segunda-feira, 4 de maio de 2015

A dura vida dos pesquisadores de diamantes primários

A dura vida dos pesquisadores de diamantes primários




A pesquisa de diamantes em fontes primárias como kimberlitos e lamproitos, não é para qualquer um. É um trabalho altamente técnico, incrivelmente caro e se não for adequadamente conduzido, há o risco de se perder uma jazida ou de investir onde não existe depósito econômico.

Quando os teores são baixos, o que é o caso da maioria dos kimberlitos, uma amostra de pequeno volume não tem nenhuma representatividade e qualquer que seja o teor obtido não deve ser considerado. Para entender essa premissa é necessário ler os próximos parágrafos.

 A concentração dos diamantes na rocha fonte é, frequentemente muito pequena, de apenas algumas miligramas por tonelada. Isso obriga o pesquisador fazer verdadeiras minas piloto para obter dados fidedignos como teor, qualidade, preço e tamanho médio dos diamantes.

Um bom exemplo é a mina de Letseng no Lesotho. Ela é uma das mais importantes minas de diamante primário do mundo.

No kimberlito de Letseng o teor médio é de apenas 3 quilates (600 miligramas) por tonelada de minério.

Com teores tão baixos as amostras pequenas, de 50kgs, por exemplo, irão quase sempre dar resultados negativos para diamante. Se você fizer esse erro poderá simplesmente perder uma jazida de bilhões de dólares. Ou, gastar muito em um prospecto sem nenhum valor...

A pergunta que se deve fazer é: qual o tamanho mínimo de uma amostra que seja representativa do teor, qualidade, preço e tamanho do diamante de Letseng?

Lembre-se que o investimento em Capex para uma mina destas pode chegar e ultrapassar a 1 bilhão de dólares, o que nos obriga a ter muita confiança nos dados obtidos na pesquisa. Na realidade antes da viabilidade econômica o nível de confiança deve estar próximo dos 97,5%, mas isso é uma outra história...

Sem entrar em cálculos estatísticos complexos a resposta mais utilizada pelos pesquisadores é que é necessário coletar um mínimo de 2.000 quilates de diamante (por amostra) para que essa tenha alguma representatividade de teor.

Por este cálculo simples seria necessário uma amostra mínima de 67.000 toneladas. Ocorre que em Letseng os diamantes médios são os maiores do mundo. Este kimberlito é o que produz mais diamantes acima de 10 quilates, o que faz o preço médio do diamante de Letseng ser um dos mais elevados.

Estas características fazem com que uma amostra representativa tenha que ser, no mínimo, de 1 milhão de toneladas.

Assustado?

Lembre-se que dependendo do kimberlito existem imensas variações faciológicas o que vai aumentar em muito o número de amostras a serem coletadas. O pior é que cada fácie tem um teor diferente e alguns, no mesmo pipe, podem ser estéreis.

Ou seja, é necessário uma verdadeira mina para que o investidor tenha a certeza de que o projeto é viável.

É por essas características da jazida que várias empresas amostraram o kimberlito e nunca conseguiram entender os teores, qualidade e tamanhos médios reais. Alguns anos atrás eu debati esse assunto com um “expert” em diamantes Sul-Africano. Ele me confidenciou que a empresa dele havia investido milhões em Letseng sem conseguir ver a viabilidade do projeto, pois nunca amostraram grandes volumes, como necessário.

Como se vê, essas particularidades fazem a pesquisa em Letseng ser caríssima. Foi por isso que entre a descoberta em 1957 e a mina se passaram 20 anos e muitos perderam dinheiro em uma das jazidas mais rentáveis da África.

A sorte é que a garimpagem feita ao longo destes 20 anos produziu dezenas de milhares de quilates o que permitiu, aos mais espertos, uma avaliação preliminar dos teores, qualidade, preço e tamanho.

O histórico de produção serviu como uma mina piloto e orientou os geólogos quanto ao tamanho mínimo da amostra de Letseng.

Lembre-se deste exemplo quando for avaliar os teores de um kimberlito. Talvez a resposta só seja possível se a sua empresa estiver disposta a investir dezenas de milhões na pesquisa.





A mina é famosa por seus diamantes enormes como o Lesotho Promise de 603 quilates (foto – Gem Diamonds)

Índia: a volta ao topo dos maiores produtores de diamantes do mundo.

