segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Em nome do ouro

Em nome do ouro

Às margens do rio e da lei, o garimpo de ouro flerta historicamente com a clandestinidade. Em iniciativa pioneira, Amazonas estabelece normas estaduais para regulamentar o ofício. A decisão, entretanto, incita questionamentos, sobretudo quanto ao uso do mercúrio.



Em nome do ouro
A recente alta no preço do ouro parece motivar no Brasil uma renovada sede mineradora. As leis que regem a atividade no país são várias, mas não têm dado conta de proteger garimpeiros, meio ambiente e sociedade. (foto: Dieter Hawlan/ iStockphoto)
A saga do garimpeiro já foi enredo de contos, cobiça e violência. De conflitos de terra a pecados ambientais, histórias de garimpagem têm quase sempre um coadjuvante em comum: o mercúrio – um dos metais pesados mais tóxicos para a saúde humana.
Para o cientista, é um elemento químico de 86 prótons. Mas, para o garimpeiro, é mais do que isso: é o líquido prateado responsável pela alquimia da sobrevivência. Explica-se: como agulhas em um palheiro, os minúsculos fragmentos de ouro ficam aleatoriamente espalhados pelo cascalho arenoso que o minerador retira do subsolo ou do leito dos rios. A esse material bruto é adicionado mercúrio. Líquido à temperatura ambiente – é o único metal conhecido com tal propriedade –, ele agrega os pequeníssimos grãos dourados e forma uma liga metálica. Essa mistura é então aquecida; o mercúrio evapora; e assim o ouro puro chega às mãos do minerador. Tecnologia deveras rudimentar.
Mas, onipresente na mineração artesanal de ouro, o mercúrio tem preocupado a comunidade científica desde fins da década de 1960, quando se intensificaram os estudos sobre a toxicologia desse metal. “Danos irreversíveis ao sistema nervoso, inclusive o comprometimento de áreas do cerebelo associadas a funções motoras, auditivas e visuais, são alguns dos males que o mercúrio costuma causar em seres humanos”, diz o biólogo Wanderley Bastos, da Universidade Federal de Rondônia (Unir). “Uma vez lançado no ecossistema, o mercúrio foge totalmente de nosso controle; e ainda não temos tecnologias para frear os processos biogeoquímicos de sua disseminação.”
Mercúrio
O mercúrio é um dos metais pesados mais tóxicos para a saúde humana. No garimpo do ouro, ele é usado para agregar os grãos dourados que ficam espalhados pelo cascalho arenoso retirado do subsolo ou do leito dos rios. (foto: Flickr/ p.Gordon – CC BY 2.0)

Garimpo revisitado

A relação entre mercúrio e garimpo é tema clássico para polêmicas ambientais. E a última delas – que reavivou um debate adormecido – veio à tona em maio de 2012, quando a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) publicou uma resolução que causou celeuma entre cientistas e legisladores.
Trata-se da Resolução 11/2012. Na contramão da história, o documento regulamenta o uso de mercúrio no garimpo artesanal – quando o mundo todo se movimenta para banir ou impor restrições severas no emprego desse perigoso elemento químico.
Delicado impasse. Pois há na iniciativa da SDS uma boa intenção – pôr ordem na casa e disciplinar o garimpo no estado. Pelos rincões da Amazônia, afinal, a lavra do ouro é uma labuta que historicamente flerta com a clandestinidade. Há gerações o valioso metal dourado é via de sobrevivência para famílias que habitam as remotas paragens da planície amazônica. Mesmo assim, os estados da região jamais se engajaram na tarefa de legislar sobre a atividade. “O garimpo, portanto, acontece há décadas sem qualquer tipo de controle legal ou critério”, contextualiza o procurador da República Leonardo Macedo, do Ministério Público Federal (MPF).
Macedo: “O garimpo, portanto, acontece há décadas sem qualquer tipo de controle legal ou critério”
Eis que entra em cena a Resolução 11/2012. Com ela, o Amazonas tornou-se o primeiro estado do país a rezar uma legislação específica sobre garimpo. Nada mal, em princípio. Mas o texto desagradou a muitos. A comunidade científica não tardou a se manifestar; a sociedade civil fez-se ouvir; e o próprio MPF não deixou barato.

Lei manca

“Regularizar a atividade garimpeira e retirá-la da clandestinidade é algo louvável, mas isso não pode acontecer à custa da liberação do despejo de mercúrio nos rios e no ambiente”, lê-se na carta aberta assinada pelo físico Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia (Musa), em Manaus (AM), e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. “Desejamos alertá-lo, senhor governador, que o mercúrio é um metal extremamente tóxico, fato que não é mencionado na resolução.”
O documento foi acusado de ser permissivo – além de sugerir procedimentos de segurança pouco específicos e de duvidosa eficácia. Em linhas gerais, ele afirma que as regiões de garimpo devem ser previamente sujeitas a estudos de impacto ambiental; a origem do mercúrio deve ser comprovada; as áreas de lavra devem ser monitoradas por técnicos do estado; os rejeitos do mercúrio devem ser encaminhados à sede municipal, onde serão devidamente acondicionados; e o garimpeiro deve, obrigatoriamente, usar um equipamento chamado retorta (ou cadinho).
Candotti: “Regularizar a atividade garimpeira e retirá-la da clandestinidade é algo louvável, mas isso não pode acontecer à custa da liberação do despejo de mercúrio nos rios e no ambiente”
É um aparato metálico assemelhado a um forno, que aquece o amálgama e separa o ouro de forma segura, pois, sendo um sistema fechado, evita que o vapor de mercúrio seja emitido à atmosfera ou inalado pelo trabalhador. A retorta permite ainda reaproveitar o mercúrio que seria despejado no solo ou nas águas.
À primeira vista, a resolução soa bem razoável. Mas o preocupante não é o que o texto diz; e sim o que ele não diz. “Pois estão ausentes os mecanismos adequados de controle ambiental”, critica Macedo. Um exemplo: “Apesar de obrigar o garimpeiro a utilizar retorta, o texto ignora o processo de certificação necessário para garantir a eficiência do equipamento”, alerta o procurador.
Além disso, a resolução não proíbe o garimpo em áreas já degradadas ou em territórios onde a presença de mercúrio é naturalmente alta (ver ‘Natural ou antrópico’). “Diante das críticas, o estado do Amazonas abriu-se para o diálogo”, conta o procurador. Semestre agitado para os amazonenses: foram organizados debates, encontros e palestras para discutir o polêmico texto. “Assim conseguimos alterar a Resolução 11/2012 e substituí-la pela Resolução 14/2012”, atualmente em vigor.
Natural ou antrópico
Nos solos e rios amazônicos, que parcela do mercúrio é oriunda de atividades antrópicas e que parcela advém de condições naturais? Questão em aberto. Por suas características físicas, nossa floresta equatorial estoca quantidades naturalmente elevadas do metal – quatro vezes mais do que solos de regiões temperadas, segundo Wanderley Bastos, mesmo em áreas distantes de garimpo ou indústria. Erupções vulcânicas várias, ao longo da história geológica, emitiram mercúrio à atmosfera. Esse material foi se depositando nos solos. E a floresta amazônica, se intacta, estoca enorme quantidade mercurial. Se destruída, porém, o mercúrio ali armazenado é fatalmente carreado aos cursos d’água. “Uma vez no sistema aquático, não mais importa se ele é de origem antrópica ou natural”, diz Bastos. Nos rios ele passará da forma inorgânica para a forma orgânica, contaminando a cadeia alimentar. Sabe-se que, nos últimos 150 anos, a quantidade de mercúrio na atmosfera aumentou em mais de 300%, devido sobretudo às atividades industriais relacionadas à produção de carvão mineral.


Menos pior

O novo texto proíbe garimpo em regiões com altas concentrações de matéria orgânica – caso das áreas banhadas pelo rio Negro, por exemplo. Pois ambientes assim favorecem a reação que transforma o mercúrio metálico (Hg) em metilmercúrio (CH3Hg+) – a forma química mais tóxica do elemento. Uma vez transformado, o mercúrio é rapidamente absorvido pelos organismos vivos e incorporado à cadeia alimentar. “Acumula-se nos tecidos dos peixes e, cedo ou tarde, chega ao homem”, explica Bastos.
O novo texto prevê rigoroso controle do comércio de mercúrio metálico. E exige a certificação das retortas pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem). Mas há aí um singelo entrave: “Não adianta o garimpeiro simplesmente ter a retorta, ainda que certificada; ele precisa usá-la”, enfatiza Macedo. “Em visitas a regiões de garimpo no Amazonas, averiguamos que várias balsas tinham, sim, esse equipamento. Mas estavam novos, isto é, jamais tinham sido utilizados.”
Forsberg: “A resolução é relativamente boa. Minha dúvida: sua implementação poderá mesmo ser fiscalizada?”
Se os pessimistas estiverem certos, a Resolução 14/2012 tem tudo para ser uma lei para amazonense ver. Exatamente por isso ela passará por um período de testes. “Serão três anos de avaliação”, prevê Macedo. “Se, ao longo desse período, o MPF entender que danos irreversíveis continuam sendo causados aos ecossistemas, nada impede que trabalhemos para impugnar a resolução.”
Por outro lado, se o novo texto funcionar a contento – o que requer otimismo panglossiano – ele será um marco histórico para o garimpo amazônico. “Pois será a primeira vez que o Brasil logrará êxito na regulamentação de uma atividade historicamente exercida à margem da lei”, diz Macedo, com ceticismo no tom de voz.
“A resolução é relativamente boa”, comenta o ecólogo Bruce Forsberg, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que participou das discussões e da reelaboração do texto. “Minha dúvida: sua implementação poderá mesmo ser fiscalizada?”

