terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Pegmatito Gentil (Mendes Pimentel, MG) e suas paragêneses

Pegmatito Gentil (Mendes Pimentel, MG) e suas paragêneses mineralógicas de fosfatos raros

Gentil Pegmatite (Mendes Pimentel, MG) and their rare phosphate mineral assemblages




RESUMO
Centenas de corpos pegmatíticos na região nordeste de Minas Gerais produzem minerais gemológicos e de coleção, muitos desses corpos possuindo afinidades com determinada espécie, grupo ou classe mineral. O Pegmatito Gentil em Mendes Pimentel, ora descrito, notabiliza-se por sua assembléia de minerais fosfáticos, a maior parte dos quais raros ou raríssimos na natureza. A associação mineral identificada inclui microclínio, quartzo, muscovita, almandina-espessartita, berilo e trifilita como fosfato primário, que foi alterado formando uma extensa paragênese de espécies secundárias. Entre essas, destacam-se brazilianita, frondelita, gormanita, huréaulita, lazulita, litiofilita, purpurita, reddingita, woodhouseíta, zanaziíta e, recentemente descrita nesse corpo, a matioliíta.
Palavras-chave: Pegmatitos, minerais fosfáticos, Província Pegmatítica Oriental do Brasil.

ABSTRACT
Hundreds of pegmatitic bodies occur in the northern region of the State of Minas Gerais, several of these bodies producing gemologic and collection minerals. Such pegmatites are known by the mineral affinity with certain minerals species, groups or classes. The Gentil Pegmatite (Mendes Pimentel county) is characterized by the phosphatic mineral assemblage, and some of these minerals are rare or very rare in nature. Primary species are microcline, quartz, muscovite, almandine-espessartine, beryl, and triphylite as the main phosphate that was altered to an extensive paragenesis of secondary phosphates. In this list are noted brazilianite, frondelite, gormanite, hureaulite, lazulite, lithiophilite, purpurite, reddingite, woodhouseite, zanaziite, and matioliite, a species recently described in the Gentil Pegmatite.
Keywords: Pegmatites, phosphate minerals, Eastern Brazil Pegmatitic Province.



1. Introdução
A região nordeste de Minas Gerais, onde se insere a "Província Pegmatítica Oriental do Brasil", é mundialmente famosa devido à ocorrência de minerais excepcionais pela raridade e/ou por seus aspectos visuais, permitindo com que sejam comercializados no atrativo mercado de minerais para coleção. No contexto dessa província mineral, a região compreendida entre Galiléia, ao sul, passando por Divino das Laranjeiras e se estendendo até Mendes Pimentel, ao norte, destaca-se pela ocorrência de minerais fosfáticos raros ou raríssimos na natureza, diversos deles descritos originalmente na própria região. Nesse caso, incluem-se barbosalita, coutinhoíta, faheyíta, frondelita, lindbergita, moraesita e tavorita em Galiléia; e brazilianita, scorzalita e souzalita em Divino das Laranjeiras (detalhes sobre descrições e depósitos desses minerais encontram-se em Pough & Henderson, 1945, Cassedanne, 1983, Atencio, 2000, Chaves et al., 2006), bem como, de recente descrição, a matioliíta em Mendes Pimentel (Atencio et al., 2006). Esse último mineral foi encontrado no Pegmatito Gentil, cuja geologia e mineralogia detalhada constituem o objetivo central do estudo ora apresentado.
Fanton et al. (1978) e Cassedanne e Cassedanne (1982) realizaram os primeiros estudos de detalhe, enfocando a geologia e mineralogia geral, respectivamente, dos pegmatitos da área. Esses minerais foram também estudados pelos autores e equipe em outras ocasiões (p. ex., Karfunkel et al., 1997, Chaves et al., 2001, 2003, 2005, Scholz, 2002, 2006, Scholz et al., 2003). No Pegmatito Gentil, R. Scholz coletou, em 2003, um mineral de coloração azul-piscina, como agregados de pequenos prismas (2-5 mm), que logo foi presumido como uma espécie raríssima ou, então, nova para a ciência. Estudos preliminares apontaram que tratar-se-ia, em princípio, de uma burangaíta (Bermanec et al., 2004a, 2004b), embora os resultados químicos não tivessem sido inteiramente satisfatórios. Estudos paralelos e mais completos efetuados por pesquisadores da USP determinaram esse mineral como uma nova espécie, designada matioliíta (Atencio et al., 2006). Como as amostras coletadas pelos presentes autores são de maior tamanho e fazem parte de uma pesquisa integrada envolvendo as paragêneses fosfáticas do depósito, acredita-se que a apresentação dos atuais resultados complementem o citado estudo, bem como ajudem a difundir a imagem do mineral através de fotografia e imagens com MEV de espécimens excepcionais obtidos nos trabalhos de campo.