Índia: a volta ao topo dos maiores produtores de diamantes do mundo


Bunder teve a aprovação do Governo Indiano para o desenvolvimento da mina e deverá receber, inicialmente, US$500 milhões em investimentos da Rio Tinto. Quando em produção a Mina Bunder colocará a Índia entre os dez maiores produtores de diamantes do planeta.
Será um casamento perfeito, pois a Índia é um dos maiores compradores de diamantes do mundo em um negócio de US$10 bilhões ao ano. Calcula-se que mesmo sem Bunder o negócio de diamantes indiano irá expandir 15% até 2019.
diamante Índia
Bunder é um lamproito descoberto por sedimentos de corrente, que poderá produzir 27,4 milhões de quilates de diamante.  Os cálculos de reservas indicam 37 milhões de toneladas a 0,74 quilates por tonelada, um teor elevadíssimo que caracteriza os jazimentos em lamproitos como Argyle na Austrália.
A mina terá uma vida de 25 anos e processará 5 milhões de toneladas de minério por ano.
Durante a construção serão empregadas 1.000 pessoas e na operação outras 420 pessoas. Isto irá gerar centenas de empregos necessários a suprir as necessidades da mina.
O Governo indiano calcula que existe uma relação de dez novos empregos indiretos para cada emprego direto.  Em cima disso existe a indústria do diamante indiana que cria 0,32 empregos a cada 100 quilates de diamantes produzidos. Consequentemente a indústria devera criar 10.000 novos empregos por ano, pois Bunder irá produzir  3 milhões de quilates ao ano. Finalmente, a indústria de jóias deverá criar 8.000 novos empregos.
Em resumo o projeto Bunder irá criar 30.000 novos empregos e produzirá 3 milhões de quilates ao ano em uma região pobre da Índia.

Botuobinskaya a nova mina de diamantes da Alrosa entra em produção

Botuobinskaya a nova mina de diamantes da Alrosa entra em produção






Botuobinskaya é mais um kimberlito na região Yakutia. Esta região é famosa por seus pipes e pela enorme produção de diamantes.

O novo pipe deverá produzir um milhão de quilates em 2015, excedendo 2 milhões de quilates por ano a partir de 2016, até o final da vida útil da mina.

Botuobinskaya deverá ter um ROM de 400.000 toneladas extraídas de uma operação a céu aberto.

A Alrosa, a maior produtora de diamantes do mundo, espera compensar a produção decrescente do pipe Nyurbinskaya, que se encontra somente a três quilômetros, mantendo a produção local constante em torno de 7,5 milhões de quilates ao ano.

Botuobinskaya é o primeiro novo pipe a entrar em produção no Yakutia em dez anos.

O kimberlito tem uma reserva Jorc de 13,7 Mt @ 5,19 quilates por tonelada.

No total serão recuperados, ao redor de 93 milhões de quilates, graças a um teor altíssimo de 5,19 quilates por tonelada: uma anomalia raríssima.

Barrick em dificuldade pode vender mina gigante


Barrick em dificuldade pode vender mina gigante





A situação da maior mineradora de ouro do mundo não é fácil.

A Barrick Gold perdeu mais de 50% do seu valor em apenas dois anos e precisa reduzir o seu débito em US$3 bilhões ainda em 2015.

Esses pontos mostram as rachaduras na estrutura da mineradora tida como uma das mais sólidas, algum tempo atrás.

Hoje a Barrick Gold tem um débito astronômico, maior que US$13 bilhões e um valor de mercado de apenas US$12,6 bilhões.

A melhor forma de sair desta arapuca financeira é a venda de ativos de alto valor.

E a Barrick está, possivelmente, colocando à venda nada menos do que a sua mina chilena de cobre Zaldivar.

Zaldivar é um desses super-porphyry coppers de imenso valor. Na realidade Zaldivar é o corpo norte do complexo de Escondida, controlada pela BHP.

A jazida está localizada na cordilheira, no norte do Chile, próximo a Antofagasta (imagem).

Trata-se de uma operação a céu aberto onde o minério é lixiviado em pilhas e o cobre recuperado transformado em catodos.

Em 2014 a mina produziu 1 milhão de toneladas de cobre. Os custos de produção do cobre em 2014 foram de US$1,9/libra.

As reservas de Zaldivar são simplesmente enormes e atingiam 5,5 bilhões de libras de cobre em 2014.

Se a Barrick vender Zaldivar acredita-se que ela poderá levantar US$1,5 bilhão, o que é somente a metade dos US$3 bilhões planejados para a redução do débito...

Será que ela consegue? 

Forte alta do ouro renova esperanças dos mineradores

Forte alta do ouro renova esperanças dos mineradores






Hoje o Federal Reserve mostrou-se cauteloso a respeito da recuperação da economia americana. Isso fez o dólar cair.

O banco também sinalizou que os juros poderão subir mais antes de junho deste ano. Estas notícias alimentaram os mercados e levaram à subida exponencial do ouro.

Depois de três meses de queda quase contínua o ouro reagiu e subiu 2%.

A forte decolagem lançou várias ações das mineradoras de ouro às alturas.

A Yamana subiu mais de 3%, a Barrick 5% e a AngloGold Ashanti espetaculares 8,01%.

Alguns analistas, rapidamente, atiraram da cintura e começam a prever uma recuperação do ouro. Eles acreditam que o ouro já atingiu o fundo do poço e a hora da recuperação chegou.

No entanto, enquanto a economia americana se mantiver em alta, reforçando o dólar, a tendência do ouro será para baixo.

Até quando?

Esta é a pergunta de bilhões de dólares que só os bancos centrais, os chineses e indianos podem responder.