O
espodumênio é uma espécie mineral cujo nome é menos
popular entre os consumidores de gemas e jóias que os de
suas variedades kunzita, hiddenita e trifana, sobretudo a
primeira delas.
A kunzita apresenta exuberantes
matizes rosas, lilases e violetas, que se assemelham aos
da alfazema, perfeitamente transparentes e de tonalidades
claras, às vezes ligeiramente azulados. Ela foi
descoberta em Pala, Califórnia, no início do século 20
e deve seu nome a George Frederick Kunz (1856 –
1932), o mineralogista que primeiro a descreveu.
A atraente e rara hiddenita,
igualmente transparente, possui uma coloração
verde-esmeralda intensa, devida a impurezas de cromo,
sendo sua designação uma homenagem a William E. Hidden
(1853 – 1918), seu descobridor e um eminente
colecionador de minerais em seu tempo.
A trifana, amarela pálida, cuja
cor se atribui a impurezas de ferro, foi a primeira
variedade gemológica de espodumênio a ser descoberta,
em Minas Gerais, por volta de 1870, nove anos antes que a
hiddenita fosse identificada na Carolina do Norte (EUA).
A designação trifana não é consensual no meio
gemológico, de modo que a tendência atual é designar
as variedades com o nome do mineral, seguido pelo sufixo
correspondente a sua cor, tal como espodumênio amarelo
ou amarelo esverdeado. As variedades kunzita (rosa) e
hiddenita (verde produzido pelo cromo) são exceções,
pois tratam-se de termos consagrados. Ainda assim, na
prática comercial diária, é difícil determinar se um
espécime contém ou não cromo, de forma a designá-lo
como hiddenita ou simplesmente espodumênio verde.
O espodumênio é um silicato de
lítio e alumínio, incolor em seu estado puro.
Cristaliza-se no sistema monoclínico e ocorre em
característicos cristais prismáticos alongados, com
terminações achatadas, muitas vezes de tamanhos
consideráveis; possui seção freqüentemente quadrada
ou retangular e faces longitudinais estriadas, com
numerosas figuras de corrosão na forma de triângulos
escalenos.
Sua dureza varia de 6½ a 7,
apresenta clivagem perfeita em duas direções paralelas
às faces prismáticas e quase perpendiculares entre si,
o que faz com que seja uma pedra de difícil lapidação.
Apresenta brilho vítreo (nacarado nas superfícies de
clivagem), sendo que a kunzita geralmente exibe
fluorescência de cor alaranjada a rosa dourada à luz
ultravioleta, muito mais intensa sob comprimentos de onda
longos e, adicionalmente, pode apresentar
fosforescência.
A kunzita e a hiddenita possuem
pleocroísmo intenso, perceptível até mesmo à vista
desarmada, pela simples rotação dos exemplares,
principalmente os mais saturados. A cor mais intensa
corresponde a direção paralela à do comprimento do
cristal e, para melhor aproveitar o efeito ao lapidar-se
a gema, deve-se orientar a faceta principal (mesa)
perpendicularmente a esta direção. Por apresentar-se
sempre em tonalidades claras, o espodumênio costuma ser
lapidado com a maior profundidade possível para obter-se
a máxima retenção da cor, procurando-se, contudo,
resguardar as proporções esteticamente corretas, o que
resulta em gemas de rara beleza.
Ao contrário de muitas gemas
coradas, que são lavradas principalmente em depósitos
secundários, o espodumênio é mais comumente extraído
de suas fontes primárias, os pegmatitos graníticos. Os
principais países produtores de kunzita e hiddenita
são, atualmente, Afeganistão, Brasil, Madagascar,
Myanmar, Sri Lanka e EUA.
A produção brasileira de
espodumênio tem se mostrado irregular nos últimos anos,
sendo que os principais depósitos estão localizados no
estado de Minas Gerais, nos municípios de Galiléia,
Conselheiro Pena, Resplendor, Água Boa e Barra do
Cuité.
As principais inclusões
observadas nos espodumênios são as fásicas, os finos
tubos de crescimento com aspecto de agulhas, os planos de
geminação e de clivagem, além das inclusões que
comprovam sua origem pegmatítica, tais como muscovita,
feldspato e minerais de argila.
O fascinante matiz lavanda das
kunzitas deve-se a traços de manganês, mas esta
variedade pode empalidecer se exposta à luz por longos
períodos de tempo. A cor pode ser restaurada por
irradiação, que deve ser seguida de tratamento térmico
a temperaturas entre 200oC e 250oC
ou por exposição à luz, com o objetivo de remover os
componentes verdes e marrons que simultaneamente se
formam.
Como a autêntica
hiddenita é muito rara, espodumênios de cor verde
intensa devem ser vistos com extrema reserva, pois não
é raro nos depararmos com material com esta coloração
obtido por irradiação, de praticamente qualquer
natureza, a partir de espécimes originalmente rosas. A
coloração verde-esmeralda resultante deste tratamento
é instável e o empalidecimento extremamente rápido,
ocorrendo, às vezes, em menos de uma hora. Não há
qualquer centro de cor envolvido nesta mudança, mas sim
uma alteração no estado de valência do manganês, que
passa de Mn3+ a Mn4+.
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