Garimpo na lei?
Enquanto cientistas e legisladores duelam, os afeiçoados pelos aspectos burocráticos do imbróglio certamente se interessarão pelo cenário jurídico em que se insere o debate. Além da legislação estadual recentemente aprovada no Amazonas, o Brasil tem, engavetado, um eclético cardápio de leis sobre garimpo e mineração. Eis as três principais:
São documentos de abrangência federal que estabelecem diretrizes gerais sobre o trabalho da garimpagem. “Mas a legislação federal é ‘genérica’ e requer regulamentações específicas em âmbito estadual”, explica o procurador da República Leonardo Macedo. Segundo o Decreto 97.507/1989, “é vedado o uso de mercúrio na atividade de extração de ouro, exceto em atividade licenciada pelo órgão ambiental competente”. Em outras palavras, usar mercúrio é proibido – a não ser que o estado defina suas próprias regras. Daí a importância da nova resolução do Amazonas: ela traz especificidades e detalhamentos para complementar o conjunto de leis federais em vigor.


Dados aterradores

Enquanto leis e burocracias duelam, muitas regiões da Amazônia já apresentam quadros preocupantes de contaminação por mercúrio. Ao longo do rio Madeira, que passa por Porto Velho (RO) e deságua no rio Amazonas, a presença desse metal pesado no organismo dos ribeirinhos vem sendo monitorada há décadas.
Os habitantes de São Sebastião do Tapuru (AM) têm em média 62 mg/g de metilmercúrio no organismo – quando o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de apenas 7 mg/g. De municípios ao longo do curso das mesmas águas não vieram melhores notícias. Em Três Casas (AM), são 33,07 mg/g; Vista Nova (AM), 25,69 mg/g; Carará (AM), 18,13 mg/g; Santa Rosa (RO), 13,99 mg/g; Santo Antônio do Pau Queimado (RO), 14,69 mg/g; e por aí vai.
“A média de concentração mercurial nas populações isoladas do rio Madeira é de 15 partes por milhão, isto é, o dobro do valor considerado normal pela OMS”, preocupa-se Bastos.

Veja os dados completos no mapa interativo
‘Contaminação por mercúrio’


Mercúrio e saúde

Existem duas maneiras de se medir a quantidade de mercúrio no organismo humano. Se o vapor do metal é inalado, sua presença será detectada na urina. Mas, se ingerido a partir de peixes ou demais alimentos contaminados, será aferido em amostras de fio de cabelo.
“São quadros toxicológicos diferentes”, detalha Bastos. O mercúrio inorgânico – isto é, o vapor do metal inalado durante a queima do amálgama para separar o ouro – provoca danos aos rins e ao sistema respiratório. “Apesar de garimpeiros ainda sofrerem desses problemas, eles já foram muito mais comuns nas décadas passadas”, lembra o pesquisador da Unir.
“Na Amazônia, quanto mais isolada a população, maior seu consumo de peixe”
Hoje, pesquisadores preocupam-se especialmente com a forma orgânica, o metilmercúrio, que praticamente não é excretada. É um processo lento e cumulativo: o elemento permanece no organismo pelo resto da vida. “Por isso a contaminação por mercúrio é um grave problema de saúde pública há mais de 50 anos”, escreve a bióloga Sandra Hacon, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Retardo mental, paralisia cerebral, surdez, cegueira e disartria em indivíduos expostos ainda no útero materno; e danos sensoriais e motores graves em indivíduos expostos na idade adulta” são alguns exemplos de males elencados pela bióloga da Fiocruz.
“Na Amazônia, quanto mais isolada a população, maior seu consumo de peixe”, diz Bastos. No Brasil, a média nacional é de 60 a 90 g diárias. Mas cálculos da equipe da Unir constataram que, em algumas regiões amazônicas, o consumo de pescados per capita chega a 406 g ao dia. “Desconheço alguma população no mundo que apresente uma média tão elevada”, surpreende-se o pesquisador.
Peixes amazônicos
O mercúrio ingerido a partir de peixes, consumidos em grande quantidade pelas comunidades amazônicas, permanece no organismo pelo resto da vida, podendo acarretar danos sensoriais e motores graves em indivíduos expostos. (Angela Peres, Secom-Acre/ Flickr – CC BY 2.0)
“Mas há aqui uma interrogação”, comenta Bastos. “Mesmo sendo o mercúrio um elemento neurotóxico, algumas populações não apresentam os efeitos clássicos da toxicologia mercurial”. Pesquisadores acreditam que outros componentes da dieta dos ribeirinhos possam atenuar os danos esperados. “Uma hipótese é que o selênio, presente na castanha-do-pará e frutas locais, evite quadros de contaminação por mercúrio”, arrisca o biólogo da Unir, lembrando que essa é ainda uma questão em aberto.

Mapa da mina

No Brasil, a produção industrial de ouro – a extração em minas de grande porte – concentra-se nos estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia. Mas, ao falarmos da extração artesanal, a geografia é outra. Mato Grosso, Pará e Rondônia são os principais estados onde se concentra o garimpo de ouro. Destaque para as bacias dos rios Tapajós e Madeira.
Importante: nas grandes indústrias, a obtenção do ouro não utiliza mercúrio. Mas sim cianeto. Esse composto químico – formado por ligações entre átomos de carbono e nitrogênio – é diluído em uma solução aquosa, que, despejada sobre o minério bruto, provoca reações químicas capazes de diluir os fragmentos de ouro. O metal é então incorporado à solução líquida, e, em seguida, separado por um processo eletrolítico.
Há quem cogite o uso de cianeto – como alternativa ao mercúrio – também no garimpo artesanal. Substituição questionável. “É um processo bastante complexo que, além de exigir cálculos apurados, requer muitos cuidados; e o cianeto também é altamente tóxico”, comenta o cientista político Armin Mathis, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que há tempos dedica-se ao estudo das relações sociais no garimpo. Cenário que nos remete a uma legítima dúvida: quantas pessoas, atualmente, trabalham no garimpo de ouro?
“Não existem dados oficiais sobre o número de pessoas ligadas à mineração de ouro”, informou o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). “E os números extraoficiais são bastante divergentes.” O que se sabe é que existem, hoje, 853 registros de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) – documento que permite a extração de ouro em garimpo. E, no momento, o DNPM analisa mais de 16 mil pedidos de permissões desse tipo – solicitadas por empresas ou indivíduos desejosos de tentar a sorte, ou a sobrevivência, na lavra do ouro.
Queima do ouro
Queima do ouro. De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral, não existem dados oficiais sobre o número de pessoas ligadas à mineração de ouro no Brasil. Pesquisador da UFPA estima que haja atualmente cerca de 20 mil pessoas trabalhando diretamente no garimpo. (foto: Marieke Heemskerk)
“Imagino que existam, hoje, algo em torno de 20 a 30 mil pessoas trabalhando diretamente com o garimpo”, estima Mathis. Sejam quais forem os números, é certo que estão aumentando. A recente e assombrosa alta no preço do ouro parece motivar uma sede mineradora sem precedentes na última década.

Alternativas

“Sou favorável à não utilização de mercúrio em qualquer processo, seja industrial ou artesanal”, defende Wanderley Bastos. “Quanto menos emissões de mercúrio, menos riscos para o ecossistema e os seres humanos.” Para alguns, entretanto, não há alternativas para substituir esse metal. Será? “Alternativas nós temos; mas nenhuma delas é de fácil implementação”, comenta o procurador Leonardo Macedo.
Macedo: “Alternativas nós temos; mas nenhuma delas é de fácil implementação”
“Existem técnicas gravimétricas”, lembra Bastos. São métodos que permitem ao garimpeiro separar o ouro do sedimento em uma espécie de mesa vibratória, que ao vibrar separa o cascalho, que é leve, do ouro, mais pesado. Impasse: essas mesas funcionam melhor em terrenos estáveis, e não nas balsas usadas para dragar o leito dos rios.
Apesar disso, há casos de sucesso. Em Humaitá (AM), a Cooperativa dos Garimpeiros da Amazônia (Coogam) já usa essa tecnologia em algumas balsas. “Os riscos ambientais são minimizados por se tratar de uma separação mecânica, e não química”, diz Geomário Leitão, gerente da cooperativa. “O governo poderia estimular estudos nessa direção”, sugere o biólogo da Unir. Mas, mesmo assim, problemas como erosão podem continuar.

