Geologia do município de Formiga e adjacências:
Durante muito tempo a falta de
material didático-científico referente à geologia da região de Formiga foi um
empecilho para uma melhor compreensão do meio físico e mesmo das próprias causas
dos elementos geográficos e biológicos que existem em nossa região. A falta de
informações sempre levou a pesquisa para dados de outras regiões do país ou
mesmo fora dele, sendo que aqui mesmo sempre tivemos tudo ao alcance das mãos,
com a condição de ver e tocar aquilo que se estudava apenas na teoria. Sem
maiores pretensões, esse artigo une parte do que já houve de pesquisa na nossa
região por órgãos governamentais e ou particulares no tocante a geologia e
também divulga a pesquisa que durante anos o autor fez na região. A ênfase em
micro-ocorrências de minerais e rochas é uma das vantagens desse artigo, já que
muitas das ocorrências minerais aqui citadas são desconhecidas no meio
especializado. A iniciativa da faculdade em incentivar a divulgação destes dados
para seus discentes, docentes e a população em geral é parte de uma nova e
moderna mentalidade de universalização do conhecimento científico para atender a
todas as necessidades da população em geral e fazer-se conhecer em outras partes
do país como fonte geradora e divulgadora de conhecimento.
Introdução:
Para compreendermos melhor a região
do município de Formiga em termos físicos, devemos associar os conhecimentos
geográficos e geológicos para assim entendermos o que e como estes fatores
influenciam, por exemplo, a fauna e flora locais.
O município de Formiga situa-se
dividido, grosso modo, entre duas unidades geológicas importantes:
-
A Bacia Sedimentar do Grupo Bambuí(cambriano),
onde o material rochoso mais conhecido e importante é o calcário
em todas as suas gradações. Ocorrem também argilitos, margas,
siltitos, conglomerados, brechas,
arcósios(os três últimos são membros do denominado conglomerado
samburá).
-
O Complexo Maciço Cristalino Arqueano
correspondente aos terrenos constituídos de rochas granito-gnáissicas,
cujo material mais conhecido é o que genericamente se chama de granito,
embora ocorram outros tipos de rochas, consoante seus percentuais e proporções
de feldspatos alcalinos e calcossódicos, máficos e o teor de sílica. Este
material é amplamente explorado em nossa região e até exportado. Ocorre
distintamente, hora em formas suaves, hora na forma de cristas apalacheanas,
cuja característica é o relevo acidentado e escarpado no sul do município,
oriundo de forças tectônicas de dobramento. Cita-se também grupo Canastra
(pré-cambriano), com seus quartzitos e filitos
micaxistos.
Conhecendo melhor cada uma das unidades:
A Bacia Sedimentar:
A área sedimentar conhecida
como Grupo Bambuí do município é muito importante devido à suas abundantes
reservas de calcário. Esse calcário (em parte
meta-calcário devido a processos de metamorfismo de baixo
grau) representa uma riqueza e fonte de divisas muito importantes para o
município de Formiga, dada a sua qualidade e facilidade de exploração,
pois as pedreiras estão acima do nível do solo. Com o desmembramento do agora
município de Córrego Fundo, as jazidas importantes de calcário no
município de Formiga diminuíram muito, bem como a arrecadação de ICMS sobre o
produto bruto e industrializado, mas para fins didáticos a região de Córrego
Fundo será incluída neste estudo. Outro problema relacionado a isso é que
mineradoras de fora que detém registro na nossa região descobriram brechas na
lei para que, mesmo sem explorar, não percam o direito de lavra. Esse absurdo
burocrático fez com que recentemente manifestações de pequenos mineradores da
região interditassem a rodovia MG 050 em junho de 2004, numa manifestação
pacífica.
O calcário é assim definido
de maneira simplificada para facilitar a compreensão, mas o que acontece é que a
sua composição mineralógica vai variando com a profundidade, pelo fato de certos
minerais serem mais solúveis do que outros. Assim, um corte em uma pedreira vai
exibir em seus extratos calcários com diferentes teores de cálcio, magnésio,
sílica e outros. Associados a ele encontram-se outros tipos de rochas e minerais
que pertencem a períodos geológicos distintos e aparecem em várias áreas com
freqüência e intimamente associados.
Os solos oriundos de
calcários e margas(argilas calcárias)são normalmente muito
férteis e procurados para exploração agrícola. Muitos deles são eutróficos
(auto - suficientes) em vários sais minerais essenciais às diversas lavouras,
além de possuírem um bom percentual de matéria orgânica e boa retenção de água
em seus poros e microporos. Obviamente há exceções.
O relevo kárstico é comum na
região calcária devido à incrível dinâmica estrutural deste tipo de rocha. Sua
solubilidade em ácidos presentes na água que percola o solo e os próprios
maciços faz com que um relevo característico seja desenhado nessa área, sendo
que as partes menos solúveis formem testemunhos temporários da ação erosiva das
águas. A estrutura dos maciços rochosos é bem imponente e revela a erosão
diferencial na rocha, devido a diferenças químico-fisicas em sua estrutura.
Locas e grutas são formadas devido à dissolução da rocha calcária pelas águas
carregadas de ácido carbônico e mesmo ácidos húmicos provenientes da matéria
orgânica do solo. O abatimento de tetos de cavernas origina dolinas que, em
certos casos, contém água formando lagoas. Há também o relevo kárstico esculpido
sob pressão, ou seja, puramente por forças gravitativas das águas, pelo seu
impacto sobre as estruturas calcárias. É fácil notar-se o diaclasamento vertical
dos calcários associado aos seus planos de acamamento, o que permite que lajotas
sejam retiradas para fins diversos, principalmente calçamento em áreas onde eles
abundam.
Esquema de
modelo kárstico – dissolução e deposição do maciço
Calcário com caneluras de dissolução evidenciando erosão
Diferencial - Formiga-MG
A erosão diferencial é um
fato digno de nota quando se observa essas rochas, particularmente as que sofrem
ação de polimento das águas de rios. A água desgasta mais profundamente aqueles
extratos mais moles e incoesos, ressaltando estruturas formadas por acúmulo de
sílica e outros materiais.
As formações Sete Lagoas
e Santa Helena são de origem marinha (argilitos, margas, brechas),
resultantes de uma transgressão marinha(avanço do mar no continente devido à
isostasia – levantamento ou abaixamento continental)que cobriu extensas áreas do
Cráton (estrutura cristalina e estável do complexo arqueano)do São
Francisco, durante o proterozóico superior. Essa sedimentação realizou-se em
superfície peneplanizada, de águas rasas e ambiente de baixa energia,
caracterizando uma bacia intracratônica. Os calcários correspondem às fácies
químicas desta sedimentação e o restante dos materiais depositados é de origem
clástica. A existência de superfície de erosão nas camadas de brechas
intraformacionais (rochas sedimentares clásticas formadas com material in loco)
e indícios de estruturas estromatolíticas (formas fósseis de organismos
como algas unicelulares com disposição de crescimento e mineralização em camadas
nas rochas) indicam que o ambiente apresentava-se ainda relativamente enérgico
durante a deposição química dos calcários (in RADAMBRASIL, 1.983). A presença de
conglomerados também é comum, embora os agentes de arredondamento de material
clástico em nossa região não sejam tão severos quanto em outras.
É interessante notar a
variedade de material clástico nos locais citados. A presença de limonita nos
sedimentos é marcante e também a presença de óxidos de manganês, muito
abundantes na nossa região. A sua solubilidade faz com que se acumulem em
quaisquer fissuras nas rochas, formando formas dendríticas de aspecto variado.