2. Localização e contexto geológico regional
O Pegmatito Gentil (18°41'21"S/41°27'02"W) localiza-se no município de Mendes Pimentel, o qual dista cerca de 80 km a leste de Governador Valadares, nordeste de Minas Gerais (Figura 1 - destaque). A partir de Mendes Pimentel, seu acesso pode ser realizado pela rodovia asfaltada MG-417 (que liga a cidade à BR-381), de onde, após 5 km, toma-se uma estrada de terra mal conservada à esquerda em direção à área do Córrego Indaiá. Essa estrada alcança a Lavra do Indaiá, ora explorada para feldspato e, a 2 km para leste, em caminho carroçável, alcança-se a Lavra do Gentil (Figura 1). Ressalte-se, ainda, que, no mapa geológico da região efetuado pelo convênio COMIG/CPRM (Vieira, 2000), essas duas importantes lavras não se encontram cadastradas.



Na região de Mendes Pimentel - Divino das Laranjeiras, afloram rochas metassedimentares gnáissicas e/ou xistosas, intrudidas por várias gerações de rochas plutônicas ácidas (Figura 1), todas essas seqüências sendo datadas no Neoproterozóico (Netto et al., 1998). Pegmatitos, associados a tal granitogênese, fazem parte do Campo Pegmatítico Galiléia-Mendes Pimentel, do Distrito Pegmatítico de Conselheiro Pena.
As rochas gnáissicas e xistosas compreendem as Formações Tumiritinga e São Tomé, de natureza metassedimentar, que integram o Grupo Rio Doce. O relacionamento estratigráfico entre ambas ainda não se encontra exatamente definido. A primeira ocorre a nordeste e sudeste da região, constituída na maior parte por biotita-sillimanita-granada-(cordierita) gnaisses, localmente grafitosos. A Formação São Tomé, aflorante sobre a faixa central topograficamente mais arrasada da área, destaca-se por incluir a maioria dos corpos pegmatíticos. A unidade é composta de quartzo-biotita-granada xistos, localmente com estaurolita e sillimanita, além de muscovita e schorlita como produtos de metassomatismo. Intercalações de quartzitos impuros e rochas calcissilicáticas são freqüentes. A foliação principal possui direções variáveis com ângulos de mergulhos geralmente elevados.
Intrusivos nesses metassedimentos ocorrem duas fases de magmatismo ácido sintectônico, designadas de Tonalito São Vítor e Tonalito Galiléia, bem como corpos tardi- a pós-tectônicos, estes últimos não representados no mapa da Figura 1 (Féboli, 2000, Vieira, 2000). A Suíte Galiléia constitui a maior parte da região, formando corpos de dimensões batolíticas de rochas leucocráticas a mesocráticas, estrutura gnáissica e textura média a grossa, localmente porfiroblásticas. Essa suíte possui composição metaluminosa a pouco peraluminosa de afinidade cálcio-alcalina e litotipos granitóides do "tipo-I", representados por tonalitos, tonali-granodioritos, granodioritos e granitos. A Suíte São Vítor, de composição similar, aflora em pequena porção, a oeste de Linópolis, e parece corresponder a uma variedade faciológica do Tonalito Galiléia com estrutura fracamente orientada (Féboli, 2000).

