sábado, 12 de setembro de 2015

CIRCUITO DOS DIAMANTES

CIRCUITO DOS DIAMANTES



Caminho dos Escravos - Foto: acervo SETURIgreja do Serro - Foto: Prefeitura MunicipalCom a descoberta do primeiro diamante nas lavras de ouro no Arraial do Tijuco (atual Diamantina), em 1714, essa região cresceu significativamente, a ponto de ser considerada um Estado dentro de outro Estado. Tamanha riqueza gerou fabuloso patrimônio histórico-cultural. Hoje, o roteiro reúne belezas arquitetônicas, arte e passeios ecológicos. Tudo isso embalado ao som de clássicos barrocos, serestas e 'vesperatas'.
A magia da escrava Chica da Silva e a musicalidade de JK dotaram não só Diamantina, Patrimônio Mundial da Humanidade, como todo o Circuito de encantamento sem igual. A contemplação das obras do homem e da natureza leva ao equilíbrio.
Compõem este percurso os municípios de Couto de Magalhães de Minas, Datas, Diamantina, Felício dos Santos, Gouveia, Presidente Kubitschek, Santo Antônio do Itambé, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves e Serro.
DIAMANTINA
Lisboa está em festa, os sinos tocam, Te-Deums são celebrados, congratulações chegam dos vários reinos europeus, incluindo os cumprimentos do Santo Padre. Qual a razão para tanto júbilo? São  as pequenas pedras de carbono puro que foram encontradas na distante colônia. Diamantes! Extremamente valorizados na Europa, eram de suma importância para  aumentar a riqueza do Reinado de  D.João V. 
Vista parcial da Cidade - Foto: Haroldo CarneiroTendo como referência  o Pico do Itambé, diversas bandeiras cortam a região do Jequitinhonha em busca dos metais preciosos. Entre as serras de Santo Antônio e São Francisco havia um local  formado pelo pequeno afluente do Rio Grande, o  Vale do Tijuco, que revelou-se como um excelente local para mineração do ouro. O pequeno arraial  que acabou  surgindo, por volta de 1713, com a bandeira de Jerônimo Gouvêa, no local  conhecido como Burgalhau, não se diferenciava  das centenas de povoados que surgiram no início do século XVIII, na Capitania das Minas. A população se dedicava à mineração do ouro.
Os primeiros diamantes que transformariam radicalmente a vida do arraial somente foram encontrados no período de 1719 a 1722. Autoridades locais não  noticiaram de imediato a fabulosa descoberta  à Coroa Portuguesa. Quase 10 anos haviam se passado e, só após a insistência de alguns mineradores de participarem  os achados, é que o Governador D.Lourenço de Almeida fez o comunicado de que as preciosas pedrinhas tinham sido encontradas. Diamantes! 
Passadas as celebrações, a resposta  de Lisboa veio de imediato: a Coroa impôs as primeiras medidas de controle sobre a região dos diamantes, através de Regimento datado de 26 de junho de 1730, com a instituição da cobrança do quinto, o lançamento da capitação sobre cada escravo empregado na mineração diamantífera, a anulação das concessões de datas e a proibição  da exploração do ouro da região, precauções essas que visavam garantir o poder real sobre a nova riqueza. (Barroco 16). Esse era o começo de uma administração totalmente inédita  na colônia. Em 1734, foi criada a Intendência dos Diamantes que, com um regime próprio, altamente fiscalizador, rígido, arbitrário e r epressivo,  isolou  a área do restante da capitania.
Na década de 40 inicia-se o Sistema de Contratos que vigorou até 1771. Foi o período de maior produtividade do Distrito. Em 31 anos, os números oficiais atingem a soma de 1.666.569 quilates. Em 1771 o Marquês de Pombal  designa  para o distrito um novo tipo de administração: a Real Extração. O diamante, a partir de então, seria explorado pela própria  Coroa Portuguesa. Para isso, foi criada uma junta administrativa  com poderes absolutos  que tinha seus atos respaldados por  um  instrumento legal - o Livro da Capa Verde. Esse nome é devido ao regulamento ter sua encadernação em couro marroquino verde. O Livro era tão  abominado pela população Tijucana que, quando fundou a Real Extração, já no Segundo Império, o documento foi queimado em praça pública.
Passadiço - Foto: Prefeitura de DiamantinaEnquanto os arraiais da Capitania ganhavam título de Vila já na década de 10, do setecentos, o  Distrito Diamantino manteve-se como arraial só conseguindo o título de Vila em 1831, passando a chamar-se Diamantina. Nesse período, os intendentes já não eram tão poderosos e as lavras foram franqueadas. Mas, com a descoberta dos diamantes na África do Sul, em 1867, a decadência na mineração  foi inevitável.
A segunda metade do século XIX trouxe novos desafios e novos rumos para Diamantina. A agricultura se torna importante e o comércio, que já se mostrava desenvolvido no século XVIII devido ao isolamento do Arraial,  teve um expressivo crescimento comparado até mesmo ao do Rio de Janeiro. Diamantina passa a ser pólo comercial e centro de referência para todo o Jequitinhonha. Já havia, então, obtido o título de cidade em 1838.
Dessa trajetória, nasceu um extraordinário patrimônio cultural que, merecidamente, hoje é  Patrimônio Cultural da Humanidade. Autêntica e  excepcional,  tanto nos atrativos histórico-culturais e naturais, quanto pelo seu povo.