Há brechas, conforme será citado, cujo agente cimentante é oxido de manganês e
em alguns locais encontramos pequenas cavidades ou geodos com formas
renimorfo-estalactíticas de aspecto aveludado constituídas provavelmente de
pirolusita (MnO2).
Concreção
limonítica com pirolusita(negra) e ocre amarelo
Morro das Balas
– Formiga-MG
Do ponto
de vista tectônico, o grupo Bambuí foi afetado de modo irregular,
ocorrendo regiões onde as rochas quase não sofreram deformações e outras onde as
rochas foram deformadas por dobramentos. Essas deformações, datadas do
brasiliano, são relativamente suaves e aumentam de intensidade em direção à
borda sul do cráton do São Francisco. São dobramentos concêntricos, que formam
sinclinais e anticlinais com eixos de direção NNW a NW(Segundo dados do projeto
RADAMBRASIL- 1983).
Alguns tipos de rochas sedimentares de nossa região:
A fim de se
registrar para estudo algumas variedades de rochas sedimentares, citaremos e
faremos alguns comentários a respeito de algumas delas. Os nomes são
simplificados de maneira geral.
-
Argilitos
amarelos: muito suaves ao tato, pertencem à
formação geológica chamada de Sete Lagoas. Umedecidos ou bafejados cheiram a
barro. São chamados de GIZ no meio rural, provavelmente porque servem para
escrever muito bem em uma lousa. Muitas vezes estão alternados com siltitos,
formando belos contrastes de cor. Ocorrem no Morro das Balas, Luanda,
etc...Na verdade ocorre uma enorme gradação de cores que varia do vermelho até o
amarelo claro, dependendo do teor de ferro. A presença de impregnações e
dendritos de MnO2 é bem comum nestas rochas. Próximo a Carbofer, na Br 354,
sentido Formiga-Arcos percebemos no corte do barranco a presença destas
rochas formando camadas onduladas(pequenas sinclinais e anticlinais). Sua
ocorrência está relacionada a uma transgressão marinha, conforme já foi falado.
Podemos ver também a área de contato entre estas rochas e as rochas do
embasamento cristalino, podendo também ser observados alguns veios de
quartzo que os cortam em muitos pontos. Este quartzo está associado à
pirita(já alterada) e a minérios de ferro e manganês. Há espécimes de argilito
com uma litificação mais desenvolvida, como é exemplo os da região da Taboca,
próximo ao trevo de acesso para Pains. Estes espécimes são bem duros e
resistentes, mostrando uma estratificação bem desenvolvida.
-
Siltitos
–comumente também chamados no meio rural de “giz” juntamente com os argilitos.
Freqüentemente coloridos por óxidos de ferro e matéria orgânica, sua cor varia
consideravelmente. Apresentam-se em extratos ou camadas que se subdividem com
facilidade. São mais ásperos que os argilitos porque sua granulação é maior.
Bafejados também cheiram a barro. Ocorrem, por exemplo, na Luanda, Morro das
Balas, na região da Taboca, etc...Alguns deles apresentam dendritos de óxido de
manganês, o qual é endêmico em nossa região.
-
Sílex – uma
rocha biogênica do grupo dos acaustobiólitos (rochas de origem biológica não
combustíveis), formada de carapaças silicosas de organismos marinhos. Muito
usada para confecção de armas pelo homem neolítico devido a sua grande dureza e
a seu corte incisivo. Na localidade da Vendinha ocorre nos barrancos das
estradas vicinais filões de sílex cujos fragmentos alcançam 4cm.
Provavelmente há locais com fragmentos bem maiores. Eram muito usados para se
produzir faíscas(pederneiras) em bingas e armas de fogo antigas. Seu corte é
extremamente incisivo, mais fino que o de bisturis. É interessante notar que a
ocorrência de sílex normalmente está associada à ocorrência de calcários, e o
que se observou ali foi que o sílex se preservou por ser muito resistente ao
intemperismo, ao passo que o calcário que o continha transformou-se em solo, já
bem laterizado. Possivelmente haja sílex em toda a região relacionada aos
calcários, mas por enquanto aquele local é a ocorrência mais importante.
Sílex –
Vendinha, Formiga-MG
-
Brecha –
rocha sedimentar composta de fragmentos de outras rochas unidos por um agente
cimentante natural que pode ser de natureza silicosa, calcítica, limonítica ou
outro. Uma delas em particular descoberta por nós tem como agente cimentante o
óxido de manganês, o que a torna um minério em potencial. Seus
clastos(fragmentos) são de natureza síltica e também quartzosa. Há exemplares
apenas com quartzo, sendo que muitos dos cristais ali presentes
são transparentes e euédricos, sem evidências significativas de transporte
hídrico ou de outra espécie que os danificasse por abrasão ou polimento, o que
as caracteriza como intraformacionais. Em muitos lugares as brechas e os
conglomerados são portadores de ouro e diamantes, o que infelizmente não
acontece por aqui.
-
Conglomerado
- como o anterior, só que os fragmentos são de quartzo e estão
arredondados, revelando transporte fluvial. Ocorre, por exemplo, na região de
Cunhas. Os fragmentos podem ser de outra natureza também, embora o
quartzo seja o mais resistente e o mais freqüente nesse tipo de rocha.
sua compacidade, como no caso anterior, é variável de acordo com o agente
cimentante e com a natureza dos clastos.
Conglomerado exibindo clastos arredondados
-
Calcário
calcítico – com pequena % de magnésio (MgO)
– é o calcário mais comum na nossa região e o mais utilizado na agricultura e em
atividades industriais, tais como a fabricação de cimento e de cal. O teor de
magnésio no calcário o inviabiliza para alguns usos industriais, acontecendo o
mesmo com a sílica.
-
Calcário
magnesiano – maior % magnésio(MgO) até 5%:
tem boa aplicação como corretivo de solo e como fonte de magnésio para as
plantas.
-
Calcário
dolomítico – é um calcário com
maior % de magnésio, entre 5 a 21%. Esse percentual varia com a profundidade ou
nível onde foi coletada a amostra para quantificação, já que fenômenos de maior
ou menor solubilidade de sais os concentram em regiões definidas. O mesmo
acontece com o teor de sílica. Acima de 21% o material é chamado de
dolomito(não confundir com dolomita-mineral e com
dolomita- tipo de rocha constituída praticamente só de dolomita
cuja denominação causa confusões), oriundo de um processo marinho
chamado de dolomitização, onde o magnésio da água do mar substitui em grande
parte o cálcio da rocha. é interessante dizer que nesse processo de natureza
química qualquer fóssil existente na rocha será destruído.
-
Espeleotemas(estalactites,
estalagmites, helictites, colunas, cascatas, cortinas e outros)- são
estruturas formadas em grutas e locas devido a dissolução do calcário
pela água carregada em ácido carbônico e posterior deposição/recristalização dos
sais dissolvidos em ambiente propício, num lento gotejar. Esta precipitação de
carbonato é concêntrica e isto é facilmente notado quando se manuseia um
exemplar de estalactite. Sua consistência é variável e depende de sua idade e do
rigor do processo de formação. É um processo bem variável e depende da
permeabilidade do solo, presença de fendas e diáclases no maciço calcário, teor
de matéria orgânica no solo, porosidade, entre diversos outros. O clima é fator
chave nesse processo. Em alguns casos, as capas concêntricas podem se destacar e
formar estruturas ocas, o que revela além do próprio processo concêntrico de
formação uma não homogeneidade em sua composição geral e na velocidade e
constância do processo de deposição(período de seca/chuvas). A forma com que se
apresentam empresta nomes característicos. Estalactites apontam
para baixo, estalagmites apontam para cima, colunas são oriundas da união de
estalactites e estalagmites. Helictites
são estalactites que crescem para os lados e até para cima,
contrariando as leis da gravidade. Isso se dá devido às forças de cristalização
e crescimento dos cristais formados. Em alguns casos podem se formar
eflorescências de calcita e, mais raramente, de aragonita.