Mercado e conspiração

A Organização das Nações Unidas (ONU) vem coordenando esforços para reduzir ou até restringir as vendas de mercúrio metálico no mundo. “Mas esses esforços vêm sendo frustrados, em parte, por um lobby bastante forte dos países em desenvolvimento; e o Brasil é um dos que lideram essa pressão”, alfineta Bruce Forsberg, do Inpa. “Mas, como sou gringo, não posso opinar muito”, brinca ele, que é estadunidense.
Forsberg diz que os maiores interessados em restringir uso e produção de mercúrio são os próprios Estados Unidos – que têm um belo estoque desse metal, estratégico para fins militares. “Se as minas de mercúrio ainda em operação, na China, na Rússia e na Espanha, encerrarem suas atividades, será um ótimo negócio para os norte-americanos, que terão domínio sobre esse mercado”, matuta o ecólogo do Inpa. Seriam, pois, os debates sobre mercúrio uma conspiratória estratégia geopolítica? “Depende do quão desconfiado você é”, ri Forsberg.
No território da diplomacia, entretanto, otimistas veem promissoras notícias. “O Brasil vem participando da preparação de um instrumento global juridicamente vinculante sobre mercúrio”, disse Letícia Reis de Carvalho, diretora do Departamento de Qualidade Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Em janeiro passado, representantes de 140 países se reuniram em Genebra (Suíça) para finalizar um documento que orientará políticas internacionais acerca da utilização de mercúrio em garimpo. Estamos falando da Convenção de Minamata – que entrará em vigor em outubro deste ano –, da qual o Brasil será provável signatário.
Carvalho: O governo acredita que formalizar a atividade, diminuir drasticamente a emissão e buscar alternativas propiciará resultados contra o uso indiscriminado do mercúrio no garimpo
A convenção fala em “taxas de redução”. Carvalho destaca alguns itens: o texto recomenda ações para eliminar processos de amalgamação de minério e queima a céu aberto; prevê formalização da atividade garimpeira e adoção de estratégias para reduzir a exposição ao mercúrio; e, é claro, incentiva estudos sobre alternativas aos métodos tradicionais da lavra garimpeira.
“Controlar o uso do mercúrio no garimpo artesanal de ouro é um desafio para o Brasil”, afirma Carvalho. “O governo acredita que formalizar a atividade, diminuir drasticamente a emissão e buscar alternativas propiciará resultados contra o uso indiscriminado desse metal no garimpo.” Mas, um momento... O que dizem, afinal, os próprios garimpeiros? “Algum dia o senhor imagina trabalhar sem mercúrio?”, perguntou Leonardo Macedo a um deles. “Não”, respondeu o velho homem. “Sou garimpeiro há 30 anos, e tanto meu pai quanto meu avô sempre usaram mercúrio. Foi sempre assim”

Garimpo no AM atrai 3 mil em 20 dias; área recém-descoberta fica no sul do Estado, às margens do Rio Juma

Garimpo no AM atrai 3 mil em 20 dias; área recém-descoberta fica no sul do Estado, às margens do Rio Juma

Um garimpo recém-descoberto no sul do Amazonas já atraiu cerca de 3 mil pessoas em 20 dias. O prefeito da cidade mais próxima, Apuí, a 453 quilômetros de Manaus, teme que o garimpo traga malária à cidade - porque está ocorrendo desmatamento -, além de prostituição e drogas pela entrada de desconhecidos. “Os hotéis ficam lotados, o que poderia ser bom para o município, mas está assustando os moradores”, disse o prefeito, Antônio Roque Longo. O sul do Amazonas é a área mais desmatada do Estado.

Hoje o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) envia técnicos ao local do suposto garimpo clandestino, após solicitação de Longo. “Se forem cerca de 3 mil pessoas não teremos como tirá-las da área, mas sim tentar com o órgão federal que o garimpo possa ser legalizado e o desmatamento cesse”, disse o chefe de fiscalização em exercício do Ibama, Mário Jorge.

O garimpo fica cerca de 80 quilômetros ao norte de Apuí, às margens do Rio Juma, e foi descoberto pelos próprios habitantes da cidade. “Hoje, por exemplo, o hotel já está vazio: o pessoal chega de outras cidades, pernoita em Apuí e cedinho entra na mata com facão para acampar à beira do rio e fazer o garimpo. No fim de semana devem voltar para vender o ouro e gastar o dinheiro”, contou Cristiane Guido, recepcionista do Hotel Silverado, com 19 quartos, o maior dos dois hotéis do município.

“Não é difícil ter garimpos escondidos no meio da selva, mas este é aparente, basta ir às margens do rio. Depois que saírem da área, vai ficar o rastro de destruição”, disse o prefeito. Longo disse que assessores que estiveram no local afirmaram que a área explorada é pequena, de cerca de 3 mil hectares ao longo do Rio Juma, mas que está crescendo com o desmatamento.

De acordo com o geólogo Marco Oliveira, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), não há registros de garimpo legal na região, mas a área é rica em ouro. “Também há ouro detectado às margens de rios próximos ao Juma, como o Acari e o Guariba”, contou. Segundo ele, essas “corridas para o ouro” são comuns no período em que o metal está valorizado no mercado, como agora.

FISCALIZAÇÃO DE FÉRIAS

A reportagem tentou falar com o geólogo Fernando Burgos, chefe no Amazonas do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPR), mas uma secretária informou que ele está em férias e só retorna a Manaus no dia 25. O DNPR é o órgão federal responsável por legalizar e fiscalizar os garimpos no País.

Segundo o prefeito, pela BR-320, a Transamazônica, onde há quatro meses existe um pedágio sendo cobrado por indígenas da etnia tenharim, estão vindo garimpeiros de Rondônia, Goiás, Mato Grosso e Pará. “Todos passam pela sede do município para comprar mantimentos e bebidas alcoólicas”, afirmou Longo. “O pedágio foi nosso primeiro grito de socorro, agora é o garimpo, mas estamos aqui esquecidos pelo governo federal.”

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

OPALA Aprenda Sobre Este Mineral Organico Fossilizado

OPALA Aprenda Sobre Este Mineral Organico Fossilizado


Opala

O mineralóide Opala é sílica amorfa hidratada, o percentual de água pode chegar a 20%. Por ser amorfo, ele não tem formato de cristal, ocorrendo em veios irregulares, massas, e nódulos. Tem a fratura conchoidal, brilho vítreo, dureza na escala de Mohs de 5,5-6,6, gravidade específica 2,1-2,3, e uma cor altamente variável.

A opala varia do branco direto incolor, azul leitoso, cinza, vermelho, amarelo, verde, marrom e preto. Freqüentemente muitas destas cores podem ser vistas simultaneamente, em decorrência de interferência e difração da luz que passa com o minuto, aberturas regularmente arranjadas dentro do microestructura do opala, conhecido como difração de Bragg (Retículo de Bragg).

Estas aberturas são preenchidas com silicone secundário e dão forma a "lamellae" finos dentro da opala durante a solidificação. O termo opalescente é usado geral e erroneamente para descrever este fenômeno original e bonito, que é denominado corretamente de jogo da cor. Contrário a isto, opalescente é aplicado à leitosa aparência turva de terra comum ou opala do potch. Potch não mostra um jogo da cor.

As veias da opala que indicam o jogo da cor são freqüentemente muito finas, e esta causou métodos incomuns de preparar a pedra como uma gema. Uma opala doublet é uma camada fina de material colorido, suportada por um mineral preto, como basalto ou obsidiana. O revestimento protetor mais escuro enfatiza o jogo da cor, e resultados em uma exposição mais atrativa do que um potch mais claro. Dado a textura das opalas, podem ser completamente difíceis de polir a um lustre razoável. As partes traseiras cortadas triplet, o material colorido com um revestimento protetor escuro, e têm então um tampão do espaço livre com quartzo (cristal de rocha) no alto, que faz exame de um lustrador elevado, e agem como uma camada protetora para a opala comparativamente delicada.

Além das variedades de gema que mostram um jogo da cor, há outros tipos da opala comum, tais como: opala leite (um azulado leitoso a esverdeado); opala resina (mel-amarelo com um lustre resinoso); opala madeira (causado pela recolocação do material orgânico na madeira com opala); Menilite (marrom ou cinza) e hialite, uma opala vidro-desobstruído incolor chamado às vezes Vidro de Müller.

A opala é um mineralóide gel que é depositado em temperatura relativamente baixa para escorrer nas fissuras de quase todo tipo de rocha, geralmente sendo encontrado nas formações ferrífero-manganesíferas, arenito, e basalto. A palavra opala vem do sânscrito upala, do Grego opallios e do latim opalus, significando "pedra preciosa."

A opala é um dos minerais que podem formar fósseis; os fósseis resultantes, embora não tenham algum interesse científico extra, atraem colecionadores.

Uma fração grande da opala do mundo vem da Austrália. A cidade de Coober Pedy, em particular, é uma das principais fontes. As variedades terra comum, água, geléia, e opala de fogo são encontradas na maior parte no México e Mesoamérica.

