quarta-feira, 1 de julho de 2015

Escala de Mohs

Escala de Mohs


Escala de mohs.png
Escala de Mohs quantifica a dureza dos minerais, isto é, a resistência que um determinado mineral oferece ao risco, ou seja, à retirada de partículas da sua superfície.
O diamante risca o vidro, portanto, é mais duro que o vidro. Esta escala foi criada em 1812 pelo mineralogista alemão Friedrich Vilar Mohs com dez minerais de diferentes durezas existentes na crosta terrestre.
Atribuiu valores de 1 a 10. O valor de dureza 1 foi dado ao material menos duro da escala, que é o talco, e o valor 10 dado ao diamante que é a substância mais dura conhecida na natureza.
Esta escala não corresponde à dureza absoluta de um material. Por exemplo, o diamante tem dureza absoluta 1.500 vezes superior à do talco. Entre 1 e 9, a dureza aumenta de modo mais ou menos uniforme, mas de 9 para 10 há uma diferenças muito acentuada, pois o diamante é muito mais duro que o coríndon (ou seja, que o rubi e a safira)
Dureza Mineral Fórmula química Dureza absoluta Imagem
1 Talco (pode ser arranhado facilmente com a unha) Mg3Si4O10(OH)2 1 Talc block.jpg
2 Gipsita (ou gesso) (pode ser arranhado com unha com um pouco mais de dificuldade) CaSO4·2H2O 3 Gypse Arignac.jpg
3 Calcita (pode ser arranhado com uma moeda de cobre) CaCO3 9 Calcite-sample2.jpg
4 Fluorita (pode ser arranhada com uma faca de cozinha) CaF2 21 Fluorite with Iron Pyrite.jpg
5 Apatita (pode ser arranhada dificilmente com uma faca de cozinha) Ca5(PO4)3(OH-,Cl-,F-) 48 Apatite crystals.jpg
6 Feldspato / ortoclásio (pode ser arranhado com uma liga de aço) KAlSi3O8 72 OrthoclaseBresil.jpg
7 Quartzo (capaz de arranhar o vidro. Ex.: ametista) SiO2 100 Quartz Brésil.jpg
8 Topázio (capaz de arranhar o quartzo) Al2SiO4(OH-,F-)2 200 Topaz cut.jpg
9 Corindon (capaz de arranhar o topázio. Exs.: safira e rubi) Al2O3 400 Cut Ruby.jpg
10 Diamante (mineral mais duro que existe, pode arranhar qualquer outro e é arranhado apenas por outro diamante) C 1600 Rough diamond.jpg

GeoTurismo: a geomorfologia espetacular das Ilhas Faroe

GeoTurismo: a geomorfologia espetacular das Ilhas Faroe





As Ilhas Faroe pertencem a um pequeno arquipélago do Oceano Atlântico localizado entre o Reino Unido, a Noruega e a Islândia. Trata-se de uma região autônoma sob a influência da Dinamarca.

As 18 ilhas de Faroe são de origem vulcânica e se desenvolveram sobre três principais camadas de basalto, de volcanoclásticas e sedimentos subordinados. As rochas tem idade ao redor de 58 milhões de anos e formam um pacote com espessura máxima de 6.000m.


Ilhas Faroe
Espetacular foto da Cachoeira Gasaladur

A sequência vulcânica foi gerada no processo de separação entre a Europa e a Groenlândia.

O que tem de realmente espetacular nas Ilhas Faroes é a sua paisagem, um reflexo de sua geomorfologia ímpar. As imagens dos lagos, penhascos e falésias estão entre as mais deslumbrantes do planeta.

Lago Sorvagsvatten
Imagem do Lago Sorvagsvatn, pendurado na beira do penhasco.

O terreno é escarpado com belos platôs cobertos por gramas e pastagens. A altitude máxima é de 880m

São essas espetaculares feições, ainda sem a poluição e intervenção humanas, que atraem exploradores e turistas do mundo inteiro, principalmente durante o verão.

As deslumbrantes Ilhas Faroe com suas paisagens surreais são um excelente lugar para aventuras e um belo turismo geológico.

Capital de Faroe
Imagem da Capital das Ilhas Faroe – Capital City Torshavn

Há algo de podre no reino da Petrobras: os números do Pré-sal não batem

Há algo de podre no reino da Petrobras: os números do Pré-sal não batem



Há poucos dias atrás a Diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes,, em uma palestra sobre o Pré-sal afirmou, com todas as letras, que o Pré-sal é “viável” e que tem “ um custo de produção de nove dólares por barril” . A mesma diretora continua e diz que este custo de produção será menor ainda no futuro.

“We can guarantee that pre-salt is viable with a production cost of US$9 per barrel. If we consider that two production units are not yet producing at their total capacity, the production cost will be even lower. Our operational efficiency of around 92% has contributed significantly to our reaching these low costs,”

A notícia é imediatamente repercutida no Twitter de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras que tenta limpar o nome manchado pelos escândalos da Petrobras.

Essa notícia seria motivo de celebração a nível nacional, pois com US$9 de custo operacional a Petrobras teria um lucro de US$51 por barril produzido no Pré-sal.

Um lucro gigantesco, ainda mais agora que a Petrobras está batendo recordes de produção no Pré-sal, já ultrapassando a barreira de 726 mil barris por dia em junho deste ano.

Ou seja: só o pré-sal adicionaria um lucro de US$37 milhões de dólares por dia (726.000 x 51) ou de 13,5 bilhões de dólares ao ano...mesmo aos preços deprimidos do petróleo de hoje.

