sexta-feira, 10 de julho de 2015

Minas Gerais

Minas Gerais  
 
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Um dos estado mais ricos em belíssimas pedras e minerais!!! Uma gastronomia com um gostinho de quero mais,sem contar numa arquitetura barroca que algumas singelas cidades possuem com um toque todo especial, essa é Minas Gerais!
Hoje meu post é referente a esse estado e suas particularidades referente aos nossos amiguinhos cristalinos.
Vou contar o que sei e o que venho conhecendo nesta terrinha o UAI.
minas gerais
Dentro dos 27 estados brasileiros, Minas Gerais é o quarto maior em extensão territorial e o segundo mais populoso do Brasil, aproximadamente 20 milhões de pessoas, fala sério é muita gente, não é mesmo?!?
Com toda essa grandeza em todos os termos, rsrs, o estado é considerado o berço das mais exuberantes pedras e minerais que existem no mundo, e nesse post vou citar os minerais mais conhecidas e belos para mim.
Vivo pra cá e para lá em exposições e eventos de minerais e fósseis que quando falo que sou brasileira, já falam de Minas Gerais e toda beleza mineral que esse estado possuí.
Bom, então vamos as belezas cristalinas que Minas Gerais tem em abundância.
O estado de Minas Gerais é rico em pegmatitos, isto é,basicamente para que todos possam entender um tipo de rocha intrusiva que apresentam com uma certa frequência quartzo, feldspatos e micas e outros minerais um tanto exóticos que podem ocorrer ali no mesmo aglomerado.
Os pegmatitos são tão importantes e cobiçados aqui na Europa, pois contêm outros minerais lindíssimos entre eles como as: águas-marinhas, turmalinas, topázios,micas fluoritas e apatitas.
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Outra beleza natural de extrema admiração são as turmalinas, fora que não podemos deixar de dar créditos ao estado da Paraíba pois produzem um dos mais puros e belos minerais que fazem parte da mesma classe mineral , que são nossas maravilhosas turmalinas paraíbas, que possuem um azul intenso lindo…
Confesso que são realmente de tirar o fôlego de qualquer um…
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Eu não sabia até pouco tempo atrás, que o nome Minas Gerais era por que havia muitas minas por todo o estado e este nome na verdade foi dado à partir do século XVII quando a extração de pedras e minerais estava no seu apogeu.
Na charmosa cidade de Ouro Preto damos destaque as seguintes pedras preciosas: Topázio Imperial e os Diamantes. A cidade se destaque entre as primeiras produtoras de ferro, ouro, não é à toa que se chama Ouro Preto, fora à abundância em gemas preciosas e a bauxita.
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Boa parte das cidades vizinhas vivem do comércio de pedras, como a pequenina e singela cidade de Teófilo Otoni, onde todos os anos acontecem à Feira Mundial das Pedras, conhecido como o Circuito das Pedras, onde atraí diversos de colecionadores e admiradores do mundo em busca de nossos amiguinhos cristalinos.
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Entretanto, confesso para quem está em busca de um roteiro incrível e cheio de conhecimento referente as pedras, está no lugar certo!!!

Depósitos de água-marinha do Ponto do Marambaia- MG

Depósitos de água-marinha do Ponto do Marambaia, parte da Província Pegmatítica Oriental de Minas Gerais, estão inseridos no Campo Pegmatítico de Padre Paraíso-Catugi, Distrito Pegmatítico de Padre Paraíso.

Os pegmatitos contêm água-marinha, berilo comum e goshenita, topázio azul, cristais decimétricos a métricos de quartzo hialino e murion e são hospedados no granito Caladão.

A água marinha apresenta importância econômica no cenário mundial gemológico, no que diz respeito à produção histórica e potencialidade, ao volume e à qualidade das gemas produzidas.

Registros de achados famosos de cristais de águas-marinhas, dentre as quais, "Papamel" e "Marta Rocha", com 74 kg e 33,9 kg, respectivamente são reconhecidos internacionalmente.

Os pegmatitos apresentam zonalidade irregular, contém K feldspato, quartzo, biotita, água-marinha e topázio, não apresentam controle estrutural e seus contatos com o granito variam de brusco a gradacional.

Possuem posição espacial variável entre vertical a horizontal, espessuras decimétricas a métricas, extensões decamétricas, formatos irregulares amebóides e relativa diferenciação.

Os pegmatitos evoluíram a partir da fração gráfica com K feldspato-quartzo, seguido da formação de mega-cristais de K feldspato e quartzo leitoso intersticial e maciço, biotita e as gemas, topázio e água-marinha, sob condições rúpteis.

O íntimo relacionamento da água-marinha com mega-cristais de K feldspato sugere processo metassomático com a ação de fluído aquoso rico com Be residual, resultando na formação de água-marinha Finalizando o processo, líquidos residuais silicosos deram a origem a cristais de quartzo hialino e murion piramidados, após o fraturamento ter cessado.

Os pegmatitos do Ponto do Marambaia podem ser enquadrados na classe de pegmatitos de elementos raros do Tipo Berilo, sem Ta e Nb.

O Granito Caladão é porfirítico, não apresenta deformação dúctil, não contém granada, exibe nítido fluxo magmático e inclusões ocasionais de Charnockito Padre Paraíso, com quem apresenta contatos gradacionais.

Foi derivado de refusões parciais crustais a partir de granitóides que o circundam, designados por Itaipé, Caraí, Faísca e Wolf com contatos intergradacionais entre si e com o Granito Caladão.

Integra a Suíte Intrusiva Aimorés, pós-colisional da Faixa Araçuaí, e é datado entre 520-490 Ma.

Ponto do Marambaia, localizado no município de Caraí, a 90 km a norte da cidade de Teófilo Otoni, tem notável reconhecimento nacional e mundial no que diz respeito à produção histórica de gemas, notadamente de água-marinha, constituindo-se no maior prospecto do país, além de topázio e quartzo hialino e murion, provenientes dos pegmatitos e depósitos secundários.

Os corpos pegmatíticos vêm sendo lavrados desde o início do século XIX.

Neles, foi encontrada em 1910 a água-marinha "Papamel", de excelente qualidade, pesando 74 kg.

Em 1954 foi descoberto um exemplar de grande valor que recebeu o nome de "Marta Rocha" em homenagem à Miss Brasil da época.

Pesava 33,9 kg e apresentava mais de 60% do volume com limpidez adequada à lapidação.

Uma água-marinha límpida e de rara beleza, com cerca de 25 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro proveniente região do Ponto do Marambaia, encontra-se no Museu de História Natural de Houston, Texas.

Explotados pela Mineração Barro Preto, os pegmatitos desta região estão inseridos no Campo Pegmatítico Padre Paraíso-Catugi,que fazem parte do Distrito Pegmatítico de Padre Paraíso.

Este distrito integra a Província Pegmatítica Oriental, que congrega 7 distritos produtores de minerais-gema, além de diversos minerais industriais.

O presente artigo pretende contribuir para um melhor conhecimento dos aspectos relacionados com as natureza das ocorrências de água-marinha, topázio e quartzo, interessando as relações de campo do sistema granito-pegmatito e a distribuição dos minerais nos pegmatitos, bem como as transformações metassomáticas sob a ação de fluidos aquosos ricos em F.

O trabalho, no seu transcurso serviu como orientação às operações de pesquisa e lavra dos pegmatitos, procurando estabelecer como as suas relações mineralógicas, geométricas e estruturais podem ser úteis nesse sentido, estabelecendo também metodologia mais segura das atividades subterrâneas.

Inúmeros granitóides Neoproterozóicos intrusivos da Faixa de Dobramentos Araçuaí foram mapeados e identificados pelo Projeto Leste realizado pela CPRM.

O Granito Caladão, com cerca de 650 km2 de área aflorante, está circundado pelos Leucogranitos Itaipé e Caraí a oeste, Leucogranito Faísca a sul e a nordeste e a este pelo Granito Wolf.

Corpos charnockíticos subarredondados e em "farrapos" ocorrem inclusos no granito Caladão, sugerindo se tratar de xenólitos e "roof pendants".

Pequenos "stocks" de leucogranitos, Viana e Carlos Chagas estão inclusos nos granitos Faísca e Wolf respectivamente.

Os contatos entre todos os granitóides são gradacionais, o que sugere íntimo relacionamento magmático.

Todos esses granitóides são considerados sin a tarditectônicos.

Foram reconhecidas seis diferentes suítes granitóides em toda a Faixa Araçuaí, mas na região ocorrem apenas os tipos das suítes G5, correlacionável ao Granito Caladão e G3S (leucogranitos com granada, ocasionalmente cordierita e sillimanita, com restos de gnaisses, tipo S, considerados sin a tardi-tectônicos, datados 560-570 Ma) correlacionável aos quatro tipos de granitóides que circundam o Granito Caladão.

Esses quatro granitóides foram descritos como do Complexo Medina, intrusivos entre as rochas do Grupo Rio Doce e Macaúbas a oeste, e do Complexo Gnáissico-kinzigítico a leste.

As rochas dos Grupos Rio Doce e Macaúbas correspondem a biotitaxistos, com quantidades variáveis de quartzo, granada, andalusita, cianita e cordierita, forte xistosidade e lentes de muscovitaquartzitos e inclusões de rochas meta-ultramáficas.