3. Corpos pegmatíticos da área e o Pegmatito Gentil
Na região entre Divino das Laranjeiras e Mendes Pimentel, são conhecidos mais de 30 corpos pegmatíticos de porte maior que 2 m, em um quadrilátero de, aproximadamente, 100 km² (os 20 mais importantes são representados na Figura 1). Esses corpos encontram-se encaixados nos biotita-quartzo xistos da Formação São Tomé, geralmente de forma concordante com a xistosidade principal, ou, ainda, condicionados em direções destacadas de fraturamento.
Associados à fase tardia da última granitogênese, os pegmatitos se caracterizam pela presença de uma grande variedade de minerais fosfáticos raros (Chaves et al., 2005), onde se inserem espécies como brazilianita, scorzalita e souzalita, descritas no Pegmatito Córrego Frio (Pough & Henderson, 1945, Cassedanne, 1983). A maior parte desses pegmatitos possui mineralogia característica de corpos diferenciados, enriquecida em minerais de lítio como ambligonita-montebrasita, trifilita-litiofilita e, mais raramente, lepidolita e espodumênio. Os corpos, geralmente, não apresentam zoneamento textural pronunciado, entretanto possuem porções internas em menor escala com grande variação textural e composicional; nessas porções, aparecem os minerais raros. As dimensões desses corpos variam, em geral, entre 2-30 m de espessura, 10-120 m de comprimento e, para a totalidade dos casos, faltam estudos sobre a profundidade dos corpos.
O Pegmatito Gentil aflora encaixado de forma concordante no biotita-quartzo xisto da Formação São Tomé, no local com direção NNE-SSW mergulhando fortemente para SSE (Figura 2). Esse corpo pegmatítico, diferentemente da maioria dos demais da região, possui zoneamento característico. Nas bordas, a rocha encaixante é metassomatizada (zona marginal), rica em cristais isolados de schorlita. Uma zona mais interna é constituída de pegmatito gráfico, onde já aparecem alguns corpos de substituição (pockets). Estes, porém, são mais abundantes na zona feldspática, rica em grandes cristais de microclínio, com menor volume de quartzo, muscovita, almandina-espessartita, berilo e trifilita como outros minerais primários. O núcleo é de quartzo quase maciço.



Além da trifilita, aparece, em quantidade muito menor, a montebrasita. Nos corpos de substituição, a mineralogia secundária é representada por albita, muscovita rica em lítio, elbaíta, além de uma diversificada paragênese de minerais fosfáticos formados a partir da alteração hidrotermal e/ou supergênica da trifilita, que estão descritos no próximo item. A trifilita aparece em cristais euédricos a subédricos, com dimensões variáveis entre 0,5 cm e 5 cm incluídos em microclínio e/ou quartzo, bem como constituindo grandes massas agregadas complexas, em conjunto aos mesmos minerais. Em geral, a trifilita encontra-se parcial ou inteiramente substituída, resultando em paragêneses secundárias que incluem espécies fosfáticas raras.

4. Paragêneses minerais fosfáticas
Os processos de diferenciação magmática nos pegmatitos da região permitiram o desenvolvimento de associações minerais variadas, a maioria das quais envolve fases fosfáticas (Tabela 1). A evolução geral da mineralogia dos fosfatos em pegmatitos constitui três etapas distintas (primária, metassomática e hidrotermal), responsáveis pela formação de assembléias e paragêneses específicas, que ocorrem em função da composição química e temperatura do meio (Moore, 1973). Assim, o processo evolutivo vai depender, tanto de fatores internos, como composição química e mineralogia do ambiente primário, quanto de fatores externos, como a possível entrada de água meteórica, de modo que fosfatos primários podem ser submetidos a estágios de alteração com intensidades variáveis. Os processos mais intensos são capazes de substituir, completamente, a mineralogia inicial, mascarando a paragênese primária do corpo, enquanto os de menor intensidade substituem somente parte dela.
Os pegmatitos inseridos no Distrito Pegmatítico de Conselheiro Pena foram, anteriormente, relacionados a seis grupos distintos por Scholz (2002) e Scholz et al. (2003), em função de seus minerais fosfáticos (ou ausência dos mesmos): (I) pegmatitos sem fosfatos primários; (II) pegmatitos pobres em lítio, com triplita; (III) pegmatitos ricos em lítio, com trifilita predominante; (IV) pegmatitos ricos em lítio, com montebrasita predominante; (V) pegmatitos com apatita e (VI) pegmatitos com monazita. Tendo por base tal classificação, descrevem-se paragêneses presentes em pegmatitos do "tipo III", onde se insere o Pegmatito Gentil, bem como diversos outros corpos nos arredores de Galiléia, ao sul, a exemplo das lavras Boca Rica, Cigana, Sapucaia e Boa Vista-1 (Chaves et al., 2005). Em todos esses corpos, a trifilita ocorre fazendo parte da mineralogia primária junto com microclínio, quartzo e berilo, formando associações com numerosos minerais de alteração, alguns destes de origem supergênica.
No Pegmatito Gentil, as paragêneses mais comuns verificadas foram (fórmulas químicas segundo o IMA (Mandarino & Back, 2004):
Trifilita [LiFe2+PO4] + fosfossiderita [Fe3+PO4.3H2O] + purpurita [Mn3+PO4]. Essa associação corresponde a agregados de cristais de trifilita de cor verde-escura, inseridos no microclínio e com as bordas parcialmente alteradas para fosfosiderita e/ou purpurita (Figura 3).