Seria ótimo se fosse verdade!

Mas, obviamente, não é isso o que está ocorrendo, pois a Petrobras está cortando os investimentos em 37% e deixando de investir R$282 bilhões nos próximos quatro anos...

Com esse corte de investimentos a produção de petróleo da Petrobras cairá dos 5,3 milhões de barris por dia previstos para apenas 3,7 milhões de bpd. Uma queda substancial e totalmente ilógica para quem produz um barril a US$9...

Como explicar que a Petrobras vai colocar o pé no freio do Pré-sal se cada barril produzido, segundo a Diretora de Exploração e Produção , gera um lucro de US$51/por barril aos preços do petróleo de hoje?

Não seria o Pré-sal a cereja do bolo, o grande gerador de lucros que a Solange Guedes e a Petrobras dizem ser?

Para entender essa incoerência fomos buscar os custos reais da produção do barril do pré-sal, que segundo vários especialistas e pesquisas feitas pelo Portal do Geólogo é muito maior do que estes US$9/barril apregoados.

Em uma pesquisa aprofundada feita pelo Portal do Geólogo em 25 de dezembro de 2014 fica claro que a os poços do pré-sal tem um break-even entre US$30 e US$70 por barril e que a média está próxima dos US$45/barril, o mesmo número que a Petrobras publicou em 6 de janeiro de 2015 como representativo do Pré-sal.

( veja a matéria )
Neste comunicado a Petrobras dizia que o custo de produção do barril médio do pré-sal estava em US$45, sem considerar os gastos do escoamento do gás, que adicionariam US$5 a US$7/barril.

Ou seja: o barril médio segundo o comunicado oficial da Petrobras, no pré-sal custava US$52 em janeiro de 2015.

No estudo (veja a imagem abaixo) feito pelo Portal do Geólogo na mesma época, não existia nenhum poço da Petrobras com custo de empate abaixo de US$30/barril.
Break-even Petrobras
Onde estão, então, os custos de produção de US$9/barril?

Na realidade esses números não existem e nos estranha que a Petrobras, uma empresa pública que diz ter transparência e governança corporativa, não venha a público desfazer os erros e inferências que esse custo de US$9/barril dito por uma Diretora de Exploração e Produção podem causar aos desavisados investidores...

O número do break-even médio do Pré-sal pode ser visto em uma apresentação recente, de maio de 2015, feita por Mauro Yuji Hayashi o Gerente de Planejamento do Pré-Sal, um especialista da área.

No slide da página 24 da apresentação Mauro apresenta os números do break-even.

O slide é meio confuso (veja abaixo, mas dá para entender que atualmente o break-even do Pré-Sal varia entre US$40 a US$52/barril e que no futuro poderá cair para um patamar mais baixo não especificado.
Break Even Pré-Sal
Esta é a realidade que a Petrobras e seus executivos divulgam: o custo médio da produção de um barril no Pré-Sal é de US$45.

Infelizmente chegamos a conclusão que não existe barril de petróleo no Pré-sal sendo produzido a US$9.

É por isso que a Petrobras, a empresa mais endividada do mundo, está desativando sondas e cortando os investimentos mesmo estando em cima de uma das maiores reservas de petróleo do mundo onde bate recordes de produção a cada semana...

Os kimberlitos são a mais importante fonte de diamantes, porém sua existência só se tornou conhecida no ano de 1866