Assim como ocorrem naturalmente, as opalas de todas as variedades sintéticas estão disponíveis experimental e comercialmente. O material resultante é distingüível da opala natural por sua regularidade; sob a ampliação, os remendos da cor são vistos para serem arranjados em forma de "pele de lagarto" ou "chicken wire" padrão. Os sintéticos são distinguidos mais dos naturais pela falta de reflexo fosforecente sob luz UV. As sintéticas são, também, geralmente de densidade mais baixa e freqüentemente mais porosas; algumas podem até mesmo furar à lingüeta.

Dois notáveis produtores do opala sintética são as companhias Kyocera e Inamori do Japão. A maioria das opalas chamadas sintéticas, entretanto, são denominadas mais corretamente de imitações, porque contêm as substâncias não encontradas na opala natural (por exemplo, estabilizadores plásticos). As opalas de Gilson vistas freqüentemente na jóia do vintage são, na realidade, um vidro laminado consistindo imitação com os bocados da folha interspersed.


 
  • 1 Reserva no Brasil
    • 1.1 Pedro II - Piauí

 Reserva no Brasil


 Pedro II - Piauí


A Opala também é encontrada no Brasil, municipío de Pedro II (Piauí), localizado ao Norte do Estado.

A reserva de opala da cidade de Pedro II (Piauí), é a única de qualidade nobre no Brasil que, juntamente com as reservas australianas formam as únicas reservas de opala com importância no planeta. As reservas de opala de Pedro II estão estimadas em: 12 milhões, 469 mil, 354 gramas de reserva medida; 50 milhões, 269 mil, 416 gramas de reserva indicada e 38 milhões, 529 mil. 230 gramas de reserva inferida. 
A opala, pedra preciosa conhecida por produzir lampejos das sete cores do arco-íris, tem sua maior jazida brasileira na cidade piauiense de Pedro II
Grupo: Quartzo.
Cor: Branco, cinzento, azul, verde, alaranjado, negro em parte opalascente.
Sistema: Amorfo, sem forma determinada.
Composição química: Dióxido de silício hidratado.
São extremamente sensíveis e devem ser tratadas com muito cuidado. Intensificação consciente das emoções. Aumenta a criatividade, o amor e a sabedoria. Combate o desequilíbrio emocional. Associada à paz e a conscientização. Não deve ser usada por adolescentes ou em conjunto com outras pedras. Em nível físico, aumenta a assimilação de proteínas e ajuda o combate aos problemas pulmonares. Ajuda o tratamento do autismo, da dislexia, da epilepsia e dos problemas visuais.
Signos: Câncer (21/6 a 21/7), Libra (23/9 a 22/10), Peixes (20/2 a 20/3).
Mês: Outubro
 Profissões: Músico.

A Opala é uma gema com grande concentração de água (pode chegar até 20%). Por ter uma estrutura amorfa (não têm ordenação específica a nível microscópico), é uma pedra preciosa diferente das demais. Sua estrutura peculiar combinada a sua composição de esferas de sílica hidratada concede a opala uma característica única; suas cores mudam de acordo com a posição do observador em relação à pedra.
O maior produtor mundial de opalas é a Austrália. Outras fontes são Etiópia, oeste dos Estados Unidos, Honduras e no Brasil ? na cidade de Pedro II, no estado do Piauí. O fato de a opala ser tão rara se explica devido às condições muito específicas que a opala precisa para se formar e o tempo que demora para tal. Cientistas estimam que demora cerca de 5 milhões de anos para se formar 1 centímetro de opala
.
A opala é um dos minerais que podem ocorrer em forma fóssil; os fósseis resultantes, embora não tenham algum interesse científico extra, é um prato cheio para colecionadores devido à beleza e raridade.

Topo esquerda - Vértebra de tartaruga _____________________Madeira Fossil Opalizada
Topo meio - Osso da perna de um dinossauro
Topo Direita - Casco de um caracol Baixo Esquerda
Pinhão Baixo Direita - Arcada dentaria de uma moréia



A opala deriva suas cores de uma maneira parecida com a do arco-íris, por difração. Normalmente uma Opala tem várias cores, pois quando a luz passa pelas esferas de sílica, dependendo do seu tamanho, chega a superfície da pedra como uma onda de diferentes cores, fazendo um lindo efeito na pedra chamado jogo-de-cores. A cor da superfície é chamada de cor da base, que pode ser: cristal, semi-cristal, negra, semi-negra e branca.




 


Opala Negra




A mais cobiçada de todas as opalas. Para ser caracterizada como "negra", a cor da base precisa ser entre preto e alguns tons de cinza. Preços podem chegar a atingir 25,000 dólares o quilate !!!

  Opala Cristal


 Possui a cor da base cristalina e sua grama pode custar até 8,250 dólares ! Os cristais são extremamente cobiçados para serem facetadas como os diamantes. Ocorrem com maior freqüência na Etiópia.  Opala Branca


Possui a cor da base Branca, o quilate pode custar até 1,000 dólares ! Muito comum no Brasil.
Não só a cor da base determina o preço de uma Opala, existem outros fatores como o padrão do jogo de cores, a intensidade do brilho e a quantidade de cores que a pedra possui. Existem outras, mas estas são as principais características para a avaliação de uma opala.

Gema é uma substância geralmente natural e inorgânica

Gema é uma substância geralmente natural e inorgânica que, por sua raridade, beleza e durabilidade, é usada para adorno pessoal. Na sua grande maioria são minerais, de modo que gema e pedra preciosa são quase sinônimos. Mas existem gemas importantes que têm outra origem, como a pérola e o marfim, que são substâncias orgânicas. Essas não podem ser chamadas de pedras preciosas, simplesmente porque não são pedras.

Existem dezenas de gemas e só o Brasil produz 90 tipos diferentes. Algumas são muito conhecidas e várias delas são citadas na Bíblia. Outras são conhecidas apenas por uma parcela restrita da população, seja por terem sido descobertas em tempos relativamente recentes, seja por não serem encontradas com facilidade no mercado.

Veremos a seguir algumas daquelas gemas bem tradicionais, famosas, conhecidas desde tempos muito remotos.

Ágata
A ágata é um tipo de calcedônia, que, por sua vez, é uma variedade de quartzo. Ela é muito usada em joias e na decoração de interiores há mais de 3 mil anos.

O que caracteriza a ágata são suas cores, distribuídas em faixas paralelas, retas e/ou curvas. Ela forma-se em cavidades de rochas vulcânicas, como basaltos, e costuma conter na sua porção central cristais de outros minerais (como calcita, siderita, goethita e zeólita) ou outras variedades do próprio quartzo (como cristal de rocha e ametista). A forma externa reflete a forma da cavidade da rocha em que a ágata se formou.

As cores mais comuns são vermelho, laranja, marrom, branco, cinza e cinza-azulado. Mas a ágata pode ser colorida artificialmente, processo que é usado desde o século XIX. O procedimento varia de acordo com a cor desejada e é aplicado depois de a gema ter sido lapidada. Pelo menos 90% das ágatas vendidas no mundo foram tingidas, mas das ágatas procedentes do Rio Grande do Sul só cerca de 40% recebem esse tratamento. Ágatas azuis, verdes, rosa ou roxas são produto de tingimento (mas na Austrália existe ágata azul). A cor preta pode ser natural ou não.

O maior produtor do mundo é o Brasil. O Rio Grande do Sul produz essa gema desde 1830 e dele provêm os mais belos exemplares conhecidos e o maior volume de produção. Extrai-se ágata também em Minas Gerais e na Bahia, bem como no Uruguai, cujas jazidas são um prolongamento das jazidas do Rio Grande do Sul.

 
 Ágata branca e azul bruta
Ágata branca e azul bruta
 Ágata colorida lapidada
Ágata colorida lapidada
 



Água-Marinha
Á água-marinha é uma variedade do mineral chamado berilo e tem esse nome por sua cor azul ou esverdeada, em tons claros, semelhante à cor do mar. Seus cristais são prismáticos, de base hexagonal e chegam a atingir mais de 100 kg. É considerada a pedra preciosa mais típica do Brasil e aqui se encontrou a maior água-marinha conhecida. Ela foi encontrada em Marambaia (MG) e pesava 111 kg, medindo 45 cm de altura por 38 cm de largura. Outras águas-marinhas famosas são a lúcia, a marta rocha e a cachacinha, todas brasileiras. Esta última tinha 65 kg.

Minas Gerias produz as águas-marinhas mais valiosas do mundo, mas essa gema é produzida também no Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas e Paraíba.

Não existe água-marinha sintética, mas muitas vezes se vende topázio natural e espinélio sintético azuis como se fossem água-marinha. Mais de 90% das gemas encontradas no comércio internacional devem sua cor azul ao aquecimento a que foram submetidos berilos amarelos ou verdes, e a cor obtida desse modo não pode ser distinguida do azul natural. Além disso, as gemas de cor fraca são aquecidas a 400-500°C para ficarem mais escuras.

