Já existem 11 pedidos para este regime de licenciamento em trâmite no departamento, mas a decisão final da Justiça ainda depende da análise do Ministério Público Federal (MPF). Os garimpos do Juma, localizado no município de Novo Aripuanã, (a 227 quilômetros ao sul de Manaus) e do Rio Madeira, em Humaitá, (a 590 quilômetros a sudoeste de Manaus) permaneciam sob bloqueio da Polícia Federal (PF) desde 2007, como resultado de uma ação movida pelo MPF. A história começou a mudar no ano passado, quando foi concedida a primeira licença para lavra de garimpo do Estado à Cooperativa dos Garimpeiros da Amazônia (Cooga), dentro do Programa de Extrativismo Mineral Familiar, em Humaitá, com 689 cooperados. Irregularidades O Ministério Público Federal informou, através de sua assessoria de comunicação, que o acordo extrajudicial foi firmado, mas que a oficialização do processo ainda depende da finalização e aprovação de um estudo em andamento que busca verificar a eficiência dos processos realizados atualmente na atividade, onde o MPF supõe haver irregularidades. O processo foi instaurado depois que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) localizou áreas de garimpo ilegal no Juma que, segundo relatório emitido naquela época, encontravam-se em avançado processo de degradação ambiental, com contaminação de rios por mercúrio e abertura de crateras em regiões de mata virgem. A história começou a mudar no ano passado, quando foi concedida a primeira licença para lavra de garimpo do Estado à Cooperativa dos Garimpeiros da Amazônia (Cooga), dentro do Programa de Extrativismo Mineral Familiar, em Humaitá, com 689 cooperados. "No final de 2010 houve uma negociação entre os diversos órgãos de licenciamento, fiscalização e governo, onde foi feito um acordo extrajudicial para liberar estas áreas. Regularizamos a região do Madeira e estamos para regularizar a do Juma. Depois de oficializada a decisão, faremos um estudo para apontar quais serão as novas áreas de bloqueio e definir que áreas poderão ser disponibilizadas para exploração”, afirma Fernando Burgos. Dez mil A recente exploração do ouro no Sul do Estado atraiu oito mil pessoas no auge do chamado garimpo Eldorado do Juma, em 2006, logo após ter sido descoberto, tomando uma área de cerca de 10 mil hectares. Situado em Novo Aripuanã, próximo da fronteira com Apuí, nas margens do Rio Juma, a propriedade da área foi reivindicada e resultou em mando de reintegração de posse em favor de Flávio Moreira. Na busca de ouro, os garimpeiros abriram crateras na floresta ainda intocada, a maior delas com aproximadamente 50 metros de largura. Com picaretas escavaram encostas e fizeram nelas galerias e trincheiras. Nas galerias abriram buracos de oito metros de profundidade, semelhante à corrida do ouro do garimpo de Serra Pelada, no Pará, no começo dos anos 80. |
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domingo, 6 de julho de 2014
Tudo liberado. Nova corrida do ouro no Amazonas é inevitável
Suriname: Garimpeiros brasileiros destroem florestas a procura de ouro
Suriname: Garimpeiros brasileiros destroem florestas a procura de ouro
Na trilha dos "garimpeiros"
Um sinal confuso e envelhecido marca a entrada do Parque Natural Brownsberg. Neste ponto, a estrada se divide em duas. Um braço sobe o morro, enquanto o outro leva aos locais onde ficam as minerações de ouro. Não há qualquer posto de controle. Para adentrar as estradas de terra abertas por mineiros é preciso um carro 4x4 e habilidade na direção. Ao longo do caminho, podem-se ver várias minerações abandonadas. Elas deixam montes de lama e nenhuma vegetação.
Mais para a frente, estão mineradores da Guiana Francesa e do Suriname, divididos em dois grupos, de 3 e 5 pessoas. Ambos os grupos mineram da forma mais agressiva possível à natureza: usando mangueiras de água com alta pressão e mercúrio. "Tiramos da terra entre 15 e 30 gramas de ouro por dia. Se tivermos sorte, dá até 60 gramas”, conta um deles. Como os colegas, ele dorme em uma rede coberta por uma tenda improvisada, ao lado da mina. Esses mineradores estão aqui há alguns meses. "Sim, nós sabemos que estamos trabalhando em uma área protegida, mas ninguém nos pediu para ir embora e, por isso, vamos ficando", diz o homem com naturalidade.