Durante o Evento Brasiliano, intensa fusão parcial da crosta produziu nesta região grande volume de magma granitóide, e diversos plutons graníticos aos quais se associam expressivos corpos pegmatíticos produtores de minerais-gema e minerais industriais.

Interpretamos como derivados da fusão parcial dos biotita-xistos e charnockitos os granitos circundantes e pela evolução deste processo magmático foi formado o Granito Caladão.

Os granitóides estudados podem ser agrupados segundo dois tipos, granitóides portadores e não-portadores de granada.

O primeiro grupo é representado pelos Leucogranitos Itaipé, Caraí, Faísca e Wolf, podendo ser incluído o granito Novo Cruzeiro, de pequena dimensão, pertencente à suíte G3S ou Complexo Medina.

O segundo grupo compreende o Granito Caladão com Charnockito Padre Paraíso incluso, que corresponde à Suíte G5 ou Suíte Aimorés, que encaixam os pegmatitos estudados.

Granitóides a Granada Correspondem aos leucogranitos denominados Caraí, Itaipé, Wolf e Faísca.

Estes granitos são muito semelhantes entre si nos aspectos mineralógicos e texturais.

São rochas isentas de deformação, exibindo caráter ígneo, evidenciado pela textura fluidal, ou isotrópica.

Os contatos entre essas unidades são transicionais, sem relações intrusivas, e sem a existência de xenólitos, à exceção do Granito Novo Cruzeiro, cortado por diques do Leucogranito Caraí, o que revela diferença temporal.

O contato do Granito Novo Cruzeiro com os gnaisses da Formação Concórdia do Mucuri do Grupo Rio Doce, é transicional ou tectônico por falhas.

Nas proximidades deste contato o Granito Novo Cruzeiro exibe porções migmatíticas e nebulíticas, constituindo portanto um granito mais antigo.

O Leucogranito Itaipé difere do Leucogranito Caraí pelo maior conteúdo de fenocristais de feldspato, enquanto o Leucogranito Faísca, é distinto de ambos pela ausência de estrutura fluidal e pela presença de agregados "schlieren" máficos ricos em biotita.

Essas quatro variedades de granitos são de coloração cinza-claro, creme e rósea, tem granulação média a grossa, textura porfirítica, e contém fenocristais de feldspato com comprimento entre 1 e 3 cm, que podem porém atingir 8 cm no Leucogranito Itaipé.

Os granitos em discussão consistem de quartzo, K feldspato e plagioclásio, biotita subordinada e agregados de granada com até 3 cm de diâmetro.

Os minerais acessórios ou secundários são muscovita, sericita, clorita, apatita, zircão, minerais opacos (principalmente magnetita) e carbonato.

Na porção oeste da área, aflora o Leucogranito Caraí, com aspecto pegmatóide, cortado por enxame de pegmatitos delgados, com "bolsões" de turmalina negra, por vezes, levemente esverdeada, intercrescida com quartzo e associada à biotita.

A presença de turmalina negra indica possível zona de contato metassomático, considerando a proximidade com xistos da Formação Salinas.

A presença ocasional de xenólitos de biotita gnaisse melanocrático, ricos em porfiroclastos de granada apoia essa sugestão.

Os Granitos à granada são do tipo-S, peraluminosos e formados em profundidade média na crosta.

Evoluíram a partir de fusões parciais de rochas principalmente metassedimentares, com pequena contribuição de crosta oceânica ou mantélica e foram datados entre 580 e 560 Ma.

Porções mais jovens do granito foram registradas na região de Itaipé, com idade de 505 ± 35 Ma, método Rb/Sr, e razões iniciais em torno de 0,715, o que caracteriza residência crustal anterior para esses granitos.

Datações adicionais, pelo método de K-Ar em duas amostras de biotita, idades de 422 ± 13 Ma e 452 ± 15 Ma foram obtidas, o que corresponderia ao resfriamento desse granito.

Com base nestes argumentos, admite-se origem cogenética para os granitos circundantes ao Granito Caladão.

Granitóides a Biotita São representados pelo Granito Caladão com enclaves de Charnockito Padre Paraíso.

Ambos apresentam texturas semelhantes, diferindo pela coloração esverdeada e presença de hiperstênio no charnockito.

O Granito Caladão exibe textura fluidal, o que não ocorre com o charnockito.

Ambos são porfiríticos com fenocristais tabulares de K feldspato, com dimensão maior entre 1 e 7cm.

A matriz tem granulação média a grossa.

Na área estudada, a granulometria do charnockito é mais fina, diferentemente das exposições da região de Padre Paraíso, onde é mais grosso, ocorrendo como corpos mesoscópicos, arredondados inclusos no granito.

O Granito Caladão é isento de deformação e diferentemente dos granitos à granada, inexistem nele texturas gnáissicas.

Textura mais grossa do Granito Caladão, com feldspatos tipo ocelar, empresta aspecto pegmatóide à rocha,podendo, de outro modo, exibir textura fluidal incipiente.

Contatos entre o Granito Caladão e massas maiores de charnockito não foram observados, sugerindo-se que sejam transicionais.

O Granito Caladão consiste de K feldspato, quartzo, plagioclásio e biotita, e subordinadamente hornblenda.

Os minerais acessórios incluem zircão, apatita, allanita, carbonato, muscovita, sericita, clorita e minerais opacos, magnetita, e raramente, hematita, rutilo e ilmenita.

O charnockito contém K feldspato, plagioclásio, biotita, hornblenda, hiperstênio, epidoto, titanita, carbonato, sericita, clorita e magnetita.

O Granito Caladão é a designação para granitóides porfiríticos à biotita da região, podendo ser classificados como do tipo-I, metaluminosos e de elevado conteúdo de K, originados na crosta continental média a inferior com contribuições significativas, tanto de crosta oceânica como mantélica.

Foram datados entre 520 e 500 Ma, pelo método U-Pb, são intrusivos nos granitóides com granada e representam o último estágio da granitogênese brasiliana.

Estudos radiométricos procedidos no Charnockito Padre Paraíso revelaram idade de 505 ± 5 Ma, pelo método U-Pb em zircões, 457 ± 21, pelo método K-Ar em biotitas e 520 ± 20 Ma pelo método Rb-Sr, com razão inicial de 0,7112, sugerindo origem a partir de fusão parcial de materiais da crosta continental.

Apesar de ser admitida pela maioria dos pesquisadores uma origem cogenética para o Granito Caladão e charnockito, certas limitações petrológicas existem, como a presença de hiperstênio, mineral característico da facies granulito resultante da desintegração da biotita gerando hiperstênio+ortoclásio, numa reação progressiva.

Entretanto estudos microscópicos do Charnockito Padre Paraíso revelam uma reação retrógrada, com a formação de biotita.

Metassomatismo Potássico A maioria das rochas estudadas mostra claras evidências de metassomatismo potássico, processo este melhor observado no Granito Caladão e no Charnockito Padre Paraíso.

O processo se traduz pela microclinização que se manifesta pela presença de microclina xenomórfica, que se superpõe à textura pré-existente, substituindo ortoclásio e plagioclásio.

Microclina em substituição ao plagioclásio produz albita em continuidade óptica e pequenos agregados de epidoto e allanita, num processo de saussuritização.

Os cristais de plagioclásio se tornam arredondados e corroídos.

A geração de biotita em substituição à hornblenda e ao hiperstênio, com formação adicional de titanita e carbonato é outra evidência do metassomatismo potássico.

Aparentemente esse processo ocorreu sob condições mais elevadas da fugacidade do oxigênio, resultando na formação de magnetita, principalmente e hematita e rutilo, subordinadamente e desintegração parcial da ilmenita (em textura esquelética) em ambas as rochas, produzindo magnetismo.

Auréolas de albita em torno do plagioclásio e a substituição deste pela albita revelam que o metassomatismo potássico foi acompanhado por ligeira albitização.

As fotomicrografias 2C, 2D, 2E e 2F ilustram aspectos desse processo.

O aporte ou a remobilização de K acompanhado de Na, SiO2 e H2O ocorreu em uma fase pós-metamorfismo brasiliano.

Os pegmatitos do Ponto do Marambaia estão encaixados no Granito Caladão, sem mostrarem controle estrutural algum, sugerindo assim que o posicionamento e a forma dos mesmos tem relação com fraturas de contração resultante do resfriamento do granito.

Os pegmatitos foram formados com o Granito Caladão em estágio avançado de cristalização, seguindo um significativo processo de fraturamento regional.

Tratando-se dos corpos pegmatíticos, sabe-se que na terminologia dos garimpeiros da região, um garimpo é designado pelo termo "lavra", que pode abranger mais de um corpo pegmatítico e é subdividida em "serviços", podendo ser aberto um ou mais "serviços", restritos a somente um pegmatito.

Os pegmatitos são explotados principalmente em subsuperfície, através da escavação de galerias ("túneis", denominação também usada para se referir a um "serviço"), de pequeno porte, abertas com pá e picareta na cobertura de alteração.

Se um "serviço" iniciado exige o uso de explosivos, raro na região, os garimpeiros utilizam o recurso ou o abandonam.

Relações texturais nos granitóides, "Bolsões" de turmalina negra em fácies félsica e grossa de aspecto pegmatóide do Leucogranito Caraí.