As águas-marinhas mais valiosas são as azuis e quanto mais escuras, maior o valor. Os preços vão de US$ 1 a US$ 750 por quilate (um quilate = 200 mg) para gemas lapidadas de 0,50 a 50 quilates.
 
 Água marinha bruta
Água marinha bruta
 Água marinha lapidada
Água marinha lapidada
 




Âmbar
O âmbar é uma resina fóssil de cor geralmente amarela, podendo ser marrom-escuro, marrom-esverdeado, marrom-avermelhado ou branco. Não é, portanto, uma pedra preciosa, e sim uma gema orgânica. É de transparente a semitranslúcido e muito leve (densidade 1,08), podendo flutuar em água salgada. É muito usado como gema e em objetos ornamentais, podendo receber lapidação facetada ou simples polimento.

Pode conter muitas bolhas de ar e até mesmo insetos e restos vegetais. Quando atritado contra um pano de lã fica eletrizado e consegue atrair objetos leves, como pequenos pedaços de papel.

Os principais produtores de âmbar são Alemanha e Rússia, vindo a seguir a Itália. No Brasil nunca foi encontrado. A maior peça conhecida dessa gema é o Âmbar Burma, que tem 15,250 kg e está no Museu de História Natural de Londres.
 Âmbar
Âmbar



Ametista
Gema muito apreciada por sua bela cor roxa, a ametista é uma variedade de quartzo transparente a semitransparente. É encontrada em cavidades de rochas vulcânicas e em pegmatitos, outro tipo de rocha ígnea. É muito usada como gema e em objetos ornamentais. Seus cristais podem atingir grandes dimensões, havendo, no Museu Britânico, um cristal com cerca de 250 kg.

Na coleção particular de Dom Pedro II, ex-imperador do Brasil, havia um cristal de 80 x 30 cm, ao que consta procedente do Rio Grande do Sul. Nesse estado descobriu-se um geodo (cavidade revestida internamente de cristais) medindo 10 x 5 x 3 m, com 35 toneladas. A cor da ametista que ficar muito tempo exposta ao Sol pode enfraquecer. Isso acontece no Brasil principalmente com as ametistas provenientes do Pará. A cor assim perdida pode ser recuperada com uso de raios X.

Aquecida a aproximadamente 475°C, a ametista pode transformar-se em citrino, um quartzo de cor amarela, laranja ou excepcionalmente vermelha. O Rio Grande do Sul produz muito citrino por esse processo. Convém lembrar, porém, que nem todo citrino é obtido a partir da ametista, existe citrino natural.

Algumas raras ametistas quando aquecidas ficam verde-amareladas e recebem o nome de brasilinita (não confundir com brasilianita, que é outra gema). O maior produtor mundial de ametista é o Brasil (Rio Grande do Sul, seguido da Bahia). Outros produtores são Rússia (Sibéria), Sri Lanka, Índia, Madagascar, Uruguai, EUA e México.

O preço desta gema é relativamente baixo. Ametistas lapidadas de 0,5 a 1 quilate custam entre US$ 0,50 e US$ 20 por quilate, mesma faixa de preço do citrino. Ametistas sintéticas de ótima qualidade vêm sendo produzidas na Rússia e já são abundantes no mercado internacional.
 
 Ametista bruta
Ametista bruta
 Ametista lapidada
Ametista lapidada
 





Diamante
O diamante é a gema mais cara que se pode encontrar no mercado e difere das demais em vários aspectos. É composto de carbono puro, como a grafita (ou grafite), mas é completamente diferente desse mineral - na cor, no brilho, na dureza, na densidade e no valor. É transparente, quase sempre incolor ou com cor clara. De todos os diamantes produzidos, 99,9% são incolores ou levemente amarelados. Salvo raras exceções, quanto mais escura é a cor de uma gema, mais valor ela tem. Mas o diamante não: quanto menos colorido ele for, maior é o valor (a não ser que tenha uma cor bem definida). O diamante pode ser amarelo, castanho, cinza, preto, leitoso, às vezes azul ou verde e raríssimas vezes vermelho.

 Diamante
Diamante
Tem um brilho intenso (chamado de brilho adamantino) e é a substância mais dura que se conhece. Na escala de mohs, que vai de 1 a 10, ele tem dureza 10, sendo 150 vezes mais duro que o rubi e a safira, que têm dureza 9. Por essa razão, para serrar ou polir um diamante é preciso usar o próprio diamante. Embora muito duro, isto é, difícil de ser riscado, é frágil, sendo fácil de quebrar. Em muitos locais, o diamante ocorre numa rocha chamada kimberlito (foto). Na África do Sul, os kimberlitos têm em média apenas 67 mg de diamante em cada tonelada de rocha, mas mesmo assim o aproveitamento é lucrativo. No Brasil, é encontrado em aluviões e eluviões, não sendo ainda conhecidos kimberlitos diamantíferos economicamente aproveitáveis. Pode aparecer também em arenitos e conglomerados.

Em 1983, descobriu-se, na Austrália, que também o lamproíto, outro tipo de rocha, pode conter diamantes. De todo o diamante produzido, apenas 1/3 é próprio para uso em joias, mas esse 1/3 corresponde a 80% do valor total da produção. O restante é usado como abrasivo e em instrumentos de corte e perfuração.

A maioria dos diamantes brutos comerciais tem de 0,3 a 1 quilate. A formação do diamante se dá a uma profundidade entre 150 e 200 km, sob temperaturas de 1.100 a 1.500ºC e pressão também muito alta. De lá, ele é trazido para cima por magma kimberlítico ou lamproítico, que é bem mais jovem que o diamante. Atualmente já se extraem diamantes do fundo do mar.

Embora muita gente chame o diamante de brilhante, está errado. Brilhante é um tipo de lapidação, não uma pedra preciosa. Como esse estilo de lapidação é o mais usado para o diamante, estabeleceu-se essa confusão. A lapidação de um diamante pode durar vários dias, enquanto a lapidação de outras gemas raramente excede alguns minutos.

A extração de diamantes começou provavelmente entre 800 a.C. e 600 a.C. na Índia, e até o século XVIII ele só era produzido no Oriente. Em 1730, foram descobertas as jazidas brasileiras e o nosso país tornou-se o maior produtor mundial. Em 1870, a liderança passou a ser da África do Sul. Em 2004, os maiores produtores, em volume, foram Rússia, Botswana e República Democrática do Congo. Levando em conta o valor da produção, os maiores produtores são Botswana, Rússia e África do Sul. O Brasil produz cerca de 1 milhão de quilates por ano, principalmente no Estado do Mato Grosso. Praticamente todos os estados, porém, possuem diamantes, como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraná e Roraima.

Ele é a mais cara das gemas, ou uma das três mais valiosas, dependendo do critério considerado. O seu preço é determinado em grande parte pela natureza do mercado, em que uma só empresa, a De Beers Consolited Mines, controla 75% do mercado. Diamantes brutos podem ter preços entre US$ 0,40 e US$ 2.900 por quilate para pedras de até 5,60 quilates. Os lapidados vão de US$ 70 a US$ 62.795 por quilate para gemas de 0,005 a 5,99 quilates.

A produção sintética do diamante é feita desde 1954, mas só a partir de 1984 passou a haver produção de pedras com qualidade gemológica. As pedras sintéticas constituem 80% dos diamantes não gemológicos. As imitações de diamante de melhor qualidade são a moissanita sintética e a zircônia cúbica, mas há várias outras. Essa gema tem grande afinidade com gorduras e óleos, que podem ser removidos com uma mistura de água com amônia (ou detergente caseiro) em partes iguais.




Esmeralda
Assim como a água-marinha, a esmeralda é uma variedade de berilo, só que com cor verde, em tom escuro a médio. Se contém menos de 0,1% de óxido de cromo, é considerada apenas berilo verde, não esmeralda.

Forma cristais prismáticos de base hexagonal, como a água-marinha, mas não é transparente, porque apresenta incontáveis fraturas e fissuras, muitas delas preenchidas por impurezas. Apenas gemas muito pequenas mostram-se bem límpidas. É lapidada geralmente em um tipo facetado próprio, chamado de lapidação esmeralda, no qual a mesa (faceta maior) é retangular ou quadrada, com os cantos cortados.

As primeiras minas de esmeralda surgiram no Egito, mas já não há produção nesse país. Ela já era comercializada dois mil anos antes de Cristo, na Babilônia, mas foi rara até a época do Renascimento, quando se descobriram as jazidas sul-americanas. Hoje é produzida principalmente na Colômbia, Zâmbia, Zimbábue, Tanzânia, Madagascar e Brasil (Goiás, Bahia e Minas Gerais).

Entre as esmeraldas que se tornaram famosas estão a kakovin, a imperador jehangir e a devonshire. A esmeralda é uma das três gemas mais valiosas (as outras são o rubi e o diamante), em razão de sua cor, principalmente. As gemas de melhor qualidade, com 5 a 8 quilates, podem valer até US$ 5.600 por quilate. Gemas de mesmo peso com qualidade média variam de US$ 100 a US$ 580 por quilate. A esmeralda é sintetizada comercialmente desde 1940. Ao contrário do que acontece com outros minerais, toda a produção de pedras sintéticas destina-se à joalheria.
 