O kimberlito é uma rocha ígnea intrusiva, um peridotito composto por olivina (normalmente serpentinizada) com quantidades variáveis de flogopita, ortopiroxênio, clinopiroxênio, carbonatos e cromita.
Os kimberlitos são a mais importante fonte de diamantes, porém sua existência só se tornou conhecida no ano de 1866. Os depósitos da região de Kimberley na África do Sul foram os primeiros reconhecidos e deram origem ao nome. Os diamantes de Kimberley foram encontrados originalmente em kimberlito laterizado. Classifica-se grosseiramente, em função das características do kimberlito de Kimberley o kimberlito como sendo “yellow ground” e “blue ground”. Yellow ground é relativo ao kimberlito intemperizado que se encontra na superfície. Blue ground é relativo ao kimberlito não intemperizado, encontrado em profundidades variáveis.
O kimberlito ocorre principalmente nas zonas de crátons, porções da crosta terrestre estáveis desde o período Pré-Cambriano. No Brasil existem três áreas cratônicas. O cráton Amazônico é a principal delas, porém ao sul de Rondônia e norte do Mato Grosso também encontra-se kimberlitos. O cráton do São Francisco ocupa grande parte de Minas Gerais e destaca-se na região sudeste do Brasil, porém nele, com exceção dos kimberlitos pobres da Serra da Canastra, não se conhecem rochas kimberlíticas mineralizadas.
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2 - MORFOLOGIA
Os kimberlitos são um grupo de rochas ultrabásicas ricas em voláteis (principalmente dióxido de carbono). Normalmente apresentam textura inequigranular característica, resultando na presença de macro-cristalizações inseridas em uma matriz de grãos finos. A montagem destas macro-cristalizações consistem em cristais anédricos de ilmenita magnesiana, piropo titaniano pobre em cromo, olivina, clinopiroxênio pobre em cromo, flogopita, enstatita e cromita pobre em titânio, sendo que a olivina é o membro dominante. Os minerais da matriz incluem olivina e/ou flogopita juntamente com perovskita, espinélio, diopsídio, monticellita, apatita, calcita e serpentina.
Alguns kimberlitos contém flogopita-estonita poiquilítica em estágio avançado.
Sulfetos de níquel e rutilo são minerais acessórios comuns. A substituição de olivina, flogopita, monticellita e apatita por serpetina e calcita é comum.
Membros desenvolvidos do grupo do kimberlito podem ser pobres ou desprovidos de macro-cristalizações e compostos essencialmente de calcita, serpentina e magnetita juntamente com flogopita, apatita e perovskita, os últimos em menor quantidade.
Segundo Kopylova (2005), em referência a Clement e Skinner (1985), o kimberlito pode ser dividido em três unidades, baseadas em sua morfologia e petrologia:
2.1 - KIMBERLITO DE CRATERAS
A morfologia de superfície de kimberlitos intemperizados é caracterizada por uma cratera de até dois quilômetros de diâmetro cujo piso pode estar a centenas de metros abaixo da superfície. A cratera é geralmente mais profunda no meio. No entorno da cratera há um anel de tufa relativamente pequeno (em geral com menos de 30 metros) quando comparado com o diâmetro da cratera. Duas categorias principais de rochas são encontradas em kimberlitos de crateras: piroclásticas, depositadas por forças eruptivas e epiclásticas, retrabalhadas por água.
Rochas Piroclásticas: Encontradas preservadas em anéis de tufa no entorno da cratera ou dentro da cratera. Os anéis possuem pequena relação altura por diâmetro da cratera e são preservados em muito poucos kimberlitos. Os únicos locais com anéis de tufa bem preservados no mundo são Igwisi Hills na Tanzânia e Kasami em Mali. Os depósitos são normalmente acamados, vesiculares e carbonizados.
Rochas Epiclásticas: Estes sedimentos representam retrabalho fluvial no material piroclástico do anel de tufa no lago formado no topo da diatrema. Apresentam-se dispersas quanto mais afastadas do centro e das paredes rochosas.
Considerando a raridade de kimberlitos de crateras é difícil desenvolver um modelo para determinar com certeza que todos os kimberlitos serão conformados segundo as características observadas acima.
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2.2 – KIMBERLITO DE DIATREMAS
Diatremas kimberlíticas possuem de 1 a 2 quilômetros de profundidade e geralmente apresentam-se como corpos cônicos que são circulares ou elípticos na superfície e afinam com a profundidade. O contato com a rocha hospedeira é dado usualmente entre 80 e 85 graus. A zona é caracterizada por material kimberlítico vulcanoclástico fragmentado e xenólitos agregados de vários níveis da crosta terrestre durante a subida do kimberlito à superfície.
2.3 – KIMBERLITO ABISSAL
Estas rochas são formadas pela cristalização de magma kimberlítico quente e rico e voláteis. Geralmente não possuem fragmentação e parecem ígneos.
São notáveis as segregações de calcita-serpentina e as segregações globulares de kimberlito em uma matriz rica em carbonato.
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3 – MODELOS DE CLASSIFICAÇÃO DE KIMBERLITOS
Vários modelos de classificação foram desenvolvidos para os kimberlitos e as grandes variações de textura e mineralogia apresentadas por estas rochas implicam em dificuldades para classificá-los. O modelo mais conhecido e geralmente bem aceito foi proposto por Clement e Skinner (1985). Esta classificação é largamente utilizada, no entanto é importante notar aqui as implicações genéticas neste modelo. O termo “tufisítico” significa presumir que o kimberlito foi formado através de processo de fluidização, porém ainda existem controvérsias com relação à formação dos kimberlitos.
Classificação dos Kimberlitos
De Clement e Skinner 1985 Crater-Facies
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As subdivisões das fácies principais são determinadas por diferenças na textura. As características diferenciadoras podem ser resumidas:
