sábado, 2 de maio de 2015

Ametista do Sul, a capital mundial da ametista

Ametista do Sul, a capital mundial da ametista


O fascínio pelas jóias e pedras preciosas acompanham os povos há séculos. Usadas por nobres como demonstração de poder e riqueza, às pedras também foram atribuidos poderes mágicos de proteção sendo por isso usadas em cerimoniais místicos. Tudo isso é o que atrai turistas à Rota de Gemas e Joias do estado do Rio Grande do Sul, principalmente à cidade de Ametista do Sul que é considerada a "Capital Mundial da Pedra Ametista".

 
Igreja São Gabriel
Igreja São Gabriel
Igreja São Gabriel
Igreja São Gabriel

Igreja São Gabriel
Igreja São Gabriel
 
Situada na serra gaúcha, a cidade tem o privilégio geológico de possuir as maiores jazidas de ametista do mundo, geminadas nas convulsões vulcânicas ocorridas há 140 milhões de anos. Na cidade há tanta ametista, que o interior da Igreja é revestido com 40 toneladas de pedras como ametistas, citrinos e cristais. Única no mundo revestida de pedras preciosas, o efeito é encantador principalmente quando a claridade cria um efeito surpreendente sobre as pedras.

A construção da Igreja São Gabriel é uma homenagem à atividade extrativista da cidade. Doadas por garimpeiros, as pedras preciosas foram incrustadas nas paredes e utilizadas para formar imagens em torno do sacrário e decorar imagens de santos. A pia batismal é uma peça inteira em ametista e peças grandes ornamentam as imagens sagradas e os pedestais do altar.

A cidade surgiu em 1940 numa região de mata fechada e de difícil acesso. Naquela época, adentrando pela floresta muitos garimpeiros descobriram algumas pedras preciosas. Alguns anos depois, muitos imigrantes chegaram na região para trabalhar nas lavouras. Os italianos trouxeram com eles a sua tradição religiosa e fizeram um pequeno altar dedicado ao Arcanjo São Gabriel, que se tornou o padroeiro da cidade.

 
exposição da mina subterrânea

Mina subterrânea
Museu de pedras
Meteorito no Museu

O povoado cresceu e, com a abundante extração das pedras preciosas, muitos garimpeiros se interessaram pelo lugar. Em poucos anos o povoado se tornou uma cidade com muitas empresas exportadoras. O trabalho que era feito de forma artesanal e precária passou a ser feito com equipamentos, que deram origem às galerias que chegam a ter quase 800 metros de extensão.

Um dos pontos turísticos mais visitados é o Ametista Parque Museu, que dispõe das mais variadas pedras e visita a uma mina subterrânea onde os turistas podem conhecer a atividade do garimpo e como as pedras são extraídas do interior das galerias. Existem na região cerca de 100 minas licenciadas para a exploração de ametistas e ágatas.

A visita ao Museu das Pedras Preciosas permite um tour para apreciar mais de 1.500 pedras provenientes de diversas partes do mundo. Nesse museu está a ametista "mais valiosa do mundo" encontrada até hoje, um geodo com 2.5 toneladas de peso. Outra raridade do museu é um raro meteorito raro de aproximadamente 140 quilos. Segundo pesquisadores, seria fragmentos da explosão de um corpo celeste no espaço que teria caído na terra.


 



 

Nas lojas há venda de pedras, jóias e peças feitas de ametista e outras pedras. Nas oficinas pode-se descobrir como essas lindas pedras se transformam em peças exclusivas. Tradicionalmente as gemas são classificadas em pedras preciosas e semipreciosas, que depende da formação, raridade, aparência, perfeição, cor, brilho e os fenômenos no interior das pedras, tal como um fóssil.

São chamadas preciosas porque através dos tempos eram usadas nos cerimoniais e pelo alto poder, como reis, papas e bispos. Usadas desde os antigos egípcios, na antiguidade alguns governantes chegavam a pagar verdadeiras fortunas para ter ter as pedras incrustadas em suas indumentárias, em seus anéis e nas bainhas das espadas.

 
Praça de Ametista do Sul
Ametista bruta
 
 
Na praça central da cidade há uma pirâmide de vidro com o interior revestido de ametistas. O local atrai visitantes não só pela beleza de sua estrutura, mas também por aqueles que desejam sentir a energia transmitida pelos cristais. Alguns dizem que a ametista pode ser usada como um amuleto para proteger da intoxicação. No oriente é costume engastá-la na testa, acreditando-se que exerça influência positiva sobre o chakra Ajna, conhecido também por "terceiro olho".
 