Desde 1999, há mineração ilegal de ouro em Brownsberg. Em 2007, as estimativas eram de que a mineração em pequena escala já havia infligido uma perda de 5% da cobertura florestal do parque. Quase 13 anos depois, em março de 2012, a Ong WWF (World Wide Fund for Nature) publicou um relatório denunciando a destruição. Quando ele foi divulgado, o parque tinha 54 minerações, sendo uma delas a apenas 50 metros de distância de uma das suas maiores cachoeiras. As fotos das minerações feitas pelo WWF tiveram grande impacto sobre o público do país, as organizações ambientalistas e o governo do Suriname.
Avançando pela estrada, de repente, surge uma escavadeira. A lama molhada torna impossível continuar de carro. A única maneira de descobrir de onde veio a escavadeira é continuar o caminho a pé. Bem perto, há uma mineração onde estão outras duas máquinas. O local é gerido por um grupo de três garimpeiros brasileiros e alguns surinameses, que claramente investiram nesta operação. "Nós chegamos faz apenas duas semanas, mas ainda não encontramos muito ouro”, dizem ao lado de uma cratera escavada por eles mesmos, “algo como de 10 a 30 gramas por semana”. Eles trabalharam duro e já conseguiram construir um acampamento com cozinha e quartos de dormir feitos de lona plástica sobre uma estrutura de madeira.
Domingo é um dos brasileiros. Patrícia, sua esposa, me convida para se juntar a eles e experimentar comida típica de seu país. Ela está lá para cozinhar e fazer o trabalho doméstico. Patrícia e Domingo são de Belém do Pará, capital do estado do Pará, no Brasil. Eles são casados e têm três filhos, que foram deixados para trás com parentes. "Não é fácil obter documentos para eles", explica Domingo. Nos últimos 5 anos, ele só foi ao Brasil uma vez. Eduardo é de Manaus, onde costumava trabalhar como vendedor. "Aqui eu trabalho muito, mas ganho mais do que no Brasil. E a vida é mais tranquila, embora o Brasil seja muito mais bonito do que o Suriname", diz com um sorriso largo no rosto. "Além disso, não é possível garimpar no Brasil como aqui”, acrescenta Domingo. Eles sabem que mineram ilegalmente em uma área protegida, mas dão de ombros: "Temos que ganhar dinheiro de algum jeito”.
Patricia , Domingo e Eduardo estão longe de ser os únicos garimpeiros brasileiros no Suriname. Entretanto, o número preciso é incerto. O Instituto de Estatísticas do Suriname diz que há 5.027 brasileiros registrados, mas a "Comissie Ordening Goudsector", comissão do governo que regula a mineração de ouro, estima que existam cerca de 8.000 brasileiros. E funcionários do governo dizem informalmente que, em todo o país, os brasileiros podem chegar a 20 ou 30 mil. Antropólogos que estudam a indústria do ouro do Suriname afirmam que 70 ou 80% dos mineiros são brasileiros.
Nem todos os brasileiros estão trabalhando na mineração, uma parte significativa está em atividades de apoio. São cozinheiros, donos de bares e hotéis, ou fornecedores de transporte. As mulheres trabalham principalmente nas lojas, lavam roupas, são cabeleiras, e uma parte está na prostituição.
Quando se pergunta a um surinamês o que pensa sobre os brasileiros, a resposta padrão é que eles estão saqueando o país, e que as mulheres são prostitutas. No entanto, o Suriname precisa dos brasileiros. "Eles conhecem bem a floresta e o processo de mineração de ouro. Os locais podem aprender com eles", diz Diana Pokie, uma política que representa no parlamento a região de Brokopondo, abundante em ouro. "Os brasileiros estão levando as pessoas do vilarejo a aprender português".
Esta presença também é visível na capital Paramaribo, especialmente na zona ao norte do centro da cidade, também conhecida como "Little Belém” (pequena Belém). Nesta área, encontram-se supermercados brasileiros, bares e hotéis, compradores de ouro, e lojas que vendem equipamentos de mineração. O ambiente é diferente do resto da cidade. Parece mais colorido e animado.