Espeleotemas – estalactites e estalagmites
-
Nódulos
de óxidos
de ferro,
manganês e
outros- oriundos de precipitação química e
ou biológica em meio aquoso e posteriormente englobadas pelos sedimentos,
formando em certos casos um conglomerado rico em óxidos metálicos
semelhantes àqueles que ocorrem no assoalho marinho. Na região calcária é
notória a quantidade de glóbulos de óxidos de manganês e ferro no solo. Uma
origem laterítica não é de forma alguma descartada, já que em outros locais isto
acontece. O fato de serem nódulos levanta a suspeita de origem em meio aquoso.
-
Concreções
argilo-limoníticas(lateritos):
Tais formações rochosas são abundantes em toda a nossa região e variam
sensivelmente de composição de um local para outro. Algumas apresentam uma
pós-mineralização de quartzo em suas fraturas, formando um
interessante mosaico de quartzo engrenado. Associações com óxidos
de manganês são comuns e mesmo pequenos geodos(cavidades contendo cristais) de
manganês são encontrados em cavidades dos filões de quartzo. Seus
aspecto é aveludado porque os cristais de pirolusita são minúsculos.
Recentemente foi descoberto por nós mais pequenos geodos em lateritos
limoníticos bem próximo ao local dos geodos de pirolusita. Tais cavidades estão
atapetadas de minúsculos e reluzentes cristais ainda não identificados com
clareza, mas de grande beleza e aparentam ser de quartzo. Algumas destas
cavidades possuem uma mineralização botrioidal de cor branca, ainda desconhecida
por nos também, mas que pode ser de sílica amorfa. Tais formações foram
descobertas no Morro das Balas em 10/06/2004.
Não podemos esquecer de que os
processos de laterização atingem qualquer solo em nossa região, logo, solos de
origem calcária podem conter lateritos de idade bem mais recente.
-
Impregnações de diversos óxidos em rochas diversas-
óxidos e hidróxidos trazidos em soluções aquosas formam formas dendríticas e
outras em rochas diversas. Embora não sejam rochas, os óxidos são citados aqui
como uma curiosidade, já que sua deposição nas fraturas e diáclases das rochas é
por um processo sedimentar. A água, ao evaporar, deposita os óxidos de forma
dendríticas, mas sempre obedecendo às normas de disposição química dos cristais,
o que se revela sem muito trabalho utilizando-se a lupa binocular em
laboratório.
-
Sílica amorfa- em parte
provavelmente opalina, presente na localidade Vendinha. Costuma estar
capeada por pirolusita botrioidal. É encontrado na
região calcária também alguns fragmentos que parecem ser sílex
alterado, muito branco, a confirmar.
-
Lateritos placóides
- além da terminologia edáfica, este termo refere-se ao material argiloso
com elevada % de óxidos e hidróxidos de ferro que ocorre na região. Apresenta-se
a uma profundidade média de 40cm no local observado e forma um perfil
característico de placas, paralelo ao horizonte de solo. Muito freqüente na
região de Cunhas e estas placas apresentam cores distintas, de acordo com
o grau de hidratação em que se encontram, ou seja, relação göethita/hematita.
Trata-se de um enriquecimento secundário do horizonte especifico do solo devido
à lixiviação e lavagem de sais e óxidos das camadas superiores. Processo
parecido se dá na formação dos bauxitos(rocha-minério de
alumínio).
-
Tapiocangas (ou couraças ferruginosas)
– genericamente são conglomerados de concreções
limoníticas, ou seja, concreções globulares unidas por um cimento
também limonítico. Nota-se aí dois processos: o da formação das concreções e o
de sua posterior cimentação e ocorrem em regiões de estação seca bem marcada.
São comuns também nas savanas africanas. O aspecto deste material é vesicular,
coriáceo e bem estável.
-
Marga- um
calcário com alta % de material argiloso e que faz transição para uma
argila calcária. Pode-se considerar a definição de que é uma
argila enriquecida em calcário. Existem todas as transições possíveis e nem
sempre é possível situar a rocha com precisão. Em perfis de paredões calcários é
possível notar várias gradações. Há vários afloramentos deste material na região
da Taboca, próximo ao trevo de acesso para Pains. São bem estratificadas e sua
coloração é variável de acordo com as impurezas, mas predominam o verde claro e
o violeta-amarronzado. Provavelmente tais cores são devido à pirita autigênica
finamente disseminada, matéria orgânica e óxidos de ferro.
-
Arcósio- um
arenito com elevada % de feldspatos, fato que lhe
empresta a aparência grosso modo de um granito. É formado através
da desagregação física dos granitos e posterior cimentação, sem que haja um
processo intempérico que descaracterize os fragmentos da rocha.
-
Arenito-
composto predominantemente de
grânulos de quartzo. Em Cunhas encontramos arenitos
altamente ricos em óxidos de ferro associados aos conglomerados
com igual agente cimentante. Sua consistência é frágil e praticamente pode-se
destruí-los com as próprias mãos. Em íntima associação com esse material
encontramos abundantes lateritos placóides com formações
mamelonares-globulares.
-
Areia –
pertencente ao grupo de rochas
sedimentares não consolidadas ou clásticas, ela é oriunda da decomposição
de rochas granito-gnáissicas da nossa região e, através da ação seletiva dos
rios pela gravidade, tendem a se concentrar em perfis definidos. Sua
exploração predatória tem sido muito prejudicial, causando assoreamento dos rios
e conseqüentemente seu comprometimento para com as arvores que o margeiam, bem
como todo o resto. Este nobre material não deveria ser vendido fora daqui;
deveria ser usado apenas para consumo interno, sem maquinário(dragas). Nossas
areias são predominantemente quartzosas, com menor porcentagem de
feldspatos meteorizados e diversos óxidos metálicos.
-
Saibro –
é o material granítico decomposto. Contém areia e caulim.
Ocorre em toda a região granítica e é amplamente usado na construção civil. As
áreas de litossolos contém muito saibro. Ex- Morro do Cristo.
-
Argila –
ocorre concentrada principalmente nas várzeas, no leito dos nossos rios, sendo
amplamente utilizada para a confecção de telhas e tijolos. Normalmente é cinza
devido à presença de ferro bivalente, mas ocorrem outras cores, inclusive
branca, o que atesta um grau maior de pureza. No nosso município a argila é
muito explorada para fabricação de tijolos e de telhas.
-
Turfa – É
encontrada, por exemplo, na região da cachoeira do areião e trata-se do primeiro
estágio da carbonização da matéria orgânica. Como é característico neste tipo de
rocha, encontramos abundantes raízes e folhas que ainda não se decompuseram no
meio do material.
-
Caulim –
refere-se aqui a caulinita impura. É de coloração rósea a branca.
É usado como material inerte em rações, medicamentos, etc... e também na
fabricação da porcelana. Há várias ocorrências deste material onde diques de
pegmatito alterado cortam nossos granitos. É um dos
constituintes do saibro.
