domingo, 13 de julho de 2014

Um novo gold rush na África do Sul cria, também, uma corrida imobiliária

Um novo gold rush na África do Sul cria, também, uma corrida imobiliária

 
 


Durante séculos os rejeitos das profundas minas de ouro do Witwatersrand se acumularam nas proximidades de Johannesburg e Pretória, ao longo de quilômetros quadrados de áreas perdidas,  nas margens da bacia sedimentar do Wits. O acúmulo de rejeitos passou a ser uma herança maldita desde a descoberta dos imensos jazimentos de ouro do Witwatersrand, que causou uma das maiores corridas de ouro do mundo, em 1886.
No entanto a visão de uns e a tecnologia de outros está mudando a economia do lugar.
Esses rejeitos contêm quantidades econômicas de ouro que são o resultado da lavra de minérios de alto teor em épocas de menor tecnologia e recuperações mais baixas.
A cidade literalmente envolveu esses tailings e o que se vê é um risco aos milhões de habitantes das redondezas.
Pois bem, hoje, com os avanços tecnológicos, milhões de toneladas de rejeitos, antes um risco, começam a ser tratados e o seu ouro contido recuperado. O processo de recuperação dos rejeitos não só recupera o ouro, mas, também, o meio ambiente, a paisagem e alimenta a mais nova corrida imobiliária da região. Áreas antes ocupadas pelas pilhas de rejeito voltam a ser ocupadas por projetos imobiliários que fazem um novo boom econômico em Johannesburg ao mesmo tempo em que injetam significativas somas nos cofres das mineradoras de ouro do Witwatersrand.
Em alguns casos como em Mogale, os rejeitos ainda tem uma concentração de urânio que deverá ser tratada antes que a área seja entregue à população.
Estima-se que mais de 40% de todo o ouro ainda contido nos rejeitos serão recuperados independente da granulometria.
É a mais nova corrida de ouro da África do Sul e uma interessante lição aos mineradores do mundo todo.

Sema normatiza garimpos no rio Tapajós

Sema normatiza garimpos no rio Tapajós

O governo do Pará também decretou que as licenças e autorizações ambientais para a atividade garimpeira com escavadeira hidráulica e equipamento flutuante – dragas, balsas, chupadeiras e balsinhas – nos afluentes diretos e indiretos do rio Tapajós, que porventura tenham sido concedidas pelo órgão ambiental, terão em um prazo de 60 dias, a contar da publicação do decreto 174, a validade suspensa, e todo o maquinário utilizado para esse fim deverá ser desmobilizado.