Rodrigo da Silva, 51, está hospedado em um hotel bar chamado Castelo. Ele é do estado do Maranhão e ficará no hotel por alguns dias até vender seu ouro. Rodrigues trabalha operando uma escavadeira e, assim como outros brasileiros, sua presença no Suriname é ilegal, pois ele não tem uma autorização para residir no país. "Já faz 21 anos que trabalho aqui sem documento. Durantes todos esses anos usei quatro passaportes com vistos de curta duração", diz. "Quando meu visto expira, é fácil sair e voltar via Guiana. Dessa forma, consigo outro visto para mais 3 meses". Apesar dos problemas, ele também acha que a vida no Suriname é melhor do que em algumas cidades brasileiras. Marieke Heemskerk, antropóloga cultural, confirma: "nas favelas de Belém há mais violência e roubos. No Suriname, os brasileiros podem viver tranquilamente, mesmo ilegais no país”.
A maioria dos brasileiros opta por trabalhar em áreas mais inacessíveis do que Brownsberg, onde o governo surinamês não consegue localizá-los com facilidade. As condições de vida dos garimpeiros de ouro na floresta são difíceis. As pessoas vivem em acampamentos improvisados e lamacentos, próximos aos campos de mineração. A maioria dorme em redes sob um teto improvisado, uma situação frágil durante a estação de chuvas. Nas minerações maiores, há lojas chinesas que oferecem de alimentos e roupas a ferramentas. Para entretenimento, há bares e pequenos bordéis anexos. O custo de vida é alto nestas áreas, onde tudo é pago em ouro, de uma lata de Coca-Cola ao trabalho de uma prostituta.
Mais de 90 % do Suriname é coberto de floresta, dos quais grande parte é mata primária . O país abriga mais de 1.100 espécies conhecidas de anfíbios, aves, mamíferos e répteis, e cerca de 5 mil espécies de plantas vasculares, de acordo com o World Conservation Monitoring Centre. No entanto, Brownsberg é apenas um exemplo de desmatamento na Amazônia do Suriname.
No Suriname, 12,7% do território é composto de áreas protegidas (nas categorias I-V da IUCN). Mas, em 2012, o país perdeu 19.138 hectares de cobertura florestal amazônica, segundo dados do Terra-I e do InfoAmazonia . Isto é um aumento em torno de 87% em relação a 2011. As medidas de conservação do país parecem não sair do papel; e é débil o combate do governo contra a mineração ilegal de ouro.
Mapa do InfoAmazonia com os dados de desmatamento no entorno da Reserva Brownsberg
MudançasOs garimpeiros brasileiros não são os únicos culpados pela perda de floresta amazônica. Em um país em que há pouca regulação, fiscalização e monitoramento, mineiros ilegais operam sem preocupações em um “Velho Oeste” à la Suriname. Porém, há sinais de mudanças chegando. Robby Dragman, Diretor do Stichting Natuurbehoud Suriname (STINASU ), órgão que gerencia o Parque Nacional Brownsberg Nature, explica seus planos para levar o parque de volta aos seus dias de glória: "Queremos formar a nossa própria equipe profissional de segurança”.
Além disso, a Comissie Ordening Goudsector tem planos para ensinar os mineiros a trabalharem de forma mais amigável à natureza. Há alguns meses, garimpeiros passaram a poder se registrar com o governo e obter autorizações para minerar em locais pré-determinados. A STINASU também está trabalhando em um projeto de recuperação do Brownsberg, em cooperação com a Universidade de Paramaribo. São boas notícias, mas a destruição causada pela mineração de ouro no parque levará anos para ser remediada. Mas, assim como tudo o mais no Suriname, as coisas boas vêm lenta e pacificamente.
Amazônia abriga terceira corrida do ouro no Brasil
Amazônia abriga terceira corrida do ouro no Brasil
O que o resultado das operações de fiscalização de crimes ambientais
sinalizava, e o governo temia, está sendo confirmado agora por
especialistas em mineração e órgãos ambientais: começou, há quase cinco
anos, a terceira corrida do ouro na Amazônia Legal, com proporções,
provavelmente, superiores às do garimpo de Serra Pelada, no sul do Pará,
no período entre 1970 e 1980.
Nos últimos cinco anos, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) desativou 81 garimpos ilegais que funcionavam no norte de Mato Grosso, no sul do Pará e no Amazonas, na região da Transamazônica. O Ibama informou que foram aplicadas multas no total de R$ 75 milhões e apreendidos equipamentos e dezenas de motores e balsas.