Fácies grossa, pegmatóide do Granito Feldspatos ocelares, isentos de orientação por fluxo.

Biotita substituindo hornblenda acompanhando a clivagem, Nx.

Transformação parcial do hiperstênio em hornblenda.

Textura típica de metamictização gerando allanita e fissuras radiais no plagioclásio ao redor As lavras a céu aberto concentram-se principalmente em depósitos secundários, em aluviões, colúvios e elúvios e em pegmatitos muito intemperizados.

São utilizados métodos manuais e mecanizados.

Procedeu-se ao levantamento cartográfico de 44 "serviços" em pegmatitos e mapas de detalhe dos "serviços" TP-4 e TA-3 são apresentados.

As características físicas dos corpos pegmatíticos cadastrados e as produções nos últimos 10 anos.

Distribuição e Tipologia A possança real dos corpos pegmatíticos varia entre 2m e 70m, e a espessura, entre 0,5m a 18m.

Os pegmatitos são classificados em pequenos, médios, e grandes em espessura.

Os pegmatitos são descritos como tendo formas irregulares ou anastomosadas e na área, formas amebóides foram observadas Os corpos pegmatíticos do Ponto do Marambaia são alongados, apresentando porém, variações em sua espessura, atingindo no máximo 15m.

Os contatos dos pegmatitos com as rochas encaixantes são normalmente bruscos, exceto no caso dos corpos não-zonados, que exibem, em geral contatos gradacionais.

Os corpos pegmatíticos não apresentam controle estrutural definido, entretanto, a maioria tende a seguir uma orientação geral N-NE.

Isto pode ser explicado pelo fato desses pegmatitos estarem alojados na borda oeste do Granito Caladão, alongado com segundo a direção regional NS.

Os pegmatitos podem ser classificados quanto a estrutura interna em homogêneos e heterogêneos pouco diferenciados ou zonados simples e não-zonados simples, sendo o termo "simples" se referindo à pouca diversidade mineralógica.

No caso dos pegmatitos zonados, a passagem de uma zona para outra é quase imperceptível ou difusa.

A zona de borda, nem sempre presente, é pouco nítida, possui espessura entre 3 e 5cm e consiste de K feldspato e quartzo de granulação fina com biotita.

A zona de parede apresenta espessura variável num mesmo corpo.

Seu contato com a zona de borda é normalmente gradativo, sendo identificado pelo aumento da dimensão dos cristais.

A textura é grossa, com cristais de até 50 cm de comprimento.

Predominam mega-cristais de feldspatos com quartzo intersticial, além de grandes placas de biotita, algumas com até 50 cm de diâmetro, distribuídas na matriz composta de quartzo, K feldspato e biotita em dimensões de até 1 cm.

Essas placas estão posicionadas aleatoriamente.

Em certos locais, a textura gráfica ocupa a parte mais interna desta zona.

A zona intermediária hospeda as variedades de minerais-gema.

Consiste essencialmente de megacristais de K feldspato pertítico.

O tamanho desses cristais varia de alguns centímetros, atingindo 2 metros.

Por último, o núcleo, com forma lenticular, alongada ou irregular, é composto por quartzo maciço leitoso, normalmente bastante fraturado, constituindo muitas vezes, corpos isolados.

Os corpos não-zonados são caracterizados pela distribuição homogênea de quartzo, K feldspato e biotita, com granulação fina, e textura gráfica.

A forma dos corpos não-zonados, bem como as variações de espessura são semelhantes às observadas nos corpos zonados.

Em termos de distribuição, os pegmatitos do Ponto do Marambaia podem se apresentar agrupados ou formar corpos isolados.

Afetando o Granito Caladão e os pegmatitos, ocorre um sistema conjugado de fraturamento regional com direções de N60-65oW e N30-45oE, com mergulhos subverticais predominantes, a fracos, que resultou localmente em falhas normais que deslocam corpos pegmatíticos, e seus contatos com as encaixantes.

Esse sistema de fraturamento, visível nas imagens de Radar e fotografias aéreas convencionais delimita parcialmente o Granito Caladão, tendo um dos fraturamentos, o de direção NW, secionado parcialmente o corpo plutônico em dois setores, um mais a norte e outro a sul.

Aparentemente o setor norte foi deslocado para NW em relação ao setor sul.

Falhas que cortam enclaves, aplitos e pegmatitos dentro do Granito Caladão corroboram esse deslocamento.

Os rejeitos das falhas são da ordem de poucos centímetros, com raras exceções atingindo 6 metros, quando cortam a capa e lapa dos corpos pegmatíticos.

Esse processo rúptil provocou fissuramento interno nos minerais dos pegmatitos exceto no quartzo e murion.

O sistema conjugado de fraturas é tectônico, porém existem falhas de gravidade de acomodação do terreno afetando a zona intemperizada.

Mineralogia Os pegmatitos de Ponto do Marambaia apresentam tipo evoluído dada a sua mineralogia que é relativamente diversificada, quartzo, K feldspato, biotita, muscovita, água-marinha, berilo, heliodoro, goshenita, topázio e esporadicamente, turmalina negra, ametista e magnetita, seguindo-se dos minerais secundários sericita, caolinita, goethita e óxidos de manganês.

Dados obtidos de K/Rb em K feldspatos dos pegmatitos do Ponto do Marambaia permitiram que os pegmatitos fossem classificados na classe de elementos raros do tipo berilo.

O quartzo nos pegmatitos ocorre maciço e em cristais leitosos jaçados e em cristais prismáticos e unipiramidados não jaçados, tendo por isso grande valor. o tamanho dos prismas pode variar de poucos centímetros a mais de 1 metro.

Cristais bipiramidados não foram encontrados.

Diminutos cristais unipiramidados de ametista, com até 1 cm de comprimento foram encontrados.

A coloração arroxeada tem sido atribuída a óxidos de Fe ou óxidos de Mn e a coloração enfumaçada do murion é relacionada a presença de Al na rede.

Os cristais de quartzo hialino ou murion são formados sobre quartzo maciço leitoso, podendo formar estruturas aureolares designadas localmente de "igrejinha", sugerindo preenchimento de cavidade e crescimento posterior.

Nos corpos não-zonados, o quartzo somente ocorre na variedade maciço leitoso.

O K feldspato se apresenta róseo, devido à substituição parcial do Al pelo Fe3+ na rede cristalina, ou branco, pertítico ou sem lamelas, em cristais isolados e bem formados com até 50 cm de comprimento, com as faces {001} e {010} bem desenvolvidas.

Pode formar grandes agregados de até 2m de dimensão, com mínima participação dos demais minerais do pegmatito.

Sob o microscópio, a maioria dos cristais de ortoclásio exibe substituição parcial por microclina.

Albita e cleavelandita em grandes cristais, como ocorrem nos Distritos de Governador Valadares e Araçuaí são ausentes no Ponto do Marambaia.

A biotita ocorre em placas com diâmetro de até 50 cm, isoladas ou em agregados alongados, com coloração negra, podendo conter ocasional, fino intercrescimento de mica cinza a incolor interpretada como muscovita.

Encontra-se distribuída nas zonas de borda e de parede e, subordinadamente na zona intermediária, e em raros casos, capeando descontinuamente o núcleo.

Contem, com relativa frequência, diminutos cristais de magnetita.

Ocorrem dois tipos de mica, uma clara levemente esverdeada, semelhante à muscovita, e um tipo cinzenta escura.

O primeiro tipo é mais raro, atingindo no máximo a 1% em volume no pegmatito, e em geral, ocorre em placas com dimensões de 1 a 3 cm, em agregados.

O teor de Na2O é um pouco elevado, mas ainda assim se ajusta na composição da muscovita.

Esse tipo ocorre preenchendo porções intersticiais nos feldspatos e quartzo, sugerindo formação tardia em relação aos minerais mais abundantes.

O segundo tipo, mais abundante, pode atingir até 10% nas zonas mais ricas, ocorre em placas individuais, maiores chegando a 10 cm de diâmetro, ou mais e apresenta comumente intercrescimento com biotita.

Embora a muscovita escura assemelhe-se mais à biotita, análises químicas revelaram para exemplares oriundos do "serviço" TP-4 teores de 10,40% Fe total e se comparado aos valores de biotitas obtidos na literatura de 5,1%FeO+12,9%Fe2O3 ou 12,5%Fe total a 24,85%FeO+3,8%Fe2O3 ou 20,1%Fe total, pode-se afirmar em bases composicionais tratar-se de uma biotita.

Nos corpos não-zonados a presença de muscovita é muito rara ou inexpressiva.

Tipologia e estrutura interna dos pegmatitos do Ponto do Marambaia.

Pegmatito de aspecto lenticular.

Zona mural pobre em biotita e zona intermediária contendo megacristais de K feldspato.

Contato entre rocha encaixante e pegmatito exibindo zona marginal discreta e mural rica em biotita.

Núcleo de quartzo extremamente fraturado.

As fraturas subhorizontais são mais evidentes do que as subverticais.

Núcleo de quartzo vertical e espesso em relação às demais zonas.

Zona intermediária estreita é invadida pelo quartzo.

