segunda-feira, 12 de outubro de 2015

EXPLORAÇÃO GEOFÍSICA NA DOCEGEO-AMAZÔNIA: PRIMEIROS PASSOS

EXPLORAÇÃO GEOFÍSICA NA DOCEGEO-AMAZÔNIA: PRIMEIROS PASSOS

– Crônica Amazônica                          
As equipes de exploração da DOCEGEO / VALE foram responsáveis pelo descobrimento de muitos e significativos depósitos minerais na região de Carajás. Essa história de sucesso tem como um dos fatores principais, a constante integração de dados geológicos, geofísicos e geoquímicos em todas etapas dos trabalhos prospectivos.
O geofísico Kiyoshi enviou um correio narrando alguns dos primeiros acontecimentos da história da prospecção geofísica desenvolvida pela DOCEGEO na Amazônia e que foi integralmente transcrita nessa crônica.
O Blog, dessa forma, vai desempenhando uma interessante função de transmitir a história da Exploração da Amazônia, através de relatos desenvolvidos pelos seus personagens e narrados de maneira simples e informal
O primeiro levantamento aéreo na Amazônia feito pela Docegeo foi um levantamento aeromagnético executado pela LASA, que era um braço da Cruzeiro do Sul Linhas aéreas que depois virou Varig.
Foi um levantamento com linhas de 5 em 5 km de direção N-S que cobriu desde São Felix do Xingu até Marabá. As linhas saíam do paralelo de Xinguara e iam até pouco ao norte da estrutura do Sereno, da Serra Norte, e também a estrutura do Salobo 3A.
Numa segunda fase, linhas intermediárias iriam detalhar blocos de áreas selecionadas com intervalos de 2.5 km. Esta segunda fase nunca foi feita. Até hoje não sei porque aquele levantamento foi suspenso. Acredito que tenha sido por falta de verba. Na época entendi também que o levantamento tinha gerado polêmicas sobre técnicas exploratórias para a Amazônia.
Em 1975 (ou 76 ?), o Dr. Emmanuel Magalhães contratou no Canadá um consultor chamado Norman Paterson que fez um giro comigo pelos distritos. Na Amazônia fizemos a interpretação deste primeiro levantamento e nele ficaram marcadas as estruturas do Fe CKS, a sequência do Salobo e do Aquiri. Lembro-me que o Igarapé Bahia tinha sido detectado numa única linha de voo e o Dr Paterson interpretou aquilo como se fosse um plug magnético.
De certa forma o Décio Alemão usava as estruturas magnéticas coincidentes com as estruturas alinhadas para fazer seus programas de SS e reconhecimentos geológicos.
Outra particularidade deste levantamento foi uma extensão do levantamento para cobrir a estrutura da Serra das Andorinhas que ficou como um " dente"  anexo ao enorme bloco voado.
O segundo levantamento da Docegeo foi um levantamento aeroeletromagnético na Serra das Andorinhas no final de 1975. Quem fez o levantamento foi a Geoterrex, uma empresa canadense que utilizava a tecnologia do EM aéreo, aperfeiçoado pela Barringer Research.
O Armando deve se lembrar desse levantamento, pois a nossa base foi em Conceição do Araguaia. Ficamos alojados na casa da dona Rinalda (era esse o nome, Armando ?) que era a única hospedagem naquela cidade. Depois dona Rinalda montou um belo hotel (Hotel Marajoara ?) numa avenida nova que se tornaria uma artéria importante da cidade.
Quando eu fui fazer o follow up das anomalias detectadas na estrutura da Serra das Andorinhas, verificamos que se tratavam de sedimentos (quartzitos segurando a estrutura) e ficamos acampados no Gemaque. Um furo cortou folhelhos pretos. Naquele tempo achei que Andorinhas era igual ao Grupo Bambuí. Mais tarde verificamos que a estrutura da Serra das Andorinhas eram sedimentos assentados discordantemente sobre sequências magnéticas que ocorriam nos arredores. Essas sequências magnéticas eram litologias do Greenstone de Rio Maria.
Nós entramos em Andorinhas depois que desistimos do Quatipuru. O Armando sabe muitos  detalhes daquele tempo.
Na rotina de campo, foi pelas mãos do Armando que a geofísica entrou na Amazônia.