Nesta semana, fiscais do Ibama e da Funai (Fundação Nacional do Índio) e agentes da Polícia Federal, desativaram três garimpos ilegais de diamante no interior da Reserva Indígena Roosevelt, em Rondônia. Dezessete motores e caixas separadoras usadas no garimpo ilegal foram destruídos, cessando o dano de imediato em área de difícil acesso.
A retomada do movimento garimpeiro em áreas exploradas no passado, como
a Reserva de Roosevelt, e a descoberta de novas fontes de riqueza
coincidem com a curva de valorização do ouro no mercado mundial. No ano
passado, a onça – medida que equivale a 31,10 gramas de ouro – chegou a
valer mais de US$ 1,8 mil.
Com a crise mundial, a cotação no mercado internacional, recuou um pouco este ano, mas ainda mantém-se acima de US$ 1,6 mil. No Brasil, a curva de valorização do metal continua em ascensão. No início deste ano, o preço por grama de ouro subiu 12%, chegando a valor R$ 106,49.
"É um valor muito alto que compensa correr o risco da clandestinidade e da atividade ilegal. Agora qualquer teorzinho que estiver na rocha, que antes não era econômico, passa a ser econômico", afirma o geólogo Elmer Prata Salomão, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Mineral e ex-presidente do DNPM (Departamento Nacional da Produção Mineral), ligado ao Ministério de Minas e Energia.
Como a atual corrida do ouro é muito recente, os dados ainda são
precários e os órgãos oficiais não têm uma contagem global. Segundo
Salomão, que presidiu o DNPM na década 1990, depois da corrida do ouro
de Serra Pelada, foram feitos levantamentos que apontaram cerca de 400
mil garimpeiros em atividade no Brasil.
"Tem garimpos por toda a região e tem empresas com direitos minerários reconhecidos para atuar lá", relata. Como ainda há muito ouro superficial que atrai os garimpeiros ilegais, a área tem sido alvo de conflitos. As empresas tentaram solucionar o problema no final do ano passado, quando procuraram o governo de Mato Grosso e o DNPM. "A notícia que tive é que a reunião não foi muito boa. Parece que o governo local tomou partido do garimpo", disse ele. Procurado pela Agência Brasil, o governo de Mato Grosso não se manifestou.
"Os garimpos mais problemáticos são os de ouro e diamante. Na Amazônia, incluindo o norte de Mato Grosso, estão os mais problemáticos e irregulares, tanto por estarem em áreas proibidas, como por serem clandestinos."
A Reserva Roosevelt, no sul de Rondônia, a 500 quilômetros da capital,
Porto Velho, é outro ponto recorrente do garimpo ilegal. A propriedade
de mais de mil índios da etnia Cinta-Larga, rica em diamante, foi palco
de um massacre, em 2004, quando 29 garimpeiros, que exploravam
clandestinamente a região, foram mortos por índios dentro da reserva. O
episódio foi seguido por várias manifestações dos Cinta-Largas,
incluindo sequestros, que pediam autorização para explorar a reserva.
"Agora existe um grupo de garimpeiros atuando junto com os índios, ilegalmente. Agora, eles estão de mãos dadas. A gente viu fotografias com retroescavadeiras enormes", diz o geólogo.
Os garimpos na Reserva do Roosevelt voltaram a ser desativados esta semana, quando o Ibama deflagrou mais uma operação na região, com o apoio da Polícia Federal.
Marini explicou que ainda não é possível contabilizar os números da atividade praticada ilegalmente na região. "Não há registro. Em Tapajós, onde [o garimpo] está na fase final, falava-se em valores muito altos, em toneladas de ouro que teria saído de lá, mas o registro oficial é pequeno, a maior parte é clandestina. Ouro, diamante e até estanho, que é mais barato, na fase de garimpo, mais de 90% era clandestino".
Nos últimos cinco anos, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) desativou 81 garimpos ilegais que funcionavam no norte de Mato Grosso, no sul do Pará e no Amazonas, na região da Transamazônica. O Ibama informou que foram aplicadas multas no total de R$ 75 milhões e apreendidos equipamentos e dezenas de motores e balsas.
Nesta semana, fiscais do Ibama e da Funai (Fundação Nacional do Índio) e agentes da Polícia Federal, desativaram três garimpos ilegais de diamante no interior da Reserva Indígena Roosevelt, em Rondônia. Dezessete motores e caixas separadoras usadas no garimpo ilegal foram destruídos, cessando o dano de imediato em área de difícil acesso.