Kimberlitos de crateras são reconhecidos por características sedimentares. Kimberlitos de diatremas são reconhecidas por formações geodésicas do magma cristalizado e formações semelhantes geradas durante a perda dos gases.
Kimberlitos abissais são comumente reconhecidos pela presença abundante de calcita e textura segregada com macro/mega-cristalizações.
A divisão entre “breccia” e “não breccia” (coluna dois – Tipo de Rocha) denomina rochas fragmentadas e é comumente aportuguesada do italiano pelo termo “brecha”. A denominação aqui é baseada no volume percentual dos fragmentos visíveis macroscopicamente. Qualquer rocha com mais de 15% do volume de fragmentos visíveis é denominada “breccia”. Fragmentos podem ser acidentados ou cognatos. As subdivisões da terceira coluna envolvem características específicas discutidas em detalhes por Clement e Skinner, 1985, mas que fogem do escopo deste texto. Vale ressaltar que não existem classificações inteiramente aceitas para o kimberlito. O diagrama proposto por Clement e Skinner é o mais comumente aceito utilizado e por isto é apresentado aqui.
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4 - MODELOS DE FORMAÇÃO DO KIMBERLITO
Desde a descoberta de diamantes em kimberlito muitas teorias surgiram a respeito do processo de formação desta rocha. Mitchell (1986) apresenta em detalhes as diferentes teorias. Destas, serão apresentadas as três mais conhecidas e discutidas.
4.1 – TEORIA DO VULCANISMO EXPLOSIVO
Esta teoria envolve o apontamento de magma kimberlítico em baixas profundidades e o subseqüente acúmulo de voláteis. Quando a pressão confinada é suficiente para romper a rocha superior segue-se uma erupção. Acreditava-se que epicentro da erupção encontravase no contato da fácie abissal com a diatrema.
Através da extensiva atividade mineradora desenvolvida nas regiões kimberlíticas tornou-se claro que esta teoria não é sustentável. Não foi encontrada nenhuma câmara intermediária nas profundidades sugeridas. Além disso o ângulo de mergulho da grande maioria é muito alto (80-85 graus) para ter sido formado em tais profundidades, ou seja, a relação entre o raio na superfície e a profundidade é muito pequena. Fácies de transição entre diatremas e fácies abissais têm cerca de 2km de profundidade, enquanto crateras têm geralmente cerca de 1km de largura, perfazendo assim uma taxa de 1:2. Estudos do ponto original das explosões revelaram que a taxa deveria estar perto de 1:1.
4.2 – TEORIA MAGMÁTICA (FLUIDIZAÇÃO)
Segundo Kopylova, a proposição original desta teoria foi feita por Dawson (1962,
1971). Subseqüentemente foi desenvolvida por Clement (1982) e vem sendo estudada atualmente por Field e Scott Smith (1999).
Em termos gerais a teoria aponta que o magma kimberlítico sobe à superfície em diferentes pulsos, formando o que é denominado de “embryonic pipes” (chaminés embrionárias; Mitchell, 1986). O resultado é uma rede complexa de chaminés embrionárias sobrepostas de fácies abissais de kimberlito. A superfície não é rompida e os voláteis não escapam. Um algum ponto as chaminés embrionárias alcançam uma profundidade rasa o suficiente (cerca de 500 metros) na qual a pressão dos voláteis é capaz de vencer o peso da rocha que o recobre e os voláteis escapam. Com a fuga dos voláteis um breve período de fluidização ocorre. Isto envolve o movimento ascendente dos voláteis, que é suficientemente rápido para “fluidizar” o kimberlito e a rocha hospedeira fragmentada de modo que as partículas são carregadas em um meio sólido-líquido-gasoso. Fragmentos da rocha encaixante que se encontrem neste sistema fluidizado podem afundar dependendo de sua densidade. A fronte fluidizada move-se descendentemente a partir da profundidade inicial. Acredita-se que a fluidização seja muito breve pois os fragmentos normalmente são angulares.
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Desenvolvimento da Chaminé Embrionária
De Mitchell 1986
Esta teoria supostamente explica as características observadas em chaminés kimberlíticas tais como: fragmentos de rocha encaixante encontrados até 1km abaixo do nível estratigráfico através de fluidização; chaminés íngremes com ângulos de ~80-85 graus, dado que a explosão inicial acontece a profundidades relativamente baixas; Rede complexa de chaminés de fácies abismais encontradas em profundidade; a transição de fácies abismais para fácies de diatremas.
Descobertas recentes de chaminés de kimberlitos em Fort a la Corne no Canadá sugerem uma re-avaliação da teoria magmática. Field e Scott Smith não negam que a água pode desempenhar um papel na vasta variedade de chaminés de kimberlitos obervados. Eles acreditam que em alguns casos os magmas kimberlíticos possam entrar em contato com aqüíferos e neste caso a morfologia resultante será significantemente diferente das chaminés encontradas em outros lugares, particularmente na África do Sul. Eles consideram que a
Página 1 configuração geológica em que o kimberlito está inserido desempenha um papel significante na sua morfologia. Rochas bem consolidadas, que são aqüíferos pobres, tais como basaltos, que cobrem a maior parte da África do Sul, promovem a formação de chaminés muito inclinadas com 3 fácies kimberlíticas distintas. Sedimentos mal consolidados são excelentes aqüíferos e podem promover a formação de chaminés com ângulo de mergulho suave, o quais são preenchidos com kimberlitos de crateras, enquanto existe ausência de kimberlitos de diatremas.
A figura abaixo é baseada no esquema montado por Field e Scott Smith 1998. De especial interesse é a morfologia da chaminé de kimberlitos de Fort a la Corne em Saskatchewan no Canadá. As paredes da chaminé possuem mergulho especialmente raso e são preenchidas com rochas vulcanoclásticas ou sedimentos das fácies da cratera. A geologia local apresenta sedimentos pouco consolidados. Field e Scott Smith atribuem a diferença na morfologia observada nas chaminés de Saskatchewan ao hidrovulcanismo.