O preço final de um diamante

O preço final de um diamante

O preço final de um diamante é baseado em duas coisas:
    O peso exato do diamante.O "preço por quilate" do diamante em questão.
    Peso em quilates:1 ct (quilate) é igual a 1/5 de um grama ou seja 0,2 gramas é igual a um quilate (1 ct).
    Preço por quilate:É a quantia de dólares (a cotação dos diamantes será sempre em dólares convertido para R$ ao cambio do dia) que será multiplicado pelo peso em quilates, que dará seu preço total e final.

    Peso X preço por quilate = preço total
    O preço por quilate é estabelecido através de quatro fatores. Esses fatores são:
    1. Peso: o preços são divididos em grupos pelo peso, para facilitar as coisas. Os grupos são:
     

    0.18 – 0.22 0.23 – 0.29 0.30 – 0.39 0.40 – 0.49   0.50 – 0.59 0.60 – 0.69 0.70 – 0.79 0.80 – 0.89 0.90 – 0.99 1.00 – 1.24 1.25 – 1.49 1.50 – 1.74 1.75 – 1.99 2.00 – 2.99 3.00 – 3.99 4.00 – 4.99 5.00 – 5.99 6.00 – 6.99.
    2. Cor e Pureza: quanto melhor a cor e pureza, mais alto o preço por quilate.3. Qualidade da lapidação: uma lapidação melhor resulta num preço mais alto por quilate.  
    4. Formas: Se mais sofisticadas (Navete, Coração) resultam em preços mais altos por quilate.