Com a crise mundial, a cotação no mercado internacional, recuou um pouco este ano, mas ainda mantém-se acima de US$ 1,6 mil. No Brasil, a curva de valorização do metal continua em ascensão. No início deste ano, o preço por grama de ouro subiu 12%, chegando a valor R$ 106,49.
"É um valor muito alto que compensa correr o risco da clandestinidade e da atividade ilegal. Agora qualquer teorzinho que estiver na rocha, que antes não era econômico, passa a ser econômico", afirma o geólogo Elmer Prata Salomão, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Mineral e ex-presidente do DNPM (Departamento Nacional da Produção Mineral), ligado ao Ministério de Minas e Energia.
Regiões estratégicas
O secretário executivo da Adimb (Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira), Onildo Marini, cita duas regiões em Mato Grosso consideradas estratégicas para o garimpo: o Alto Teles Pires, no norte do estado, que já teve forte movimento da atividade e hoje está em fase final, e Juruena, no noroeste mato-grossense, onde o garimpo foi menos explorado."Tem garimpos por toda a região e tem empresas com direitos minerários reconhecidos para atuar lá", relata. Como ainda há muito ouro superficial que atrai os garimpeiros ilegais, a área tem sido alvo de conflitos. As empresas tentaram solucionar o problema no final do ano passado, quando procuraram o governo de Mato Grosso e o DNPM. "A notícia que tive é que a reunião não foi muito boa. Parece que o governo local tomou partido do garimpo", disse ele. Procurado pela Agência Brasil, o governo de Mato Grosso não se manifestou.
"Os garimpos mais problemáticos são os de ouro e diamante. Na Amazônia, incluindo o norte de Mato Grosso, estão os mais problemáticos e irregulares, tanto por estarem em áreas proibidas, como por serem clandestinos."
abr.2014
- O Ibama, em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o
Batalhão de Policiamento Ambiental (Bpam), realizou operação na Terra
Indígena Rio Manicoré, localizada no município de Manicoré, sul do
Estado do Amazonas. Durante a ação, foram apreendidos aproximadamente 85
m³ de madeira em toras e foram aplicadas multas de R$ 30 mil. A
madeira, em sua maior parte, angelim-pedra, estava sendo transportada na
balsa Navezon B29, que também foi apreendida Ditec/Ibama
"Agora existe um grupo de garimpeiros atuando junto com os índios, ilegalmente. Agora, eles estão de mãos dadas. A gente viu fotografias com retroescavadeiras enormes", diz o geólogo.
Os garimpos na Reserva do Roosevelt voltaram a ser desativados esta semana, quando o Ibama deflagrou mais uma operação na região, com o apoio da Polícia Federal.
Marini explicou que ainda não é possível contabilizar os números da atividade praticada ilegalmente na região. "Não há registro. Em Tapajós, onde [o garimpo] está na fase final, falava-se em valores muito altos, em toneladas de ouro que teria saído de lá, mas o registro oficial é pequeno, a maior parte é clandestina. Ouro, diamante e até estanho, que é mais barato, na fase de garimpo, mais de 90% era clandestino".
Lojas de ouro anunciavam em "O Garimpeiro"
Lojas de ouro anunciavam em "O Garimpeiro"
A publicidade nas edições desse semanário porto-velhense fazia parte do êxito do efervescente comércio do ouro em 1985, tempos em que o País conhecia o governo da “Nova República”, pós-morte do presidente Tancredo Neves.
Para bamburrar, apoite com segurança na Fortaleza do Povo – de Altamiro Passos.
Garimpeiro comprando na Cibrama não fica blefado – Companhia Industrial Brasileira de Madeira (Lambris, assoalhos, rodapés, pranchas, forros, vigas e tábuas – Estrada da Cascalheira s/nº, telefones 2213365 e 2213275).
Compra de ouro do Tião – Venha tomar um refrigerante e negociar o seu ouro na melhor oferta da cidade: Avenida Sete de Setembro 1.326, ao lado do Pastel Quente. O melhor negócio é com o Camelo – Vá procurá-lo na Rua Henrique Dias 456, Telefones 2219849 e 2219183, em Porto Velho.
Era um jornal artesanal composto em linotipo e impresso a quente (com chumbo derretido), que divulgava informações do setor mineral e defendia a classe extrativista mais nômade da Amazônia, tanto constituída por garimpeiros quanto por balseiros e dragueiros que migravam para todos os quadrantes onde havia notícia de fofoca (ocorrência de ouro). Cutucava sempre as “grandes onças” multinacionais que haviam se instalado em Rondônia nos tempos da cassiterita, e também as novas, que estavam chegando.