Exemplos de Chaminés Kimberlíticas
De Field e Scott Smith 1998
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4.3 – TEORIA HIDROVULCÂNICA (FREATOMAGMÁTICA)
O principal propositor desta teoria é Lorenz (1999), que desenvolveu o modelo hidrovulcânico por 3 décadas.
Magmas kimberlíticos ascendem à superfície por fissuras estreitas (~1m). Pode ocorrer de o magma kimberlítico encontrar-se em falhas estruturais, que agem como foco de água, ou a “brechação” resultante da exsolução (desmescla) dos voláteis pela ascensão do kimberlito pode atuar como foco para água. Em qualquer um dos casos o ambiente próximo à superfície é rico em água e a interação do magma quente com a água fria produz uma explosão freatomagmática.
A explosão tem curta duração. A rocha brechada satura-se novamente com a água superficial. Outro pulso de magma kimberlítico segue a mesma fraqueza estrutural da rocha até a superfície e novamente entra em contato com a água produzindo outra explosão. Pulsos subseqüentes reagem com a água da mesma maneira enquanto a fronte de contato move-se para baixo até alcançar a profundidade média da transição entre a fácie abismal e a diatrema.
De Mitchell 1986
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Críticas a esta teoria apontam os seguintes problemas:
I) A teoria não explica porque toda erupção ocorre em contato com água, certamente algumas erupções teriam ocorrido em regiões pobres em água. I) A complexa rede de chaminés encontradas na área de transição da fácie abismal e da diatrema não é explicada. I) A falta de características que apontem para a subsidência através da chaminé. IV) A ausência de soerguimento associado com as chaminés kimberlíticas.
A teoria hidrovulcânica tem seus méritos e é aceita como o processo de formação dos kimberlitos encontrados em Saskatchewan pelos propositores da teoria da fluidização (Field e Scott Smith, 1999). No entanto não explica as características observadas na maior parte das outras chaminés kimberlíticas. A formação de “maares” são associadas a explosões hidrovulcânicas e possuem estrutura interna diferente dos kimberlitos, sendo as principais características a estrutura interna com subsidência em forma de disco, a descontinuidade que forma um anel no entorno da cratera e o soerguimento da rocha encaixante associado à explosão.
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5 – PETROLOGIA
Kimberlitos dividem-se em Grupo I (basáltico) e Grupo I (micáceo). Esta divisão é feita através de bases mineralógicas.
A mineralogia dos kimberlitos do Grupo I é considerada como a representação do derretimento do lherzolito e harzburgito, eclogito e peridotito no manto inferior. A mineralogia dos kimberlitos do Grupo I podem representar um ambiente semelhante ao do Grupo I, porém a diferença é a preponderância de água ao invés de dióxido de carbono.
Diagrama de Rochas Plutônicas Ultramáficas
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5.1 – KIMBERLITOS DO GRUPO I
Kimberlitos do Grupo I são ricos em CO2 e predomina a mistura de olivina forsterítica, ilmenita magnesiana, piropo cromiano, piropo-almandina, diopsídio cromiano
(em alguns casos subcálcico), flogopita, enstatita e cromita pobre em titânio. Kimberlitos do Grupo I exibem textura inequigranular distintiva com macrocristalizações (0,5-10mm) a megacristalizações (10-200mm), fenocristais de olivina, piropo, diopsídio cromiano, ilmenita magnesiana e flogopita em uma massa de grãos finos a médios.
A composição mineralógica da matriz de micro-cristalizações, que apresenta com maior propriedade a composição de uma rocha ígnea, contém olivina forsterítica, granada piropo, Cr-diopsídio, ilmenita magnesiana e espinélio.
5.2 – KIMBERLITOS DO GRUPO I
Kimberlitos do Grupo I (ou orangeítos) são ricos em H2O. A característica distintiva dos orangeítos são as macro e megacristalizações de flogopita, juntamente com presença de micas que variam em composição de flogopita até tetraferroflogopita (flogopita anomalamente rica em Fe). Macrocristalizações de olivina ou cristais euédricos primários de olivina reabsorvidos são comuns mas não são constituintes essenciais.
Fases primárias características na matriz microcristalina incluem piroxênios zonados (núcleos de diopsídio circulados por aegirina-Ti), minerais do grupo do espinélio, perovskita, apatita, fosfatos, rutilo e ilmenita.
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6 – KIMBERLITO E OS DIAMANTES DE MINAS GERAIS
Os diamantes são formados no manto, em profundidade superior a 150km. Duas rochas são responsáveis pelo transporte do diamante até a superfície: kimberlitos e lamproítos.
Os diamantes foram descobertos no Brasil em 1729, na região de Diamantina-MG, porém especula-se que a extração de diamantes no Brasil seja um pouco mais antiga. Durante toda a história do Brasil a extração de diamante tem sido feita em aluviões. Segundo CHAVES (1999) em Minas Gerais pode-se identificar duas macro-regiões nas quais se concentram os principais depósitos do estado: a província mineral do Espinhaço e a do Alto Parnaíba.
Depósitos de Diamantes do Brasil
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A província do Espinhaço engloba a região de Diamantina e é marcada pela Serra do Espinhaço. A Serra do Espinhaço é constituída de rochas metamórficas dobradas, incluindo quartzitos, filitos e conglomerados, que representam originalmente sedimentos depositados em rios, taludes serranos, desertos, lagunas e mares rasos.
Se os diamantes são sempre associados a kimberlitos e lamproítos fica aparente o paradoxo da província do Espinhaço. A fonte original e os processos responsáveis pelo transporte dos diamantes à província do Espinhaço é objeto de inúmeros debates e foge do escopo deste texto.
A província do Alto Parnaíba, ao contrário do Espinhaço, é caracterizada pela presença de várias chaminés de rochas kimberlíticas.
Constatou-se recentemente a presença de kimberlito mineralizado na Serra da
Canastra. A chaminé kimberlítica “Canastra 1” é atualmente o maior projeto de mineração para os diamantes da província do Alto Paranaíba. O projeto vem sido conduzido pela empresa canadense “Brazilian Diamonds”.
Embora existam kimberlitos na região, até o início do projeto Canastra 1 a extração de diamantes era realizada em aluviões por garimpeiros. O projeto Canastra 1 concentra-se sobre uma chaminé de cerca de 1 hectare de tamanho onde os teste indicaram uma concentração de 4 ct por tonelada, o que é muito pouco, principalmente se comparado ao lamproíto de Argyle na Austrália, que produz 18 ct por metro cúbico ou aos kimberlitos sul-africanos com cerca de 6 ct por metro cúbico. Embora a lavra de Canastra 1 seja pouco interessante economicamente o projeto prevê a exploração de boa parte da área kimberlítica da Serra da Canastra e é provável que alguma das chaminés kimberlíticas finalmente coloque o Brasil entre os produtores de diamantes primários (diamantes extraídos diretamente de kimberlitos ou lamproítos). As chaminés mais promissoras na região são
Canastra 8 e Tucano 1.
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7 – CONCLUSÃO
A importância do kimberlito para toda a sociedade fica clara quando se analisa o impacto que a descoberta de kimberlito mineralizado causa sobre a economia das províncias minerais. A descoberta de uma única chaminé kimberlítica mineralizada na Austrália a colocou como maior produtora mundial de diamantes e existe possibilidade que no Brasil descoberta semelhante possa modificar todo o mercado mundial de diamantes.
Apesar de toda a sua importância o kimberlito é uma rocha ainda pouco conhecida e por isso mesmo alvo de opiniões divergentes principalmente com relação a sua formação.
É consenso que as chaminés kimberlíticas não possuem relação com riftes e que a água desempenha um papel importante nas características da rocha, porém todos os modelos de formação atuais, embora aceitos em termos gerais, possuem falhas e exatamente por isso é impossível apontar um modelo como o “mais correto”. Sabe-se no entanto que lineamentos de chaminés kimberlíticas indicam com boa precisão a posição dos crátons em diversas eras geológicas e este tipo de conhecimento possibilita um melhor entendimento da formação da Terra e possue aplicações práticas na prospecção de minerais.