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As dragas deverão ser cadastradas para controle de vistorias pelo órgão ambiental e demais órgãos com competência, inclusive a Marinha do Brasil.
BELÉM – A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) acolheu proposta redigida e encaminhada após a audiência pública ocorrida no último dia 3 de maio, no município de Itaituba, que debateu o Decreto 174, assinado pelo governador Simão Jatene, para a promoção do equilíbrio ambiental à atividade garimpeira no rio Tapajós.
O documento servirá de subsídio à elaboração da Instrução Normativa que visa padronizar o trabalho nos garimpos da região, de forma a minimizar impactos ambientais e ajustar a conduta para obtenção e renovação de Licença Ambiental.
A publicação do decreto no Diário Oficial do Estado do Pará, em 15 de abril, determina que fica proibida a concessão de novas licenças e autorizações ambientais para atividade garimpeira nos leitos e margens dos tributários (afluentes) diretos e indiretos do rio Tapajós, ressalvados aqueles constituídos de correntes não navegáveis nem flutuantes, até que seja editado ato normativo pelo órgão ambiental competente que regule a atividade garimpeira, desde que amparado em estudos que comprovem que o meio ambiente tenha condições de suportar esta atividade.
O governo do Pará também decretou que as licenças e autorizações ambientais para a atividade garimpeira com escavadeira hidráulica e equipamento flutuante – dragas, balsas, chupadeiras e balsinhas – nos afluentes diretos e indiretos do rio Tapajós, que porventura tenham sido concedidas pelo órgão ambiental, terão em um prazo de 60 dias, a contar da publicação do decreto 174, a validade suspensa, e todo o maquinário utilizado para esse fim deverá ser desmobilizado.
A Instrução Normativa começou a ser elaborada em fevereiro, com o apoio da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Secretaria de Meio Ambiente e Mineração de Itaituba, Câmara Municipal e da classe garimpeira. Saúde e segurança do trabalhador, utilização correta de maquinários, dimensões máximas de barrancos, pagamento do imposto ao município, a questão do mercúrio e as condições de trabalho são pontos focais da Instrução.
Redigida no dia 4 de maio, a proposta entregue à Sema é assinada pelas prefeituras e Câmaras Municipais de Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso; Associação dos Mineradores do Tapajós, Cooperativas dos Garimpeiros, Mineradores e Produtores de Ouro do Tapajós; dos Garimpeiros da Amazônia, do Vale do Tapajós, dos Trabalhadores em Garimpo, dos Mineradores Garimpeiros do Pará; Sindicato dos Mineradores do Oeste do Pará e Movimento em Defesa da Legalização da Garimpagem Regional, entre outros.
Nas orientações gerais, o documento propõe a construção de latrinas distante 40 metros do córrego e aterramento do lixo à distância de 40 metros de Área de Preservação Permanente (APP), bateamento em local apropriado com proteção obrigatória – botas – e luvas cirúrgicas na manipulação do mercúrio, que deverá ser reciclado. O resultado dos amalgamados só poderá ser queimado na retorta, que protege o garimpeiro da queima do mercúrio.
No caso da atividade garimpeira que utiliza bico jato e chupadeira (par de máquinas), como ocorre no rio Tapajós, a proposta recomenda o trabalho em barrancos com dimensões que viabilizem sua recomposição; proibição de lançamento de qualquer rejeito no leito dos rios e cursos dágua; obrigatória recuperação do relevo com reflorestamento da área total alterada após a exaustão da atividade, esta obrigatória para o licenciamento ambiental; implantação de cursos e oficinas de desenvolvimento de extração mineral e boas práticas ambientais, entre outras abordagens.
Segundo a proposta, o uso de escavadeiras hidráulicas (conhecidas como PC) com bico de jato fica proibido no leito e nas margens dos afluentes diretos e indiretos navegáveis no rio Tapajós, assim como torna-se obrigatória a construção de barragens de contenção de rejeitos, lagoas de decantação, cadastramento das PCs com apresentação de nota fiscal de origem e apresentação de técnico responsável para extração mineral e recuperação ambiental.
Entre as condições para a garimpagem com equipamentos flutuantes no rio Tapajós, as dragas deverão ser cadastradas para controle de vistorias pelo órgão ambiental e demais órgãos com competência, inclusive a Marinha do Brasil. O equipamento deve manter 100 metros da margem do rio e distância de 500 metros para outro equipamento, além das exigências das condições de trabalho, restrições de equipamentos operativos, controle de mercúrio, coleta, tratamento de resíduos, comprovação de nota fiscal de aquisição de insumos no município onde está localizada a atividade e o apoio à estruturação das secretarias municipais de Meio Ambiente.
Contudo, o licenciamento dessas atividades, no leito do rio Tapajós, será de caráter provisório, até que finalize o estudo e o monitoramento a ser realizado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Somente a partir desse estudo, com previsão de um ano, serão estabelecidos os parâmetros definitivos para licenciamento ou restrição da atividade garimpeira. “O Decreto não proíbe o garimpo na região e, sim, a utilização de maquinários nos leitos e margens dos tributários do rio do Tapajós. São normas necessárias para proteger o rio, que já sofreu severos impactos ambientais”, explicou o secretário de Estado de Meio Ambiente (Sema), José Alberto Colares.
O secretário teve o apoio da prefeita de Itaituba, Eliene Nunes. “Há 60 anos se extrai ouro desta região, mas nós nunca tivemos uma discussão assim, aberta, com a presença dos principais envolvidos, os garimpeiros. Quero parabenizar o secretário pela dedicação à causa, pois já é a segunda vez, este ano, que toda equipe da Sema comparece no município para discutir a questão do garimpo”, ressaltou.

Destruição sem holofotes do rio Tapajós

Destruição sem holofotes do rio Tapajós

A degradação do Tapajós, efeito das dragas de garimpagem que vasculham o rio 24 horas/dia..