Criado pelo geólogo Djalma Lacerda, então presidente da Companhia de Mineração de Rondônia, teve suas edições confiadas a mim e aos colegas Nelson Severino, Carlos Gilberto Alves e Jorcêne Martínez. No começo, seu João Leandro Barbosa, o Perigoso – que a todos chamava de Perigozinho – nos levava de carro toda a semana para Cacoal, a 500 km, onde o jornal era impresso na gráfica da Tribuna Popular, de Adair Perin.
– Rua Campos Sales 984); Zé Lobato (Com a cotação do dia pagamos o melhor preço de Rondônia – Avenida Sete de Setembro 1.180).
Dragas Gondim Indústria e Comércio (Fabricação, montagem e manutenção de barcos, rebocadores, silos, dragas de todos os tamanhos – Com grande profundidade. Peneiração de areia e garimpo, 512053 e 511112).
Antonio Barbudo (Ouro e metais preciosos – Paga o melhor preço da praça – Avenida Sete de Setembro 1.059).
Advogada Lindinalva Laranjeiras (Garimpeiro, o endereço é este: Rua Campos Sales 1.591, Areal) Lindinalva e Nilton Dantas eram advogados do jornal.
L.J.R. Comércio Golden de Ouro (A diferença das outras casas está no preço que pagamos; comprove – Rua Campos Sales 934, telefone 2212590).
Não adianta descer a Sete para tentar o melhor. Você vai voltar e vender para o Manuel. É o que paga melhor.
L.F.P. Barreto Comércio de Ouro – Avenida Sete de Setembro, esquina com Rua Marechal Deodoro 1.264, telefone 2219144).
R.V. Coelho (Compra ouro de garimpo e ouro velho – Avenida Sete de Setembro 1.181).
Já os hotéis esnobavam seus apartamentos com ar condicionado, frigobar, telefone, TV, restaurantes, pratos italianos, frutos do mar etc. Um deles, o Rondon Palace Hotel, “inteiramente familiar”, não arriscava se dizer o melhor. No anúncio colocava: “com prestações de serviço quase perfeitas.”
Outros hotéis que prestigiavam o jornal: Azteca, Boa Viagem, Guaporé Palace, Jordan, Los Andes, Nunes, Planalto, São João, Sebma, Tia Carmem, Vitória, Samaúma, Cuiabano, Iara e Libra. Em Ariquemes: Horla, Hotel Ariquemes, Jocemel, Rio Branco e Rio Madeira.
Em Jaru: Bar e Hotel Paraná. Costa Marques: Hotel Vale do Guaporé. Guajará-Mirim: Fênix Palace Hotel e Hotel Mini Estrela. Ouro Preto do Oeste: Hotel Ouro Preto. Ji-Paraná: Hotel Guanabara, Hotel Itamaraty, Hotel Sol Nascente, Hotel Transcontinental. Rolim de Moura: Hotel e Comercial Dalla Vecchia. Cacoal: Tarcisbel, Hotel Amazonas e Cacoal Palace Hotel.
Pimenta Bueno: Hotel Céus de Rondônia, Hotel Piritiba Palace. Cerejeiras: Hotel Real. Colorado do Oeste: Fenícia Palace Hotel e Hotel Restaurante do Toninho. Vilhena: Aripuanã Hotel, Diplomata Hotel, Hotel Campinense, Hotel Mirage, Hotel Primavera, Hotel e Restaurante Colorado e Vilhena Palace Hotel.
Mais anunciantes:
Casa Cruzeiro do Sul – antigo grupo Zé Arara (Compramos ouro pelo melhor preço: Rua General Osório, ao lado da Magriff); Pescaça Sociedade Comercial Ltda. (Armas, munições e artigos de pesca – Avenida Campos Sales 2247, telefone 2211871).
Sobral Magazine (Aqui, quem manda é o freguês – Ande na moda, passe na Sobral e se atualize – O ponto chic da capital –Edifício Rio Madeira, loja e sobreloja).
Agroindustrial e Mineradora Camelo Ltda. (Motobombas, grupos geradores, motores de pôpa, motores diesel e todo equipamento para garimpo – Rua Henrique Dias 456).
