do Vale do Rio Peixoto (Cooagavep), Marco Antonio Reis, acredita que Mato Grosso vive novo ciclo do ouro. | Fotos: Mary Juruna/Gilberto Pereira de SouzaPeixoto de Azevedo (692 Km ao norte da Capital) é outra cidade cuja economia passa por momentos de glória, graças também à produção aurífera local. Segundo o presidente da Cooperativa do Vale do Rio Peixoto (Cooagavep), Marco Antonio Reis, a região do Vale do Peixoto possui 657 mil hectares de reserva garimpeira, o que contribui para elevar ainda mais os índices da atividade mineradora.


Reis relata que mais ou menos 1700 garimpeiros – dos municípios de Novo Mundo, Matupá, Guarantã do Norte, Peixoto de Azevedo, Nova Guarita, Terra Nova e do Distrito de União do Norte – estão associados à Cooperativa. Juntos eles conseguem extrair cerca de 300 quilos de ouro ao mês na região.


Esse trabalho organizado dentro das cooperativas favorece a produção do minério que, aos poucos, está sendo realizada de forma organizada e sustentável. Em Peixoto mesmo, existem mais de 50 áreas legalizadas para extração do ouro e outras 12 áreas recuperadas, conforme assegura Reis.


O presidente do Sindiminério, Laerte Lisboa assegura que a economia crescente no município é visível por todos. “Há uns três anos atrás você andava por Peixoto e encontrava à sua disposição umas duzentas casas para você morar, sem nem precisar pagar por isso, Hoje em dia, para você conseguir uma casa no município, você tem que fazer uma verdadeira romaria nas ruas. O comércio reabriu as portas e a vida na cidade mudou completamente” lembra ele.


Ainda assim, o presidente do Sindicato alerta para o fato de que muitos garimpeiros e mineradoras ainda exercem a atividade na base da informalidade. Justamente por isso, os altos números apresentados pelo DNPM podem ser ainda maiores dos que os computados pela Receita.

Mercado Promissor


O setor mineral de Mato Grosso é considerado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) como um dos mais promissores do Estado, sendo que atualmente a extração do ouro desperta maior atenção entre todos os demais minérios (diamante, fósforo e potássio, ferro, calcário, entre outros). Os municípios onde foram identificados indícios e até mesmo comprovada a existência de minérios são Paranatinga, Alta Floresta, Aripuanã, Vila Rica, Pontes e Lacerda, Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Nova Xavantina e Tangará da Serra.

Ainda segundo o Ibram, em torno de 75% do minério produzido no Brasil é exportado. Entre os principais compradores estão o Reino Unido, a Suíça, Emirados Árabes e Estados Unidos.


Entraves


A dificuldade para conseguir a legalização de áreas para extração mineral e as altas taxas aplicadas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) à cadeia produtiva do minério são os principais obstáculos encontrados por aqueles que visam exercer a atividade legalmente.


O representante da Coogavep, revela que existe muita burocracia para se obter as licenças para exploração. “Nós da cooperativa tentamos atrair os garimpeiros, pois sabemos que juntos é muito mais fácil conseguir a liberação das áreas. Trabalhamos com uma equipe de geólogos, engenheiros florestais, biólogos, enfim, temos uma estrutura que possibilita que o trabalhador consiga mais rapidamente exercer a exploração legal do ouro”.


O presidente faz questão de ressaltar que a região do Vale do Peixoto é a primeira do Brasil a ter uma cooperativa nesta atividade. “Sozinhos os profissionais têm uma dificuldade enorme de exercer a função, é um processo demorado e caro. Juntos podemos facilitar e baratear essas taxas”, ressalta Reis.









Quanto tempo vão durar as reservas minerais do Brasil?

Quanto tempo vão durar as reservas minerais do Brasil?