(Trifilita) + reddingita [Mn2+Mn2+2(PO4)2(H2O)] + huréaulita [Mn2+5(PO4)2PO3(OH)2.4H2O] + fosfossiderita. Tal paragênese constitui produto de alteração da trifilita e está presente em cavidades de substituição/alteração tardias (Figura 4A), ou em substituição total a cristais de trifilita. No primeiro caso, cristais de litiofilita apresentam reddingita e huréaulita na superfície ou em cavidades.


 
(Triflilita) + frondelita [Mn2+Fe3+4(PO4)3(OH)5] + litiofilita [LiMn2+PO4] + lazulita [MgAl2(PO4)2(OH)2] + huréaulita. A frondelita aparece recobrindo corpos de substituição tardios e, sobre esse mineral, ocorrem litiofilita, huréaulita e/ou lazulita. Estão também relacionados à substituição total da trifilita.
(Trifilita) + frondelita + ferrissicklerita [Li(Fe3+,Mn2+)PO4] + purpurita. Essa paragênese ocorre como produto de alteração da trifilita, formando blocos maciços. A purpurita é formada a partir da seguinte seqüência de alterações: trifilita-litiofilita ® sicklerita-ferrissicklerita ® purpurita-heterosita.
(Trifilita) + fluorapatita [Ca5(PO4)3F] + brazilianita [NaAl3(PO4)2(OH)4] + woodhouseíta {CaAl3[(P,S)O4]2(OH,H2O)6} + matioliíta [(Na,Mg)Al5(PO4)4(OH)6.2H2O]. Nessa paragênese, a trifilita encontra-se inteiramente substituída, verificando-se uma interessante e singular associação de fluorapatita (secundária), brazilianita mal cristalizada, woodhouseíta em pseudocubos (única ocorrência brasileira do mineral conhecida) e da recentemente descrita matioliíta, com cristais azuis milimétricos em prismas longos (Figura 4B).

5. Química mineral dos fosfatos em geral e da matioliíta do corpo
Análises químicas com microssonda eletrônica foram efetuadas em amostras representativas de matioliíta (Figura 5A), brazilianita, frondelita, lazulita e trifilita (Tabela 2), após suas identificações com difração de raios X. As análises com microssonda foram obtidas no Laboratório de Microanálises, Defis-ICEX/UFMG. Na coluna 1 dessa tabela, apresentam-se os dados de amostra coletada em 2003, então considerada como burangaíta - [(Na,Ca)(Fe2+,Mg)Al5(PO4)4(OH,O)6.2H2O] (Bermanec et al., 2004a, 2004b), posteriormente reconhecida por Atencio et al. (2006) como nova espécie (matioliíta) compondo uma série isomórfica com a primeira. Imagens de microscopia eletrônica de varredura detalham os prismas alongados extraídos da mesma amostra (Figura 5B-C). Nas colunas 2 e 3, são fornecidas, comparativamente, as análises pertinentes desses últimos autores em relação ao novo mineral e a uma outra fase de composição intermediária na referida série e, na coluna 4, valores da burangaíta da localidade-tipo, o Pegmatito Buranga, em Ruanda (Knorring et al., 1977). Os dados apresentados indicam que a matioliíta ora analisada é empobrecida em Na2O e relativamente mais rica em P2O5 e Al2O3.