Hectare Empreendimentos Imobiliários Ltda. (Diretores: Ramalho e Barreto – A nova opção de negócios de imóveis no Estado, 2218296).
Motomaq (Possui todo material para equipar dragas e balsas, como também para tratamento de ouro, além de uma linha completa para mergulho – Rua D. Pedro II 1378, com filiais em Mutumparaná e Guajará-Mirim).
Sobre mineração e sustentabilidade
Sobre mineração e sustentabilidade
Em sua coluna de julho, o biólogo Jean Remy Guimarães aborda o interesse renovado pelo garimpo do ouro na Amazônia. O material desprezado por garimpeiros há 20 anos é agora retrabalhado por meio de processo altamente agressivo ao meio ambiente.
Com a subida do preço do ouro, a atividade mineradora ganha novo fôlego. Áreas exploradas na Amazônia na década de 1980 voltam a dar lugar aos mineiros, afetados diretamente pelos elementos tóxicos envolvidos na extração de metais.
Na maior parte dos casos, busca-se extrair um elemento valioso que está presente no minério em teores de gramas por tonelada. Para chegar ao minério, é necessário remover quase tudo o que há no caminho e achar onde botar tudo isso. O lugar designado para tal é adequadamente chamado de bota-fora. É nele que se descartam montanhas de material processado, rebaixado agora ao termo ‘estéril’.
No caso da mineração de ouro, por exemplo, gera-se cerca de uma tonelada de estéril para se obter três gramas do precioso metal. Dependendo de seu teor de água, o estéril é empilhado ou recolhido em bacias de decantação, cujos diques teimam em sofrer infiltração ou, pior, rompimento, geralmente em época de chuva.
Já as pilhas de estéril causam outro problema, a drenagem ácida. Os minérios são frequentemente ricos em enxofre, que forma sulfatos, combustível das bactérias sulfato-redutoras, cuja atividade incessante gera ácido sulfúrico. O chorume formado nessas pilhas de estéril pode ter acidez suficiente para matar dezenas de quilômetros da bacia de drenagem a jusante.
- Os resíduos da atividade mineradora são, em geral, empilhados ou recolhidos em bacias de decantação. O chorume formado nessas pilhas é extremamente ácido e nocivo ao meio ambiente.
Caramba, ainda não extraímos quase nada e já ocupamos uma área enorme com material inservível para agricultura e geralmente inadequado para construção, e transformamos rios de água em rios de lama. E, por enquanto, falamos mais da física do que da química e da toxicologia do processo.
Amalgamação e cianetação
Seguindo com nosso exemplo do ouro: há vários processos para sua extração, mas os mais usados são a amalgamação com mercúrio metálico e a cianetação. O mercúrio é um elemento muito peculiar, líquido e pouco volátil à temperatura ambiente, condutor, e capaz de dissolver outros metais.Entre muitos outros usos, essas propriedades permitem fazer obturações dentárias baratas e duráveis – misturando-se mercúrio, prata e cobre – e também extrair ouro fino de solos e sedimentos. Depois de amalgamado com o ouro e a prata ali contidos, o mercúrio é removido por aquecimento.
Naturalmente, isto pode gerar grave exposição ocupacional e injeta vapor de mercúrio na atmosfera, que pode se dispersar por grandes distâncias. Também gera quantidade expressiva de material contaminado com mercúrio metálico. Embora simples e barato, esse processo não consegue remover mais de 30% do ouro.
Para aumentar o rendimento da extração, seus efluentes são frequentemente submetidos à cianetação. O cianeto é bem menos conversável do que o mercúrio. Pequenas bobeiras no seu uso podem gerar vapores fatais, e sua liberação em corpos d’água transforma-os em desertos por dezenas de quilômetros. Sua toxicologia é, digamos, mais rápida e objetiva.
De draga em draga
Mas foi o processo de amalgamação que sustentou a corrida do ouro na Amazônia brasileira durante os anos 1980. Concentrada nos rios Madeira e Tapajós, essa corrida produziu cerca de 100 toneladas anuais de ouro e a liberação de quantidade equivalente de mercúrio em solos, águas e atmosfera, além de causar assoreamento de rios e modesto desmatamento.