 Esmeralda bruta
Esmeralda bruta
 
 Esmeralda lapidada
Esmeralda lapidada



Granada
Granada não é o nome de uma pedra preciosa, mas de um grupo delas. Geralmente aparecem na natureza na forma de belos cristais granulares (daí seu nome), nas cores vermelha, amarela, marrom, preta e mais raramente verde ou incolor. São de transparentes a semitransparentes.

As granadas mais comuns chamam-se almandina, piropo, spessartina, grossulária, uvarovita e andradita (esta assim chamada em homenagem a José Bonifácio de Andrade e Silva, que foi, além de estadista, importante mineralogista). Para uso como gema, as mais importantes são piropo, almandina e demantoide. Para outros fins, a mais importante é a almandina. Quando não servem para uso em joias, as granadas são empregadas como abrasivos (em lixas, principalmente) e em relógios (como “rubis”).

Os principais produtores são República Checa, África do Sul (piropo), Rússia, Austrália, Sri Lanka, Áustria, Hungria, Alemanha, Índia, Madagascar e EUA. No Brasil, ocorrem em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Paraíba, Ceará, Rondônia e Rio Grande do Norte. A almandina e o piropo valem de US$ 0,50 a US$ 35 por quilate para gemas de 0,5 a 30 quilates. A rodolita tem faixa de preço semelhante: de US$ 0,50 a US$ 25.
 
 Granada bruta
Granada bruta
 
 Granada lapidada
Granada lapidada



Jade
 Jade lapidado
Jade lapidado
Jade é o nome usado para designar duas gemas diferentes, a jadeíta e a nefrita. Ele tem sido usado como pedra preciosa desde a antiguidade, principalmente na China. Os astecas o empregavam na forma de amuleto e era mais apreciado que o ouro. Hoje é usado principalmente no Oriente.


O jade não possui transparência, sendo, por isso, lapidado em cabuchão ou na forma de pequenas esculturas. A jadeíta é o mais raro e o mais valioso dos dois tipos de jade. Tem (como a nefrita) cor variável: branco, violeta, marrom, vermelho-alaranjado ou amarelo, mas principalmente verde intenso (devido ao cromo), às vezes com manchas brancas. Varia de semitransparente a quase opaco, com brilho vítreo a sedoso. É produzido principalmente em Mianmar (ex-Birmânia). Outros produtores são: China, Tibete, Japão, Guatemala e EUA.

A nefrita é uma variedade do mineral chamado actinolita. É o mais comum e mais resistente dos dois tipos de jade. É fibrosa, de translúcida a opaca, de brilho vítreo. A mais importante é a nefrita verde-escura, conhecida como jade-chinês (ou jade-espinafre). É usada principalmente em objetos ornamentais e sua lapidação requer um aquecimento prévio, seguido de brusco resfriamento. Os principais produtores de nefrita são Rússia e China. Outros produtores são Canadá, Nova Zelândia, Zimbábue e EUA. No Brasil, é encontrada em Roraima e na Bahia.




Jaspe
Como a ágata, o ônix e a cornalina, o jaspe é um tipo de calcedônia, variedade de quartzo. É muito usado como pedra ornamental. É opaco a levemente translúcido, contendo frequentemente impurezas de óxido de ferro.

Mostra imensa variedade de cores, conforme as impurezas presentes: a hematita dá cor vermelha; argilas dão cores branca, cinza e amarela; goethita dá cor marrom-escura etc.

O melhor jaspe está na Índia e na Venezuela. Outros produtores são EUA (jaspe orbicular), França, Alemanha, Rússia (listras vermelhas e verdes), Chipre, Egito, Itália, Brasil e África do Sul. No Brasil existe jaspe em Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul.

A variedade mais conhecida e apreciada é a vermelha, produzida no Brasil, África do Sul, Índia, Austrália e Madagascar. África do Sul, Austrália e México produzem o jaspe leopardo, comum no mercado brasileiro. O jaspe-paisagem, também encontrado no nosso comércio, provém da África do Sul e dos EUA (Arizona).






Lápis-Lazúli
O lápis-lazúli (e não "lápis-lázuli", como pronunciam alguns) é uma gema que, ao contrário da imensa maioria das demais, não é um mineral, e sim uma rocha. De fato, ele é uma rocha composta principalmente de lazurita e calcita, com hauynita, pirita, sodalita e outros minerais. A pirita forma pontos amarelos e é um bom meio de identificar o verdadeiro lápis-lazúli. Tem cor azul-escura e pode ser de opaco a semitranslúcido. É usado como gema e em objetos ornamentais.

O lápis-lazúli de melhor qualidade é o produzido no Afeganistão. Existe produção também no Chile, Irã, Rússia e EUA. A lazulita assemelha-se muito a ele, o mesmo acontecendo com a sodalita (mas esta não costuma ter pirita). O lápis-lazúli é sintetizado desde 1976 com muita perfeição, podendo ser extremamente difícil diferenciá-lo do natural. É considerado a pedra nacional do Chile, onde é extraído em Cerro Azul, no norte do país.
 
 Lápis-lazúli bruto
Lápis-lazúli bruto
 
Lápis-lazúli lapidado
Lápis-lazúli lapidado





Opala
A opala é uma gema que se destaca das demais pela enorme variedade de cores que pode exibir simultaneamente e pelas mudanças que essas cores sofrem quando a gema é movimentada (fenômeno chamado de jogo de cores). Varia de transparente (opala de fogo) a quase opaca. Ela tem composição semelhante à do quartzo (óxido de silício), mas contém também água (3% a 21%), ou seja, é uma sílica hidratada. Por isso, deve-se evitar que seja submetida a calor intenso, porque a perda de água pode levar a gema a se fraturar ou no mínimo perder a cor.

Possui inúmeras variedades, podendo-se dividi-las em dois grupos: as opalas comuns (sem jogo de cores e raramente usadas como gema) e as opalas preciosas (com jogo de cores e bem mais raras). Quanto à cor, as opalas podem ser brancas (cores claras) ou negras (com um fundo escuro); estas últimas são mais belas, mais raras e, portanto, mais valiosas. Entre as variedades gemológicas destacam-se a opala de fogo, a opala-arlequim e a opala-musgo.
A opala ocorre em fendas e cavidades de rochas ígneas, como nódulos em calcários e em fontes termais. Pode formar-se também sobre outros minerais e mesmo vegetais, dentes e conchas fósseis, além de às vezes formar estalactites. Opalas com jogo de cores são mais raras que o diamante. O preço das variedades brancas varia de US$ 1 a US$ 120 por quilate em gemas de 1 a 15 quilates.

Há opalas sintéticas, mas não é muito difícil distingui-las das naturais. A única variedade que admite lapidação facetada é a opala de fogo. As demais são lapidadas sempre em cabuchão, sendo comum lapidar com a gema o material sobre o qual ela se formou. O principal produtor é a Austrália (mais de 90%), seguindo-se Índia, México, Nova Zelândia e EUA. No Brasil destacam-se as jazidas de Pedro II, no Piauí, existindo opala também na Bahia, no Ceará e no Rio Grande do Sul.
 
 Opala bruta
Opala bruta
 
 Opala lapidada
Opala lapidada




Pérola
A pérola é a mais importante e a mais usada das gemas orgânicas. É produzida por moluscos marinhos ou de água doce e constituída principalmente (92%) de aragonita, uma forma de carbonato de cálcio. Contém também conchiolina (6%) e água (2%). Esses constituintes depositam-se em camadas em torno de um núcleo, e é a camada de aragonita que dá à pérola brilho e iridescência.

São geralmente brancas e esféricas, mas podem ter formato irregular (pérola-barroca) e cor cinza-alaranjada, preta, avermelhada, prateada, amarelada, azulada ou esverdeada. Costumam medir de 1 a 30 mm; as pérolas encontradas no comércio têm em média 7 mm.

O brilho é tipicamente nacarado, podendo ter reflexos metálicos se for pérola de água doce. São fáceis de riscar (baixa dureza), mas muito resistentes a fraturas. O corpo estranho que desencadeia o processo de formação da pérola raramente é um grão de areia, ao contrário do que muitos pensam. Geralmente, é um verme que perfura a concha e atinge o corpo do molusco.
 Uma pérola e a concha onde se formou
Uma pérola e a concha onde se formou


Cerca de 70% das pérolas são usadas em colares, mas as pérolas azuis nunca são perfuradas, pois isso altera sua cor. A principal imitação de péroilas é obtida com contas de vidro. Às vezes, usa-se coral rosado do Mediterrâneo. Pérolas falsas são fabricadas desde 1680. Entre as imitações mais conhecidas, encontram-se as chamadas pérola-girassol, pérola-indestrutível e pérola-romana.