Basicamente os materiais que ocorrem são estes, com
suas variedades locais, com suas impurezas características. Deve-se notar que em
diversas partes das jazidas calcárias do nosso município e dos municípios
vizinhos ocorrem impregnações de diversos minerais que preenchem fraturas e
diáclases no maciço calcário e que podem formar reservas em potencial de
minérios estratégicos para o mundo moderno. Como exemplo, podemos citar as
mineralizações metassomáticas de galena(minério
de chumbo de fórmula PbS), calcopirita(minério
de cobre de fórmula CuFeS2) e esfalerita(minério
de zinco de fórmula ZnS) que, levando- se em conta o volume de rocha que os
contém, podem se tornar muito importantes no futuro. Em muitas ocorrências a
galena costuma ser argentífera
e com isso um subproduto importante pode ser retirado- a
prata. Esta
galena ocorre em concentração em uma
localidade de Pains chamada Mina. Sua siderurgia é simplória e
muita gente coleta para fazer chumbadas de pesca. Esse é um hábito perigoso,
porque os vapores de chumbo derretido são muito tóxicos, para não falar dos
vapores de enxofre e arsênico. Estas mineralizações ocorrem devido às soluções
aquosas ricas em íons não metálicos e metálicos que percolam as fraturas e poros
das rochas durante o processo metassomático pneumatolítico e hidrotermal,
envolvendo temperaturas mais elevadas. Estas soluções ascensionais provém de
magmas ricos em água, metais e enxofre e, percolando entre as diáclases e
fraturas das rochas as alteram e cristalizam seus minerais nestes locais. A
natureza dos maciços calcários também é muito propícia à formação de minerais
autigênicos.
O relevo da região calcária é um espetáculo a parte
devido à imponência de suas formas. A erosão diferencial se faz sentir nas
diversas camadas do calcário, dependendo de sua composição mineralógica e de sua
resistência física. Chama-se karst o resultado erosivo sobre ele,
revelando formas como grutas, lapas, dolinas, funis, etc...Existe uma exumação
progressiva deste karst que progride em direção a Pains, onde
atinge seu ápice com pedreiras fabulosas. A espeleologia da região é muito
interessante, apesar de ainda ser pouco estudada. Infelizmente as minerações
destruíram muito destas belezas naturais e acervos científicos.
CURIOSIDADES:
Na bacia
sedimentar em questão encontramos muitos indícios de antigas aldeias indígenas.
Encontramos uma grande profusão de artefatos indígenas tais como machadinhas,
almofarizes(pistilo), pontas de flecha confeccionadas em
quartzo e sílex,
raspadeiras, meia-lua, urnas mortuárias, panelas e vasilhames diversos feitos de
barro. Os artefatos que são esculpidos em rocha são normalmente de
diabásio, rocha escura e resistente que tem que ser coletada em locais
específicos.
Existem estes
indícios em outras áreas também, mas ocorrem principalmente na área calcária
devido à abundante fauna e flora do local, básicos para sobrevivência, além da
presença de grutas e locas que serviam como moradias. Associados a esta
fantástica profusão de objetos antigos, encontramos registros fósseis, onde o
mais famoso foi o Mastodonte descoberto por pescadores na divisa de
Pains c/ Córrego Fundo em meados de 2.001 e que causou frisson
na mídia. Ossos diversos e dentes tem sido achados dentro de cavernas e áreas
afins por várias pessoas e, no caso do mastodonte, sua idade oscila entre 12.000
e 15.000 anos. Geologicamente isso não representa muito em termos cronológicos,
mas é de extrema importância para o estudo da extinta fauna local. Não raro
encontramos conchas fossilizadas em margas e calcários
terrosos, além de fragmentos de ossos também parcial ou totalmente
mineralizados.
Há que se
observar que a composição químico-mineralógica de um maciço calcário
não é constante e varia com a profundidade devido a fatores como solubilidade de
seus componentes, fatores geológicos e também o teor de sílica. Quem explora
pedreiras calcárias sabe muito bem que teores variáveis de sílica ou magnésio
comprometem a utilização do calcário para esta ou aquela
finalidade.
O Complexo Cristalino
Conforme
foi dito antes, o complexo cristalino compreende as áreas não sedimentares da
região, ou seja, corresponde ao que chamamos genericamente de rochas
granito-gnáissicas, embora existam dentro delas diversas variações em termos de
composição química e mineralógica e inclusive de grupos de rochas félsicas
(claras e ácidas) e máficas (escuras e básicas). Na verdade, o pacote
sedimentar repousa sobre a área cristalina. O que chamamos de granito
na verdade corresponde a uma grande família de rochas análogas que contém
variações constantes em sua composição, principalmente no seu teor de sílica.
Quanto menor o teor de sílica, geralmente mais escura será a rocha e,
genericamente falando, mais férteis serão os solos por elas originados. Um
exemplo disso é uma outra família de rochas – as rochas basálticas, que
originaram as famosas terras roxas do sul do país, riquíssimas em nutrientes
essenciais para as plantas.
Nós temos
aqui algumas ocorrências desta rocha e, principalmente, de sua correspondente –
o Dolerito (diabásio). Existem em nossa região vários diques de
dolerito. Para explicar melhor, dique é uma formação geológica que
mede centenas de metros e até quilômetros de comprimento por uma largura que
varia de centimétrica até decamétrica. É como uma gigantesca lâmina rochosa que
corta os terrenos e as rochas. Os diques de dolerito do município
de Formiga têm uma composição totalmente diferente dos granitos que o cercam,
sendo este fato nitidamente comprovado logo depois da ponte da usina velha, na
Br 354. Aquela região apresenta afloramentos enormes de “granitos” que
podem ser constatados sem dificuldade.
Excetuando
a porção sul do município onde o relevo é acidentado, o embasamento cristalino
gera formas de relevo de contornos suaves, tais como o morro do Cristo, o morro
da melancia e tantos outros aqui. Outra exceção a fazer é a respeito da face do
morro onde o rio Formiga margeia. Devido a maneira abrupta com que ele se
apresenta em termos de inclinação, nos idos de 1.980 alguns matacões de
granito tiveram que ser detonados para evitar possíveis desabamentos
sobre a linha férrea e sobre as casas ali existentes.
Toda a área
cristalina de Formiga é rica em material ornamental, que é muito utilizado no
município como revestimento e pisos de casas. Rochas metamórficas como os
micaxistos e quartzo-micaxistos são muito
usados para acabamento em construções e são facilmente retiradas de suas jazidas
porque se dividem com relativa facilidade graças à sua xistosidade e foliação.
Sua aceitação é muito grande porque causam um belo efeito e também pelo preço
atrativo. Sua impermeabilização com resinas ou vernizes é aconselhável porque é
sensível ao ataque físico-químico pela água, o que diminui sua coesão e o leva a
se desintegrar lentamente.
Outro fato interessante a ressaltar é que, quando se vê
uma das muitas cachoeiras no nosso município, vê-se também uma parte da história
geológica do local. O uso de cachoeiras para lazer em nossa região já faz parte
do folclore local e existem aqui belíssimos locais para esse divertimento que,
com certeza, já fez parte da infância de muitas pessoas. Na maior parte delas a
água corre sobre um substrato granítico. Uma famosa exceção é a cachoeira da
cerâmica, cujo substrato é dolerítico. Obviamente, as praias de areias brancas
só se formam onde as rochas são ácidas, ou seja, apresentam um elevado teor de
sílica. Nestas rochas, o teor de sílica do magma que as formou era tão elevado
que, depois de formar todos os minerais possíveis, o restante da sílica
cristalizou na forma de quartzo e é justamente este quartzo que é o principal
constituinte de nossas areias. Isto se dá porque o quartzo é bem resistente ao
intemperismo físico e químico.