A corrida do ouro na Amazônia produziu cerca de 100 toneladas anuais de ouro e a
liberação de quantidade equivalente de mercúrio em solos, águas e
atmosfera
Durante uma década, o garimpo de ouro ocupou um milhão de garimpeiros, gastou mais carpete do que a construção civil e foi o principal consumidor de motores diesel e de popa do país.No rio Madeira, grandes dragas e balsas foram improvisadas com flutuadores de todo tipo, dos barris de óleo amarrados uns aos outros aos grandes cilindros metálicos encomendados em pequenas metalúrgicas. Cobertos com piso de madeira e lona, abrigavam equipes de quatro a seis pessoas, que trabalhavam, comiam e dormiam a bordo e se deslocavam ao sabor do teor de ouro no sedimento do rio.
Em pontos mais atraentes, as dragas e balsas se acotovelavam tornando quase possível a travessia do rio sem molhar os pés, pulando de draga em draga. Armazéns, bordéis, restaurantes, postos de venda de gasolina, diesel e mercúrio eram flutuantes e tão móveis quanto os seus clientes.
Já no Tapajós e em Serra Pelada, o garimpo era de terra firme e deixava marcas mais visíveis, como as grandes cavas empapadas de água. Por que esse cenário épico não foi tema de algum filme à la Fitzcarraldo, de Werner Herzog, é uma pergunta que não quer calar.
Em plena crise inflacionária oficial, essa economia paralela, porém muito concreta, era regida pelo ouro e os estabelecimentos não tinham caixa registradora, mas sim balanças de precisão. Uma cerveja ou maço de cigarro, 1 grama de ouro. Um programa, 2 gramas, e assim por diante.
Uma cerveja ou maço de cigarro, 1 grama de ouro. Um programa, 2 gramas, e assim por diante
Tudo isso era ilegal, já que ninguém tinha autorização de lavra, só de prospecção, e o uso de mercúrio no garimpo não era autorizado. Mas com 100 toneladas anuais de ouro, quem vai se importar, não é mesmo? E as 100 toneladas anuais de mercúrio? Eram importadas, já que não temos jazidas desse metal multiuso no Brasil. Importadas para “uso odontológico” ou “usos não especificados”. Haja obturação, mas ninguém estranhou. O garimpo voltou
Mas aí a queda brusca do preço do ouro fez ‘tcham’, o plano Collor fez ‘tchum’ e a partir de 1990 a atividade garimpeira desabou, assim como a visibilidade do tema. Mas nada é para sempre, a não ser a morte e a extinção. Os preços do ouro vêm subindo forte nos últimos anos. O garimpo voltou. Não à ribalta, mas às ribeiras.Todo mês alguma draga é abalroada no Madeira por um barco de passageiros ou uma balsa de transporte. Não tem onde reclamar, afinal, não deveriam estar ali. Mas no garimpo há trabalho, come-se carne e pode-se sonhar com riqueza num pais ainda campeão de desigualdade.
E assim, com a subida da cotação do ouro, o estéril de ontem virou matéria-prima. No Tapajós, o material desprezado pelos garimpeiros de 20 e poucos anos atrás é agora retrabalhado com cianetação. Sem alarde midiático nem documentário da BBC.
No Madeira, grandes hidrelétricas estão em construção no trecho que sofreu garimpo nos anos 1980 e só no futuro saberemos que efeito isso terá sobre os níveis de mercúrio em peixes, nas próprias represas e rio abaixo.
No Peru, a região de Madre de Dios é cenário de uma corrida do ouro localizada, mas muito intensa, em áreas cuja drenagem flui para o nosso pais. E todas as áreas auríferas estão em exploração crescente, no mundo todo, e novos projetos se multiplicam.
- Líquido, pouco volátil à temperatura ambiente e capaz de dissolver outros metais, o mercúrio tem sido usado na extração do ouro. O governo do Amazonas acaba de autorizar o seu uso nos garimpos do estado, a despeito dos efeitos altamente nocivos. (foto: Wikimedia Commnos)
Mas não se preocupe, será exigido um relatório de impacto ambiental. Difícil vai ser o preenchimento do quadro “local da atividade”. Afinal, não há espaço suficiente no formulário para escrever “onde houver ouro, num trecho de 900 quilômetros do rio Madeira, a partir da divisa do estado, e em afluentes no mesmo trecho”. E tudo isso só faz algum sentido, se fizer algum, caso haja alguma presença do estado nos locais em questão.
Algo me diz que não vai ser o caso. Vamos acabar sendo abalroados por um documentário da BBC ou algo parecido. Mas com tanto ouro, quem se importa, não é mesmo?
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