O kimberlito é uma rocha magmática plutônica de grande interesse econômico por sua associação com diamantes. Os diamantes são transportados pelo magma kimberlítico partindo de seu local de formação a cerca de 100km de profundidade.
O kimberlito trata-se de um peridotito composto por olivina com quantidades variáveis de flogopita, ortopiroxênio, clinopiroxênio, carbonatos e cromita.
Todos os peritotitos possuem mais de 40% de sua composição de olivina. No caso do kimberlito, a olivina componente é comumente serpentinizada.
O kimberlito é encontrado em chaminés kimberlíticas, que são resquícios de chaminés vulcânicas. As chaminés kimberlíticas apresentam-se geralmente com pouco soerguimento da área ao redor e com crateras muito largas. É comum que estas crateras se apresentem como maares. É consensual a proposição de que os kimberlitos são formados de um magma rico em voláteis.
A origem do nome deu-se em função da descoberta de kimberlitos diamantíferos na região de Kimberley na África do Sul em 1866. Classifica-se grosseiramente, em função das características do kimberlito de Kimberley o kimberlito como sendo “yellow ground” e
“blue ground”. Yellow ground é relativo ao kimberlito intemperizado que se encontra na superfície. Blue ground é relativo ao kimberlito não intemperizado, encontrado em profundidades variáveis. Esta nomenclatura, embora usual, não caracteriza o kimberlito satisfatoriamente, tendo em vista as discrepâncias que kimberlitos de diferentes regiões apresentam. Estas discrepâncias entre os kimberlitos levou à teoria que haveriam diferenças em sua formação. Baseado nesta premissa, o modelo de classificação dos kimberlitos mais aceito hoje em dia foi proposto por Clement e Skinner em 1985 e classifica os kimberlitos segundo três grandes grupos relativos ao seu local de formação na chaminé kimberlítica: Crater Facies Kimberlites, Diatreme Facies Kimberlites e Hyperabyssal Facies Kimberlites, que numa adaptação livre podem ser denominados simplesmente por “Kimberlitos de Crateras”, Kimberlitos de Diatremas” e “Kimberlitos Abissais”. Os Kimberlitos de Crateras são formados na porção superior da chaminé kimberlítica em profundidades muito rasas. Os Kimberlitos de Diatremas são formados nas diatremas, que é a região cônica da chaminé kimberlítica. Os Kimberlitos Abissais são formados na região abaixo das diatremas, no fundo do cone e nos entornos do dique de alimentação da chaminé.
Quanto à sua formação, existem três teorias mais conhecidas e aceitas: a Teoria do
Vulcanismo Explosivo, que sugere que os voláteis (principalmente CO2) do magma formador do kimberlito dilatem entre a fácie abissal e a diatrema, criando uma zona de pressão contida pela rocha encaixante e que em um certo ponto explodiria gerando uma erupção. A Teoria Magmática sugere que somente existam explosões próximas à superfície e nestas explosões a energia liberada fluidizasse a rocha encaixante fazendo com que
Página 21 pedaços desta afundassem no magma enquanto o kimberlito alcança a superfície. A Teoria
Hidrovulcânica aponta a água superficial como fator causador das explosões do magma kimberlítico.
Os três modelos apresentam falhas e a formação do kimberlito ainda é objeto de estudo, porém é tido como consenso que um modelo definitivo será algo muito próximo da Teoria Magmática e da Teoria Hidrovulcânica, sendo que a Teoria do Vulcanismo explosivo é praticamente descartada.
Os kimberlitos podem ser dividos em dois grupos segundo sua petrologia.
Kimberlitos do Grupo I são ricos em CO2 e apresentam textura inequigranular. São chamados genericamente de kimberlitos basálticos.
Kimberlitos do Grupo I são ricos em H2O e são também chamados “orangeítos”. Sua característica distintiva são as macro e megacristalizações de flogopita, juntamente com presença de micas. Devido a isto são genericamente chamados de kimberlitos micáceos.
No estado de Minas Gerais a lavra de diamantes foi historicamente realizada em aluviões, com destaque especial para a região de Diamantina, Província Diamantífera do Espinhaço.
A verdadeira origem dos diamantes da Província do Espinhaço ainda é alvo de debates, tendo em vista que a Serra do Espinhaço é composta basicamente por rochas sedimentares e metamórficas, sem nenhuma relação com kimberlitos (ou com lamproítos, outra rocha relacionada ao transporte de diamantes)
Por outro lado, a Província do Alto Parnaíba possue presença marcante de kimberlitos, mas até pouco tempo não se conheciam kimberlitos mineralizados na região.
Recentemente a descoberta de kimberlitos mineralizados, embora com teores muito baixos, na Serra da Canastra, na Província do Alto Parnaíba, despertou o interesse de mineradoras e a região vem sendo alvo de pesquisas em busca de kimberlitos diamantíferos.
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MAPA: OCORRÊNCIAS DE DIAMANTES NO BRASIL Lineamentos das Principais Ocorrências de Diamantes no Brasil
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ANEXO I DIAGRAMA: KIMBERLITO DIAMANTÍFERO Diagrama de Formação de Kimberlito Diamantífero