Existem outras lendas e crenças que envolvem ametista. Soldados nas guerras a usavam como amuleto de proteção e os caçadores acreditavam que a ametista poderia ajudá-los a capturar bestas selvagens. Uma antiga crença dizia que a ametista poderia proteger seu dono da embriaguez, da tontura e do desmaio.
 
Usada como ornamento devido à sua cor púrpura ou violeta, dizem que o nome Ametista vem do grego Methuskein. Segundo a mitologia grega, Ametista seria o nome de uma ninfa que, para ser protegida do assédio do deus Dioniso ou Baco, teria sido transformada pela deusa da castidade num cristal transparente. Desconsolado, Baco mergulhou a pedra no vinho de onde teria vindo sua coloração arroxeada. 
 
 
Baco deus do vinho
Vinícola Ametista
Cave subterrânea
Cave subterrânea
Cave subterrânea
pedras preciosas na rocha

Ametista e vinho são as principais atrações da cidade. Durante a Expopedras, os turistas lotam a cidade para apreciar as pedras preciosas, as belezas naturais da região, as videiras e vinhos.  Na zona rural próxima à cidade está a Vinícola Ametista e logo na entrada é possível ver os vinhedos. Depois de elaborados e engarrafados, os vinhos são enviados para as caves numa mina subterrânea desativada.

Quase oculta num morro, a pequena entrada quase não é percebida pelos olhares desatentos. Por toda a parte é possível observar os geodos com ametistas, de diversas cores e brilhos. Nas galerias da mina estão centenas de garrafas de vinho e barris de carvalho, que envelhecem sob a luz brilhante das pedras preciosas a cerca de 300 metros de profundidade. Além de admirar esse processo inovador, pode-se desgustar os vinhos num ambiente inesquecível...

 

Pedras Preciosas no Brasil

O Brasil é um país muito rico em pedras preciosas. As mais presentes nessa região são o diamante, opala, água-marinha, esmeralda, alexandrita, ametista, ágata, citrino, topázio e turmalina.
Os garimpos são muito conhecidos e numerosos por aqui, o que faz de nosso país um dos maiores produtores de pedras preciosas do mundo, em se tratando de quantidade, variedade e qualidade.
O que faz com que nossas regiões sejam ricas dessas gemas é o fato do território brasileiro ser repleto de superfícies de rochas pré-cambrianas, com vários cortes de pegmatitos e rochas metamórficas.  
Durante 141 anos, o Brasil liderou a produção mundial de diamantes. Atualmente, encontra-se em 5º lugar no ranking de produção mundial de diamante bruto, segundo pesquisa do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
A opala é bastante encontrada no Piauí, principalmente na região da Serra dos Matões. A água-marinha pode ser encontrada em diversas regiões, fazendo com que o Brasil seja o maior produtor mundial dessa espécie de gema.
A esmeralda, desde a década de 80, também tem sido bastante encontrada, o que fez com que o Brasil se tornasse, desde essa época, um dos maiores fornecedores dessa pedra. A maior região de garimpo da esmeralda está no município de Carnaíba, na Bahia.
A alexandrita, uma das pedras preciosas mais valiosas, foi descoberta em Minas Gerais, no município de Malacacheta. A partir dos anos 70, o Brasil se tornou um dos maiores produtores dessa gema.
A ametista, bastante encontrada na região sul do país, também faz com que o Brasil leve o título de maior produtor da espécie de gema. Uma cidade do Rio Grande do Sul, Ametista do Sul, foi até batizada com o nome da pedra.
A ágata foi descoberta em jazidas na Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraíba e Minas Gerais. O citrino, topázio e a turmalina também são gemas encontradas em em bastante quantidade no Brasil.

Caçadores de esmeraldas


Caçadores de esmeraldas


Montanhas de beleza rara, vales que parecem não ter fim, rios que se espremem nos corredores de pedras. O conjunto de monumentos impressionantes foi criado pela natureza há 400 milhões de anos, quando a Terra ainda era criança. No coração da Bahia, as águas do inverno saltam dos pontos mais altos do Nordeste. Um espetáculo exuberante. A Queda d'Água da Fumaça, de quase 400 metros, parece que começa nas nuvens.Na Chapada Diamantina, a trilha das águas mostra o caminho das pedras. Pedras preciosas, que contam a história de muitos aventureiros. Carnaíba, norte da chapada. O vilarejo com cara de cidade atrai milhares de garimpeiros. As serras da região concentram a maior reserva de esmeralda do Brasil.
O empresário Alcides Araújo vive perseguindo a sorte há mais de 20 anos. Ele é um dos grandes investidores na extração da valiosa pedra verde. Alcides diz que ainda não encontrou a sorte grande. Do garimpo dele só saíram pedras de segunda. Mesmo assim não dá para reclamar.
"Já ganhei um dinheiro razoável no garimpo, produzi quase quatro mil quilos. Se tivesse essas pedras hoje, valeria R$ 300, R$ 200 o grama. Já ganhei mais de R$ 3 milhões", revela o empresário.
Boa parte desse dinheiro está enterrada na jazida que Alcides explora. O Globo Repórter foi ver como os garimpeiros vão atrás da esmeralda. Uma aventura que requer, além de sorte, muita coragem.