As
cachoeiras e outras quedas diversas ocorrem onde existem falhas, diques ou
encaixes nas rochas, em calhas sinclinais e ou fraturas. Nelas vemos o perfil da
rocha perfeitamente polido pelas águas e na maioria das cachoeiras de origem
granítica notamos uma mistura de partes claras com partes escuras. Olhando com
atenção, percebemos que um magma de cor clara(ácido) envolveu uma rocha escura(dolerito,
gabro, anfibolito, piroxenito) e começou a se
misturar com ela, mas não totalmente. Vemos então grandes massas de rocha escura
amalgamados pela rocha clara e intimamente associados a ela. A esta rocha mista
damos o nome de Migmatito e ela é típica do Cambriano brasileiro e
muito comum em nossa região. Nota-se macroscopicamente uma fase ígnea permeando
as rochas e misturando-se a elas em proporções variáveis. A parte mais escura e
mais antiga da rocha recebe o nome de paleossoma. A rocha mais nova é o
neossoma. Chama-se anatexia ou anatexis o fenômeno de fusão
de uma rocha preexistente por um magma qualquer e chamamos de xenólitos
os blocos de rocha de composição diferente da rocha que os envolve. Isto tudo é
facilmente constatado nos locais citados. É possível reparar também que a rocha
escura é mais resistente à erosão pela água corrente do que a fase mais clara.
Em época de chuvas é comum a formação dos sumidouros nos sopés das cachoeiras
devido ao revolvimento da areia e deposição de argila em suspensão. Infelizmente
tal evento já ceifou muitas vidas pois a água, encontrando uma passagem entre
encaixes nas rochas submersas, age com tal força que um indivíduo não consegue
se livrar e acaba sendo sugado.
Uma variedade de
migmatito que ocorre por aqui é o agmatito, termo citado
no excelente Glossário Geológico do professor Manfredo Winge, da
Universidade Nacional de Brasília e se refere a um tipo de rocha que evidencia
em sua estrutura um aspecto brechóide, formando um tipo de mosaico com o
paleossoma. Devido a isto, a rocha fica um pouco semelhante às brechas
sedimentares verdadeiras. Já foram presenciados imensos blocos de rochas
graníticas claras destacando em seu interior um xenólito de rocha
bem escura, destoante do conjunto. Outro fato a se considerar é o de que a zona
de contato entre a fase escura e a fase clara é constituída de minerais
biotíticos, formando uma nítida camada sobre os piroxênios/anfibólios
do paleossoma. Isso se dá devido a metamorfização dos minerais preexistentes
pelo efeito da alta temperatura da massa ígnea. Isso faz com que a boa clivagem
da biotita permita que se parta essas rochas bem nestas áreas limítrofes, onde
sua coesão é muito menor.
Devido à boa
clivagem dos abundantes feldspatos presentes na rocha, diria uma
boa fissibilidade, nossos granitos se partem bem em certos planos. Este
termo, que é mais empregado para rochas sedimentares e metamórficas, exprime a
facilidade que a rocha tem de se partir em certos planos. Nossos granitos são
muito trabalhados para se fazer paralelepípedos e meios-fios. Ao contrário do
que muitos pensam, aquele material do calçamento de ruas não é serrado; é
partido com marretinhas e se divide em três planos quase ortogonais muito bons.
Só para ilustrar, a conhecida ardósia(rocha metamórfica regional
de baixo grau) tem geralmente um ótimo plano de fissibilidade,
ou seja, ela se divide em placas perfeitas. Esse fenômeno é chamado de clivagem
ardosiana.
Comentários:
A pesquisa de campo revela que
existem muitos lugares de interesse científico e que devem ser melhor estudados
e explorados. A exemplo do levantamento feito pela Geominas durante o Plano de
Ação Imediata na década de setenta, posteriormente pelo projeto RADAMBRASIL, a
pesquisa de ocorrências e micro-ocorrências minerais deve ser estimulada. Este
autor sempre deu muita importância às micro-ocorrências porque podem ser muito
interessantes e de materiais raros. Estas micro-ocorrências dificilmente são
incluídas nos levantamentos e isso se torna um interessante campo de pesquisa.
Como exemplo, podemos citar a ocorrência de geminados de marcassita
em uma área até então restrita na região da Luanda. Materiais de alto
valor ornamental tem sido amplamente pesquisados por este autor para sua
possível utilização em objetos de arte industrial e como uma fonte alternativa
de renda para os artesãos de nossa região. Um destes materiais, um
Metadiabásio porfiróide para ser mais exato, está exposto na
página do Museu de Mineralogia e Petrologia prof. Luiz Englert, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fato que muito nos honrou. O apoio do
professor, geólogo e amigo Heinrich Theodor Frank muito contribuiu para
realização deste artigo e é dele o crédito da foto em questão.
Alguns tipos de rochas magmáticas e metamórficas que ocorrem no município de
Formiga:
Para conhecimento
geral vamos citar algumas variedades de rochas e tecer alguns comentários sobre
elas. Muitas são conhecidas do grande público; outras nem tanto. Algumas delas
estão representadas nas fotos que ilustram o presente artigo.
1)
Rochas Magmáticas
·
Granito e suas variedades-
genericamente chamamos de granito uma grande família de rochas com
composição mineralógica parecida e que são abundantes em toda a nossa região.
Saindo de Formiga para Campo Belo, transitamos entra as cristas
apalacheanas da porção sul do município. São grandes afloramentos de rochas
graníticas formando um relevo acidentado e nos cortes da estrada é possível
constatar sua cor rosada. Fato digno de nota é que todos estão mais ou menos
afetados pelo metamorfismo
·
Pegmatitos –
formam diques preenchendo fraturas e diáclases dos granitos. São
riquíssimos em feldspatos e quartzo, formando
grandes cristais de feldspato. Em Santo Antonio do Monte-MG,
por exemplo, encontramos o pegmatito gráfico que
apresenta um mosaico de quartzo e feldspato que lembra caracteres cuneiformes
tipo runas. Ainda não foi encontrado por aqui, mas é bem provável que exista.
·
Anatexito –
considera-se aí o máximo da refusão de rochas pré-existentes onde dificilmente
se reconhece algum vestígio da rocha mais antiga(paleossoma)
·
Gabro –
considera-se o verdadeiro gabro plutônico, de granulação grosseira
e sua identificação é difícil porque tem a mesma composição mineralógica do
dolerito. Ele é o equivalente de solidificação do magma a grandes
profundidades, o que permitiu que sua granulometria fosse mais desenvolvida. Em
muitos casos, para a correta diferenciação entre um e outro, tem que ser através
de sua formação no terreno, se em formas injetadas ou não.