Estrelinha
“Até hoje, os grandes problemas da humanidade nunca foram resolvidos por decretos coletivos, mas somente pela renovação da atitude do indivíduo. Em tempo algum, meditar sobre si mesmo foi uma necessidade tão imperiosa e a única coisa certa, como nesta catastrófica época contemporânea.” Carl Gustav Jung (1916)
Historicamente, a extração mineral pela garimpagem na baia do rio Tapajós teve início no idos anos 1950, quando da “descoberta” de ouro no rio das Tropas, a região teve uma drástica mudança.
Em pouco tempo, dezenas de milhares de garimpeiros invadiram as cidades, as matas, e aos poucos os rios. Calcula-se que mais de 500.000 homens já estiveram garimpando na região. As consequências deste trabalho e da lavra desorganizada se fizeram sentir imediatamente.
Com o garimpo, veio o dinheiro e, naturalmente, os problemas inerentes a ele. Um dos pontos mais debatidos tanto pela mídia nacional e internacional como pelos meios acadêmicos, foi e é o da contaminação do meio ambiente, flora, fauna e pessoas pelo mercúrio.
Draga no rio TapajósDragas em atividade de garimpagem no leito do rio Tapajós, próximo a Itaituba. Foto: arquivo Blog do Jeso
O governo federal, através do Ministério de Minas e Energia, nos anos 1980/1990 fez uma campanha de incentivo para a garimpagem ser alavancada na região, sem se preocupar com o disposto na Lei da Política Ambiental, de 1981.
Em Brasília e em Santarém (1983) foram feitos dois encontros para promover a extração aurífera a qualquer custo. Com este método conseguiram evitar a quebra do Brasil junto a comunidade internacional.

O garimpeiro, para aumentar a recuperação das finas partículas de ouro, usa o mercúrio na sua forma líquida. Este metal líquido tem a propriedade de capturar os grãos de ouro formando um amálgama. Na realidade, é este mesmo amálgama que foi muito usado até pouquíssimo tempo atrás, nas obturações e próteses dentárias.
Ou seja a maioria dos cidadãos de meia idade carregam uma fonte de mercúrio em sua boca. No garimpo, a operação com o mercúrio consiste em colocar grandes quantidades deste metal líquido nas caixas (sluice boxes) em posições estratégicas onde o ouro estará sendo também concentrado. O fluxo da água faz o ouro entrar em contato com o mercúrio sendo imediatamente aprisionado.
O processo é, em geral, muito rudimentar e causa grandes perdas de mercúrio que é transportado pelas águas para os rejeitos onde se infiltra. O amálgama que não foi perdido na garimpagem é, após alguns dias, processado pelo garimpeiro com o intuito de recuperar o ouro e parte do mercúrio metálico. Este processo é a maior fonte de contaminação dos garimpeiros, pois nele é usado o maçarico, que vaporiza o mercúrio deixando somente o ouro na sua forma sólida.
Os vapores de mercúrio, pela inexistência de equipamentos de proteção, máscaras e capelas, eram, parcialmente inalados pelos garimpeiros e despejados na atmosfera.
Sobre a postagem do professor Manuel Dutra no Blog do Jeso – Tapajós, duas cores: dragas de garimpagem? – seria conveniente que se tratasse deste assunto com mais preocupação e envolvimento maior dos interessados.
Nota-se, inicialmente, que poucas pessoas se manifestam sobre o assunto. Parece que ainda não caiu a ficha de que somos responsáveis, hoje, pelo que pode acontecer num futuro próximo.
O Relatório Brundtland faz uma crítica ao modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento e ressalta os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas, em 1987.
O IBAMA, em uma cartilha sobre Normas e Procedimentos para Licenciamento Ambiental no Setor de Extração Mineral, em 2001, fazia referencia aos garimpos como “extração mineral através de métodos rudimentares e tradicionais, sem conhecimento do jazimento e sem projeto técnico específico”, mas ao passar as atribuições de licenciar para o estado (membro do SISNAMA) dá a impressão que se livrou de um problema, pois deveria, pelo convenio assinado, ter controle do procedimento.
A SEMA, no caso dos garimpos tapajônicos, apesar de toda a oposição e críticas às suas normas estabelecidas resolveu fazer do modo que queria fazer, colocando regras minerais (que são exclusivas da União) e regras ambientais em rio federal (do IBAMA).
Em pouquíssimos momentos estabeleceu um cronograma de fiscalização das atividades licenciadas, para verificar se o que estava escrito nos PCA’s (Planos de Controle Ambiental) correspondia ao trabalho efetuado. A desculpa de que o estado é continental só reforça o desmembramento do Tapajós, que vive sem infraestrutura, serviços, saúde etc. a nível estadual.
Parece que esta região é um simples apêndice num corpo humano: uma cirurgia pode resolver o problema.
A SEMMAP, órgão ambiental municipal de Itaituba está licenciando ambientalmente até em áreas já requeridas, no DNPM, por terceiros. E a legislação mineral ainda preserva o direito de prioridade, isto é, quem pede primeiro tem preferência até que seja indeferido o requerimento anterior e cumprido os trâmites previstos.Além, também, não ter pessoal para fiscalização e licenciamento a contento.
Da última vez que uma autoridade pública se manifestou, o mesmo foi linchado em público. Refiro-me ao deputado federal Dudimar Paxiuba, que resolveu lançar seu discurso ambiental em direção ao Tapajós e, numa audiência pública em Itaituba, por incentivo das palavras inconsequentes de outros deputados (Puty e Zé Geraldo) e de João da Delub, um comerciante/garimpeiro do Creporizão, co-responsável por uma das maiores degradações ambientais no Tocantinzinho, e tomou uma vaia estrondosa pelos participantes da audiência.
Aqui, as ONG’s não aparecem para brigar pelo bem estar comum: preferem o Ártico, onde tem mais holofotes.
E, nós, pobres mortais começamos por onde?
Quem, como eu, trabalha autonomamente com estes garimpeiros não consegue, em sã ou demente consciência incutir um modelo ambiental sustentável ou, como agem muitos colegas: deixa estar para ver como é que fica.
Ou perde o cliente para outros menos preocupados com a questão ambiental e mais com a financeira!

