domingo, 12 de abril de 2015

Lapidação de diamantes

Lapidação de diamantes


As primeiras evidências do conhecimento do diamante pelo homem remontam ao século IV antes de Cristo. Durante muito tempo, supôs-se que os diamantes possuíam poderes mágicos e, em razão disso, eram utilizados como talismãs. Acredita-se que seu uso como adorno, na forma natural de octaedro, iniciou-se apenas no século XI. A partir do início do século XIV, as tentativas de trabalhar-se o diamante tornaram-se mais eficazes. Na época, o que se fazia era um polimento bastante rudimentar das faces naturais das gemas. Constatou-se também que as extremidades pontudas dos octaedros poderiam ser desgastadas, fazendo com que fossem pouco a pouco rebaixadas. A superfície resultante, uma faceta, era então rusticamente polida, de forma que o diamante adquiria algum brilho.
Os locais por onde se difundiu a arte da lapidação de diamantes estão intimamente associados às rotas comerciais que ligavam Oriente e Ocidente. Sabe-se que no início do século XIV já havia lapidadores de diamantes estabelecidos em Veneza, muito possivelmente oriundos do Oriente, provavelmente da Índia. Mais tarde, o ofício difundiu-se pela Alemanha (Nuremberg), Bélgica (Bruges e Antuérpia), e outros países da Europa.
Foram criados os estilos de lapidação denominados “mesa” e “rosa”, que ainda possuíam um número reduzido de facetas, mas que já emprestavam mais brilho e vida aos diamantes. Mais tarde, foi introduzida a simetria das facetas e, em meados do século XVII, foi descoberta a possibilidade de serrar-se o diamante. É desta época o talhe conhecido como “Mazarin”. No final do mesmo século, deu-se o advento do corte “Peruzzi”, já com 58 facetas e forma aproximadamente quadrada. No século XIX, predominavam algumas variações do talhe Peruzzi e foram criados os estilos “Lisboa”, “Brasil”, “EuropéiaAntiga”.e “Old Mine”, que mais tarde evoluiriam até a lapidação “Brilhante”.

Este último estilo de lapidação foi desenvolvido especificamente para o diamante, embora eventualmente seja utilizado também em outras gemas. Por definição, toda lapidação “Brilhante” apresenta 57 facetas, sendo 33 na coroa (parte superior) e 24 no pavilhão (parte inferior).
Não há um único inventor desta talha, também conhecida como Amsterdam, cujo desenvolvimento levou muitos anos até alcançar seu estágio atual e definitivo, embora se atribua ao italiano VicenzoPeruzzi o início de sua invenção, por volta de l700.

Até o início do século XX, o conhecimentodos estilos e formas de lapidação era apenas empírico. Somente por volta de 1910, passaram a ser consideradas, por meio de cálculos teóricos, as características físicas e ópticas do diamante, assim determinando-se as proporções e a simetria que idealmente deveria ter a gema lapidada para que alcançasse o melhor efeito visual possível.
A forma redonda é a mais comum para a lapidação brilhante e foi desenvolvida com o intuito de maximizar a quantidade de luz que retorna à superfície após refletir-se nas facetas posteriores da gema.

O termo brilhante, sem qualquer descrição adicional, deve ser aplicado somente para diamantes redondos com lapidação brilhante. Além da forma redonda, clássica, o brilhante pode vir a ter, entre outras, as formas de gota (ou pera), navete (ou marquise), oval e coração.
Em peças de joalheria antigas são frequentes, além dos já citados cortes, o estilo 8/8 (ou simples) e o estilo 16/16 (ou suíço). Outras lapidações atuais relativamente comuns em diamantes são Princess, Esmeralda, Trilliant, Radiante e Asscher.

