Mineração: por que devemos investir no diamante do Brasil?
O tempo de comprar é “quando houver sangue nas ruas”.
Esta é a frase de um banqueiro, o Barão de Rotschild, feita no século 18
após a derrota de Napoleão na Batalha de Waterloo.
Ele estava certo e ganhou fortunas se beneficiando do pânico que seguiu a derrota da França.
Nós hoje estamos chegando a mais um momento de quase pânico entre os
investidores que não sabem o que fazer com o seu precioso dinheiro.
De um lado temos a guerra dos preços do minério de ferro que está
arrasando, a nível global, projetos, minas e mineradoras. Do outro os
preços do petróleo, também em queda, fazem o mesmo com as empresas de
energia e com as economias exportadoras.
Empresas como a Petrobras, que já foi uma das três maiores do mundo,
podem virar lixo, um penny stock com preços abaixo de US$5 por ação
sendo listadas somente em bolsas especiais para as empresas nanicas…
No meio deste tiroteio os investidores correm, atabalhoadamente, para
o ouro na expectativa de que as quedas possam ser revertidas em 2016.
Será que isso vai ocorrer?
Entretanto, a maioria esquece que o diamante está se consolidando
como um dos melhores investimentos da década e que nós no Brasil temos
uma gigantesca região cratônica, favorável, que produziu milhões de
quilates onde ainda não existem minas primárias de diamante.
O que faz o diamante tão interessante?
Simples. A produção mundial está caindo (veja o gráfico) e o consumo
mundial só faz aumentar criando um descompasso que faz os preços subirem
exponencialmente (veja o gráfico do preço do diamante de 1 quilate).
No gráfico de preços por tamanho observa-se que os preços sobem em
função da procura por um específico tamanho de pedra. De 2010 para cá as
pedras com tamanho entre 3 a 4 quilates foram as que mais subiram. São
elas que irão propiciar a lapidação de diamantes de 1 a 2 quilates tão
procurados pelas joalherias, cujas pedras atingem, quando excepcionais,
até US$33.000 por quilate.
Preço diamante por tamanho
Os diamantes pequenos, que são quase todos lapidados na Índia também estão tendo uma grande procura.
O mais interessante é que esta tendência não está sendo revertida,
pois para que isso ocorra, é preciso que as novas descobertas consigam
superar a demanda: isso está muito longe de acontecer.
Quando observamos a localização dos principais produtores do mundo
vemos que 70% deles estão na África (Congo,Botswana, Angola, Zimbabwe,
África do Sul e Namíbia), o restante no Canadá, Rússia e na Austrália.
Produtores de diamante
No mapa mundi vemos, com clareza, que a produção de diamante mundial está, principalmente associada às regiões cratônicas.
São nessas regiões geologicamente estáveis e frias que ocorrem na
África, Canadá, Austrália, Rússia e Brasil que o foco da exploração e
pesquisa mundial para diamantes está concentrado. Em todas essas
regiões, com exceção do Brasil existem importantes minas primárias de
diamante.
Por que não no Brasil?
É que as empresas que investiram na exploração mineral (De Beers e Rio
Tinto) e que descobriram a grande maioria dos mais de 1.500 kimberlitos
brasileiros, mesmo tendo encontrado vários pipes com teores econômicos,
nunca evidenciaram um depósito que elas considerassem de classe mundial.
Ou seja, o que elas descobriram foi, na época, considerado pequeno.
As grandes multinacionais, é lógico, também não tinham nenhum
interesse em colocar em produção novas minas brasileiras que iriam
competir com as suas próprias minas já em produção. Era muito mais
interessante “sentar em cima” do que desenvolver. Foi o que a Rio Tinto e
a De Beers fizeram.
Eventualmente elas foram embora do Brasil deixando para trás inúmeros
kimberlitos interessantes sem um bom trabalho de detalhamento. Somente
agora, que a crise de 2008 passou, e os preços subiram, alguns poderão
ser lavrados economicamente.
É o caso do kimberlito Braúna descoberto, muitas décadas atrás, pela
De Beers na Bahia, em um cluster com outros 21 corpos. O Braúna foi
retomado pela junior Lipari e, somente agora, está sendo promovido à
mina.
O Braúna deverá produzir em torno de 225.000 quilates de diamantes
por ano, por 7 anos e será o primeiro kimberlito a ser lavrado em toda a
América do Sul.
Casos similares ocorrem em todas as regiões cratônicas do Brasil,
onde são produzidos anualmente grandes quantidades de diamantes, quase
todos fora do radar do DNPM. Para o Brasil se tornar um grande produtor
de diamantes primários é só uma questão de fomento e investimento.
É óbvio que algumas coisas deverão ser mudadas na legislação, com a
aprovação de um novo Código Mineral justo, que fomente e incentive a
pesquisa mineral no país, mantendo os direitos de prioridade e
protegendo aqueles que investem.