Na maior mina da região, a equipe foi a 280 metros de profundidade. Para chegar lá embaixo, o equipamento é um cinto de borracha conhecido como cavalo. Confira esse desafio em vídeo.Os garimpeiros são mesmo corajosos. No abismo dos garimpos, a vida anda por um fio. O operador da máquina que faz descer e subir o cabo-de-aço não pode vacilar. A água que cai do teto vem do lençol freático que o túnel corta. Parece uma viagem ao centro da Terra. Mas será que vale mesmo a pena correr tanto risco?
Foram quase seis minutos só de descida. Seis minutos de arrepios. A 280 metros a equipe chegou a um corredor estreito. No rastro da esmeralda, os garimpeiros abrem quilômetros de galerias. Calor, pouco ar, oito, dez horas por dia no estranho mundo subterrâneo. Esses homens vivem como tatus-humanos.
Alegria mesmo é quando o verde começa a surgir na rocha. Sinal de que pode estar por perto o que eles tanto procuram. É preciso detonar a rocha para ver se é mesmo esmeralda. O desejo de enriquecer é mais forte que o medo do perigo. Sem nenhuma segurança, eles enchem com dinamite os buracos abertos pela perfuratriz.
“Costumamos fazer até quatro detonações por dia. A cada detonação, são disparados de dez a quinze tiros", conta o fiscal de garimpo Klebson de Araújo.
Muita pedra desceu do teto da galeria. O trabalho agora era levar tudo lá para cima e examinar direito as pedras. E o dono do garimpo? Será que ele confia nos seus garimpeiros?
"Eles encontram e a gente fiscaliza. Se facilitar uma coisinha, eles botam dentro do bolso”, diz o garimpeiro Manoel.
“Tem várias formas de levar. Uns dizem que estão com sede, pedem uma melancia para chupar. Partem um pedacinho, colocam as pedrinhas lá dentro e levam a melancia”, denuncia Alcides.
Escondida ou não, esmeralda na mão é dinheiro no bolso. Nos fins de semana, a praça principal da cidade de Campo Formoso vira um mercado movimentado de pedras preciosas. No local, o que menos importa é a procedência. A esperteza sempre prevalece. Esmeralda de qualidade nunca é vendida na praça. Negócio com pedras valiosas é fechado dentro de casa, por medo de assalto.Os minérios da Chapada Diamantina fizeram fortunas e produziram histórias. Histórias como a de Herodílio Moreira que já viveu dias de glória.
“Já ganhei muito dinheiro com esmeralda. De comprar mercadoria e ganhar cinco carros de uma vez, de lucro. Hoje esses carros acabaram. Estou querendo dinheiro para comprar uma bicicleta velha”, conta o garimpeiro.
No mundo desses aventureiros, pobreza e riqueza dividem o mesmo espaço. O garimpeiro José Gomes, de 70 anos, também já viveu as duas situações, mas nunca perdeu a esperança.
“Quando vejo na joalheria uma esmeralda em forma de jóia, analiso o que perdi. Vejo as pedras nas lojas valendo milhões de dólares e eu sem nada", diz ele.

Riqueza dos diamantes de Tibagi não é compartilhada

Riqueza dos diamantes de Tibagi não é compartilhada


Feita há três séculos em Tibagi, exploração de diamantes não rendeu recursos ao município.
Falar de Tibagi, na região dos Campos Gerais, é falar da exploração de diamantes no Paraná. Com peneiras, escafandro ou dragas, de forma artesanal ou industrial, a exploração da pedra preciosa acontece na cidade há quase três séculos. No entanto, a riqueza que pode ter feito parte de coroas de reis europeus está longe de se traduzir em qualidade de vida para a população local. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tibagiano é um dos piores do Estado, ocupando a posição 371.º entre os 399 municípios.