Itaituba perde maior mineradora

Itaituba perde maior mineradora

 
 DECADÊNCIA Com queda da produção de ouro, economia entra em queda e aeroporto perde status
 A cidade de Itaituba, a 950 quilômetros de Belém, no oeste do Pará, aos poucos vai se transformando na terra do “já teve”. No início do ano, o aeroporto de Itaituba - que na década de 80, no auge da produção aurífera do município, chegou a ser o segundo mais movimentado do país, em número de pousos e decolagens (atrás apenas de Guarulhos (SP), perdeu a condição de aeroporto, passando a ser simples pista de pouso, como as que existem nos grotões amazônicos. Agora o município perde uma de suas maiores empresas de mineração. Desde maio passado, a Serabi, maior mineradora em operação, em Itaituba, decidiu levar o seu escritório central para Fortaleza (CE), deixando em Itaituba uma representação e a estrutura de exploração e de pré-beneficiamento do ouro, depois mandado principalmente para o exterior.
 A Infraereo (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária) - empresa que administra os aeroportos brasileiros - chegou à conclusão de que o aeroporto de Itaituba não se justificava mais em operação e retirou de lá todos os equipamentos e pessoal empregado na manutenção da estrutura aeroportuária, fechando dezenas de postos de trabalho. Nenhuma voz se levantou no Congresso nacional para defender a permanência do aeroporto nas suas antigas condições, já que era uma das alternativas para os vôos com destino a Manaus (AM).
 Com relação à Serabi, que produziu 1,1 tonelada de ouro em 2006 e 888 quilos no ano passado, apenas os vereadores de Itaituba, liderados por César Aguiar, manifestaram-se de forma enfática, puxando uma sessão especial na Câmara, em novembro passado, para discutir o assunto. Mas nem os parlamentares eleitos pelo oeste do Pará, como os deputados federais Zé Geraldo (PT), Joaquim Lira Maia (DEM) e os deputados estaduais Airton Faleiro (PT), Carlos Martins (PT), Josefina Carmo (PMDB), Júnior Ferrari (PTB) e José Megale (PSDB), por exemplo, levaram o caso para apreciação mais ampla em suas bancadas. Tampouco o Executivo paraense procurou evitar a consumação da mudança feita a passos de cágado, para minimizar o impacto e despistar a operação. No auge da produção de ouro, os garimpos do Tapajós produziam 14 toneladas de ouro por ano, em média. Só perdiam para Serra Pelada que teve uma vida útil efêmera. Hoje, o Tapajós produz, em média, 1,5 tonelada de ouro. Os altos investimentos necessários para a exploração manual e o rigor cada vez maior da legislação ambiental, praticamente inviabilizaram esse tipo de mineração. Atualmente, o Pará produz apenas 4,41 toneladas de ouro.
 Área ainda tem muito ouro
 O geólogo Alberto Rogério, com mais de 30 anos de atuação na Amazônia – foi diretor do DNPM e da secretaria especializada do governo, de 1989 a 1999 - afirma que esta ainda é uma das maiores áreas de concentração de ouro do mundo, embora admita que dificilmente se possa encontrar o metal na superfície ou nos leitos dos rios.
 “ Nos últimos 50 anos, aquela região foi varrida por garimpeiros, que tiraram tudo o que estava ao seu alcance. O momento agora é outro. Chegou a hora das empresas, capazes de aliar a experiência dos garimpeiros ao conhecimento científico fundamentado, às pesquisas do subsolo, para tirar o ouro de onde os garimpeiros não puderam alcançar. Os resultados vão depender da capacidade de investimento de cada empresa e, acima de tudo, do preço do ouro. Mas se eu tivesse dinheiro, certamente investiria em mineração de ouro do Tapajós”, observa.
 A riqueza do subsolo da região do Tapajós tem explicação científica. Analisando imagens de satélites, geólogos da Universidade de São Paulo (USP), constataram a existência de uma caldeira vulcânica na bacia do rio Tapajós, datada de 1,9 bilhão de anos. Isso explicaria a abundância nessa área, não só de ouro, mas praticamente de todos os minérios conhecidos pelo homem, que servem de estímulo a futuras prospecções pelas empresas.
 A Serabi Mineração, que já produz em média 100 quilos de ouro por mês, no antigo garimpo do Palito, cujas reservas estão estimadas em 27 toneladas. Outras mineradoras desenvolvem projetos na região, atraídas pelo novo recorde do preço do ouro -- que bateu US$ 907,09 a onça no mercado de Londres, na primeira quinzena de janeiro de 2006 e mantém-se em alta até hoje. A Serabi é subsidiária da Serabi PLC, com ações listadas na Bolsa de Londres, onde captou 8 milhões de euros para financiar o empreendimento. A área da Mineração Serabi é de 1.713 hectares, dos quais 13% são de uso intensivo. Os outros 87% são áreas de Reserva Legal.
 Empresa fez enxugamento