Contexto geológico de kimberlitos, lamproítos e ocorrências diamantíferas do Brasil

Contexto geológico de kimberlitos, lamproítos e ocorrências diamantíferas do Brasil


O diamante foi e continua sendo um mineral de importância histórica no Brasil. Existem ocorrências praticamente em todo o território nacional, exceptuando-se alguns estados nordestinos e ilhas oceânicas. O Brasil foi o primeiro país do ocidente a lavrar diamante a partir da descoberta de depósitos detríticos na região de Diamantina (MG) no início do século dezoito, assumindo logo a seguir a posição de primeiro produtor mundial. Essa situação perdurou até a segunda metade do século dezenove, quando a descoberta da rocha matriz do diamante na África do Sul modificou o panorama geoeconômico do diamante. O Brasil nunca mais recuperou sua posição anterior e nos últimos anos a produção vem representando apenas 1% do montante mundial
as mostras as principais ocorrências diamantíferas brasileiras, aqui representadas por meio de um centro geográfico local. Partindo da região de Tibaji (PR) que representa os depósitos mais meridionais do país, o diamante ocorre nas regiões sul (Itararé) e nordeste (Patrocínio Paulista) de São Paulo, Alto Paranaíba (Abaeté, Coromandel, Patos, Estrela do Sul, Romaria) e região central de Minas (Diamantina, Grão Mogol), Chapada Diamantina na Bahia, Pará (Marabá), Piauí (Gilbués), Maranhão (Imperatriz), Mato Grosso (Barra dos Garças, Chapada dos Guimarães, Aripuanã, Juína), Goiás (Aragarças, Piranhas), Mato Grosso do Sul (Coxim), Amapá, Rondônia e Roraima. Tudo indica que existem pelo menos duas idades distintas para o diamante: uma proterozóica, representada pelas ocorrências do Espinhaço e de Roraima, e outra mesozóica, para o caso dos depósitos do Alto Paranaíba (MG). Eventualmente, os depósitos periféricos das bacias paleozóicas poderiam representar uma terceira idade de mineralização.
Apesar da extensão das ocorrências, que traz embutida a idéia de um grande potencial econômico, os primeiros trabalhos de prospecção de kimberlitos só começaram no final dos anos sessenta. A partir de 1968, a Sopemi, na época uma empresa francesa ligada ao BRGM, deslanchou uma prospecção sistemática de kimberlitos baseada no rastreamento de minerais pesados (granada piropo, ilmenita magnesiana, diopsídio, cromioespinélio) nos municípios da região do Alto Paranaíba, Minas Gerais, que em pouco tempo conduziu à localização de um grande número de intrusões kimberlíticas. Nos anos seguintes a Sopemi estendeu esses trabalhos para os estados de Goiás, Mato Grosso, Bahia, Pará, Rondônia, Piauí, Roraima, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ampliando ainda mais o número de corpos conhecidos. Paralelamente às atividades da Sopemi, tivemos a Prospec no início dos anos setenta e a BP no início dos anos oitenta que também realizaram prospecção de kimberlitos em vários pontos do Brasil Nenhuma informação foi publicada por essas empresas, mas BARBOSA (1985) estima que o número de corpos encontrados ultrapassa cinco centenas.
As primeiras informações dos kimberlitos do Alto Paranaíba foram apresentadas por BARBOSA et al. (1976) e SVISERO et aL (1979). Basicamente, existe na região um grande número de corpos vulcânicos com diâmetros entre 100 e 800 m, em geral cobertos por um solo de alteração (yellow ground) que dificulta o mapeamento e a obtenção de rochas frescas. Contudo, análises químicas de minerais residuais (granada, ilmenita, diopsídio e espinélio) recolhidos sobre os diatremas permitiram identificar os Kimberlitos Vargem, Boqueirão, Coqueiros, Tamborete, Japecanga, Morungá, Capão da Erva, Lagoa Seca, Santa Clara, Forca, Santa Rosa, Bonito, Tabões, Mascate e Mouras (SVISERO et aL, 1984). A aplicação de métodos geofísicos, por outro lado, permitiu mapear os diatremas Limeira, Sucuri, Indaiá, Vargem 1 e 2 e Poço Verde. Recentemente foram divulgados dados químicos do Kimberlito Matinha (SVISERO & MEYER, 1986) e de um lamproíto próximo a Presidente Olegário (LEONARDOS & ULBRICH, 1987). Encontram-se em fase de estudos as intrusões do Pântano, Tapera, Rocinha, Divino, Santana dos Patos, Veridiana, Ponte, Malaquias, Três Fazendas, Mirante, Serrinha, Paraíso, Almas, Wilson e outras. Estão incluídas aqui rochas com características de kimberlitos, em geral alteradas e formando relevo negativo, bem como lamproítos que formam diatremas comparavelmente maiores, com relevo positivo e rochas frescas. Observações de campo indicaram que as intrusões do Alto Paranaíba constituem uma província kimberlítica que se estende de Catalão (GO) até Boa Esperança (MG), acompanhando aproximadamente a área do Soerguimento do Alto Paranaíba. Na região de Bambuí, BARBOSA (1985) localizou os Kimberlitos Cana Verde, Boa Esperança, Ingá, Almeida e Quartéis.