O berilo é encontrado nas variedades água-marinha (azul ou verde), heliodoro e goshenita, sendo internacionalmente famosos os exemplares denominados "Papamel" e "Marta Rocha" respectivamente com 74kg e 33,928kg de peso, a última com mais de 60% de limpidez, e um simples cristal, não denominado, pesando 110kg.

Os cristais bem formados de águas-marinhas ocorrem com as faces prismáticas bem desenvolvidas, comumente atingindo 20cm de comprimento e muitas vezes com terminações piramidais pequenas.

Estrias paralelas ao comprimento dos cristais são por vezes comuns e a maioria dos cristais observados exibe jaça, principalmente nas extremidades das peças restando porções límpidas na parte central.

Esses fissuramentos internos dos cristais de berilo foram produzidos pela deformação rúptil.

O berilo ocorre principalmente associado ao K feldspato, localizado nas suas interfaces, o que pode sugerir um controle geoquímico.

Ocorre raramente em cristais isolados nos espaços intercristalinos do quartzo leitoso, onde encontra-se associado a "cordões" de turmalina negra e muscovita, revelando o estágio de greisen.

Diminutas plaquetas de muscovita capeiam parcialmente alguns prismas.

O topázio ocorre como cristais incolores e colorações amarelo-pálido e azul pálido.

Forma grandes cristais, com até 15 cm de comprimento ao longo do eixo-C e de até 20cm ao longo da clivagem basal.

Apesar de se apresentar, na maioria dos casos, muito fissurado ainda exibe boa transparência.

Cristais azulados de topázio, sem jaças, com 3-4cm de dimensão são encontrados nas aluviões do Córrego da Marambaia nos ribeirões nas proximidades de Catugi, onde está concentrado juntamente com crisoberilo e água-marinha.

Ocorre na zona intermediária, crescendo sobre K feldspato e quartzo, existindo, entretanto espécimens associados às biotitas alongadas.

Turmalina negra e ametista, bastante raras, constituem cristais pequenos com dimensões de até 1 cm.

Encontram-se concentradas nas zonas mais silicosas, ricas em quartzo.

A magnetita e a goethita também são raras e normalmente ocorrem nas bordas dos núcleos dos pegmatitos, muitas vezes, formando agregados minerais associados à biotita, provavelmente por alteração hidrotermal e intempérica desta, respectivamente.

A sericita é muito fina, em placas milimétricas, ocorre localmente como produto de alteração hidrotermal dos feldspatos, e a caolinita ocorre como produto de alteração intempérica da biotita, formando concentrações de coloração castanha devido à mistura com óxidos de Fe e Mn, e em menor escala do feldspato.

Essas concentrações de material castanho argiloso constituem massas alongadas na matriz do pegmatito e se confundem com zonas de fratura, pois se distribuem alinhadamente.

A caolinita ainda forma "manchas" brancas no interior dos feldspatos, provocando o embaçamento do brilho, revelando estágio incipiente de alteração.

Mineralizações Antes de tratarmos da mineralização propriamente dita é importante discutir pontos do aspecto regional influindo direta ou indiretamente na mineralização.

Inicialmente pode-se observar que os charnockitos não constituem corpos significativos de dimensões mapeáveis nas escalas convencionais, constituindo portanto enclaves charnockíticos distribuídos principalmente ao redor do Granito Caladão.

Tendo em mente esse fato, referimo-nos a associação entre charnockitos e a formação de minerais de gema, particularmente crisoberilo, variedades de córindon, safira e rubi, espinélios, água-marinha, topázio e variedades de zircão.

A distribuição dos depósitos aluvionares de crisoberilo, turmalina, topázio e berilo e raríssimos de crisoberilo em pegmatitos em torno do Granito Caladão, desde Americaninhas, passando pelo Córrego Faísca, do Gil na parte norte, até o Córrego do Cascalho e Ribeirão Santa Cruz em volta de Catuji e Córrego Comprido, na parte sul com ocorrência de alexandrita não parece ocasional.

Portanto, existe distribuição espacial coincidente de charnockitos e depósitos de crisoberilo.

Acresce o fato de que, até hoje, não foi encontrado crisoberilo nos pegmatitos e aluviões dentro do Granito Caladão.

Esse tipo de mineralização tem sido considerado como derivada da ação de contato de charnockitos básicos em metassedimentos aluminosos por processo de desilicacão.

Sabe-se que tanto os metassedimentos quanto os granitos ao redor do Granito Caladão possuem cordierita, granada e sillimanita, e que Be2+ pode entrar na estrutura da cordierita em bases de substituição de BeSi por AlAl o que poderia representar um estágio intermediário para a formação do crisoberilo, até formar crisoberilo, tipos gema e "olho de gato".

As associações indicadas ou evidências circunstanciais servem como linha de pesquisa para futuros trabalhos.

Tratando-se das mineralizações intragraníticas de interesse econômico nos pegmatitos do Ponto do Marambaia, as de água-marinha de cor azul e, subordinadamente verde consistem nas principais.

Topázio, em todas as suas variedades, mais quartzo nas variedades murion e hialino são explorados como subprodutos.

Entretanto cristais métricos de quartzo têm sido procurados e peças perfeitas atingem dezenas de milhares de dólares.

Tanto a água-marinha quanto topázio ocorrem em dois tipos, "escória", referindo à cristais mal formados e/ou fraturados de tamanhos reduzidos e o tipo gema propriamente dita, que corresponde a cristais prismáticos bem formados, límpidos e livres de defeitos, como fraturas e impurezas, de tamanhos centimétricos a decimétricos, neste último, restrito às águas-marinhas.

Ambos cristais têm dimensões decimétricas, porém o topázio, ao ser extraído da matriz do pegmatito, se separa em muitas peças devido ao fissuramento interno.

Segundo os garimpeiros, há um controle na distribuição das gemas, ocorrendo em maior e melhor qualidade nos corpos subhorizontais restando para os corpos inclinados a "escória".

O fato é que produções significativas de água-marinha de interesse gemológico foram obtidas em corpos pegmatíticos localmente subhorizontais, situados na zona intermediária próximo ao núcleo, em bolsões denominados pelos garimpeiros de "caldeirões", que constituem "bonanzas" ricas em água-marinha tipo gema.

Os "caldeirões" são corpos irregulares, totalmente preenchidos, de dimensões que variam de 0,5 m a 3 m de diâmetro Os cristais gigantes de quartzo e murion se situam nesses "caldeirões".

Torna-se difícil a observação desses caldeirões nos pegmatitos dentro dos túneis, bem como se distinguir "caldeirão" de núcleo do pegmatito, mas pode-se afirmar que tratam-se de grandes bolsões onde quartzo e feldspato que foram parcialmente dissolvidos e reprecipitados juntamente com o berilo resultante de seu enriquecimento nas soluções residuais ricas em Be2+ e F.

As soluções silicosas, residuais e finais foram responsáveis pela formação dos megacristais de quartzo e murion.

O crescimento dos cristais de quartzo e murion é linear.

Ele se dá a partir da borda do núcleo com os eixos-c em direção às zonas externas, sobre os prismas de água-marinha, normalmente recoberta por "película" de moscovita cinzenta.

Turmalina fina negra pode também ocorrer neste contexto O quartzo murion, a muscovita e a turmalina negra são considerados pelos garimpeiros da região como bons indicadores da mineralização.

Mineralização nos pegmatitos, Zona de substituição localizada junto ao núcleo de quartzo, com quartzo+muscovita clara+K feldspato, por vezes mineralizado a água-marinha e topázio, ambos do tipo escória.

Zona de substituição localizada junto ao núcleo de quartzo, constituído de quartzo+muscovita cinzenta+ feldspato branco + topázio do tipo escória.

O cristal estava envolto por caulim.

Cristal de quartzo associado à turmalina negra, muscovita cinzenta e água-marinha Do ponto de vista geoquímico as mineralizações podem ser interpretadas como do tipo Be-F, uma possível variação dos pegmatitos de elementos raros e sua evolução representada esquematicamente no triângulo composicional no sistema Si-Al-K+Na.

Os pegmatitos evoluídos a partir dos fluídos residuais oriundos da cristalização do granito, iniciaram seu desenvolvimento a partir da associação K feldspato pertítico-quartzo em textura gráfica formando a matriz.

Em seguida, foram formados mega-cristais de K feldspato e quartzo leitoso intersticial e biotita.

Dessa maneira o líquido residual, com seu conteúdo de K significativamente decrescido, tornou-se relativamente rico em voláteis, H2O e F, e Be2+, dirigindo a composição do fluído para a linha Si-Al, no triângulo composicional Nesse momento, com a razão Si/Al em torno de 1/3 no fluído, topázio cristaliza sob elevada fugacidade de HF.

Ainda, com razão Si/Al inferior a 1/3 e em processo de desilicação, o fluído sob reduzida fugacidade de HF, resulta na cristalização de crisoberilo.

Em sistemas com baixa fugacidade de HF, granada é formada, como ocorre nos pegmatitos, invadindo os granitos periféricos Como conseqüência, a concentração de Be2+ no fluído aquoso residual aumentou relativamente, devido à adicional extração do Al, propiciando a cristalização de berilo e água-marinha, quando a razão Si/Al ultrapassa 3/1.

Após formado berilo, o fluído se tornou fortemente silicoso resultando na formação dos mega-cristais piramidados de quartzo hialino e murion.