Exemplar de gabro
·
Metadiabásio porfiróide
– belíssima rocha apresentando grandes fenocristais de plagioclase
cálcica com um tom esverdeado, devido à damouritização. A piroxena presente na
rocha é uma augita que está anfibolitizada e, com isto, apresenta uma coloração
esverdeada também. Essa rocha é fortemente magnética devido a concentração
elevada de óxidos metálicos magnéticos. Ainda não foram localizados muitos
afloramentos da rocha, mas a Cachoeira da Cerâmica é um corpo rochoso de
metadiabásio. Ocorre no Morro do Peão, na Mina Santa, etc...porque
seu dique atravessa uma grande extensão de terras. Há relatos desta rocha em
Camacho-MG
Metadiabásio
porfiróide bruto e polido
Morro do Peão-Formiga-MG
·
Dolerito(diabásio) comum
– de aspecto bem mais modesto, mas ainda apresentando alguns fenocristais
esparsos, sem muito atrativos. Parece não estar anfibolitizado e sua cor é
cinza-escura. Ocorre, por exemplo, na área da ASADEF. Seus diques parecem estar
interagidos com os diques do Metadiabásio porfiróide
em pelo menos dois locais estudados. É possível também que se trate do
protólito, ou seja, a rocha cujo metamorfismo originou o metadiabásio.
Possivelmente há locais onde este pretenso protólito tenha mais fenocristais.
Como foi um metamorfismo de baixo grau, é possível que existam todas as
gradações possíveis de acordo com a influência sofrida por temperatura e
pressão.
·
Basalto –
ocorre muito limitadamente em certas regiões do município e alguns contém
fenocristais de plagioclase cálcica. Ocorre na área da ASADEF.
Esta classificação teve como base apenas a sua granulometria, invisível a olho
nu e sua associação com os corpos diabásicos da região.
2)
Rochas Metamórficas
·
Migmatito –
como já foi citado, esta rocha é muito abundante em toda a área cristalina e
forma mosaicos muito interessantes. Existem variedades e transições quanto ao
grau de migmatização ou anatexia do protolito. Neles destacam-se cristais de
magnetita e muitas fraturas preenchidas por quartzo
filonar e pegmatitos.
Migmatito –
Cachoeira do Areião
Formiga-MG
Migmatito –
Cachoeira do Areião - Formiga-MG
·
Agmatito –
conforme exposto anteriormente, na cachoeira do areão podemos verificar esse
tipo de rocha em uma escala maior, ou seja, com grandes porções de rocha escura
envoltas por rocha clara.
·
Gnaisse, mica-gnaisse, anfibólio gnaisse,
etc...- muitos são
explorados e vendidos como material ornamental. Apresentam foliação mais ou
menos desenvolvida de acordo com sua composição mineralógica e são comuns por
aqui. Cabe citar que existem basicamente dois tipos de gnaisse – os
ortognaisses, oriundos de rochas graníticas e os metagnaisses, oriundos de
rochas sedimentares e ou metamórficas tais como filitos e micaxistos.
·
Anfibolito e piroxenito-
provavelmente o paleossoma dos migmatitos daqui é de natureza
anfibolítica ou piroxenítica. Os anfibolitos são rochas metamórficas
constituídas principalmente de horblenda, que é um anfibólio escuro. Já os
piroxenitos constituem-se basicamente de piroxênios, mormente a augita.
·
Quartzito, quartzito sericítico,
etc... –
com variados graus de metamorfismo.
·
Sericita-xisto – também incluído no grupo dos micaxistos ou
genericamente falando- xistos. É uma rocha metamórfica de mesozona
e apresenta um aspecto sedoso e um brilho parecido com o metálico, de acordo com
sua pureza.
·
Micaxisto muscovítico, biotítico
c/ minerais acessórios
– na localidade da Luanda há uma jazida desta rocha e a mesma é
explorada. Parte-se facilmente e é fácil de se trabalhar, sendo retirada com
fins ornamentais.
·
Metacalcários calcíticos, dolomíticos,
etc...- muitos deles exibem
veios abundantes de calcita branca e acinzentada preenchendo
fraturas.
·
Xistos diversos-
entende-se aí qualquer rocha xistosa, inclusive os micaxistos já
citados.
·
Epidosito –
rocha encontrada por aqui e que é constituída de epídoto,
clorita, anfibólios. Sua crosta de intemperização é tão
suave que se pode enfiar os dedos nela com facilidade. Sua provável origem é a
de uma alteração metamórfica em rochas máficas, principalmente algum diabásio de
nossa cidade.
Ocorrências minerais do município de Formiga:
Existem várias ocorrências de
minerais em nossa região e vamos tratar de algumas das mais conhecidas e
pesquisadas. Como o município engloba dois grandes grupos petrológicos, a
variedade de minerais é bem razoável. Embora a GEOMINAS tenha feito um bom
levantamento na região na década de setenta e mapeado certas ocorrências
minerais por aqui, muito deixou de ser citado ou melhor explicado, embora não
fosse esse o objetivo principal daquele levantamento e tampouco isto denigre a
boa atuação daquela equipe. As micro-ocorrências de minerais são muito
interessantes e devem ser melhor estudadas. Há muito o que se pesquisar por aqui
ainda em termos de micro-ocorrências.
-
Quartzo hialino(cristal de rocha) e quartzo enfumaçado(SiO2)-
ocorre principalmente em Sobradinho onde foram muito explorados no
passado, mas o primeiro deles é muito comum em todo o município. O quartzo
também ocorre rolado por ação das águas em nossos rios e em meandros, formando
depósitos nos barrancos próximos aos rios.
Geminado de
quartzo hialino
-
Quartzo com inclusões diversas
(SiO2)–
ocorrem em toda a região contendo inclusões de clorita,
rutilo, material argiloso, etc...Possivelmente alguns
deles possam ser lapidados para confecção de gemas, em função de seu tamanho e
pureza.
Quartzo com inclusões de rutilo
-
Quartzo com caneluras (SiO2)– este interessante tipo de
quartzo ocorre na localidade de Cunhas e apresenta
características interessantes. Ele possui várias caneluras oriundas da alteração
química de feldspatos e outros minerais da rocha matriz que o
mesmo preenchia. Como o quartzo é indecomponível quimicamente(na
natureza), ele se mantém com um aspecto bem bizarro e muito ornamental.
-
Quartzo cinza e quartzo leitoso(SiO2)-
muito comuns por aqui, mas certos espécimes de quartzo leitoso apresentam um
interessante mosaico entrelaçado em suas inclusões gasosas. A variedade cinza é
pegmatítica e ocorre associada aos granitos e similares.
Quartzo
leitoso(branco)
-
Barita
(BaSO4)-
ocorre no médio curso do ribeirão Barra Mansa- divisa com Pedra do Indaiá: esse
material forma um filão em terreno de origem granítica e seu aspecto é maciço-
tabular, ocorrendo em grandes massas. Sua coloração é rosada e foi explorada no
passado. No local em questão ocorrem grandes matacões deste mineral, mas até
então não foram identificados cristais individuais.
-
Grafita (C)-
ocorre no trecho entre Formiga-Arcos, no Córrego da Areia. Na verdade é um xisto
grafitoso e que já foi explorado e processado por aqui pelo senhor Sílvio Moura.