NÍQUEL
MONTES CLAROS, NIQUELÂNDIA E JUSSARA/GO
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 82,5 mil
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 9,6 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 116 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 7° maior produtor (5.1%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 7ª maior reserva (6,7%)
PARA QUE É USADO: Usado na fabricação de ímãs e moedas, principalmente
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 1,6 milhão de ton.
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 96 anos
BAUXITA
ORIXIMINÁ E PARAGOMINAS/PA
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 22 milhões
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 3,5 bilhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 159 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 2° maior produtor (12,4%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 3ª maior reserva (10,6%)
PARA QUE É USADO: Mineral mais abundante na crosta terrestre - representa 8% do peso do planeta -, é de onde se extrai o alumínio
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 171 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 195 anos
FERRO
OURO PRETO E SANTA BÁRBARA/MG
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 317 milhões
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 26,1 bilhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 82 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 2° maior produtor (18,8%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 5ª maior reserva (7,1%)
PARA QUE É USADO: Principal componente do aço, é fundido desde 550 a.C.
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 1,69 bilhão
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 218 anos
ZIRCÔNIO
PRESIDENTE FIGUEIREDO/AM
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 26,5 mil
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 3,66 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 138 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 4° maior produtor (2,9%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 7ª maior reserva (5,17%)
PARA QUE É USADO: Altamente resistente à corrosão, é usado na construção de reatores nucleares
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 10 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 77 anos
CHUMBO
PARACATU/MG
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 26 mil
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 52 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 96 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 11° maior produtor (0,8%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 1ª maior reserva (27,3%)
PARA QUE É USADO: Construção civil, baterias, munição e ligas metálicas
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 190 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 63 anos
MANGANÊS
MARIANA/MG
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 3,1 milhões
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 565 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 176 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 1° maior produtor (25%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 2ª maior reserva (10%)
PARA QUE É USADO: É um dos compostos metálicos usados na liga que compõe o aço
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 12,5 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 453 anos
ESTANHO
JAMARI/RO
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 9,5 mil
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 768 mil
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 80 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 5° maior produtor (2,7%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 3ª maior reserva (12,94%)
PARA QUE É USADO: Anticorrosivo, é acrescentado ao aço nas latas para preservar o alimento
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 302 mil
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 33 anos
URÂNIO
CAETITÉ/BA
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 190
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 390 mil
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 2052 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 14° maior produtor (0,8%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 6ª maior reserva (8%)
PARA QUE É USADO: Combustível para usinas nucleares e bombas atômicas
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 46,4 mil
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 100 anos
NIÓBIO
NAZARENO E ARAXÁ/MG
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 104,8 mil
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 3,68 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 35 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 1° maior produtor (96%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 1ª maior reserva (96%)
PARA QUE É USADO: Usado em condutores e no marcapasso, por ser um metal não alergênico
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 108 mil
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 35 anos
DIAMANTE
JUÍNA/MT
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 200 mil carats (unidade específica para diamantes)
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 24,6 milhões de carats
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 123 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 9° maior produtor (0,11%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 6ª maior reserva (2%)
PARA QUE É USADO: Máteria-prima de jóias, tem cadeia de produção concentrada: 95% das gemas são cortadas na Índia e 80% vendidas em Antuérpia, na Bélgica
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 1,21 bilhão de carats
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 72 anos
CARVÃO MINERAL
CANDIOTA E GRAVATAÍ/RS
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 5,98 milhões
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 930 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 155 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 26° maior produtor (0,1%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 12ª maior reserva (0,09%)
PARA QUE É USADO: Largamente usado em usinas termelétricas dos EUA e da Europa e, mais recentemente, da China
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 6 bilhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 166 anos
ZINCO
VAZANTE/MG
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 185 mil
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 6,4 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 159 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 13° maior produtor (1,8%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 10ª maior reserva (1,4%)
PARA QUE É USADO: Vasto uso, de baterias a moedas. Se a demanda mundial continuar crescendo, pode acabar em menos de 40 anos
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 10 milhões
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 46 anos
OURO
PARACATU/MG
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 40
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 1720
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 43 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 14° maior produtor (1,6%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 10ª maior reserva (1,9%)
PARA QUE É USADO: Além de ser matéria-prima de joalheria, o ouro é cada vez mais usado em eletrônicos
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 2500
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 36 anos
PRATA
MARABÁ/PA
PRODUÇÃO BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 6
RESERVA BRASILEIRA (TONELADAS/ANO): 11.689
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO ATUAL): 1948 anos
PRODUÇÃO BRASILEIRA x MUNDIAL: 36° maior produtor (0,1%)
RESERVA BRASILEIRA x MUNDIAL: 9ª maior reserva conhecida (2,1%)
PARA QUE É USADO: Usada em jóias, condutores e produtos farmacêuticos
PRODUÇÃO MUNDIAL (TONELADAS/ANO): 2500
QUANTO TEMPO VAI DURAR (COM BASE NA PRODUÇÃO MUNDIAL ANUAL): 28 anos