O excesso de SiO2 no sistema é confirmado pela reação de substituição, responsável pela formação do berilo A biotita permaneceu pouco ou nada transformada durante a evolução do pegmatito, devido à baixa fugacidade do B3+ no fluído.

A evolução geológica da região do Ponto do Marambaia durante o Proterozóico inicia com o metamorfismo regional dinamotermal sob condições deformacionais passando do regime dúctil até o dúctil-rúptil, atingindo níveis de fusão parcial com a geração dos granitos crustais denominados Caraí, Itaipé, Faísca e Wolf.

Representam denominações locais de granitos exibindo mínimas variações texturais, resultantes de restitos composicionalmente diferentes, como charnockitos, biotita xistos e gnaisses kinzigíticos circundantes, cedendo material para a fusão inicial.

A natureza gradacional dos contatos entre os granitos, inexistência de xenólitos de granito-em-granito, existência de texturas nebulíticas, a presença comum de granada constituem evidências de cogeneticidade e contemporaneidade dos granitos circundantes.

O Charnockito Padre Paraíso, enderbítico, constituiria restito refratário incluso no Granito Caladão, que iria promover geração de pegmatitos desilicados resultando na formação de crisoberilo.

Refusão crustal parcial dos granitos circundantes promoveu a geração do Granito Caladão, ainda com considerável quantidade de granitos circundantes não completamente cristalizados.

Deformação rúptil começa a dominar o cenário com a ascenção dos granitos.

Pegmatitos se formam e se alojam no interior do Granito Caladão na área do Ponto do Marambaia.

Desenvolveram-se nos estágios finais da evolução tectono-magmática da Faixa Araçuaí, gerados a partir do processo de fracionamento ígneo das fusões residuais dos granitóides cálcio alcalinos de alto-K, póscolisionais, onde se encontram alojados.

Os líquidos magmáticos preencheram fraturas de contração duran

As pedras no caminho

As pedras no caminho

Matioliíta
“Nasceu!”
Daniel Atencio disparou um e-mail com esse título no dia 2 de novembro de 2010 para comunicar, como ele explicou em seguida, “o nascimento de minha décima segunda filha, carlosbarbosaíta, que veio fazer companhia a chernikovita, coutinhoíta, lindbergita, matioliíta, menezesita, ruifrancoíta, footemineíta, guimarãesita, bendadaíta, brumadoíta e manganoeudialita”. Professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), Atencio tinha acabado de receber uma mensagem da Associação Mineralógica Internacional aprovando seu pedido de registro do novo mineral, o 54o encontrado pela primeira vez no Brasil e sem registros em qualquer outro país. Novas espécies de minerais, chamadas minerais-tipo, aparecem agregadas a minerais de valor comercial, as gemas, como topázio e turmalina, comuns em Minas Gerais. Só duas gemas, porém, o crisoberilo e a brazilianita, tiveram o registro inicial feito no país.
Novos minerais exibem composições químicas ou arranjos atômicos inusitados, inicialmente sem aplicações comerciais. São encontrados com frequência em rochas ígneas conhecidas como pegmatitos, formadas nas últimas etapas da cristalização do magma no interior da Terra. Das primeiras fases do resfriamento de um magma, resultam rochas e minerais mais simples e homogêneos. À medida que o magma cristaliza, os elementos químicos mais raros formam uma espécie de sopa residual. Em um segundo momento, esse líquido residual se solidifica e dá origem aos pegmatitos, muitas vezes ricos em fosfatos. No Brasil, uma das áreas mais ricas em pegmatitos – e, portanto, em novas espécies de minerais – é o leste de Minas. Em Divino das Laranjeiras, um dos municípios dessa região, foram encontradas quatro, incluindo a atencioíta, mineral marrom caracterizado pelo russo Nikita Chukanov, e a brazilianita, uma gema de cristais amarelo-esverdeados. Da vizinha Galileia saíram 10 minerais novos.
Desde dezembro de 2006, quando saiu de uma pedreira vizinha a um campo de futebol do município de Jaguaraçu, leste de Minas, a carlosbarbosaíta fez um percurso que mostra como encontrar novas espécies de minerais combina pa­ciência, amizade e muita colaboração entre especialistas não acadêmicos e acadêmicos. Luiz Menezes, engenheiro de minas, colecionador e comerciante de minerais que coletou o que lhe parecia ser um novo material, fez as primeiras análises em um microscópio eletrônico da Universidade Federal de Minas Gerais. Como não pôde ir adiante, mandou sua amostra para a USP. Atencio examinou-a por raios X, confirmou que se tratava de uma espécie nova de mineral, mas também não conseguiu avançar: os cristais de 50 x 10 x 5 milésimos de milímetro eram minúsculos demais, dificultando as análises. Pela mesma razão, durante quatro anos, pesquisadores da USP de São Carlos, do Canadá, da Rússia e dos Estados Unidos que entraram na história avançavam pouco, até que, em abril de 2009, Mark Cooper, da Universidade Manitoba, Canadá, conseguiu um equipamento de raios X que finalmente completou as análises, elucidando a estrutura atômica do mineral, cujos cristais formam longas agulhas ricas em óxido de urânio e nióbio.
A pedido de Menezes, Atencio escolheu o nome para o novo mineral, em homenagem a Carlos do Prado Barbosa, engenheiro químico e colecionador de minerais falecido em 2003 que participou da identificação da bahianita, reconhecida como novo mineral em 1978, e da minasgeraisita, de 1986. Geó­logos vivos também são homenageados, embora, como os biólogos, não possam pôr o nome deles próprios em espécies novas que descobrirem.
A menezesita, mineral rico em bário, zircônio e magnésio, ganhou esse nome em reconhecimento ao trabalho de Menezes, que mora em Belo Horizonte e vive enviando coisas interessantes para geólogos. Reconhecida em 2005 e publicada em 2008, a menezesita apresenta uma estrutura atômica similar à de um composto que havia sido sintetizado em 2002 para combater o vírus causador da Aids.
A luz dos minerais
A coutinhoíta, mineral amarelo como o enxofre, um silicato de urânio e tório, que Atencio e Paulo Anselmo Matioli, geógrafo formado pela Universidade Católica de Santos, trouxeram de Galileia, Minas, é outro exemplo de gratidão aos pioneiros – neste caso, a José Moacyr Vianna Coutinho, professor da USP que, no final dos anos 1950, ao voltar da Universidade de Berkeley, Estados Unidos, disseminou no Brasil o uso da microscopia polarizadora, que indica o desvio da luz e, a partir daí, as estruturas atômicas, facilitando a identificação de minerais no Brasil. Como resultado, ele participou da caracterização de nove dos 16 novos minerais brasileiros identificados nos últimos oito anos, incluindo a carlosbarbosaíta. “Ajudo sempre que posso”, diz Coutinho, aos 86 anos, ainda assíduo em sua sala no Instituto de Geociências da USP.
“Coutinho, além de um olhar fantástico no microscópio, tem uma habilidade imensa para desenhar cristais e orientações ópticas dos minerais”, diz Atencio, mostrando os desenhos de artigo de 1999 em que eles e outros colegas descreveram a hainita, de Poços de Caldas, na divisa de Minas com São Paulo. Em outro canto da estante de metal estão as amostras de sílex que Atencio coletou aos 10 anos de idade de uma obra próximo à sua casa em São Bernardo do Campo, em um episódio que o fez escolher mais tarde ser geólogo.
Duas por ano
Muitos minerais novos são encontrados em apenas um lugar, mas um mineral avermelhado com um dos nomes mais difíceis de pronunciar, tupersuatsiaíta, já tinha sido identificado na Groenlândia e na Namíbia antes de 2005, quando Atencio, Coutinho e Silvio Vlach, também da USP, relataram que o haviam encontrado em Poços de Caldas. Às vezes, a descrição oficial de uma nova espécie de mineral concilia descobertas paralelas. É o caso da bendadaíta, mineral de cristais alongados esverdeados encontrado em Portugal, no Brasil, no Chile, em Marrocos e na Itália, que geólogos de sete países – Áustria, Alemanha, França, Rússia, Austrália, Brasil e Estados Unidos – apresentaram em junho de 2010 na Mineralogical Magazine.








“Às vezes é mais fácil colaborar com pesquisadores da Rússia e da Alemanha do que daqui”, diz Atencio. Segundo ele, a principal razão é a escassez de especialistas na identificação de minerais – menos de uma dezena no Brasil, enquanto a Itália abriga cerca de 200 e a Rússia, bem mais. Mesmo assim, o número de novas espécies de minerais identificadas originalmente no Brasil está crescendo. Até 1959 havia no país apenas 19 espécies de minerais consideradas válidas, a maioria descrita apenas por estrangeiros. De 1959 a 2000, a comissão de novos minerais da Associação Mineralógica Internacional reconheceu 18 espécies novas, com uma média de 0,43 por ano, e nos últimos oito anos, outras 16, subindo a média para duas por ano. Segundo Atencio, o Brasil está entre os países em que atualmente se descobrem mais minerais novos, quase sempre próximo dos Estados Unidos. A Rússia é o país onde mais se descobrem minerais novos.
Não é só por falta de especialistas que as descobertas não proliferam. Nas pedreiras, um procedimento comum é tratar as gemas, de valor comercial, com banho de ácido, para remover as impurezas, que incluem possíveis novidades. Os interessados em novos minerais às vezes conseguem chegar antes do banho de ácido. Outro problema é a transformação do espaço. Atencio conta que em 1991 descreveu com Reiner Neumann, o primeiro estudante que orientou, Antonio Silva e Yvonne Mascarenhas, seus colaboradores do Instituto de Física de São Carlos da USP desde os anos 1980, minerais raros de urânio, encontrados em Perus, no município de São Paulo. “Devia ter muito mais”, diz ele, “mas o Rodoanel cobriu tudo”.