BREVE HISTÓRIA DO DIAMANTE NO BRASIL

BREVE HISTÓRIA DO DIAMANTE NO BRASIL
De finais do século XIX até os dias atuais



No final do século XIX, um evento histórico relacionado ao mundo do diamante alterou drasticamente o panorama vigente. A descoberta das primeiras pedras na África do Sul, ocorrida em 1866, foi um divisor de águas neste cenário, pois o Brasil, que até então detinha a primazia da produção, foi suplantado após aproximadamente 150 anos de liderança.
Os anos seguintes ao achado africano marcaram um período de franco declínio da produção brasileira, que não deveu-se ao esgotamento de suas reservas, mas sim aos baixos teores dos depósitos, que eram intensamente lavrados com base em trabalho escravo, abolido no final do século XIX. Quando os primeiros diamantes provenientes da África do Sul alcançaram a Europa, por volta de 1870, Lisboa, outrora o principal centro de comercialização de mercadoria bruta, também já perdera importância, se comparada aos centros de lapidação de Amsterdã e Antuérpia.
Após o fim da denominada era brasileira na história do diamante, a região de Diamantina, em Minas Gerais, continuou sendo a principal fonte deste mineral no país, embora sua produção tenha se mantido em níveis relativamente baixos até o princípio dos anos 1960 quando, além das atividades dos garimpeiros autônomos e dos garimpos semi-mecanizados, empresas de mineração iniciaram a exploração das aluviões diamantíferas, utilizando o método de dragagem em larga escala, ao longo dos leitos do Rio Jequitinhonha e de seus afluentes. Esta região manteve-se hegemônica no país até meados dos anos 80 mas, atualmente, seus depósitos encontram-se relativamente próximos da exaustão.
Por outro lado, o Triângulo Mineiro alcançou projeção nacional, devido a sua produção significativa e por ser a região de ocorrência de grande parte dos maiores diamantes brasileiros encontrados na primeira metade do século XX, sobretudo nos domínios hidrográficos do rio Abaeté, nos municípios de Coromandel, Estrela do Sul, Tiros, Patos de Minas, Monte Carmelo, Abadia dos Dourados e Romaria. Atualmente, está em curso um projeto de identificação de kimberlitos nas regiões oeste e central do estado de Minas Gerais.
A produção de diamantes matogrossense ressurgiu no início do século XX com as descobertas ocorridas nas regiões de Poxoréo, que remontam à década de 20, e Nortelândia, Alto Paraguai e Arenápolis, entre o final da década de 30 e início dos anos 40. As atividades de garimpagem em aluviões dessas regiões continuaram, intermitentemente, durante as décadas seguintes e intensificaram-se a partir dos anos 70, no noroeste do estado, em Juína, e no sudoeste, nos municípios de Tesouro, Guiratinga, Alto Garças, Barra do Garças e Poxoréo, sendo, neste último, criada uma reserva garimpeira, em 1979. Nesta mesma década, a chegada de empresas de mineração, que passaram a prospectar diamantes sistematicamente na região, contribuíram para que a produção alcançasse maior relevância nos últimos 35 anos, convertendo Poxoréo em um importante centro produtor nacional.
Em Rondônia, junto à divisa com o estado do Mato Grosso, a reserva indígena Roosevelt apresenta grande potencial diamantífero. Como no Brasil as atividades de mineração em terras indígenas são ilegais, há uma expectativa por parte da etnia Cinta-Larga, das mineradoras e dos garimpeiros quanto a sua regulamentação, após conflitos ocorridos em 2004. Atualmente, há diversos kimberlitos no estado sendo pesquisados com vistas à implantação de empreendimentos de mineração, principalmente na promissora região de Pimenta Bueno, no leste do estado.