Na coluna 5 (Tabela 2), constam os dados da brazilianita que se associa à matioliíta, apresentados na Figura 5A. A brazilianita, embora descrita desde longa data (Pough & Henderson, 1945), é, ainda, um mineral pouco estudado. Análises desses autores obtidas a partir de amostras da localidade-tipo, Pegmatito Córrego Frio (situado no mesmo município - mineralogia geral mostrada na Tabela 1), possuem valores de Na2O da ordem de 8,4%, entretanto o espécime analisado também é empobrecido nesse óxido, com ±3,4%. Tais dados, juntamente com os apresentados para frondelita e lazulita do mesmo corpo (Tabela 2, colunas 6-7), demonstram a complexidade química dos fosfatos secundários encontrados, que, muitas vezes, se comportam como misturas de distintas fases e/ou ainda exibem diversos graus de hidratação. Assim, a frondelita da coluna 6 dessa tabela, com ±42,1% de FeO contra ±49,3% requeridos para valores ideais, pode indicar maior hidratação do material analisado. Os outros valores são muito semelhantes aos valores ideais. Os baixos fechamentos nas análises desses dois minerais devem-se à presença da hidroxila, não quantificável na microssonda.
Quanto às fases primárias do Pegmatito Gentil, ocorre trifilita e, de modo raro, ocorre a montebrasita. A lazulita também é um fosfato primário característico (Moore, 1973), entretanto esse autor lista, ainda, tal espécie como uma possível fase secundária, o que, provavelmente, representa a amostra analisada (Tabela 2, coluna 7). A mesma possui grande semelhança química com lazulitas da região de Diamantina, embora estas últimas ocorram em veios de quartzo (Chaves et al., 2003). A trifilita, que foi analisada a partir de amostras de três diferentes corpos de substituição (Tabela 2, colunas 8, 9 e 10), também apresentou anomalia quanto ao FeO, com 30,8-32,9% contra 45,5% requeridos para valores ideais; entretanto o MnO (não presente na fórmula química teórica) alcançou até ±9,5% nas análises, indicando um importante processo substitucional do Fe2+, pelo Mn2+, e resultando numa provável fase intermediária entre esse mineral e a litiofilita.

6. Considerações finais
O estudo regional da geologia e da mineralogia fosfática primária e secundária encontrada nos pegmatitos do Distrito de Conselheiro Pena tem permitido a identificação de diversos tipos de pegmatitos com base em suas constituições minerais, além de possibilitar a caracterização de modo integrado das assembléias e paragêneses minerais com espécies raras envolvidas. A descrição de onze novos minerais em pegmatitos dessa região (barbosalita, brazilianita, coutinhoíta, faheyíta, frondelita, lindbergita, matioliíta, moraesita, scorzalita, souzalita e tavorita), bem como a diversidade demonstrada, abre um campo largamente potencial para a descoberta de outros novos minerais na mesma. O Pegmatito Gentil, embora com atividades de lavra paralisadas desde 2004, possui, ainda, pilhas de rejeito interessantes de serem exploradas, tendo em vista o encontro de novas associações minerais.
O estudo desenvolvido nesse pegmatito integra-se com os de outros corpos da região de Mendes Pimentel, o que deve constituir objeto de futuro trabalho. A caracterização química de distintas paragêneses minerais com espécies fosfáticas envolveu análises químicas com microssonda eletrônica na principal fase primária (trifilita) e sobre algumas fases secundárias presentes (brazilianita, frondelita, lazulita e matioliíta), ressaltando-se importantes processos de substituição. Deve-se, ainda, frisar que a matioliíta, recentemente descrita nesse corpo, assim como as fases estudadas quimicamente e que apresentaram diferenças consideráveis em relação às composições químicas ideais, constitui um campo de pesquisas que pode contribuir para um melhor entendimento da evolução da mineralogia fosfática em pegmatitos.

Nem só de diamantes vive a Mineração duas Barras

Nem só de diamantes vive a Mineração duas Barras



Que a Mineração Duas Barras e sua subsidiária Brazil Minerals estão no comércio de diamantes todos sabem, mas que agora começaram a vender areia nem todos sabem...