Opala nobre - Um Arco-íris ao seu alcance

Opala nobre - Um Arco-íris ao seu alcance


A opala nobre ou opala preciosa é uma gema de aspecto sem igual. Diferindo de outras gemas, as opalas nobres podem exibir todas as cores do arco-íris, que aparecem como reflexos de vários tamanhos e formas, com distribuição única na superfície de cada opala e que são realçados pelo contraste com a coloração de fundo da gema. Ao movimentar uma opala nobre, inclinando-a em várias direções, os reflexos visíveis vão se modificando gradativamente (em tipo de cor e distribuição), parecendo “caminhar” pela gema. Esta característica, que ocorre unicamente na opala, é denominada jogo de cores ou opalização.
DESCRIÇÃO DAS OPALAS NOBRES E ORIGEM DE SEU JOGO DE CORES
As opalas são compostas por dióxido de silício (sílica) hidratado, com fórmula química SiO2.nH2O. Nessa fórmula, “n” traduz um número variável de moléculas de água, que geralmente oscila entre 6 e 10% do peso do material, mas pode chegar excepcionalmente até 30%. As opalas são gemas mais frágeis que o quartzo, apresentando dureza de 5,5 a 6,5 na escala de Mohs (a dureza de uma gema reflete sua resistência a ser riscada), e fraca tenacidade (característica que reflete a resistência à torção, pressão ou a ser dobrado).
Diferindo da maior parte das gemas inorgânicas, a opala classifica-se como mineralóide e não, mineral, uma vez que tem estrutura interna amorfa e não-cristalina de seus átomos. Por outro lado, a opala nobre apresenta, sim, um tipo de organização tridimensional interna, na forma de múltiplas pequenas esferas de sílica de diâmetro uniforme, estreitamente empilhadas em camadas paralelas sobrepostas. Essa estrutura foi descoberta em 1964 com o auxílio do microscópio eletrônico e nela reside a origem do jogo de cores observado nas opalas. A inter-relação entre as esferas de sílica e os espaços entre as esferas provoca os fenômenos de difração, dispersão, interferência e reflexão da luz, resultando na visualização na superfície da gema das diversas cores do arco-íris (cores espectrais puras, cada uma composta de comprimentos de onda com variação mínima – vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e roxo). Eventualmente, ocorre a observação de cores intermediárias entre as cores fundamentais. A regularidade da distribuição espacial das esferas influencia o brilho das cores da gema.
Figura 01 Fotomicrografia de esferas de sílica em opalas:
       Opala comum                   Opala nobre



Nas opalas nobres, as esferas com diâmetro entre 150 e 400 nm (nanômetros, onde 1 nanômetro equivale a 0,000000001 metro) são as que têm jogo de cores. O tamanho das esferas e, conseqüentemente, dos espaços entre elas, tem relação direta com as cores que podem ser vistas em cada opala. As opalas com esferas menores (de aproximadamente 150 nm) geralmente produzem reflexos de cor azul e roxo. Esferas pouco maiores refletem roxo, azul e verde. A seguir, temos esferas que refletem roxo, azul, verde e amarelo. Com diâmetro pouco maior observam-se roxo, azul, verde, amarelo e laranja. Finalmente, com as esferas de maior diâmetro (350 a 400 nm) torna-se possível observar todas as cores do arco-íris – roxo, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. Em opalas com esferas grandes, mesmo quando não estão todas as cores aparentes ao observar a gema numa posição fixa, basta inclinar ou girar a gema gradativamente que a mudança no ângulo de incidência da luz permitirá a observação de todas as cores espectrais numa determinada região, passando sucessivamente de uma para outra (e respeitando a ordem, do vermelho para o azul ou o inverso). Na natureza, as opalas com reflexos vermelhos são as mais raras.
Adicionalmente, a coloração de fundo da gema influencia a qualidade das cores refletidas. Sempre que uma opala recebe iluminação, uma parte da luz (que denominaremos aqui de “A”) que nela penetra passa por todos os fenômenos ópticos descritos anteriormente e, em última instância, é refletida na superfície da gema como cores espectrais puras, produzindo o jogo de cores próprio. O restante da luz (que denominaremos de parte “B) é transmitida, chegando mais profundamente na gema. Idealmente, as melhores opalas manifestam suas cores expressando apenas a parte A e essa situação se verifica nas opalas de fundo negro, que absorvem toda a luz B – isto resulta em cores espectrais mais nítidas. Já as opalas de fundo claro, por outro lado, refletem a luz B de volta para a gema (totalmente nas brancas e parcialmente nas de outras cores), onde pode se espalhar e ser refletida para a superfície da gema em conjunto com as cores originadas de A, diluindo-as.
O jogo de cores observado em cada gema apresenta uma combinação única e exclusiva (não existem duas opalas que sejam idênticas). As cores distribuem-se em faixas, pontos, linhas ou figuras geométricas, sejam isolados ou combinados na superfície da opala, às vezes distribuídos aleatoriamente e outras vezes harmonizando-se em padrões belíssimos (vide seção de Avaliação de opalas nobres, abaixo).
TIPOS DE OPALAS NOBRES
As opalas nobres são classificadas de acordo com a coloração de seu fundo (ou “corpo” da gema) e de sua estrutura (apenas opala ou opala combinada a rocha matriz) em vários tipos:
A) Opala negra: entram neste patamar as opalas opacas que apresentam coloração negra, cinza escura, azul escura, verde escura ou marrom escura. Como visto anteriormente, as opalas negras realçam os reflexos coloridos em sua superfície, dando-lhes mais definição. Comparando-se opalas com outras características semelhantes, as de fundo negro são mais valiosas que as demais. Na atualidade, o único país com produção comercial de opalas negras é a Austrália.
 Cabochão de opala negra (figura 04, 05, 06, 07, 08)
         figura 04                      figura 05                    figura 06                     figura 07                  figura 08                                



B) Opala semi-negra: é a gema opaca de coloração cinza, com tonalidade média. Essas gemas são produzidas principalmente na Austrália, com achados eventuais em outros países, inclusive o Brasil.
C) Opala branca: corresponde à opala opaca de coloração branca ou com outras cores em tonalidades claras (como amarelo, laranja ou cinza). É a mais encontrada no mercado mundialmente, originando-se da Austrália, do Brasil e dos Estados Unidos, principalmente. Por serem menos raras e apresentarem em geral coloração menos chamativa que as opalas negras ou cinzas, costumam ter menor valor e serem mais acessíveis, mas existem exemplares excepcionais que atingem elevado valor.
Opala branca bruta (figura 11) Cabochão de opala branca (figura 12 e 13)
figura 11                                                           figura 12                        figura 13




D) Opala cristal: é a opala transparente a translúcida, com coloração clara de fundo. Por sua transparência podem ser vistas várias camadas de reflexos coloridos no interior da gema. Ocorrem nos mesmos depósitos descritos anteriormente para as opalas brancas.
E) Opala cristal negra: é a opala transparente a translúcida, com coloração escura de fundo. Ocorrem nos mesmos depósitos descritos anteriormente para as opalas negras.
Opala cristal bruta (figura 14) Cabochão de opala cristal (figura 15)
        figura 14                  figura 15