-
Magnetita
(Fe3O4) – ocorre
abundantemente em nossas areias, em depósitos tipo placer de ampla distribuição
no leito dos rios. É a maior parte daquele pó preto presente nas areias. Em
massas maiores de rochas graníticas é possível detectar cristais com mais de
2cm, fato este observado na Cachoeira do Areão, onde a água poliu a rocha. A
magnetita oriunda da decomposição das rochas máficas do município é bem mais
homogênea que a magnetita oriunda de rochas graníticas
-
Pirita limonitizada– são mineralizações importantes por sua curiosidade e ampla distribuição
em nossa região. Associa-se a veios de quartzo expostos pela erosão, embora já
se tenha visto perfis que não estão diretamente expostos, mas um pouco abaixo da
superfície. Até o momento só foram encontrados espécimes limonitizados, ou seja,
pseudomórficos, não apresentando mais sua cor dourada original. Não foi
localizado ainda algum local de erosão mais recente que exponha espécimes menos
alterados ou então que a mineralização esteja mergulhando na rocha fresca. Elas
formam cubos perfeitos e geminados de penetração. Em Cunhas ela se
apresenta menos hidratada e com formas algo diferentes das outras ocorrências,
formando agregados de ordem crescente, ao que parece. Há uma variedade desse
material que apresenta um tipo de clivagem escalonada no cristal, formando
escadas. Outros formam sólidos com figuras de deslocamento e um último tipo
forma um sólido semi-esférico, clivado e que apresenta figura sólida cruciforme
sob alguns ângulos de visada. Isto é bem interessante e só foi visto na Luanda.
O restante ocorre no Morro das Balas, Luanda, etc...
-
Marcassita limonitizada
– A marcassita é um polimorfo da pirita, ou seja, tem a mesma composição
química, mas seus sistema cristalino é outro. Até o momento esse material só foi
localizado na região da Luanda, na fazenda do sr. Francisco de Paula. Sua
ocorrência se dá juntamente com a pirita e os agregados globulares que são
endêmicos na região, mas não é nem de longe abundante como eles. A
marcassita forma agregados conhecidos como crista de galo ou ponta de
flecha, de aspecto bem curioso e atraente. Formam maclas complexas em agregados
bipiramidais quadrangulares com faces curvas e diversas figuras geométricas.
Alguns formam agregados estrelados, tipo uma estrela tridimensional com várias
pontas. É um material muito bonito e interessante e que felizmente já
conseguimos exportar para várias coleções mineralógicas mundo a fora. O processo
de substituição que ocorre na marcassita é análogo ao da pirita, sendo que o
mineral que substitui o sulfeto de ferro é predominantemente de natureza
limonítica.
Marcassita limonitizada- macla
-
Martita
(Fe2O3.nH2O)–sob essa nomenclatura
designamos os agregados esféricos de pirita e marcassita. Seu aspecto lembra um
araticum e seu tamanho varia de alguns milímetros até uns 5cm. É formada em
camadas concêntricas, sendo que os cristais bem conformados se destacam na
última delas. Alguns espécimes são elipsoidais e mostram nitidamente um
capeamento de cristais bem formados sobre um substrato do mesmo mineral,
estruturado radialmente. Sua coesão não é a mesma entre as camadas. Muitas estão
bem hidratadas e alteradas, mas outras conservam um brilho submetálico. Há
espécimes interessantíssimos que formam pseudo-geminados de duas, três ou mais
esferas. Seus núcleos são amarelados e em espécimes recebidos de outras regiões
os núcleos são vermelhos. Esse núcleo é condutor de eletricidade, mas seu
invólucro não é. Esse material foi muito bem recebido no meio especializado e, a
exemplo da marcassita, levou o nome de Formiga para coleções mineralógicas e
museus.
Martita
(agregado globular de pirita limonitizada)
Morro das
Balas-Formiga-MG
-
Calcita e dolomita [ CaCO3 e CaMg(CO3)2]- ocorrem na região
calcária. Pode formar belos veios com cristais romboédricos brancos ou cinzas em
calcários diaclasados e fraturados. A calcita
cristalizada ainda pode ser autigênica e formar belas massas cristalinas em
espeleotemas e outros.
-
Fluorita (CaF2)–
ocorre associada à calcita em veios nos calcários alterados por processos
metassomáticos de enriquecimento e alteração mineral. Cabe citar que a
galena, a esfalerita e a calcopirita ocorrem
assim também por aqui, na forma de impregnações hidrotermais.
-
Pirolusita(MnO2)- ocorrem na área sedimentar e é normalmente botrioidal(glóbulos de
tamanhos variados). Há interessantes associações desse material com material
limonítico, formando estruturas concêntricas ou então na forma de veios dentro
de um invólucro limonítico. Ocorre também colorindo rochas diversas, em
cavidades de filões de quartzo que cortam formações limoníticas e
outros. Sua origem é de precipitação química e ou biológica, por processos já
conhecidos de enriquecimento secundário por laterização. Recentemente foi
descoberta por nós o que parece ser uma variedade de pirolusita de cristalização
tetragonal que se chama Polianita. Tal achado se deu no Morro das Balas, dentro
de lateritos extremamente compactos. Ali ela forma drusas de aspecto atraente e
bem brilhantes, exibindo um nítido brilho metálico. Sua análise em uma lupa
binocular a 100 aumentos revelou que seus veios são constituídos de
meias-esferas de aspecto muito atraente e com intenso brilho metálico. Seu
quimismo ainda não foi determinado porque as amostras são muito pequenas e
levará algum tempo para juntarmos uma quantidade suficiente para análise.
Pirolusita
botrioidal
Morro das
Balas-Formiga-MG
-
Ilmenita(FeTiO3)- ocorre junto com a magnetita em nossas areias e é mineral acessório em
diversos tipos de rochas, particularmente as máficas como os gabros
e doleritos. A ilmenita reage ao campo magnético de um ímã comum,
mas não é atraída por ele e essa é uma técnica rústica para detecta-la em uma
mistura de minerais pesados no solo.
-
Pirofilita maciça – ocorre na
região da Luanda, próximo a divisa com a cidade de Arcos-MG. É bem semelhante à
conhecida pedra-sabão(esteatito), sendo que a diferença está no metal da
molécula. No caso da pirofilita é o alumínio e não o magnésio. Ela pode ser
usada na confecção de tijolos refratários para fornos de cal e similares. É bem
mole e pode ser facilmente trabalhada com qualquer instrumento perfuro
–cortante. Quando na forma bem cristalizada, forma interessantes agregados
radiais.
-
Muscovita –
é a popular mica chamada popularmente de malacacheta e ocorre, por
exemplo, no Morro das Balas, bem próximo a granja do grupo Arlindo de
Melo. Sem aplicação comercial por aqui já que suas dimensões e freqüência não
tornam possível sua comercialização.
-
Biotita
– é uma mica
negra, comum e que entra na composição de diversas rochas ígneas e metamórficas.
Esta mica ocorre em toda a região do complexo cristalino e é bem freqüente em
micaxistos de nosso município. Sua alteração química origina vermiculitas, que
tem uma coloração bronzeada.
-
Caulim-
originário da decomposição química dos feldspatos das rochas
graníticas, ocorre amplamente por exemplo no morro do Cristo e em todas as
localidades graníticas. Sua associação com os outros produtos da meteorização
dos granitos recebe o nome de saibro.
-
Limonita- na
verdade não é um mineral simples, mas uma mistura de óxidos hidratados de ferro,
sendo o mais freqüente a Göethita. A limonita é muito encontrada na região da
Luanda e vários outros locais no nosso município. Muitas delas são bem compactas
e apresentam bordos cortantes. Antigamente era usada para obter o pigmento para
a tinta xadrez, assim como o ocre. Seu pó é amarelo, mas se
aquecido perde água e fica vermelho escuro. Pode ser usado como pigmento para
pinturas em tela também.