Serra Pelada

Serra Pelada





Serra Pelada
Serra Pelada no exato local onde se faziam as prospecções, vista a partir da Vila dos Garimpeiros.
Localização
Localização Curionópolis
Bandeira do Pará.svg Pará
País(es)  Brasil
Características
Altitude máxima 503 m
(621 pés)
Comprimento 5.800 ha
A Serra Pelada é uma serra brasileira localizada no sudeste do estado do Pará. Se tornou muito conhecida durante a década de 1980 por uma corrida do ouro moderna, tendo sido o local do maior garimpo a céu aberto do mundo1 , de onde foram extraídas, oficialmente, 30 toneladas de ouro.2 Localiza-se no município de Curionópolis, a aproximadamente 35 quilômetros da sede do município.
A serra é um complexo mineral que abrange uma área de aproximadamente 5 mil hectares. Hoje existem diversas cooperativas atuantes na área defendendo os direitos minerários de seus cooperados concedidos pelo DNPM - Departamento nacional de Pesquisas Minerais, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia.
Em 1982, devido à grande fama alcançada pelo garimpo de Serra Pelada, foi gravado no local o filme Os Trapalhões na Serra Pelada, que foi estrelado pela célebre trupe humorística Os Trapalhões.
Atualmente, a antiga cava onde se situava o garimpo é um lago com 100 metros de profundidade.2 Estima-se que existam no local cerca de 350 toneladas de metais preciosos, entre ouro, platina e paládio.3
Devido à recente valorização do ouro no mercado internacional após a crise econômica de 2008-2012, muitos garimpos até então desativados, passaram a ser reabertos. Em 2011, a empresa de mineração canadense Colossus Minerals Inc. se associou à Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (COOMIGASP), formando a joint venture Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPCDM), que irá explorar de forma mecanizada o ouro de Serra Pelada a partir de 2013.


História

Descoberta

Oficialmente a extração começou com um pequeno sitiante que ao cavar um pé de bananeira encontrou uma estranha pedra e ao mostra-la em um bar espalhou-se a noticia de se tratar de ouro. Em duas semanas já tinha garimpeiros do Brasil inteiro. A festa durou cerca de oito semanas quando a União interveio na área. A história divulgada é de que em 1976, um geólogo encontrou amostras de ferro no sul do Pará. Em 1979, um garimpeiro encontrou ouro no local. O ministro de Minas e Energia da época, fez o anúncio oficial da existência do metal em Carajás. A partir de 1980 levas de migrantes se deslocaram para o Pará e ocuparam o garimpo, que pertencia à fazenda Três Barras, propriedade de Genésio Ferreira da Silva.

Auge

Em 21 de maio de 1980, o governo federal promoveu uma intervenção na área, já ocupada por 30 mil garimpeiros. Áreas de lavra e garimpeiros foram registrados pela Receita Federal, e todo ouro encontrado deveria ser vendido à Caixa Econômica Federal. A intervenção foi comandada pelo militar Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió.
Em 1981, os depósitos de ouro na superfície se esgotaram, e a Vale tentou reaver a posse da área. Mas os interesses eleitorais (havia 80 mil garimpeiros na área) levaram o governo a fazer obras para prorrogar a extração manual. Em 1982, o garimpo foi reaberto e Curió foi eleito deputado federal. Curió tomou posse na Câmara em 1983 e propôs uma lei que dava permissão para que garimpeiros continuassem explorando o ouro de Serra Pelada por cinco anos. Em 1984, a Vale recebeu indenização de US$ 59 milhões pela perda da concessão da mina por quebra de contrato.

Declínio

A extração continuou caindo. Em 1988, foi de 745 kg, e, em 1990, de menos de 250 kg. Em março de 1992 o governo não renovou a autorização de 1984, e o garimpo voltou a ser concessão da Vale.

Aspectos geológicos

Um exemplar de ouro (pepita) extraído da Serra Pelada
A seqüência sedimentar é composta, na sua porção basal, por arenitos conglomeráticos, conglomerados e arenitos na base, os quais gradam em direção ao topo para siltitos vermelhos e argilitos.
A mineralização de ouro apresenta controle litológico e estrutural, sendo que a maior concentração de ouro está relacionada ao controle estrutural. A extração de ouro de Serra Pelada era efetuada nas áreas de aluvião, e na rocha primária. Os depósito de aluvião eram encontrados nas grutas da região e explorados com abertura de poços e trincheiras até atingir o cascalho aurífero de onde o ouro era recuperado manualmente com auxílio de uma bateia ou levados até rudimentares aparelhos concentradores.
Na rocha primária, o desmonte era feito sob a forma de bancadas para evitar desmoronamentos. Apesar disso, as frentes de trabalho dos garimpeiros, por eles denominadas de Babilônia I e Babilônia 2 , foram diversas vezes interditadas para que se fizessem rebaixamentos na cava do garimpo.
Uma característica peculiar do ouro de Serra Pelada é a quantidade de paládio – um elemento do grupo da Platina - que ocorre junto com o ouro e que determinava as variedades comercializadas no garimpo, e que eram respectivamente:
  • O ouro amarelo, com 1 a 2% de Paládio;
  • O ouro fino, com 6 a 7% de Paládio;
  • E o ouro bombril, com teores superiores a 9% de Paládio.