Comércio de diamantes

Comércio de diamantes


Na Índia, o conhecimento e o comércio organizado de diamante já existiam antes do contato com o europeu da Renascença. Tendo os gregos e o império romano chegado a essa região em período anterior, já se encontravam joias com diamantes nessas culturas.
Mais tarde, diamantes indianos foram trazidos à Europa por agentes de companhias comerciais, patrocinadas pelos respectivos estados nacionais como afirmação de soberania e poder econômico, entre elas as companhias das Índias Orientais inglesa, holandesa e francesa.
A descoberta de diamantes na região de Diamantina (MG), em meados de século XVIII, teve forte impacto no mercado pela quantidade que foi extraída em seguida. A regulamentação, baseada em controle estatal e trabalho escravo foi bem diferente do regime indiano.
O único alento para o escravo era achar uma pedra com mais de 12 quilates, a recompensa seria sua liberdade. Mesmo hoje com a mineração moderna, pedras desse porte são menos frequentes na região de Diamantina do que em outras localidades do país.
A coroa portuguesa nomeava concessionários, chamados de contratadores, que só poderiam vender ao estado trocando os diamantes por títulos em papel com valor equivalente em ouro. Como esses títulos tinham valor garantido pela coroa, eram aceitos por todos em qualquer lugar para a troca por mercadorias, propriedades e serviços. Essas “notas de diamante e ouro” são consideradas as primeiras cédulas brasileiras.
Naturalmente, onde há muita restrição nasce o mercado negro, existindo bastante mineração clandestina e contrabando nesse período.
Até o terceiro quarto do século XIX, o Brasil teve uma produção relevante, principalmente após 1832, com a liberação das áreas de extração e o fim do sistema de monopólio estatal, em crise profunda causada pela burocracia e corrupção e pelos desvios através do forte contrabando.
As descobertas na África afetaram a mineração brasileira no final do século XIX, pelo maior rendimento se suas jazidas que permitiram a queda dos preços no mercado mundial. O diamante na África logo é associado à DeBeers que, no entanto, nas últimas décadas do século XX viu dominuído seu poder e do controle sobre o mercado primário do diamante.
Na Austrália, a Argyle explora uma grande reserva desde a década de 80. Já no Canadá, foram descobertos diamantes de boa qualidade em Kimberlitos. O Canadá e a Austrália são o berço de muitas empresas que captaram recursos em bolsa para explorar diamantes no próprio país e principalmente mundo afora, inclusive no Brasil. Podemos também citar o israelense Lev Leviev e, posteriormente, os chineses.
Nos séculos XX e XXI, a tecnologia também foi foco para novos negócios eações no setor, tais como as tentativas de sintetizar diamantes e a criação de novas técnicas de lapidações.

Cinema e gemas

Cinema

O poder dos filmes na década de 1930 era enorme: podia divulgar no mercado o nome de um joalheiro, mas também podia mudar por completo a imagem de uma gema. A GrandeDepressãocausou consternação entre os mercadores de diamantes, entre eles as companhias De Beers, cujos clientes tradicionais tinham grandes problemas econômicos. A imagem do diamante como um artigo exclusivo das pessoas ricas teve que mudar para atrair um novo público.
Um dos primeiros passos nesse sentido deu-se em uma associação de poderosos corretores de bolsa da indústria do diamante, International Diamond Mechants, que, em 1934, pediu a CocoChanelque aplicasse seu talento para criar joias autênticas ao invés de falsas. Ao mudar a tática e decidir-se pelas por estas joias, ao contrário de suas engenhosas cópias baratas, tinham a esperança que Chanel voltaria a coloca-las no alto mercado joalheiro. A artista, junto a sua equipe, criou uma belíssima coleção. As peças adotavam formas de estrelas e cometas. As tiaras, seguindo os modelos eduardianos, podiam ser desmontadas e usadas como pulseiras. O colar Comète,de 1932, foi a peça mais espetacular da coleção: uma estrela seguida de seu rastro brilhante com 649 diamantes, desenhada para luzir em redor dos ombros, com rastros brilhantes descansando sobe a garganta. A coleção teve um êxito imediato, porém superava em excesso o a que a maioria das pessoas podia permitir-se.

De Beers se deu conta de que o mercado da moda de alta costura não era o caminho adequado para relançar o diamante. O que realmente movia o público era o estilo advindo de Hollywood. As pessoas eram mais influenciadas pelos personagens dos filmes do que dos altos meios parisienses. Em consequência, a De Beerse outros joalheiros centraram suas atenções na Warner Brothers, pois ali alcançava-se o mercado de massas.
O passo seguinte foi recrutar a agência de publicidade americana N. W. Ayerpara descobrir o motivo principal que levava as pessoas a comprarem diamantes. Ficou claro que as reluzentes gemas eram um símbolo de amor. Consequentemente, desenhou-se uma estratégia de marketing para levar o símbolo genérico do “diamante” e capturar o criador de sonhos: Hollywood. Assim, nas revistas de cinema, famosos apareceram com joias com diamantes. A De Beersconvenceu os escritores a apresentarem cenas onde os atores presenteariam com diamantes suas amantes como mostra de seu amor. Desta forma, os pretendentes estariam convencidos de que um anel de diamante seria um investimento emocional mais até do que econômico, esperando que a ideia era se consolidasse na plateia. A campanha teve grande êxito e muitos casais assumiram o slogan da campanha: “Um diamante é para sempre!”.
O pânico invadiu o mundo com a crise de 1929. O crash gerou um profundo declive econômico conhecido como a Grande Depressão, que se prolongou até o final da década de 1930, e afetou a quase toda a população do mundo ocidental. O repentino desaparecimento dos ricos consumidores americanos causou grande comoção nas indústrias do luxo. Cartierenviou empregados ao outro lado do Atlântico para cobrar dívidas de peças que não foram pagas e Chanel teve que reduzir seus preços pela metade.
Mas o cinema trouxe um alívio para os maus tempos e despertou o afã do glamour nos consumidores daquela década, que sonhavam com tempos melhores. As novas celebridades do cinema ocupavam o monopólio do estilo e agora estampavam as capas das revistas e as telonas dos cinemas. A silhueta deixou o estilo andróginogarçonnedo pós-guerra para trás para assumir uma voluptuosidade mais feminina. O design se converteu numa onda de muito branco; paredes brancas, com cortinas brancas, lâmpadas brancas, lírios brancos em jarros brancos… E em consonância com esta tendência o mundo das joias assumiu o estilo “branco sobre branco”,onde o ouro branco e a platina converteram-se nos metais favoritos, relembrando a Art Déco.Acima de tudo, e chamando a atenção dos olhos, deviam brilhar as gemas, um recurso muito efetivo para as películas em preto e branco nos cinemas.
A chegada do cinema falado conduziu outra mudança radical às joias. As pesadas contas e os grandes braceletes traziam um drama todo exótico aos gestos teatrais do cinema mudo, o que agora em áudio gerava dores de cabeça. Os desenhistas então experimentaram joias de plástico para reduzir o ruído e retornaram para os colares e braceletes mais ajustados.