Ela é usada sempre no seu estado natural, sem passar por lapidação. A maior produção e a melhor qualidade encontram-se no Golfo Pérsico. Outros produtores são Sri Lanka, Austrália, Filipinas, Venezuela, Golfo do México, ilhas do Pacífico, Europa e China. O Japão lidera a produção de pérolas cultivadas, junto com a China; esses dois países respondem por 96% da produção mundial. No Brasil, não há produção de pérolas, mas elas parecem ocorrer na porção sul da Ilha de Marajó, no Pará.

As pérolas têm valor inferior ao das pedras preciosas. Quanto mais esférica, mais valiosa ela é e seu valor cresce na razão do quadrado do seu peso. Não existe pérola sintética. Apesar de provocada artificialmente, a pérola cultivada forma-se por um processo natural e o produto resultante não é sintético, muito menos artificial. Hoje praticamente não existe pérola natural no comércio, apenas pérolas cultivadas.

Uma pérola pode perder o brilho e sofrer escamação pelo contato excessivo com suor, laquê ou cosméticos. Recomendam-se que pessoas de pele clara usem pérolas rosadas, brancas ou prateadas; as de pele escura devem preferir pérolas douradas ou creme.




Rubi
O rubi, assim como a safira, é uma variedade do mineral chamado coríndon. Chama-se de rubi o coríndon de qualidade gemológica com cor vemelha, e de safira as gemas de coríndon de qualquer outra cor. Ele forma geralmente pequenos cristais hexagonais de brilho vítreo, encontrados em mármores dolomíticos, basaltos decompostos e cascalhos. Pode ser confundido com várias gemas, como espinélio, almandina, jacinto, piropo, topázio e rubelita.

Quando tem qualidade inferior, é usado em relógios e outros aparelhos de precisão, bem como na produção de raios laser e maser. O rubi é geralmente lapidado em cabuchão, estilo sempre adotado quando mostra asterismo (faixas luminosas que parecem flutuar sobre a gema). Pode receber também lapidação facetada oval. O maior rubi conhecido foi descoberto nos EUA. No estado bruto tinha 694,2 g; lapidado deu várias gemas, a maior delas com 750 quilates. Sua qualidade, porém, não era boa. Em 1934, encontrou-se um rubi astérico de 593 g, no Sri Lanka.

É produzido principalmente em Mianmar, Tailândia e Vietnã. Outros produtores importantes são Quênia e Tanzânia. As pedras de melhor qualidade provêm de Mianmar, Índia, Sri Lanka, China e Rússia. É raro no Brasil, existindo na Bahia e em Santa Catarina.

O rubi é uma das quatro gemas mais valiosas, destacando-se principalmente as pedras vermelho-escuras, levemente púrpuras. O rubi de Mianmar de melhor qualidade (extra fine), sem tratamento, com 4 a 5 quilates, vale entre US$ 28.000 e US$ 40.000 por quilate. Gemas maiores que isso não têm cotação de mercado, sendo o preço acertado entre compradores e vendedores. Fabrica-se rubi sintético desde 1885, pelo menos. Ao contrário do que ocorre com a esmeralda, só 10% das pedras sintéticas são usadas em joias. Esse rubi com o passar do tempo perde o seu brilho.




Safira
 Safira bruta
Safira bruta
A safira é a outra variedade de coríndon famosa como pedra preciosa. Com exceção da cor vermelha, que identifica o rubi, pode ter qualquer cor (pode ser até incolor), mas a mais apreciada e mais valiosa é a azul. A safira incolor chama-se leucossafira ou safira branca; e a alaranjada, padmaragaya. Costuma ocorrer em mármores, basaltos, pegmatitos e lamprófiros e pode ter asterismo, como o rubi.

Entre as safiras famosas, estão a Estrela Negra (233 g no estado bruto) e a Stuart. Das gemas lapidadas, a maior de todas é a Estrela da Índia (563 quilate), que está no Museu Americano de História Natural de Nova Iorque. A Logan (azul, de 423 quilate, descoberta no Sri Lanka, que talvez seja a maior safira azul facetada do mundo) e a Estrela da Ásia (330 quilates) estão na Smithsonian Institution, em Washington, nos Estados Unidos. É também famosa a safira Ruspoli, de 135,8 quilates.

É produzida principalmente no Sri Lanka. Outros produtores importantes são Mianmar (ex-Birmânia), Tailândia e Vietnã. As melhores safiras vêm da Índia, mas as jazidas estão praticamente esgotadas. Ótimas gemas vêm de Mianmar; e as maiores, da Austrália. É rara no Brasil, existindo no Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina e Minas Gerais. O maior centro de lapidação é a Índia.

É uma das gemas mais valiosas, principalmente a azul. A cinza tem valor gemológico só se mostrar asterismo. É sintetizada do mesmo modo que o rubi. Quando não serve para confecção de joias, é usada em canetas esferográficas sofisticadas e instrumentos ópticos.



Topázio
Outra gema tradicional, o topázio forma cristais prismáticos que podem ser incolores ou de cor branca, amarela, laranja, marrom, rósea, salmão, vermelha ou azul. Tem brilho vítreo e varia de transparente a translúcido. A variedade mais valiosa é o topázio-imperial, só produzida em Ouro Preto (MG). É usado apenas como gema.

Em 1740, foi encontrado no Brasil (Ouro Preto, MG) o topázio Bragança, que se pensava inicialmente ser um diamante e que tinha 1.680 quilates. O Museu Americano de História Natural de Nova Iorque tem um topázio bem formado de 60 x 60 x 80 cm. No Brasil podem ser encontrados cristais com até mais de um metro e com mais de cem quilos.

O maior topázio lapidado é o Princesa Brasileira, tem 21,327 quilates e foi encontrado em Teófilo Otoni (MG). Estima-se que provavelmente 80% das gemas vendidas como topázio-imperial sejam, na verdade, citrino. O principal produtor mundial de topázio é o Brasil, seguindo-se Rússia, Irlanda, Japão, Grã-Bretanha, Índia, Sri Lanka e EUA. No Brasil é produzido principalmente em Minas Gerais, mas existe também no Ceará e na Bahia.

O topázio avermelhado (cherry) situa-se entre as pedras preciosas mais valiosas, mas o azul está na faixa de preço do quartzo enfumaçado e do quartzo rutilado, sendo mais barato que o citrino. Valem mais as pedras parecidas com a água-marinha. O topázio vermelho varia de US$ 33 a US$ 2.000 por quilate, para gemas de 0,5 a 50 quilates. O rosa varia de US$ 2 a US$ 1.400 por quilate. O salmão, de US$ 2 a US$ 1.200 e o alaranjado, de US$ 2 a US$ 450, sempre para gemas entre 0,5 e 50 quilates. O topázio amarelo vale, depois de lapidado, de US$ 2 a US$ 100 por quilate, para gemas de 0,5 a 20 quilates; o azul, de US$ 0,80 a US$ 3,50 por quilate, para gemas de 0,5 a 100 quilates. O topázio não é sintetizado, pelo menos em escala comercial.
 
 Topázio imperial bruto
Topázio imperial bruto
 
 Topázio lapidado
Topázio lapidado




Turmalina
Assim como as granadas, as turmalinas constituem um grupo de minerais, e não uma espécie só. São 11 espécies, mas as usadas como gema são, em sua maioria, variedades de elbaíta. A turmalina preta é outra espécie, a schorlita. Formam em geral cristais colunares alongados verticalmente, quase sempre com faces curvas e estriadas na direção de maior comprimento. A cor é muito variável e, de acordo com ela, a elbaíta recebe nomes como rubelita (rosa ou vermelha), indicolita(azul), acroíta (incolor), verdelita (verde).

Um cristal de turmalina pode ter uma cor em cada extremidade e ainda uma terceira no centro, ou ter uma cor por fora e outras no seu interior distribuídas concentricamente. A turmalina de duas cores é chamada de turmalina bicolor. Se tem cor rosa no centro e verde externamente recebe o nome popular de turmalina melancia. A indicolita é bastante rara e a schorlita, a mais comum.

São gemas opacas a transparentes, de brilho vítreo. A rubelita costuma ter muitas fissuras. As mais usadas em joias são as amarelo-esverdeadas, amarelo-mel, azul-escuras, vermelhas, verde-escuras e rosa. São produzidas principalmente na Namíbia, no Brasil e nos EUA, vindo em seguida Rússia, Mianmar (ex-Birmânia), Sri Lanka (turmalina amarela), Índia e Madagascar. No Brasil, destaca-se o Estado de Minas Gerais, mas existem turmalinas também no Ceará, em Goiás e na Bahia. Em 1978, no Município de Conselheiro Pena (MG), descobriram-se vários cristais de rubelita gemológica com dezenas de quilogramas.

Não existe turmalina sintética no comércio de gemas. O valor dessas gemas cresce com a intensidade da cor, mas entre as verdes valem mais as mais claras (mais parecidas com a esmeralda). Nas turmalinas bicolores o valor maior corresponde ao maior contraste de cor. A turmalina paraíba, a mais valiosa de todas as turmalinas, com a cor azul néon vale de US$ 15 a US$ 15.000 por quilate, para gemas de 0,5 a 3 quilates. A verde néon é um pouco menos cara: de US$ 10 a US$ 9.000 por quilate. Como as reservas brasileiras de turmalina paraíba estão esgotadas e as da África estão no fim, esses preços deverão subir, se já não subiram.