Pois areia, um subproduto da operação de lavra do aluvião diamantífero está trazendo um novo fluxo de caixa para os cofres da mineradora. A planta de lavagem tem uma capacidade instalada de 450.000 toneladas, ou 80 toneladas de sedimentos por hora. George Prajin Não precisa ser Einstein para perceber que se 36% do sedimento processado é areia a produção diária será de 230t de areia por dia que podem ser vendidos reduzindo ainda mais os custos operacionais do processo. < br>
A Brazil Minerals produz diamantes, ouro e, agora, areia.

sábado, 31 de janeiro de 2015

O rio Madeira chegava a dar em média de 1 a dois kilos de ouro a cada 24 horas de trabalho...

Existe muitas histórias que se houve em garimpos., que na realidade fica dificil de saber se foi verdade ou mais uma das inumeras lendas..
assim que cheguei no Rio Madeira na decáda de 80., se falava muito de um acidente que havia acontecido no garimpo dos Periquitos., na epóca ficava em Vila Nova.,hoje Nova Mamoré.,em Rondônia..diz que em uma fofoca de balsa de mergulho(varias balsas.,uma amarrada na outra).,quando varios garimpeiros estavam mergulhando e enviando material para cima.,houve um deslizamento de um barranco...e dezesseis garimpeiros.,dentre eles uma mulher.,morreram com toneladas de terra sobre seus corpos....foi rápido.,sem tempo de nada...e seus colegas que tinha ficado em cima da balsa dando apoio., só puderam cortar e liberar as mangueiras que mandavam oxigenio....os corpos ficaram lá para o todo e sempre....
Isso é plauzivel.,pois varias foram as vezes que presenciei colegas que morreram em balsas de mergulho...um descuido pode ser fatal...estando lá em baixo., fica-se succionando o material atraves de um tubo(maraca)., e com isso cava-se burracos...e quando menos se espera o que ficou acima desbarranca..ai ja era...um mergulhador trabalha em média duas horas direto embaixo da agua..o ar é mandado por um tubo.,acoplado em cima na balsa em um compreensor de oxigenio..temos varios códigos de sinais...por exemplo se precisamos de um socorro urgente(ser puxado)., é só dar um puxão forte na mangueira...se quisermos saber se ta indo material., damos dois puxões e quem esta em cima dando apoio responde...se tiver bom dois puxões., se tiver ruim um.....e ai vai..sao varios códigos passado de garimpeiro para garimpeiro....para nós mantermos lá em baixo., usa-se um cinto de chumbo preso na cintura de mais ou menos 50 kilos...só assim a pressão da agua não nos manda de novo para a superficie...quando queremos subir., amarramos o cinto na corda de apoio e o colega puxa o cinto e a gente submerge...dificil a semana no Rio Madeira dos tempos dourados do garimpo em que não morria um ou dois colegas por queda de barreiras....
Nos seus bons tempos o rio Madeira chegava a dar em média de 1 a dois kilos de ouro a cada 24 horas de trabalho....foi sem duvida a maior mina de ouro do Brasil...não tinha a midia como era o caso de Serra Pelada.,mais tinha muito minerio....
E por falar em Serra Pelada., ali tambem tem uma lenda.,que se mistura com a realidade...era apenas uma fazenda.....fazenda serra pelada.,imaginava-se que podia ter minerio.,pois toda a area era rica.,mais emfim apenas uma fazenda....conta-se uma das inumeras lendas de como surgiu o garimpo de Serra Pelada., que dois peões foram mandados cavar alguns buracos para fazer um cerca para separar os pastos....cavaram e de repende bateram em algo duro....um ainda reclamou...poxa.,mais uma pedra pra atrapalhar..mais emfim a cerca tinha que ser ali., e foram tirar a pedra..era uma pedra diferente.,amarelada....uns dos peões que ja tinha trabalhado em garimpo falou que podia ser ouro...de pronto forma mostrar pro patrão..o padrão.,liso igual a candiru.,disse que não era nada.,apenas uma pedra diferente.,apanhou-a e guardou...lógico que ele sabia que era ouro....os peõs terminaram a empreitada e forma embora...naquela epóca a cidade mais perto era Marabá., e ali gastando seus dinheiros nos bares da cidade o que achou a pedra comentou com o pessoal...e ai pronto..a fofoca estava pronta,pois Marabá era uma cidade chave para garimpeiros que extraiam minerio no Pará...e num piscar de olhos Serra Pelada foi invadida de tal forma que só restou ao dono da fazenda pedir ajuda a policia federal e vender a area para a CEF.....e por falar em Serra Pelada.,mais duas lendas ou verdades....conta-se que um garimpeiro rodad0(sem trabalho)., chegou em um dos barrancos do garimpo e pergunto pro dono se não tinha algum reco(relavagem de cascalho) para ele fazer....o dono do barranco malcriado que só.,pegou um montinho de terra e mandou na canela do sujeito e disse:lava isso ai e ve se não da mais trabalho.,bando de rodado....e la foi o indigitado lavar aquela terra...e dentro duas pepitas de ouro, que pesada passavam de meio quilo.....é a
sorte.,amiga..madrasta dos necessitados no garimpos....
outra que se conta., é de um garimpeiro., que deu uma boa bamburrada e tinha uma namorada no Rio de Janeiro....pegou mais de tres quilos de ouro em um barranco e resolveu ir visitar a amiga...chegou em Marabá., e o ultimo voô para Brasilia.,aonde podia se embacar para o RJ.,ja tinha saido...só na outra semana....não se fez de rogado...foi na agencia da empresa aerea.,pagou em ouro o aluguel de uma aeronave que veio especialmente buscar ele...foi ao Rio de Janeiro....mando a aeronave alugada esperar..namorou a vontade e no outro dia voltou para Marabá.....
diz-se que hoje esta na fila do sopão dos necessitados em Curionópolis...mais não sei se é lenda ou realidade.....
nos próximos dias, vou escrever mais sobre lendas e realidades.....escrevendo...relembrando tempos que não volta mais...em que era feliz e não sabia.