-
Feldspato-
nas fraturas graníticas é onde eles(os tipos de feldspatos) se
destacam em cristais maiores, em diques pegmatíticos preenchendo fraturas. São
bem comuns e alguns são bem bonitos. Representam os principais minerais de
nossas rochas ígneas e são eles que determinam a coloração das mesmas. Podem ser
potássicos (ortoclásio e microclina) ou calcossódicos (albita-anortita). Quanto
mais próximos da anortita, mais máficas são as rochas que os contém.
-
Vermiculita-
produto da alteração de micas escuras. Não tem importância
econômica aqui, mas vale a pena citar como curiosidade. Ocorre em perfis de
solos bem jovens como produto de intemperismo.
O quartzo, a
barita e a grafita já foram muito explorados no passado e
alguns antigos garimpeiros ainda possuem em suas casas caixas cheias de cristais
de quartzo, conforme já constatamos. O quartzo era
muito utilizado na indústria eletrônica, devido a sua piezoeletricidade e outras
propriedades elétricas que eram utilizadas em equipamentos eletrônicos,
principalmente rádios.
Existem outras ocorrências minerais
que foram relatadas por pessoas mais vividas e também por ex-garimpeiros, mas
que ainda não confirmadas pelo autor, motivo pelo qual não serão citadas aqui
até sua confirmação in loco. Existem várias possibilidades de novas
ocorrências ainda não conhecidas e que podem trazer surpresas agradáveis.
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sexta-feira, 10 de julho de 2015
Geologia do município de Formiga e adjacências:
Turismo Mineral: gemas de Minas atraem turistas de todo o mundo
Turismo Mineral: gemas de Minas atraem turistas de todo o mundo
Os principais pólos mineradores são os municípios de Ouro Preto, Itabira, Guanhães, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Araçuaí, Diamantina e Corinto, onde é possível acompanhar uma série de atrativos ligados a atividade mineradora, além de promover o acesso e a comercialização das gemas e minerais produzidos no estado.
Além do ouro, as principais pedras preciosas encontradas no estado são a esmeralda, a água-marinha, topázios, o diamante, a turmalina, a alexandrita, o crisoberilo, o heliodoro, a morganita, o olho-de-gato, a kunzita, a andaluzita, a granada, a ametista e o citrino. O estado ainda tem a produção de gemas exclusivas encontradas na região, como o topázio imperial, que tem sua extração no município de Ouro Preto.
Ouro Preto e Mariana
Uma das cidades em que a mineração está mais evidente na sua história e no cotidiano do seu povo é Ouro Preto e Mariana. E toda a atividade turística está ligada ao turismo mineral e comercialização de gemas.
A estruturação turística também coloca a disposição dos turistas grandes atrativos. Um exemplo é o Museu de Ciência e Técnica, cujo acervo mineralógico é um dos maiores da América Latina e a Casa dos Contos, edificação por onde passava todo o ouro produzido na região para a cobrança do quinto. O garimpo de topázio imperial de Antonio Pereira, ainda em funcionamento e explorado com técnicas totalmente artesanais recebe um expressivo fluxo de turistas e tem pavimentação asfáltica até sua entrada.
Mariana também é uma boa opção para visitação, a primeira cidade e capital de Minas Gerais tem além do seu conjunto arquitetônico a única mina de ouro aberta a visitação turística do Brasil, a antiga Mina de Ouro de Passagem.
Itabira e Nova Era
A região de Itabira e Nova Era tem grande importância na produção mineral do estado, pois a região é uma das principais produtoras de esmeraldas do mundo além das históricas e impressionantes minerações de ferro do Quadrilátero Ferrífero. Além da esmeralda e do ferro, ainda se encontra nos arredores a alexandrita, gema cuja raridade e preço são impressionantes. O Brasil é o principal produtor desta gema, com pouquíssimos exemplares que chegam ao comércio.
Na região é possível visitar as áreas de garimpagem de esmeralda (Capoeirana) e a compra de amostras.
Nos arredores de Guanhães, Santa Maria do Itabira, Ferros e Sabinópolis encontram- se inúmeros garimpos e minerações de água- marinha e outras gemas da família do berilo, ligados à presença de múltiplos corpos pegmatíticos (rochas especiais ricas em minerais raros). A água- marinha é uma das gemas símbolo do Brasil no mercado internacional e sua produção é quase que totalmente artesanal, com poucas pessoas trabalhando em pequenas lavras.
Apesar de não ter uma infra-estrutura turística, a região recebe a freqüentemente visitação turístico-científica organizada por universidades, congressos e instituições de pesquisa do Brasil e de países da Europa.
Governador Valadares, Teófilo Otoni e Vale do Jequitinhonha
A região que reúne os municípios de Governador Valadares, Teófilo Otoni, Padre Paraíso e Araçuaí é hoje reconhecida como uma referência para o turismo mineral e também para quem comprar uma variedade de gemas. Espécimes de coleção na forma bruta com alguns centímetros de altura chegam a alcançar preços de vários milhares de dólares, e atraem muitos turistas.
Na grande região de Governador Valadares (Galiléia, Conselheiro Pena, Barra do Cuité, Divino das Laranjeiras) são produzidas quase todas as variedades de gemas: turmalinas, granadas, água-marinhas, brasilianitas e outros minerais raros. Recentemente um estudo avançado de mineralogia apresentou nove espécies novas de minerais descobertas no Brasil e destas, seis são provenientes desta região. São elas a coutinhoíta, a lindbergita, a atencioíta, a matioliíta, a arrojadita e a ruifrancoíta.
A cidade de Governador Valadares mantém ainda um dos grandes eventos da área, a Brazil Gem Show que apresenta stands com impressionante variedade mineral e reflete a riqueza econômica e cultural deste segmento.
Em Teófilo Otoni, encontra- se a Gems Export Association (GEA) que representa a indústria e os comerciantes e organiza a Feira Internacional de Pedras Preciosas (FIPP), realizada anualmente e que atrai grande número de expositores e forte visitação internacional. O evento entrou para o circuito dos consumidores mundiais de gemas e minerais raros. É o evento mais importante turisticamente para toda a região do Vale do Mucuri e um dos mais importantes do Brasil para o setor.
Em Araçuaí e no Vale do Jequitinhonha também é possível apreciar a produção de pedras preciosas. A região é grande produtora de kunzitas, hiddenitas, andaluzitas e petalitas, além das turmalinas, topázios-azuis e berilos.
Diamantina e Serro
A região da Serra do Espinhaço e sua geologia de beleza cênica incomparável tiveram uma grande importância para a história do Brasil Colônia. Assim como Ouro Preto e Mariana a história destas cidades sempre esteve ligada a exploração mineral e principalmente a produção de diamantes.
Durante cerca de 140 anos (s éculos XVIII e XIX) o Brasil foi o maior produtor do mundo de diamantes, fornecendo material para a maior parte das jóias da realeza européia nesta época.
Em Diamantina, um dos cartões postais da cidade tem uma importância para a história da geologia do Espinhaço. Trata-se da famosa Casa da Glória, que foi transformada em Centro de Estudos que recebe estudantes e pesquisadores do Brasil e do exterior, além de apresentar para os turistas a história do diamante.
Na cidade ainda é possível conhecer o Museu do Diamante, com peças raras ligadas ao período áureo e a mais antiga joalheria do Brasil, a Joalheria Pádua de 1883.
A região de Corinto e Curvelo, entre outras localidades no entorno, apresenta uma intensa produção de quartzo e inúmeras oficinas de lapidação artesanal, um atrativo a parte para os visitantes. Na região ocorre também a feira anual de minerais (Feira de Curvelo) onde é possível ter acesso a amostras do mineral.
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