A produção de diamantes na região da Chapada Diamantina, no centro do estado da Bahia, teve seu esplendor na segunda metade do século XIX, quando as ocorrências de Lençóis, Andaraí, Palmeiras e Mucugê, na bacia do rio Paraguaçu, foram intensamente lavradas. As atividades de garimpagem diminuíram gradativamente no final do século XIX, até quase cessarem ao término da segunda década do século passado. A partir dos anos 80, várias garimpos entraram em atividade nos leitos dos rios situados no Parque Nacional da Chapada Diamantina e próximos dele. Por uma ação conjunta de entidades ligadas à mineração e ao meio ambiente, estes garimpos foram fechados em 1996.
Os diamantes foram descobertos em Roraima no início do século XX, inicialmente na região do rio Maú e, mais tarde, nos leitos dos rios Cotingo, Quinô e Suapí. Na década de 30, deu-se a descoberta do depósito da serra do Tepequém, próximo à divisa com a Guiana, que manteve-se como o mais importante do estado por longo tempo. No início da década de 60, ocorreu um declínio da produção, como resultado da impossibilidade de aplicação de métodos rudimentares aos já baixos teores das aluviões remanescentes. A partir dos anos 70, teve início a produção mecanizada e, em meados da década seguinte, foi criada a reserva garimpeira de Tepequém, fechada em 1989. Dois anos mais tarde, deu-se a criação do Parque Nacional dos Índios Ianomâmis, neste estado em que as questões indígenas e ambientais exerceram influência preponderante na produção.
Depósitos diamantíferos menos significativos foram descobertos nos séculos XIX e XX em diversas regiões do país, nos estados de Minas Gerais (Serra da Canastra e Presidente Olegário), Piauí (Gilbués e Monte Alegre), Paraná (Rio Tibagi), São Paulo (Franca), Mato Grosso do Sul (Aquidauana), Goiás (Israelândia e Araguatins), Pará (Itupiranga e Itaituba), Tocantins e outros.
Atualmente, o Brasil detém uma posição quase insignificante no mercado global de diamantes, respondendo por aproximadamente 1 % da produção mundial. O modo de ocorrência dos diamantes em todas as localidades brasileiras mencionadas é similar, sendo as gemas lavradas em depósitos secundários, sejam aluviões, eluviões, colúvios e/ou em metaconglomerados.
Embora no Brasil ocorram centenas de kimberlitos e lamproítos, as fontes primárias do diamante, a imensa maioria destes corpos rochosos é estéril ou apresenta teores insignificantes sob o ponto de vista econômico, de modo que, até onde sabemos, toda a produção ainda é oriunda de depósitos secundários. Os corpos mineralizados conhecidos ocorrem, assim como em todo o mundo, em regiões estáveis a pelo menos 1,5 bilhões de anos e, no Brasil, estão associados a lineamentos estruturais, embora não seja esta uma premissa em termos mundiais. Em nosso país, a proporção entre as pedras para uso em joalheria e as destinadas à indústria é muito variável segundo a origem, sendo o percentual de diamantes-gema na região da Serra do Espinhaço (MG) o mais alto do país, superior a 80 %, uma das maiores médias mundiais.
Quanto à gênese, a teoria mais aceita hoje em dia é a de que os diamantes encontrados nos depósitos secundários brasileiros derivaram de fontes primárias de idade pré-cambriana, em alguns casos originalmente localizadas a centenas de quilômetros da região onde hoje são encontrados os diamantes, que teriam sido transportados e distribuídos por eventos glaciais. A título de curiosidade, cabe mencionar que evidências sugerem que os diamantes de algumas ocorrências, como as da região de Franca (SP) e do rio Tibagi (PR), sejam oriundos, em parte, do continente africano, evidentemente formados antes da separação continental América do Sul / África.
Desde os anos 60, diversas empresas de mineração vêm atuando na prospecção sistemática por fontes primárias e secundárias de diamante em várias regiões do país que, descobertas e comprovadas viáveis, resultarão na renovação dos meios de produção, com os métodos empregados na atividade de garimpagem sendo gradativamente substituídos pelas operações mecanizadas de lavra e beneficiamento.