F) Opala matacão: é a opala que ocorre em cavidades e fissuras muito estreitas de rocha matriz porosa (um conglomerado ferruginoso laranja escuro a marrom). Pelo intercrescimento entre a opala e a rocha matriz, constituindo belos desenhos e padrões, ou pela reduzida proporção de opala em relação à quantidade de rocha matriz, esse material na atualidade é lapidado preservando-se a rocha matriz em conjunto com a opala. A rocha matriz que se mistura com e cobre a opala no fundo da gema praticamente se comporta como o fundo escuro das opalas negras e realça intensamente os reflexos de cores. Além disso, a matriz acrescenta resistência à peça. Estas opalas são encontradas apenas na Austrália. Existem vários subtipos de opala matacão e, para permitir melhor padronização em sua descrição, a Associação Gemológica Australiana sugere a seguinte distinção:
F.1. opala matacão negra: estas gemas são as preparadas a partir de peças brutas em que a opala se manifesta como fina camada intimamente aderida a sua matriz. Na lapidação das gemas, toma-se o cuidado de polir adequadamente a opala e manter a matriz como fundo, que constitui praticamente toda a espessura do corpo da gema. Assim, a gema final tem duas camadas: uma superior, de opala opaca negra, e outra inferior (fundo) de matriz;
F.2. opala matacão cristal: preparadas a partir de material como o descrito em F.1., as gemas resultantes têm duas camadas – uma superior de opala translúcida a transparente clara e outra inferior de rocha matriz. As gemas têm aspecto escuro devido à coloração da rocha matriz, que se torna visível através da opala;
F.3. opala matacão clara: preparadas a partir de material como o descrito em F.1., as gemas resultantes têm duas camadas – uma superior de opala opaca clara (cinza ou esbranquiçada) e outra inferior de rocha matriz;
F.4. “noz de Yowah” (Yowah nut): é o subtipo de opala matacão que se forma como pequenos nódulos arredondados ou ovóides de rocha matriz, geralmente com diâmetro máximo de 5 cm, contendo pequena cavidade central parcial, preenchida por opala nobre. Esses nódulos são clivados, expondo a opala entrelaçada à rocha matriz e então são polidos, formando belos e incomuns exemplares.
F.5. opala matacão na matriz ou opala na matriz: trata-se de opala que se formou preenchendo pequenas cavidades ou como uma rede de finos veios envoltos por rocha matriz porosa, ou ainda entre os grãos da rocha matriz. Uma vez lapidada, diferencia-se dos demais tipos por apresentar menor proporção de opala em relação à quantidade de rocha matriz. As gemas prontas demonstram rocha matriz evidente tanto no fundo quanto na face anterior, salpicada por pontos, linhas ou bandas de opala nobre.
Opala matacão bruta (figura 16) Noz de Yowah bruta (figura 17) Cabochão de opala matacão (figura 18) Cabochão de opala na matriz (figura 19) Cabochão de noz de Yowah (figura 20)
                   figura 16                              figura 17                           figura 18                     




            figura 19                                  figura 20



A ORIGEM DAS OPALAS NOBRES
As opalas nobres requerem condições muito especiais para sua formação e, curiosamente, apesar de seu elevado teor de água, a opala encontra essas condições geralmente em regiões áridas e semi-áridas, com chuvas sazonais.
Há milhões de anos, soluções de água e dióxido de silício (SiO2) se infiltraram para o interior de fendas e rachaduras de rochas vulcânicas ou espaços e cavidades desenvolvidos em rochas sedimentares, tornando-se ali aprisionadas pela baixa permeabilidade de seu envoltório. Com o passar do tempo, parte da água da suspensão sofreu evaporação e isso resultou no aumento gradativo da concentração de sílica. Quando essa concentração atingiu um nível crítico, as moléculas de sílica começaram a se agrupar, formando esferas sólidas. Com o surgimento de grande quantidade de esferas, a solução passou a se transformar em um gel e então ocorreu a deposição gravitacional das esferas em camadas (estima-se que cada 1 cm de espessura depositada levou um período de aproximadamente 5 milhões de anos para se processar). O tamanho das esferas é diretamente proporcional ao período de tempo que decorre entre sua formação e a deposição final (ou seja, quanto mais tempo levar sua deposição, maiores são as esferas). Se a evaporação de água ocorre em velocidade constante, formam-se esferas de diâmetro uniforme e que por sua vez se depositam em camadas sucessivas organizadas. A evaporação adicional de água levou à solidificação do material, constituindo então a opala nobre (após a deposição das esferas, estima-se um período adicional de 1 a 2 milhões de anos para a completa solidificação dos depósitos). Opala também se deposita entre grãos de argila e areia em arenitos, cimentando-os e constituindo rocha matriz.
Dentre os depósitos de opala nobre conhecidos mundialmente, praticamente todos os de origem sedimentar ocorrem apenas na Austrália. Sítios de extração das demais localidades e algumas poucas exceções localizadas também na Austrália são de origem vulcânica (inclusive os sítios brasileiros, que ocorrem em meio a formações de basalto).
EXTRAÇÃO E PRODUÇÃO MUNDIAL DE OPALAS NOBRES
Comprovando a raridade da opala nobre, do total de opalas extraídas mundialmente na atualidade, 95% consiste em opala comum, sem opalização e geralmente de cor única e monótona (negra, cinza, branca, azulada, esverdeada, amarelada ou alaranjada, conforme o sítio de origem), com aspecto leitoso a opaco. Dentre os 5% restantes que apresentam jogo de cores, aproximadamente 80% (ou 4% da produção mundial) são gemas de qualidade intermediária, acessíveis e as mais comuns no mercado. Finalmente, os outros 20% de opalas nobres (ou 1% da produção mundial) são os exemplares de qualidade excepcional, que muitas vezes alcançam valor por quilate superior ao de belos diamantes.
O país que mais se destaca na produção de opalas nobres no momento é a Austrália, responsável por 90 a 95% da produção mundial (único produtor comercial de opala negra e também produtor de opala branca, opala na matriz e opala matacão). Outros países também apresentam sítios de extração de opalas nobres, destacando-se o Brasil (produtor de opalas brancas, com achados eventuais de opalas negras ou cinzas), os Estados Unidos, Honduras, Japão, Etiópia e México.
LAPIDANDO A OPALA NOBRE
As opalas nobres usualmente são lapidadas em cabochão para realçar seu jogo de cores (vide comentários sobre Lapidação em Cabochão na seção “Dúvidas” do site). O formato mais popular e o mais utilizado é o oval, seguindo-se o redondo, mas os demais formatos tradicionais de cabochões também podem ser aplicados ao material. Pela raridade e valor das opalas, lapidários experientes avaliam com cuidado o formato das pedras brutas e a distribuição da barra de cor (a camada de onde se originam os desejados reflexos de cores) para melhor aproveitá-los na confecção da gema. Um cuidado especial é deixar o cabochão com espessura adequada para torná-lo mais resistente. Opalas de boa qualidade também podem ser lapidadas em formas livres (cabochões fantasia ou mesmo mini-esculturas).
TRATAMENTO DE OPALAS NOBRES
Algumas opalas podem ser tratadas para melhorar sua aparência:
- opalas com fissuras: resinas sintéticas, muito utilizadas em gemas transparentes com inclusões (como as esmeraldas), têm aplicação para opalas com fissuras, podendo diminuir sua visibilidade e oferecendo um tratamento duradouro. Óleos e ceras podem ser utilizados com o mesmo propósito, mas são tratamentos de pequena durabilidade;
- opalas na matriz: um processo muito utilizado e que tira proveito da característica porosa da matriz argilosa de opalas de algumas regiões consiste em mergulhar essas opalas primeiro em solução açucarada e depois em ácido sulfúrico. Com a reação química entre o açúcar e o ácido, partículas de carbono se depositam na superfície da matriz, escurecendo-a e realçando o jogo de cores das lâminas de opala.
DOUBLETS E TRIPLETS
Opalas nobres também são encontradas em gemas compostas, onde geralmente duas ou mais camadas de diferentes materiais são unidos para a composição da gema final:
- doublets (gemas duplas): nestas gemas, uma fina camada de opala nobre (branca ou negra) é cimentada sobre uma opala comum de coloração escura, com uso de cola transparente, ou sobre uma opala comum de cor clara, uma calcedônia ou vidro, porém com uso de cola escura.
- triplets (gemas triplas): são gemas formadas por uma camada de opala entre um fundo escuro (geralmente opala comum escura ou ônix negro, com cola transparente ou opala comum clara, calcedônia ou vidro, com cola escura) e uma camada frontal transparente (de cristal de rocha ou vidro). Os propósitos da camada frontal nestas gemas são dar maior proteção à camada de opala e obter um acabamento convexo, assemelhando-se à abóbada de um cabochão.
A principal vantagem das gemas compostas é seu preço em relação ao valor das gemas naturais (e doublets são geralmente mais valiosos que triplets porque suas camadas de opala são mais espessas). Por outro lado, sua desvantagem é que devem ser protegidas de exposição prolongada à água, pois pode ocorrer infiltração líquida entre as diversas camadas e prejudicar sua aparência.
OPALAS SINTÉTICAS
Existem no mercado opalas sintetizadas em laboratório. As primeiras opalas fabricadas pelo homem datam de 1964, através de método desenvolvido por John Slocum. Outros métodos foram desenvolvidos com o passar dos anos e os avanços tecnológicos têm permitido aprimorar o aspecto das gemas. Nesse material se produzem esferas de óxido de silício hidratado que são circundadas por substância (geralmente não presente nas opalas naturais e com origem que pode ser orgânica ou não) que dê estabilidade ao conjunto e permita que seja trabalhado nos formatos requeridos para peças de joalheria. No momento, existem vários tipos de opalas sintéticas, que estão sendo produzidas no Japão, na Austrália, na Rússia e na China.
Cabochão de opala sintetica (figura 21)
              figura 21