Além da região oeste de Minas Gerais, existem dados sobre alguns corpos isolados em outros estados. Assim sendo, são conhecidos os Kimberlitos do Redondão (SVISERO et aL, 1975) e Açude (SVISERO & MEYER, 1986) respectivamente no sul e leste do Piauí; Pimenta Bueno (SVISERO et aL, 1984) no leste de Rondônia; Batovi (SVISERO & MEYER, 1986) no centro de Mato Grosso, e Janjão (SCHEIBE, 1980) no centro leste de Santa Catarina. Além disso, existem informações de caráter geral sobre a existência de kimberlitos em vários locais do Brasil coincidindo com os dados relatados anteriormente. Além de BARBOSA (1985) que menciona vários kimberlitos em Minas Gerais, Rondônia, Piauí e Mato Grosso, FRAGOMENI (1976) menciona a existência de quatro dezenas de intrusões na região de Paranatinga (MT) e SCHOBENHAUS et aL (1981) inclui no mapa geológico do Brasil vários kimberlitos em Minas Gerais, Mato Grosso e Rondônia.
Retornando à , observa-se que os kimberlitos, lamproítos e intrusões conexas do oeste mineiro situam-se sobre a Faixa de Dobramentos Araxaídes, ou seja, a oeste e fora do Cráton do São Francisco. No sul da África, os kimberlitos mineralizados encontram-se dentro do Cráton do Kaapvaal (DAWSON, 1980). Circundando aquele cráton, mas fora dele, ocorrem kimberlitos estéreis, nefelinitos, melilititos e carbonatitos (MTTCHELL, 1986). Tendo em conta esse modelo, os kimberlitos do oeste mineiro teriam poucas chances de serem mineralizados. Contudo, considerando-se o quadro geológico dos lamproítos da região noroeste da Austrália (JACQUES et aL, 1985), é muito provável que no oeste mineiro exista um grande número de intrusões lamproíticas, e entre elas corpos mineralizados. É possível até que o número de lamproítos predomine sobre o de kimberlitos. Quanto ao diamante, sabe-se que uma das intrusões do Grupo Três Ranchos (GO) é mineralizada, embora o teor não seja comercial. Além desse corpo, outras duas intrusões próximas de Coromandel (MG) possuem microdiamantes. Algumas intrusões do Alto Paranaíba já foram datadas: o Kimberlito Poço Verde (DAVIS, 1977) possui 80 Ma. e o Limeira (SVISERO & BASEI, em preparação) 110 Ma. Esses números mostram que o diamante do Alto Paranaíba é cretácico concordando com as observações regionais q[ue mostram a presença de diamante associado a granadas e ilmenitas kimberlíticas nos conglomerados cretácicos em Romaria e Coromandel (SVISERO et al., 1980). Parece claro que as diatremas foram cortadas pela erosão no final do período Cretáceo, e os eventuais diamante» incorporados nos conglomerados Bauru que hoje coroam os chapadões que cobrem o Araxá e o Bambuí na região. Não obstante esses fatos, TOMPIKINS & GONZAGA (1989) defendem ponto de vista contrário e relacionam o diamante do oeste mineiro à geleiras pré-cambrianas que teriam se deslocado de norte para sul. Fora de Minas Gerais os dados são ainda incipientes e não permitem fazer qualquer avaliação sobre a origem do diamante. Sabe-se apenas que existem corpos mineralizados nas regiões de Pimenta Bueno (RO) e Juína (MT).
Concluindo, podemos dizer que embora o diamante venha sendo explorado desde o início do século dezoito no Brasil, existem poucas informações sobre suas fontes primárias, kimberlitos e lamproítos. Embora as pesquisas de kimberlitos tenham começado tardiamente em nosso país, e não obstante dificuldades de vários tipos, dispomos de dados que permitem afirmar que existem no Brasil pelo menos doze Províncias Kimberlíticas a saber: Alto Paranaíba (MG), Bambuí (MG), Amorinópolis (GO), Paranatinga (MT), Fontanilas (MT), Pontes e Lacerda (MT), Pimenta Bueno (RO), Urariquera (RR), Gilbués (PI), Picos (PI), Lages (SC) e Jaguari (RS), conforme esquema da .
A Província do Alto Paranaíba é a mais conhecida e nela já foram localizados pelo menos duas centenas de corpos com características de kimberlitos e lamproítos. Faltam estudos de química mineral para definir a petrogênese dessas rochas.