 Mas enquanto a Vale traz novos investimentos, como uma siderúrgica, e promete gerar 35 mil empregos, a Serabi optou por enxugar a sua estrutura, na explicação do superintendente administrativo, Rodrigo Mota, que falou com o repórter por telefone e negou a transferência do escritório central da empresa para a capital cearense. “Itaituba já era uma filial da Serabi. A sede da empresa fica no Distrito de Morais de Almeida (onde explora a mina Palito, a 600 quilômetros de Itaituba). Fortaleza é mais uma filial que a empresa abriu”, diz, assegurando que não houve prejuízo para o Pará ou para o município de Itaituba, com essa decisão. “A empresa precisava ser enxugada. Mas não fechamos postos de trabalho em número significativo. Alguns foram demitidos e a maioria aproveitada em Itaituba mesmo, ou Morais de Almeida, ou em Fortaleza”, disse. Já os vereadores avaliam que o município perde bons empregos.
 Sonho renasce nas mineradoras juniores
 Cinqüenta anos de garimpagem manual não foram suficientes para exaurir a Província Mineral do Tapajós,como muitos previam.
 A região vive novo ciclo de produção de ouro, dessa vez tendo como protagonistas as mineradoras juniores, apoiadas por novas tecnologias e conhecimento geológico. Estão catando com mais eficiência que os garimpeiros e suas bateias, mercúrio e chupadeiras, o ouro que escapou da primeira e longa corrida.
 O antigo Garimpo do Palito, em Moraes de Almeida, distrito de Itaituba, margem esquerda do rio Tapajós, junto a um dos seus afluentes, o Jamanxin, é um bom exemplo desse renascimento do velho Eldorado. De Belém até lá são 1,6 mil quilômetros.
 A Província Mineral do Tapajós é uma das maiores áreas de mineração do mundo, maior que Portugal. São 100 mil quilômetros quadrados. Na década de 1980, a região foi considerada um verdadeiro Eldorado, atraindo milhares de garimpeiros, aventureiros de todas as partes do País.
 Mais de 100 mil garimpeiros teriam invadido cidades como Itaituba e Santarém, revirando rios e florestas da região, sem nenhum controle do Estado. A agressão ao meio ambiente era uma constante. Abriam-se clareiras no meio da selva e pistas de pouso clandestinas.
 A Polícia Federal chegou a identificar cerca de 500. Diariamente, centenas de pequenos aviões dedicavam-se ao transporte de garimpeiros, víveres e ouro. A produção média anual atingiu, ao final dos anos 1980, a marca recorde de 14 toneladas.
 Mas estimativas conservadoras de órgãos como o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) dão conta de que outras 14 toneladas de ouro saíam ilegalmente da região.
 Oficialmente, toda a produção dessa província garimpeira até hoje, somaria cerca de 800 toneladas. Isso equivaleria a 16 vezes a produção total de Serra Pelada.
 Assim, o ouro do Tapajós teria rendido aproximadamente US$ 2 bilhões, embora os números oficiais dêem conta de que a região produziu, até 2006, não mais que 194 toneladas do metal.
 MECANIZAÇÃO - Atualmente, as reservas primárias passaram são encontradas apenas no subsolo, entre 50 e 300 m de profundidade. Por isso, o Garimpo do Palito e muitos outros entraram em decadência.
 O golpe fatal foi desferido pelo próprio mercado internacional. Entre 1990 e 1996, a onça do ouro, que estava cotada entre US$ 380 e US$ 400, despencou para US$ 260, tornando economicamente inviável o trabalho dos garimpeiros . Só empresas com lavras mecanizadas passaram a ter condições de explorar o ouro primário.
 Mina tem reserva de 10 toneladas
 A Serabi estabeleceu-se no Tapajós em 1999, quando iniciou a aproximação com garimpeiros interessados em negociar suas concessões, por causa da baixa produção da mina do Palito. Em 2000, comprou áreas em torno dessa mina e na região do Jardim do Ouro, iniciando os primeiros projetos para a implantação de uma planta de lixiviação por agitação, tipo CIP (carbon in pulp) para tratamento dos rejeitos deixados pelos garimpeiros.
 A partir de 2003, iniciou a exploração de uma mina de pequeno porte, com a abertura de duas galerias subterrâneas de desenvolvimento, que continuam ativas até hoje, paralelamente à terceira e última, de maiores proporções. Ao fluxograma de processo original da planta de concentração (inicialmente moagem e lixiviação), foram adicionadas as operações de britagem e flotação.
 Atualmente, a mineradora processa 500 toneladas por dia de minério bruto, o que equivale a uma produção média atual, recuperada, em torno de 3 quilos de ouro por dia, sendo 70% na forma de concentrado de ouro e cobre, 30% de lingote.
 A planta industrial apresenta uma recuperação metalúrgica total da ordem de 93%, assegurando um nível de aproveitamento de 500g de ouro de boa qualidade por tonelada. Até 2007, a média de produção anual era de 30 mil onças de ouro (31,1 gramas).
 A expectativa da direção da empresa, no entanto, é de alcançar, em 2008, o patamar de 35 mil onças. As pesquisas já realizadas apontam para uma reserva estimada em 10 toneladas de ouro. E nesse momento a mineradora está investindo em torno de R$ 10 milhões em pesquisas geológicas, em áreas próximas, que poderão apontar para reservas ainda maiores. “Talvez mais 10 toneladas de ouro”, estima um geólogo da empresa.
 