DESCREVENDO E AVALIANDO UMA OPALA NOBRE
Apesar de não existir sistema padronizado que permita qualificar as opalas nobres de modo objetivo, os seguintes parâmetros servem de referência em sua avaliação:
a) Origem: as opalas são classificadas em naturais (esta categoria inclui as opalas matacão), compostas e sintéticas. Em ordem decrescente, as naturais são as mais valiosas, seguindo-se as compostas e depois as sintéticas.
b) Coloração, composição e opacidade do corpo da gema: determina-se se a gema é formada apenas por opala ou por opala e rocha matriz; se é opaca, translúcida ou transparente; e qual é a coloração de fundo da opala (branco, negro ou semi-negro). Respeitadas as outras características, como regra geral, as opalas negras são as mais valiosas. Seguem-se as opalas matacão (negra, cristal e clara) e as cristais. Finalmente, tem-se as semi-negras, as brancas, as nozes Yowah e as opalas na matriz.
c) Opalização – quantidade de cores: observam-se quais são as cores refletidas pela opala. Para efeito de descrição, citam-se as cores em ordem decrescente de proeminência na gema (da que é mais evidente em toda a superfície da opala até a que menos aparece). Recordando, a depender do tamanho das esferas na composição de uma opala, as possíveis combinações de cores que podem ser refletidas são: vermelho – laranja – amarelo – verde – azul – roxo (todas as cores, em opalas com as maiores esferas), ou laranja – amarelo – verde – azul – roxo, ou amarelo – verde – azul – roxo, ou verde – azul – roxo, ou azul – roxo (poucas cores e geralmente com predomínio do azul, em opalas com as menores esferas). As opalas mais desejáveis são as que têm a reflexão de todas as cores espectrais, pois apresentam esferas maiores, mais raras. Dentre estas, ainda, as opalas que refletem predominantemente a cor vermelha (como cor praticamente única ou predominando sobre as outras cores que também aparecem) são mais raras e, portanto, mais valiosas. A ordem decrescente de valor para a cor que predomina é vermelho, laranja, amarelo, verde, azul/roxo.
d) Opalização – uniformidade das cores: idealmente, as cores refletidas devem ser visíveis por toda a superfície da gema e também quando a gema é observada por vários ângulos.
e) Opalização – brilho das cores: preferem-se gemas com intenso brilho das cores, que mantenham cores evidentes mesmo quando vistas à distância. Gemas com cores mais apagadas, pouco brilhantes, têm menor valor.
f) Opalização – padrão das cores: descreve o arranjo da cor pela gema, que pode ser indistinto ou organizado, constituindo desenhos e/ou formas geométricas. Os principais padrões reconhecidos são: arlequim (extremamente raro, é constituído por várias figuras geométricas de dimensões e formatos semelhantes, como losangos, quadrados, retângulos ou triângulos, agrupados e parecendo formar um mosaico); escrita chinesa (onde finas linhas retas e curvas se entrecruzam, assemelhando-se aos símbolos de idiomas orientais); palha (com várias linhas finas próximas entre si); em ladrilhos ou blocos (definem-se vários segmentos grandes de cores observados simultaneamente na superfície da gema); em lampejos (observam-se áreas evidentes e de tamanhos variáveis de cores que cintilam subitamente à medida que a gema é inclinada ou girada); floral (é um dos mais comuns, onde vários reflexos de tamanhos e cores diversos estão presentes na gema); pontilhado (onde vários pontinhos de cor se distribuem por toda a superfície da gema). O tipo, a precisão e as cores do padrão determinam sua qualidade e, conseqüentemente, influenciam o valor da gema.
Escrita chinesa                             Floral                         Em ladrilhos                   



 Lampejo                                  Pontilhado                       Arlequim



g) Dimensões: gemas maiores são mais raras, e portanto, mais valiosas. Idealmente, não devem ser nem muito finas e nem muito espessas.
h) Lapidação e formato: avalia-se a regularidade do acabamento da lapidação e o tipo de formato.
i) Inclusões: observação da presença, quantidade e distribuição de inclusões (geralmente de opala comum, rocha matriz ou gipso) em meio à superfície da opala. Esses achados podem tornar menos chamativos os reflexos coloridos ou interferir em determinado padrão das cores. Opalas sem inclusões são menos valiosas.
j) Imperfeições: nesta categoria entram as fraturas e fissuras, sejam acidentais ou por desidratação do material.
l) Tratamento: também deve ser considerado qualquer tratamento realizado na opala. Gemas sem tratamento são mais valiosas.
As opalas são gemas de avaliação muito difícil, particularmente porque cada gema é única. Os comentários apresentados acima não têm a pretensão de definirem regras absolutas de avaliação destas gemas, mas apenas de servir como orientações gerais de detalhes que devem ser levados em consideração. Ao escolher uma opala, busque sempre uma gema que seja cativante para você. Não necessariamente as opalas mais caras são as de seu agrado. Muitas pessoas preferem opalas com reflexos azuis e roxos às gemas com reflexos avermelhados.
Ainda, não se esqueça que, pelo complexo jogo de suas cores, as opalas são muito difíceis de fotografar. A gema real é sempre muito mais bela do que o aspecto revelado em suas fotos. Nosso olhos conseguem captar nuances impressionantes que os atuais equipamentos de fotografia ainda não expressam.
CUIDADOS COM A OPALA
As opalas são gemas delicadas. Conhecendo suas características e usando o bom senso é fácil cuidá-las, preservando sua beleza. Algumas medidas que são aconselháveis no cuidado das opalas incluem:
- limpeza com pano suave seco ou discretamente molhado. Não são necessários produtos químicos para sua limpeza.
- manter as opalas e jóias com opalas que estão em desuso sempre limpas e guardadas em invólucros individuais (como saquinhos plásticos ou de tecido). Opalas expostas ao ambiente recebem a deposição de pó em sua superfície e, como partículas de quartzo (de maior dureza que a opala) são o componente principal do pó comum, essas gemas podem ser riscadas quando são submetidas a atrito nessas condições. Com o tempo, o polimento da gema perde qualidade, diminuindo o brilho da gema e a nitidez de seu jogo de cores. Procure um especialista, pois um simples re-polimento pode deixar sua gema como nova mais uma vez.
- evitar exposição a calor excessivo, pois esta condição pode desidratá-las e resultar em fissuras espontâneas em sua estrutura, diminuindo sua opalização dramaticamente;
- evitar armazenamento sem proteção em ambientes secos (como os refrigerados com ar condicionado ou no interior de cofres bancários, onde o nível de umidade é controlado a níveis reduzidos), condição em que também podem sofrer desidratação e fissuras. Aconselha-se para armazenamentos prolongados guardar a opala em saquinho plástico lacrado com pequena quantidade de água para manter certa umidade ambiente;
- no dia-a-dia, evitar situações que exponham as gemas a impactos (como exercícios, ou atividades que exijam movimentos bruscos);
- no design e preparo de jóias com opalas deve-se sempre buscar a montagem com metais de modo a proteger a gema. Também é importante evitar transmitir-lhe calor durante a cravação.
MITOS
Alguns mitos falsos a respeito das opalas nobres que merecem discussão são os seguintes:
- essas gemas não são porosas, portanto não absorvem água (é desnecessário mantê-las em imersão para “reidratação”) ou óleos;
- as fissuras que ocorrem em uma opala são irreversíveis. O aspecto das gemas melhora quando são molhadas ou cobertas por óleos, mas esses tratamentos são apenas paliativos, pois as fissuras ficam mascaradas a olho nu, mas permanecem inalteradas em número e tamanho. Assim que a água secar ou que o óleo for removido, elas voltarão a estar bem aparentes. A tendência de uma opala em desenvolver fissuras depende principalmente de seu sítio de origem. Várias opalas originadas no México e em algumas localidades dos Estados Unidos são particulamente suscetíveis a estes problemas. As opalas brasileiras, por outro lado, são bem resistentes. Para evitar o desenvolvimento posterior de fissuras em gemas já prontas para comercialização, muitos lapidários tomam o cuidado de guardar o material bruto seco por extenso prazo de tempo (3 a 6 meses), às vezes até em condições adversas (como ao ar livre, no sol), para permitir que a exposição ao ambiente teste sua estabilidade. Após esse período de tempo, as gemas podem ser lapidadas com segurança, uma vez que a possibilidade de surgimento de fissuras em pedras assim testadas passa a ser muito reduzida.

Antártida pode abrigar depósito de diamantes, dizem cientistas

Antártida pode abrigar depósito de diamantes, dizem cientistas


Mesmo se for confirmada a presença de diamante, tratado internacional proíbe a mineração na região
Um grupo de cientistas descobriu que fortes evidências de as montanhas da Antártida têm muito mais do que gelo – elas podem abrigar depósitos de diamantes.
Em um trabalho publicado na revista Nature Communications, o grupo (liderado por pesquisadores australianos) revelou ter encontrado pela primeira vez na região rochas conhecidas como kimberlitos, que costumam abrigar diamantes.
Diamantes são formados a partir de carbono puro encontrado em locais profundos sob temperaturas e pressão extremas.
Erupções vulcânicas trazem esses cristais valiosos para a superfície, normalmente preservados dentro dos kimberlitos.
A presença dessas rochas é considerada um indício da existência de depósito de diamantes em várias partes do mundo, incluindo África, Sibéria e Austrália.
Os pesquisadores encontraram e collheram três amostras do material nas montanhas Príncipe Charles.

Mineração

Mesmo se descobrirem uma grande quantidade de diamantes na região, isso não significa que haverá mineração no local.
Um tratado internacional proíbe qualquer extração de fontes minerais, a não ser em casos de pesquisas científicas.
O tratado, no entanto, será revisto em 2041 e pode alterar esse cenário.
"Não sabemos quais serão os termos do tratado após 2041 ou se haverá alguma tecnologia que possa tornar economicamente viável a extração de dimamentes na Antártida", disse Kevin Hughes, do Comitê Científico para Pesquisas na Antártida.