Classificação dos diamantes

Classificação dos diamantes

Os diamantes lapidados são internacionalmente classificados considerando-se conjuntamente os fatores cor, pureza, peso e lapidação, que correspondem aos 4 “Cs” do inglês: color, clarity, carat (quilate, a unidade de peso dos diamantes) e cut, respectivamente.

Estes parâmetros de graduação refletem, entre outros aspectos, a raridade de certas características, além das preferências dos consumidores averiguadas durante centenas de anos pelos negociantes, mas não estão necessariamente relacionados a beleza.

A classificação de cor dos diamantes lapidados está baseada no grau de saturação da cor amarela e é realizada por comparação com padrões de cor de diamantessob iluminação artificial padronizada.
A pureza de um diamante, por sua vez, é determinada empregando-se, por convenção, uma lupa que aumente em dez vezesseu tamanho, sob iluminação adequada, classificando-o em um dos 11 graus existentes, cada qual com sua própria terminologia e significado.
A qualidade de sua lapidação é determinada considerando-se conjuntamente as proporções, a simetria e o polimento da pedra.
As proporções (tamanho) reais da tabela serão obtidas através de sua impressão. Para isso, faça o download clicando aqui.

Turquesa

Turquesa

O termo turquesa, empregado desde a mais remota Antiguidade, tem origem incerta. Uma versão sustenta que deriva do francês arcaico “tourques”, que significa “pedra da Turquia”, não por proceder deste país, mas pelo fato de que as pedras provenientes da Península do Sinai chegavam à Europa através dele. Outra versão dá conta de que o termo referia-se a algo estranho ou distante, como tudo que se associava ao Oriente.
Esta pedra preciosa deve sua beleza à extraordinária cor azul celeste. Há relatos de sua aplicação como pedra ornamental desde aproximadamente 3.000 a.C. e, possivelmente, antes da Primeira Dinastia do Antigo Egito. Era também muito apreciada pelas antigas civilizações astecas do México e da América Central. A principal fonte histórica de turquesa é o Irã, que segue tendo grande relevância no fornecimento mundial.
O certo é que os turcos estavam familiarizados com esta gema, especialmente com exemplares oriundos da antiga Pérsia, o atual Irã.
Em termos de composição química, a turquesa consiste de um fosfato hidratado de alumínio e cobre, cuja exuberante cor deve-se a este último elemento. Geralmente, parte do alumínio é substituída por ferro. À medida que isto ocorre, o material tende a uma tonalidade verde azulada, que geralmente possui menor aceitação comercial.
A turquesa é opaca a semi-translúcida e ocorre principalmente em rochas sedimentares, na forma massiva compacta, no Irã (minas de Nishapur, na Província de Khorassan), México, China, Peru e EUA (sudoeste do país, nos Estados do Arizona, Colorado, Nevada, Novo México e Califórnia).
No Brasil, até onde sabemos, houve ocorrências sem produção significativa no Estado da Bahia, na região de Casa Nova, hoje encoberta pelas águas da barragem de Sobradinho; e em Minas Gerais, na localidade de Conselheiro Mata.

Sua alta porosidade permite a impregnação com ceras, resinas, plásticos ou outras substâncias, com o objetivo de estabilizar a cor e manter o polimento.Vários tipos de turquesa reconstituída são produzidos a partir de turquesa natural de baixa qualidade, muito clara e pouco dura, e dela se diferenciam pelas ausências da típica textura superficial, bem como pela menor densidade e maior porosidade. A turquesa é mais comumente lapidada em cabochões de diversas formas, além de contas, sendo também utilizada em esculturas e outros objetos de adorno.