O BAMBURRO DE OURO PERIQUITOS

O BAMBURRO DE OURO PERIQUITOS
Dois dos garimpeiros mais bem sucedidos no Rio Madeira, têm uma história singular e interessante. Sou amigo dos dois.
São dois sócios que se complementam na perfeição e cujo trabalho conjunto tem resultados muito bons.
Um, o Silvino, nissei baixo e forte, com uma boa formação técnica e uma inteligência perspicaz, que o leva a investir sempre em equipamentos de última geração. O outro, o Rogério, português, o “português dos Periquitos” como passou a ser conhecido, vindo de pobre família de pescadores, franzino mas rijo, longas barbas, fez um curso de mergulho e escafandro em Portugal, com o objectivo de emigrar para a Venezuela e trabalhar nas plataformas dos poços de petróleo. De passagem para a Venezuela, em Manaus ouviu falar dos garimpos de mergulho no Rio Madeira... voltou para trás e aqui ficou. Dele se diz que tem faro para o ouro!
O destino levou-os a encontrarem-se no Rio Madeira, nos Periquitos, no tempo em que ainda não havia dragas, e começaram os dois como mergulhadores, em parceria, quando um mergulha, o outro fica atento ao compressor de ar.
Assim nasceu entre eles uma sólida amizade e um interesse em comum, que os levou a serem sócios na compra de uma balsa. Fizeram ouro, juntaram, e quando apareceram as primeiras dragas, as chamadas “queixo duro”, em que a lança era movimentada manualmente com uma catraca, compraram uma.
E foi a queda, a derrocada, a draga não fazia ouro de início e as economias do tempo da balsa, fortemente diminuídas pela compra da draga, em pouco tempo se desgastaram por completo.
Num dia vinte e quatro de Dezembro, completamente blefados e no auge do desânimo, resolveram vender a draga.
O Silvino e os peões foram para Porto Velho e o Rogério, que não tinha família com quem passar a noite de Natal, ficou sozinho na draga, guardando o equipamento.
Na noite de vinte e quatro para vinte e cinco, triste e encostado no barranco, constatando que ainda tinha um resto de óleo diesel no tanque, mas sem dinheiro nem gasolina na voadeira para levar a draga para o meio do rio e poitar, optou por gastar aquele óleo diesel ali mesmo. Colocou o motor para funcionar e mandou brasa !
 