A atividade garimpeira de ouro lateritico em Pocone

A atividade garimpeira de ouro lateritico em Pocone, embora remonte ao seculo XVIII, resurgiu nos anos 80 agravada pelo uso intensivo de mercurio. A localizacao estrategica dos garimpos em relacao a planicie de inundacao e uma das principais preocupacoes da sociedade pelos riscos de contaminacao do homem e dos recursos naturais do Pantanal. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil da estrutura garimpeira e os problemas ambientais relevantes que podem advir decorrentes desta atividade. Foram levantadados e informatizados os registros de 113 garimpos cadastrados na Prefeitura Municipal de Pocone, em 1989. Os dados (n = 1130 evidenciram maior concentracao (81%) de garimpos nas proximidades da cidade de Pocone do que no distrito de Cangas (19%). Foi detectado (n= 110) que a maioria dos garimpos (66,4%) nao sao proprietarios do solo. A area total do municipio ocupada com garimpo foi de 357 hectares com area media de 6 ha p/ garimpo. Verificou-se tambem que 63,7% dos empreendimentos (n= 113) se dedicavam a mineracao e 36,3% somente ao beneficiamento de rejeitos. O teor medio de ouro no minerio foi aproximadamente 0,5 g/m3 de cascalho (n= 95). A producao total media de ouro (n= 93) foi 61.358 g/mes, o equivalente a uma producao media mensal de 660 g de ouro/garimpo. Estimou-se a producao total de ouro em 1989 em 736.176 g, correspondendo a 7,915 gramas de ouro/garimpo/ano. Como para cada miligrama de ouro extraido utilizam-se 2 mil gramas de mercurio, calcula-e que em 1989 foram lancadas no meio ambiente...