As variedades rubelita, verdelita e bicolor variam de US$ 1 a US$ 280 por quilate, para gemas com 0,5 a 20 quilates. A indicolita é um pouco mais cara que elas: de US$ 2 a US$ 480 por quilate. Dravita e uvita custam de US$ 3 a US$ 30 por quilate, para gemas com 0,5 a 1 quilate. A schorlita, a mais barata de todas, vale de US$ 0,20 a US$ 1,80 por quilate, para pedras com até 100 quilates.
 
 Turmalina-melancia bruta
Turmalina-melancia bruta
 
 Turmalina bicolor (lapidada) e com três cores (bruta)
Turmalina bicolor (lapidada) e com três cores (bruta)




Turquesa
Outra gema tradicional, usada há muitíssimo tempo, a turquesa é bem conhecida por sua cor azul-celeste, verde-azulada ou verde-amarelada. Varia de semitransparente a opaca e tem brilho porcelânico, enquanto a maioria das gemas tem brilho vítreo. É porosa, suja com facilidade e é fácil de riscar, exigindo, portanto, cuidados no seu uso. Além disso, está sujeita a alterações de cor por ação de luz solar, suor, cosméticos e desidratação.

Há várias imitações de turquesa feitas com materiais diversos, como a chamada turquesa viena. A turquesa pode ser confundida com amazonita, crisocola, jade e outros minerais. É lapidada sempre em cabuchão, sendo usada na Ásia, assim como o jade, para pequenas esculturas.

É produzida principalmente no Egito, EUA, Irã e Turquia, seguindo-se Rússia, Austrália, Afeganistão, Israel, Tanzânia e China. As melhores pedras vêm do Irã. No Brasil há pequena produção na Bahia. A turquesa não é uma gema cara. Dentre as diversas variedades, tem mais valor a compacta e de cor azul-celeste. É sintetizada desde 1972 e não é muito fácil diferenciar a sintética da natural. A presença de pontos brancos indica uma origem natural.



CURIOSIDADES
* Em certos países da Europa, o âmbar e o coral são usados pelas crianças contra mau-olhado e contra tosse.

* A ametista é considerada símbolo da sinceridade, da lucidez, servindo, acreditam alguns, para combater a embriaguez, o sono e até mesmo gafanhotos. É a pedra do anel de formatura dos professores e do anel dos bispos. Seu nome vem do grego amethystos (não ébrio), porque se acreditava na Idade Média que a bebida servida em cálice feito com essa gema não provocava embriaguez.

* Não existe refugo na produção de diamante; tudo é aproveitado, até mesmo o pó que se forma na lapidação.

* O menor diamante lapidado tem 0,00063 quilate, 57 facetas e 0,53 mm de diâmetro. Foi lapidado na Antuérpia (Bélgica). O maior e mais célebre de todos os diamantes já encontrados é o Cullinan, descoberto na mina Premier, em Pretória (África do Sul), em 25 de janeiro de 1905, por Sir Thomas Cullinan. Tinha 3.106 quilates (621,2 gramas) no estado bruto. Lapidado, deu uma gema de 530,2 quilates e 104 outras menores.

* O mais caro diamante lapidado do mundo tem 101,84 quilates. Foi vendido em Genebra (Suíça), em 14 de novembro de 1990, por US$ 12,8 milhões. O mais alto preço já pago por um diamante bruto foi US$ 9 milhões por uma pedra de 255,10 quilates, em 1989.

* Em 1993, a Nasa anunciou a descoberta de enormes concentrações de nuvens de microdiamantes no interior da Via Láctea, com uma massa total de 6 sextilhões de toneladas.

* Um diamante azul de 6,04 quilates foi vendido por US$ 7.981.835 em 2007, sendo esse o maior preço por quilate já pago na venda de um diamante. O diamante azul Hope, da Smithsonian Institution, é considerado por alguns a peça de museu mais visitada do mundo. A empresa suíça Pat Says Now fabricou um mouse revestido de ouro 18 K e cravejado com 59 diamantes, vendido por US$ 24 mil.

* A mais cara obra de arte contemporânea é um crânio feito pelo artista britânico Damien Hirst, coberto com 8.601 diamantes e avaliado, em 2007, em US$ 105,2 milhões; chama-se Pelo Amor de Deus.

* Em outubro de 2007, a Philips holandesa e a joalheria nova-iorquina A Link apresentaram na Índia um televisor de tela plana de 42 polegadas, contendo no gabinete 2.250 diamantes.

* Na Antiguidade, acreditava-se que o diamante quando usado na segunda-feira trazia azar, sendo o sábado o dia mais indicado para seu uso. Segundo o Talmude, se ficasse embaçado diante de um suspeito de crime, este era culpado. No século XVIII, era tido como dissipador de raios e fantasmas e defensor da virtude. Acreditava-se também que era capaz de se reproduzir. Os birmaneses acreditam que se ingerido é tão venenoso quanto o arsênio.

* Na Antiguidade, recomendava-se que a esmeralda só fosse usada na sexta-feira. No século IV, era tida como fonte de felicidade. Se seu proprietário agisse de modo incorreto, ela se estilhaçaria. Era considerada por Aristóteles remédio contra a epilepsia. Já se acreditou que a esmeralda pudesse tornar invisível o homem solteiro e até há pouco era usada como remédio contra febre, disenteria e mordidas de animais venenosos. Atualmente é usada como amuleto na Índia. É a gema usada no anel do papa.

* O maior cristal conhecido de granada foi descoberto na Noruega, tinha 2,30 m e 37,5 t.

* O maior jade conhecido foi descoberto na China, em 17 de setembro de 1978: é um bloco de 603 m3 e 143 t.

* Em um templo de Xangai (China), há uma estátua de Buda de 1,5 m de altura e 3 t, esculpida em jade branco.

* O nome jade deriva do espanhol piedra de ijada, que significa pedra para cólicas, pois se acreditava que curasse infecções renais. Dessa crença deriva também o nome nefrita, do grego nephros, rim. No Museu Metropolitano de Nova York e no Museu Britânico, em Londres, há dois blocos de nefrita, cada qual com cerca de uma tonelada.

* Acreditam alguns ser o jaspe útil para afastar o medo de fantasmas e bruxarias. Na Antiguidade, era considerado provocador de chuva.

* A maior opala conhecida é a Olympia Australis, de 17.700 quilates, descoberta na Austrália, em agosto de 1950. Está exposta lá, em Melbourne, e seu valor é estimado em US$ 1.800.000.

* Na Antiguidade, a opala valia mais que o diamante e pensava-se que tinha o poder de evitar o mau-olhado, de curar doenças nos olhos e de advertir do perigo. No século XIX, passou a ser considerada de mau agouro, razão pela qual durante certo tempo seu uso diminuiu muito.

* A maior pérola conhecida, a Pérola da Ásia, tem 121 g. De cada 40 conchas, só uma, em média, contém pérola. Mas conchas com várias pérolas podem ser encontradas. Elas são usadas como gema há seis mil anos. A joia mais antiga que se conhece feita com pérolas é um colar de três fios e 216 pérolas encontrado em escavações feitas no Irã e que se encontra no Museu do Louvre, em Paris (França).

* Segundo os hindus, as pérolas são lágrimas congeladas nascidas do contato das nuvens com as águas. Os gregos diziam que delas emanavam forças vivificantes e protetoras. Na Antiguidade, era triturada e misturada com vinho e cerveja quando se pretendia homenagear pessoas de alta linhagem.

* No século IV, o rubi era símbolo do amor. Antigamente, era usado para combater epidemias, pesadelos e melancolia, além de aumentar a inteligência e curar desgostos amorosos. Acreditava-se também que combatia a obesidade.

* A grife Victoria’s Secret, de Nova Iorque, confeccionou um biquíni com 3.024 gemas, entre elas 1.988 safiras e um diamante de 5 quilates.

* Acreditam alguns que a safira usada sobre o coração proporciona valentia. São Jerônimo via nela um meio de adquirir prestígio junto aos poderosos e proteção contra a cólera divina. Era tida como remédio contra a febre e os egípcios a ingeriam como tônico.

* Os que usam cristais para tratamento de saúde dizem que a safira é útil no caso de suores excessivos, úlceras e distúrbios da visão, principalmente a safira-macho (azul-celeste). Com leite ou vinagre, é usada para combater reumatismos e resfriados. A safira é a gema usada no anel dos cardeais.

* O topázio na Antiguidade simbolizava a amizade e atribuía-se-lhe o poder de acalmar a cólera e conter hemorragias.

* A turquesa era usada pelos egípcios no tratamento da catarata. Acreditava-se outrora que protegia contra acidentes e que tinha o poder de acusar a presença de veneno, exsudando abundantemente. Para Aristóteles, era antídoto contra picadas de cobra.