Aspectos socioeconômicos

Em seu período áureo o garimpo de Serra Pelada era dotado de privilegiadas condições socioeconômicas. Este privilégio decorreu da necessidade do governo de ordenar e até criar condições de vida para a multidão de pessoas que diariamente chegavam ao local em busca do seu Eldorado.
Já em 1980 o garimpo possuía instalações da Companhia Brasileira de Alimentação (COBAL), que instalou um armazém inflável na Serra, da Caixa Econômica Federal (CEF), da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Polícia Federal, da Polícia Militar, do Departamento Nacional de Produção Mineral, e da DOCEGEO - Rio Doce Geologia e Mineração, uma subsidiária da Vale S.A.. Esta última empresa era, juntamente com a CEF, a responsável pela compra, purificação e repassagem do ouro para o Banco Central, sendo retido 8% como parte de um seguro obrigatorio.
Face às características de Serra Pelada - uma ocorrência de ouro na superfície da terra, que de morro transformou-se em um enorme buraco - os desmoronamentos das frentes de lavra eram freqüentes, trazendo consigo a morte de garimpeiros.
Uma verdadeira cidade surgiu nas imediações de Serra Pelada, que recebeu o nome de Curionópolis, além de uma pequena vila - a Vila dos Garimpeiros, que na verdade é um distrito do município de Curionópolis - que hoje é habitada por pouco mais de 6 mil habitantes.

Extração e comercialização

A região de Serra Pelada alcançou sua maior extração de ouro no ano de sua descoberta, ou seja, em 1980. Naquele ano, somente de maio a novembro - período em que os garimpeiros podiam exercer suas atividades - foram retiradas cerca de 7 toneladas de ouro. Todavia, já em 1981, quando as atividades garimpeiras foram se tornando mais difíceis e perigosas em função das grandes profundidades alcançadas, a extração caiu para 2,5 toneladas de ouro. Ao final de 1981 o garimpo atingiu o lençol fréatico e a água brotou no enorme buraco em que se transformara o garimpo de Serra Pelada.
Ao final de 1984, a profundidade do buraco de Serra Pelada já era de quase 200 metros. A extração de ouro passou a declinar violentamente, de modo que, em 1990, somente 600 quilos de ouro foram retirados. Esta quantidade caiu para 13 quilos em 1991, ano em que, através de portaria ministerial, os direitos de lavra de Serra Pelada foram repassados para a Vale (na época CVRD), que passou a ser a detentora dos direitos minerários da região de Serra Pelada até o ano de 2002.
Segundo Levantamento feito pela DOCEGEO - subsidiária da Vale - na década de 1980, pesquisas mostraram que uma jazida de minerais da Serra Pelada tinha cerca de 350 a 450 mil toneladas de ouro, entre outros minérios de valores comerciais que até aquele momento não tinham sido calculados. Estudos recentes avaliam a jazida em aproximadamente em U$ 10,175 trilhões, em valor de mercado.
Segundo a União existem mais de 45 mil garimpeiros cadastrados na Coomigasp, a atual detentora dos direitos minerários de Serra Pelada, e que a fatia destinada a cada sócio seria de R$ 68 milhões de reais, mais os recursos retidos pela CEF, já descontado todos os custos de extração.

Serra Pelada atualmente

Hoje o antigo garimpo é uma sombra do que fora um dia. São aproximadamente 6.500 habitantes que moram em barracos miseráveis. Parece uma favela de cidade grande. O curioso é que o sudeste do Pará, onde se localiza Serra Pelada, é uma das regiões mais ricas em minérios do Brasil, mas os garimpeiros não podem ganhar a vida explorando o garimpo. Isto porque a área pertence à Vale do Rio Doce. Esta que detém a concessão de exploração da área, de acordo com as leis brasileiras onde toda riqueza natural é da União e não do proprietário do terreno.