Faltam pedras para as joias de Minas Gerais

A exportação brasileira de pedras preciosas brutas para outros países já causa dificuldades na indústria joalheira nacional, que está com dificuldades de comprar matéria-prima para a fabricação de joias. O volume de vendas do produto ao exterior cresceu 33% somente em 2011, em comparação com o ano anterior. E nada menos do que 80% desse volume seguiu para a China, dona de uma indústria de joalheira 30 vezes maior do que a brasileira. Hoje o gigante asiático é o segundo maior fabricante de joias do mundo. Indianos também são clientes de minas mineiras. Além da exportação de pedras brutas, outro movimento afeta o setor: a entrada no país de joias montadas (prontas).

Por causa do apetite dos chineses, de um ano e meio para cá, cinco indústrias joalheiras fecharam suas portas em Belo Horizonte, eliminando mais de 1 mil postos de trabalho, informa o Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais (Sindijoias). “Preciso comprar pedra bruta produzida no Brasil, mas não consigo. A maior ameaça ao joalheiro hoje é a falta de matéria-prima. Está tudo sendo possuído e controlado pelos chineses e indianos. Algo precisa ser feito”, reclama um empresário do ramo em Belo Horizonte, que preferiu não se identificar por medo de retaliações.
Mário Castello/EM/D.A/Press

O aumento da procura pelas pedras não só reduz a oferta para as fábricas brasileiras como aumenta os preços da matéria-prima. Segundo Douglas Willians Neves, proprietário da Nevestones, empresa que é dona de uma mina de pedras em São José da Safira, no Vale do Rio Doce. De acordo com ele, em 2010 o quilo do cascalho de turmalina custava US$ 1 mil. No final de 2011, a mesma quantidade de pedra saía por US$ 4 mil. Já a ametista em bruto, vendida a US$ 1,2 mil o quilo em 2010, no fim do ano passado custava US$ 2,5 mil. Enquanto isso, a turmalina lapidada era vendida a US$ 70 por quilate em 2010 e agora não sai por menos de US$ 180. “A procura pelo material bruto é tão forte que quase não vale a pena lapidar. Os chineses pagam em dinheiro, à vista, e a gente recebe de uma vez só”, explica Neves.

sem lapidação Mesmo assim, ele sustenta que os produtores querem vender a pedra lapidada, que vale mais do que a pedra bruta. Na Nevestones, 80% das pedras exportadas são vendidas para a China. “Se não fossem os chineses, eu nem sei. Antes da crise de 2008, os Estados Unidos eram o maior comprador. Naquela época, cerca de 90% das vendas eram para os EUA e Europa. Quando veio a turbulência, eles pararam de comprar. Os chineses vieram para valer no fim de 2009.” O empresário lembra que há muitos empresários milionários no país asiático. “Eles foram a salvação”, resume.
Mário Castello/EM/D.A/Press

De acordo com Raymundo Vianna, presidente do Sindijoias, nos três primeiros meses deste ano houve aumento de 19% na exportação de pedras brutas no Brasil. Cerca de 80% delas saíram de Minas Gerais. “Nos três primeiros meses de 2011, exportamos US$ 7,6 milhões. Em igual período de 2012, foram US$ 9 milhões.” De acordo com ele, o apetite chinês aumenta os preços e não deixa sobrar pedra para a indústria brasileira, que é obrigada a se abastecer lá fora pagando impostos de importação e frete. Além disso, o segmento joalheiro sofre com a entrada de joias chinesas montadas (prontas), na maioria das vezes subfaturada ou contrabandeada, sustenta o empresário.

Para Manoel Bernardes, presidente da joalheira que leva o seu nome, é necessário desestimular indiretamente a saída de pedras e metais sem elaboração do país. “Para mudar esse quadro, será necessário agregar valor ao produto interno, possibilitando ganho de escala, melhoria de produtividade, maior qualidade e design diferenciado”, afirma.