A produção mundial de diamantes movimenta anualmente em torno de US$ 80 bilhões. Um campo de diamante pode ser comparado a um campo de petróleo. Mas hoje, em Tibagi, mais que o próprio diamante, é a cultura em torno do garimpo que faz parte da vida da população. E muito da perda com a extração é porque, legalmente, a atividade praticamente não existe.
Quando declarada, a produção tem que liberar uma parte dos recursos para o município e para a União. Agora, depois de dois anos no qual a exploração foi interrompida, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) concedeu a primeira guia de utilização para que uma empresa volte a atuar no Tibagi, a Tibagiana Ltda., pelo prazo de um ano.

Em Tibagi, a realidade da extração dos diamantes está muito longe da mostrada no filme Diamante de Sangue, baseado na história real da exploração do diamante que acontecia em Serra Leoa, na África, cuja venda na Europa financiava mutilações e grupos rebeldes no continente africano.
Divulgação
Registro histórico do garimpo.
No entanto, a cautela dos órgãos responsáveis pela liberação da atividade do diamante no Tibagi está no fato de que ainda não se conseguiu decifrar o "DNA do diamante", ou seja, praticamente não se consegue distinguir um diamante achado no Paraná de uma pedra garimpada na África ou no Canadá. E é aí que mora o problema. "A impossibilidade de se assegurar a origem do diamante é um forte fator atrativo para atividades irregulares, como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em diversos lugares do mundo", afirma o geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Antonio Liccardo.

De acordo com Liccardo, os diamantes encontrados no Tibagi são considerados bons, apesar de pequenos (variam de 0,04 a 2 quilates e, excepcionalmente, até 10 quilates). Cada quilate equivale a 0,2 grama. A maior parte deles é branco ou com tonalidade amarela. Os preços seguem uma tabela internacional e o valor eleva-se depois da pedra lapidada.

Um diamante de um quilate na sua melhor cor, puro, tem seu preço girando em torno de US$ 12 mil. Além da boa qualidade para aproveitamento em jóias, com os diamantes podem ser fabricadas ferramentas.

Autorização

A reportagem de O Estado questionou o DNPM sobre os pedidos de outras empresas para exploração da atividade no Rio Tibagi. A resposta do órgão foi de que as informações só poderiam ser repassadas após requerimento formal e consulta à sede em Brasília. O DNPM afirmou que a decisão foi tomada porque envolve empresas com pendências judiciais que possuem sigilo até autorização superior dentro do DNPM.

Fazendo parte da história

Fábio Alexandre
Lauro Borges e Noel Lucas, garimpeiros artesanais.
Mais que a produção empresarial, a história dos diamantes em Tibagi passa pelos garimpeiros artesanais. Para Lauro Borges de Campos, de 74 anos, o garimpo de diamante começou há 50 anos. "É um esporte. Muitas vezes saí de casa de manhã sem ter dinheiro para comprar uma caixa de fósforos e a sorte mudava ao longo do dia", relembra. Campos era um dos escafandristas que, com todo o aparato, mergulhava em busca das brilhantes pedras brancas. "No meu tempo era bem diferente. Além do capacete de bronze de 15 quilos, todo o resto da roupa com os equipamentos para mergulho dava outros 60 quilos. Não se enxergava nada no fundo do rio", conta o veterano garimpeiro, que garante que ainda hoje poderia descer e procurar as pedras.

Já aposentado, Noel Lucas dos Santos, 75 anos, resolveu começar a garimpar 20 anos atrás. "É uma satisfação e um prazer muito grande estar no rio procurando", diz. Paciente e atento, seu trabalho era peneirar o cascalho na beira do rio, trabalho para o qual precisa ter prática. Caso contrário, o resultado é nulo. "Anos atrás chegávamos a encontrar de oito a dez diamantes por dia. Hoje é mais difícil", avalia. Numa dessas vezes, ao atravessar o rio, seu Noel perdeu seu picuá (lugar em que se guardam os diamantes) com 12 pedras.

Investigações em andamento

Após suspeitas de irregularidades na comercialização dos diamantes e extração ilegal, a Polícia Federal deflagrou em 2006 a Operação Tibagi em todo o território nacional. A operação serviu para verificar o possível "esquentamento" de minerais vindos de outras regiões e fraude na comprovação da origem dos diamantes. Na época, investigações do Ministério Público Federal (MPF) indicaram que a extração e comercialização ilegal de diamantes no Paraná poderiam chegar a um volume quatro vezes maior que o declarado oficialmente. As investigações continuam em andamento na procuradoria da República de Ponta Grossa.

A ilegalidade foi descoberta durante os estudos para implantação da Usina de Mauá, quando foram verificados equipamentos de grande porte, como balsas e dragas, fazendo a extração sem a permissão do DNPM. 