PS- Um levantamento aeromagnético feito pela Prospec S/A na época da Meridional/AMZA foi feito sobre Carajás. Foram linhas de 500 em 500 metros, de direção N-S e cobria das Serras Sul até as Serras Norte, incluindo as Serras do Rabo e iam até o rio Itacaiunas.

Os processos centrípetos e centrífugos da descoberta

Os processos centrípetos e centrífugos da descoberta

Em teoria, o geólogo é formado a procurar a agulha num palheiro, ele amostra uma área grande para descobrir uma anomalia pequena e ele a detalha ate delimitar uma jazida de ouro. Para isto ele lança mão de diversas ferramentas: voos geofísicos, amostragem geoquímica e observação da geologia. Ele parte de uma área grande para chegar numa pequena, é um sistema centrípeto


No caso do Tapajós, a coisa muda completamente, pois os garimpeiros estão cutucando há 50 anos, ou seja, estão amostrando de maneira empírica, baseados nas observações de produções de ouro dos igarapés e grotas. Fizeram a primeira parte do trabalho, mas o garimpeiro esqueceu-se de lançar as suas observações em mapa e dar uma dimensão cartesiana aos seus achados, e nunca se afastam dos cursos d´água, fontes das suas observações. No conjunto dos muitos garimpeiros, é aplicado um sistema considerado centrípeto.

Neste caso, o trabalho do geólogo é de captar o conhecimento difuso do e dos garimpeiros, conhecendo a linguagem técnica que eles usam e traduzir num mapa parte ou todas essas informações. Com este mapa primário, será necessário tirar conclusões técnicas e ir atrás do que os garimpeiros não observaram, seja porque era grande demais, seja porque era afastado das correntes de água. Quando se fala em grande demais, é porque o garimpeiro procura rico e o geólogo procura grande, e sendo rico, por um equilibro da natureza é pequeno e portanto sem interesse para o geólogo e sendo grande, há de ser de baixo teor e, portanto, sem ou de limitado interesse para o nosso garimpeiro. O processo intelectual neste caso é invertido: não é mais de fora para dentro, centrípeto, mas de dentro para fora, centrífugo.

O sistema centrífugo é o sistema que permitiu quase todas as descobertas no Tapajós, ou seja, com a participação inicial empírica do garimpeiro e a participação posterior do geólogo para sistematizar e dar volume e consistência à “descoberta” garimpeira, primeiro superficialmente, depois em três dimensões com a sondagem. As exceções são as descobertas pela Rio Tinto dos depósitos epitermais do norte do Tapajós e um dos depósitos da  Golden Tapajós no garimpo Boa Vista.

O sistema centrípeto é o sistema que permitiu quase todas as descobertas no Carajás, exceção feita da própria jazida de ferro de Carajás que também foi centrífuga, mas sem a participação prévia de garimpeiro e de Serra Pelada com a participação do garimpeiro.


Se tiver outras, podem nos relembrar!

Ouro em alta

Ouro em alta



 
Os preços do ouro continuam em alta. Nos últimos 30 dias (veja o gráfico) o metal teve um ganho de 5% fazendo muitos apostarem na recuperação.

Por trás dessa subida está um dólar fraco e o sentimento do mercado de que o US Federal Reserve não irá aumentar as taxas de juros neste ano.

Neste cenário o ouro é uma aposta mais atrativa do que as letras do tesouro americano e passa a atrair a maioria dos investidores.

Esta tendência positiva alimenta as altas das ações das mineradoras de ouro: a Barrick Gold, a maior mineradora de ouro do planeta, tem uma alta de 6%, a Kinross Gold 3,23%, a AngloGold Ashanti 1,15 e a Yamana Gold 6%.

sábado, 10 de outubro de 2015

As bactérias solidificadoras e amalgamadoras do ouro

As bactérias solidificadoras e amalgamadoras do ouro

Os geólogos e garimpeiros sabem de certos locais no Tapajós onde os garimpeiros retiraram uma grande quantidade de pepitas e melhor, pepitas puríssimas e quando se cava em baixo, nada, o ouro some; só encontram alguns frizes pobres.
A famosa área do Ouro Mil que só pelo nome traduz a pureza do ouro das pepitas catadas neste garimpo da região do Patrocínio é um exemplo disto, mas as pepitas do Cupu no garimpo Boa Vista é outro destes exemplos.