Após percorrer a África, caçador de diamantes chega ao Brasil

Após percorrer a África, caçador de diamantes chega ao Brasil


RESUMO – Após mais de duas décadas procurando diamantes em países africanos, o geólogo canadense Kenneth Wesley Johnson, 57 anos, está prestes a começar a extrair a pedra preciosa no sertão da Bahia. Sobrevivente de duas guerras civis e malárias na África, Johnson investe R$ 137 milhões numa mina em Nordestina, a cinco horas de Salvador.
Leia abaixo o depoimento.
*
O meu pai era cardiologista e queria que eu seguisse seus passos. Cheguei a cursar um ano de medicina, mas gostava mesmo de atividades ao ar livre. Fiz uma aula de geologia e gostei. Sonhava viver aventuras.
Nasci em Windsor, no Canadá, fronteira com os EUA. Quando me formei em geologia, era 1982 e comecei a trabalhar explorando ouro, cobre e metais básicos no Canadá. Uma década depois, houve grandes descobertas de diamantes no mundo.
Eles são encontrados em lugares como África Central, Rússia e Brasil. É preciso uma formação rochosa bem específica. A empresa em que eu trabalhava decidiu me enviar para a África.
Desembarquei na República Centro-Africana em 1994. Fui explorar diamantes numa montanha 300 km ao norte de Bangui, a capital. De carro levava um dia e meio para percorrer essa distância. É o lugar mais pobre da Terra.
Vivi dez meses em uma casa de palha no meio da floresta. Dormia no chão. Para comer, além de pescar, caçava porco do mato com um velho rifle. Eu sabia usá-lo porque no Canadá você precisa se defender dos ursos. Para beber, era água e vinho barato.
Trabalhava de domingo a domingo. Depois de meses comecei a sentir febre, dores. Demorei dias para entender que tinha malária. Anos mais tarde, tive de novo. Tenho malária no sangue até hoje.
Durante um voo, em 1995, vi garimpeiros num rio entre duas montanhas. Pedi a localização ao piloto e comecei a estudar a geologia da região.
Quando chove, o ouro se solta das montanhas e desce o rio. Segui o caminho contrário: subi as montanhas.
Descobri lá um depósito de 1,5 milhão de onças de ouro, chamado Passendro. Vendi para a empresa canadense Axmin, mas não foi para a frente por causa das guerras.
No Zaire [atual Congo], estávamos explorando uma mina no rio Tshikapa quando o ditador Mobutu Sese Seko morreu em decorrência de um câncer. Cruzamos o rio sob fogo cruzado até Brazzaville, onde nos instalamos no hotel Hilton e ficamos em relativo conforto ouvindo a guerra do outro lado do rio.
O filme "Diamante de Sangue" é bem preciso. Vi coisa parecida na República Centro-Africana. Jovens e pobres eram colocados para procurar diamantes. Os compradores ofereciam comida, rádio de pilha, o que criava uma dívida. Passavam a trabalhar como escravos para pagá-la.
A minha experiência no continente africano durou duas décadas e não foi bem-sucedida. Não desenvolvi uma mina de classe mundial.
Segui então para a Venezuela, mas em dez dias entendi que eles não respeitam a propriedade privada. Decidi buscar um novo lugar.
Onde mais tem diamantes? No Brasil. Primeiro, fui para Rondônia. Fizemos descobertas, mas a quantidade e a qualidade dos diamantes eram baixas e fomos obrigados a procurar outro lugar.
Seis anos atrás conheci minha mulher aqui. Fazia a contabilidade de contratos para mim. A personalidade dela me atraiu. Estou há três anos e meio no Brasil. Temos uma filha de três anos e moramos em Lauro de Freitas, próximo de Salvador.
Meu projeto agora fica em Nordestina, sertão da Bahia. A área havia sido explorada no passado pela De Beers, que desistiu. Comprei o direito em 2005. Estou investindo R$ 137 milhões com sócios canadenses e europeus.
Na região muitas pessoas vivem de Bolsa Família. São pobres para os padrões brasileiros, mas, comparados ao que vi na África, têm vida de rei. Há muita dificuldade, mas têm água e energia.
A jazida não é grande, mas há um diamante de qualidade top 5 do mundo e tem potencial para aumentar em sete vezes a produção anual de diamantes do Brasil. Vamos começar a produção em escala em janeiro do ano que vem.
Sou o único gringo da Lipari, graças a Deus, porque é bem difícil entender a legislação e a burocracia.
Gosto de trabalhar aqui, mas o Brasil é como a minha casa.