Certificados

Para certificar a origem do diamante, a comunidade internacional definiu o Certificado Kimberley, garantia de que o diamante está dentro das normas internacionais e não pertence a áreas de conflito. No Brasil, a Comissão de Certificação Kimberley, em Brasília, credencia o diamante produzido no País.

Como se extraem esmeraldas?

Como se extraem esmeraldas?

Há sistemas de iluminação, de ventilação e de comunicação que ligam a entrada ao fundo do poço. As minas funcionam 24 horas diárias.

Os trabalhadores manipulam dinamite, respiram fuligem o tempo todo, urinam e defecam em sacos plásticos e estão sujeitos a desabamentos. O risco de morrer é real, mas pode compensar: uma gema de boa qualidade com 1 quilate (2 gramas) é vendida por até 5 mil dólares.
No Brasil, uma das principais áreas de extração de esmeraldas fica na serra da Carnaíba, Bahia, onde o mineral foi descoberto em 1 963. Lá as minas são cavadas dentro de barracões cobertos, sendo invisíveis para quem anda nas ruas do garimpo. Sob a terra, o cenário lembra um formigueiro. Para iniciar a perfuração de uma mina, é preciso instalar bananas de dinamite em fendas feitas com uma britadeira. À medida que se encontram veios de pedra preciosa e a rocha fica mais solta, os garimpeiros se valem de ferramentas mais “delicadas”, como marretas e picaretas. Isolados do resto do mundo, os caçadores de esmeraldas desenvolveram um vocabulário peculiar (leia quadro abaixo).
As primeiras esmeraldas foram descobertas há cerca de 5 mil anos, no Egito. A pedra verde é considerada a quinta gema mais valiosa do mundo – perde apenas para o diamante, o rubi, a alexandrita e a safira. A cor de uma esmeralda varia do um verde pálido ao verde intenso, com tonalidades azuladas ou amareladas. A qualidade da gema depende, fundamentalmente, dessa cor. As mais valiosas e raras são aquelas que têm verde intenso, puro ou com ligeira tonalidade amarelada. O grau de transparência e a presença de rachaduras também influem na avaliação de uma gema.

 
Imagem: thisisbossi/Wikimedia Commons

 

TERRA DE NINGUÉM
No subsolo, os territórios de cada garimpo não são muito bem definidos. Não existe propriedade da terra. É comum que escavações de minas concorrentes acabem se encontrando
FURO N’ÁGUA
Quando o poço rompe um lençol freático, a água escorre pela parede e se acumula no fundo. É preciso, então, cavar um desvio e abrir um túnel paralelo. Para que a mina não se inunde, os garimpeiros drenam constantemente a água empoçada
LUZ NO FIM DO TÚNEL
Os túneis têm cerca de 2 metros de altura. O ar é bombeado da superfície até o fundo da mina. A fiação também desce para possibilitar a iluminação das galerias
CONTRA DESABAMENTOS
Às vezes é necessário escorar as paredes com “caixas”, ou estruturas de madeira, para prevenir desabamentos. Os garimpeiros usam a marreta para avaliar a segurança do teto: dependendo do som da pancada, a pedra está solta ou segura

Brasil e Japão na Bahia

Conheça um pouco das estranhas gírias do garimpo
Brasil - a superfície
Japão - o fundo da mina
Malado - quem ganhou muito dinheiro
Massegueiro - ladrão de esmeraldas
Boi - rocha pendurada no teto ou nas paredes da galeria
Canga - boi de xisto com pedras preciosas incrustadas
Indianada - pedras de qualidade inferior, que são vendidas para o mercado indiano
Martelete - tipo de britadeira
Quarta-feira - marreta muito grande e pesada. Tem esse nome porque poucos conseguem operá-la por mais de dois dias seguidos. Ou seja: o garimpeiro agüenta o trabalho na segunda e na terça, mas na quarta já não dá conta do serviço
Vazar - encontrar esmeraldas

O buraco é mais embaixo

Como funciona uma mina de esmeraldas na Bahia
REPESCAGEM
No entulho retirado das escavações, sempre há esmeraldas pequenas e de pouco valor. Isso atrai os “quijilas”, nome dado a quem aproveita os restos do garimpo. Geralmente são crianças, mulheres ou idosos
O ASCENSORISTA
Quem controla o que sobe e desce – de pedras a pessoas – é o operador de guincho. A máquina, movida a diesel, tem dois comandos: acelerador e freio. O guincheiro se comunica com o interior da mina por um “telefone”, que, na verdade, não passa de um tubo de PVC