Cientistas norte-americanos encontraram a razão desta contradição e a razão é nada menos do que uma bactéria de nome complicado: aCupriavidus metallidurans e uma molécula excretada por ela :a Delftia acidovorans.
São bactérias e moléculas que inclusive são encontradas nos filmes e sujeiras das pepitas de ouro e trabalham basicamente para se defenderem dos ions de ouro em forma líquida que estão no solo. Em forma líquida o ouro mata as bactérias, pois o ouro como a prata e o cobre é toxico para elas, a tal ponto que esses metais são incluídos nos medicamentos para matar as bactérias que são nocivas para nós; mas em forma sólida o ouro é inócuo; portanto, as bactérias solidificam esses ions líquidos em pequenas partículas sólidas e formam agregados que acabam formando pepitas.
A bactéria excreta uma molécula, a delftibactine A. que é capaz de fazer precipitar os ions de ouro em suspenção; assim a  Delftia acidovorans consegue criar estruturas solides complexas, similares à das pepitas
É claro, tem que haver ouro no sistema para as bactérias agirem e as condições climáticas para a reprodução destas bactérias e certamente um tipo topográfico particular com declive suave que os geólogos já haviam observados e que talvez permitiu a concentração destes ions durante muito tempo. Outra estranheza é a quase ausência de cascalho nestes solos, o que demonstra a ausência de transporte, pois no decorrer do transporte, o cascalho mais pesado que a argila acaba se unindo ao ouro também pesado.
As partículas de ouro são produzidas em poucos segundos o que permite pensar numa forma econômica de recristalizar e recuperar o ouro em suspensão
A descoberta é de tamanha importância considerando a capacidade deste metabólito e, portanto da sua bactéria que é tão notável que ela precisa só de alguns segundos para alcançar esta transformação;
Além disso, o método pode realizar-se a pH neutro e à temperatura ambiente.
Os garimpeiros já haviam observados através das múltiplas repassagens que existe uma recriação do ouro em certos baixões; algumas repassagens chegam a 7 (sete) no mesmo baixão com alguns anos entre cada uma; é o caso da grota das sete no comandante Mamar nos limites do Para e Amazonas e que ira logo ser renomeada para oito.
Agora, a luz desta descoberta e considerando as experiências no Tapajós, o tempo de criação, poderemos delimitar as características destas áreas, o nível de humidade, a porosidade, o declive do terreno, o teor do ouro e a distribuição no solo e trazer essas bactérias e ate as alimentarem e iremos por os curimãs, os rejeitos de ouro dos garimpos e iremos amalgamar o ouro que as caixas não conseguem recuperar por causa da sua extrema fineza;

Na foto anexa, podemos observar grãos de ouro produzidos por uma bactéria na Michigan State University.

Comentário ao artigo geodiversidade vs biodiversidade

Comentário ao artigo geodiversidade vs biodiversidade




“QUEM OLHA APENAS UMA ÁRVORE, DEIXA DE VER A FLORESTA”
Um biólogo só vê a camada vegetal e a fauna.
Um geólogo só vê as rochas e os minérios.
Quem decide a vida de centenas de milheiros de pessoas só vê os votos e se assessora de pessoas que só enxergam o que lhes interessam.

Quem vê uma PC, não enxerga os bico jatos que são muito piores, quem vê PC e bico jato não vê o Tapajós, quem vê o Tapajós não vê o Brasil, quem só olha para o Brasil, não vê a vida das pessoas da Amazônia.
Só se reconhece o que se conhece.

Os políticos do Brasil não tem síntese, apenas os extremos, tese e antítese.
Pula do regime que permite tudo (tese) para o que proíbe tudo (antítese).
Vão de um para outro, perdidos no fundo do Amazonas.
O conhecimento da Amazónia é multidisciplinar e mesmo se juntar todas as disciplinas conhecidas, e até as desconhecidas, ainda vão errar, pois cada qual tem sua visão própria e curta se não tiver bom senso e não escutar quem afinal mais sabe: o povo da Amazônia; vai errar feio como erraram sempre ate hoje.
Sra Ministra do Meio Ambiente, Sr Diretor do IBAMA, Sr Secretário, da SEMA do Para, tenha a humildade de apreender a respeito da Amazônia, não só com os universitários das capitais, ou pelos políticos locais ou pelos jornais, mesmo da Amazônia, mas com o povo do Tapajós ou de Carajás que são os únicos a sofrer com a visão curta de todos. Se não quiser apreender, cuide só do que realmente conhece e reconhece! E será melhor para todos.