O combustível era pouco e deu para poucas horas de trabalho, ao fim das quais, apurado o dragado, deu mais de meio quilo de ouro.
O Rogério mandou um peão conhecido a Porto Velho, avisar o Silvino para não vender a draga e começou aí o bamburro deles.
Nesse barranco, trabalhando os dois sozinhos e por turnos, fizeram vários quilos de ouro, e o Rogério tornou-se conhecido como o português dos Periquitos.
Nunca mais voltaram a passar por uma situação difícil. Daí em diante, sempre atualizando equipamentos, são seguramente os garimpeiros que mais ouro produzem no Rio Madeira.
 
 
 

GARIMPO – Atividade em ascensão no rio Madeira no período de seca

GARIMPO – Atividade em ascensão no rio Madeira no período de seca e Delegado Fluvial confirma fiscalização rígida – FOTOS e VÍDEO


Com o período das secas, que ocasionam as queimadas na região amazônica, e agora com a extração de ouro no percurso da navegação do rio Madeira em Porto Velho (RO) à atividade garimpeira também está em alta na região norte do Brasil.
 
Dezenas de dragas (Embarcação que tem por finalidade extrair o ouro das águas de determinado rio) surgiram nesta segunda quinzena do mês de agosto deste ano no rio em que estão sendo construídas as duas usinas hidrelétricas que irão abastecer o Sudeste e o Sul do país. A localização das pequenas embarcações fica próxima da Comunidade de Bemont, cerca de 14 quilômetros de Porto Velho (RO).
 
DRAGAS E FISCALIZAÇÃO
 
Na manhã da última quinta-feira (19) a reportagem do Rondoniaovivo.com navegou pelo rio Madeira e capturou imagens de diversas dragas camufladas em meio às fumaças oriundas das queimadas. Balsas de grande porte navegam constantemente pelo percurso do rio com visibilidade precária, tanto é que nem as margens do Madeira podem ser avistadas a olho nu.
 
Justamente as margens que nesta época do ano que grandes embarcações procuram navegar. Contudo, o Delegado Fluvial, Ubirajara Luberiaga Júnior, concedeu entrevista ao jornal eletrônico Rondoniaovivo na manhã deste sábado (21) e informou que a fiscalização da Marinha do Brasil, através da Delegacia Fluvial de Porto Velho, está sendo rígida quanto ao que é de competência do órgão, ou seja: verificar as documentações necessárias para navegação, segurança dos passageiros e sua localização no percurso do rio Madeira, isto é, analisar sua latitude e longitude quanto á área de navegação.
 
 Caso a embarcação apresente algo de negativo com relação às exigências da Marinha do Brasil, a Delegacia Fluvial notifica, enquadra e reboca a Draga até o posto do Distrito e dela só será retirada quando o dono da embarcação legalizar todas as normas que a Marinha do Brasil requisitar.
 
“Checamos até o que não é de nossa competência”, disse Ubirajara Luberiga. Ele citou também a questão se o garimpo de ouro é ilegal ou não no rio Madeira, pois os órgãos responsáveis pela fiscalização deste crime, segundo ele, são a SEDAM (Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental) e o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), ou seja, cabe a estes orgãos a responsabilidade em chegar o fato. Através das imagens captadas pela reportagem do Rondoniaovivo.com observassem a chegada de mais uma possível chegada de degradação ambiental nos solos de Rondônia e nenhum dos órgãos citados foram avistados ao local.
 
GARIMPEIRO
 
A reportagem entrevistou o garimpeiro identificado apenas como Pedro, que há mais de 25 anos navega e garimpa pelo rio Madeira. O garimpeiro disse que a extração de ouro nos tempos atuais está mais sofisticada e o uso do mercúrio foi banido, mas não explicou como seria o método do novo processamento do mineral.
 
Acompanhado da esposa e dos três filhos homens, Pedro e os demais deixaram Porto Velho para viver num flutuante até ao final do período da seca do rio Madeira. O garimpeiro ressaltou em entrevista que o tempo não está bom, mas mesmo assim dá para faturar de 6 a 8 mil reais livres no período de 20 e 30 dias com a extração do ouro.

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