terça-feira, 20 de outubro de 2015

Crise atinge os diamantes

Crise atinge os diamantes



 
A desaceleração chinesa fez com que o país pisasse forte no freio das importações de diamantes.

Quando o maior importador de commodities do mundo desacelera os primeiros a sentir os efeitos são os mineradores. No caso dos diamantes quem está sendo muito penalizada é a De Beers que ainda é a maior produtora de diamantes do mundo.

A queda da demanda é considerada pela De Beers uma “catástrofe”.

Segundo analistas da Rapaport a queda das vendas do terceiro trimestre da De Beers serão de 67%, o que configura um verdadeiro desastre.

Com a redução caem, também, os preços dos diamantes brutos afetando um grande número de mineradoras, indústrias e joalheiros de diamantes ao redor do mundo.

A De Beers, a maior interessada, tenta diminuir a importância negativa do fenômeno, mas o mundo consegue ver através dessa cortina de fumaça e reage em cadeia.

Os chineses da Chow Tai Fook, a maior cadeia de joalherias da china e uma das maiores do mundo informa que terá uma queda de 13% nas vendas de diamantes.

Enquanto isso na Índia, cujo crescimento econômico continua em ascendente estará sendo inaugurada, em novembro, uma bolsa para o comércio dos diamantes brutos. Esta zona de comércio estará localizada em Mumbai e permitirá que os compradores de diamantes indianos possam importar diretamente das mineradoras e produtores internacionais. Esse comércio visa aumentar a indústria de diamantes indiana que já ocupa a primeira posição do mundo.

Centenas de lapidadores dão acabamento em 85% de todo o diamante bruto produzido no mundo.

Quando a Bolsa de Diamantes de Bharat estiver em funcionamento os intermediários desaparecerão e o gigantesco mercado de diamantes indiano terá um forte impulso.

Ouro de Pontes e Lacerda: uma amostra clara de quanto o Brasil perde por pura incompetência

Ouro de Pontes e Lacerda: uma amostra clara de quanto o Brasil perde por pura incompetência


 
É final!

A Justiça manda tirar garimpeiros das serras auríferas de Pontes e Lacerda. O Juiz Federal Francisco Antônio Moura Jr determinou que a polícia efetue a retirada dos invasores a partir de amanhã, terça-feira.

Trata-se de mais um triste capítulo que mescla a crise social com a mineração, a política e a economia.

A notícia do ouro fácil criou um fenômeno explosivo onde milhares de brasileiros largaram tudo para tentar a sorte no garimpo.

Aventureiros? Nada disso!

A maioria destes “garimpeiros” são cidadãos comuns afetados pela crise, pelo desemprego e pela desesperança. Eles não tinham outra saída a não ser investir as suas minguadas reservas em algo que eles simplesmente desconhecem: a mineração de ouro.

Apostaram tudo por viver em um país que não lhes dá quase nada.

O evento Pontes e Lacerda mostra feridas muito mais profundas e sérias que afetam a população, a mineração e a pesquisa mineral do país.

É óbvio que se o Brasil estivesse em crescimento e o desemprego fosse baixo o fenômeno da corrida do ouro não atingiria as proporções que estamos vendo.

Mas não é tão evidente para a maioria da população aquilo que para nós geólogos de exploração mineral é um gigantesco erro de uma política governamental equivocada.

Veja os pontos abaixo e entenderá o tamanho desta incompetência:

O ouro desta serra em Pontes e Lacerda é conhecido pelos mineradores há décadas. A mineração Santa Elina, por exemplo, requereu essas áreas há 16 anos.

Por que então esta jazida ainda não está em produção?

Afinal, não existem leis que obrigam o minerador a fazer um relatório final em apenas três anos e partir para a lavra assim que o relatório for aprovado pelo DNPM?

Leis não estão em falta na mineração. Assim como o descaso, a incompetência e, por que não dizer, o desinteresse do governo. Um governo que simplesmente paralisou a pesquisa mineral no Brasil, há anos, condenando milhões de toneladas de minérios, ferro, cobre, zinco, ouro, terras-raras, fosfatos, areia entre outras centenas de bens minerais a permanecerem enterrados no subsolo sem gerar empregos, riquezas e prosperidade.

Assim como o ouro de Pontes e Lacerda...

Este ouro estava lá ao alcance das máquinas e da sociedade, mas por sucessivos entraves permaneceu no chão até que um prospector mudou a história da região para sempre.

O atraso que vemos em Pontes e Lacerda é mais um entre muitos que afeta a mineração brasileira corroída por ciclos intermináveis de entraves, descaso, mais entraves, burocracia e mais entraves causados ao longo dos anos, por incrível que pareça, pelos mesmos órgãos governamentais que deveriam acelerar e fomentar a mineração.

É uma interminável teia de problemas, alguns criados por funcionários corruptos achacadores, outros pela mais pura incompetência. Mas todos levam a um único desfecho: o prejuízo da sociedade brasileira.

As estatísticas são muitas e TODAS mostram uma pesquisa mineral brasileira abandonada pelo Governo, quase falido, que reconhece não ter fundos para pagar as dezenas de equipes técnicas que deveriam estar em atividade no campo fomentando e facilitando a exploração mineral.

Pontes e Lacerda é apenas um entre outros milhares de jazimentos que ainda permanecem enterrados no subsolo de um Brasil desamparado e desassistido.

Lembre disso, quando no futuro próximo o Brasil começar a gastar bilhões em importação de minerais, que deveriam ter sido descobertos em nosso próprio solo, mas que não o foram pela falta de pesquisa mineral e de competência de um governo ausente.

domingo, 18 de outubro de 2015

Diamante

Diamante


Diamante
Alguns diamantes espalhados demonstram as suas várias facetas refletidas.
CategoriaMinerais Nativos
CorTipicamente amarelo, marrom ou cinza a incolor. Menos frequente azul, verde, preto, translúcido branco, rosa, violeta, laranja, roxo e vermelho.
Fórmula químicaC
Propriedades cristalográficas
Sistema cristalino(Cúbico)
Hábito cristalinoOctaedro
Propriedades ópticas
TransparênciaTransparente à subtransparente até translúcido
Índice refrativo2.418 (em 500 nm)
BirrefringênciaNenhum
dispersão0.044
PleocroísmoNenhum
Fluorescência ultravioletaIncolor
Propriedades físicas
PolimentoAdamantinoa
Peso molecular12.01 ul=g/mol
Peso específico3.52 +/- 0.01
Densidade3.5– g/cm3
Dureza10
Ponto de fusãoDependente de pressão
Clivagem111 (perfeito em quatro direções)
FraturaConcoidal
BrilhoAdamantino
O diamante é um cristal sob uma forma alotrópica do carbono, de fórmula químicaC. É a forma termodinamicamente estável do carbono em pressões acima de 60 Kbar. Comercializados como gemas preciosas, os diamantes possuem um alto valor agregado. Normalmente, o diamante cristaliza com estrutura cúbica e pode ser sintetizado industrialmente. Outra forma de cristalização do diamante é a hexagonal, menos comum na natureza e com dureza menor (9,5 na escala de Mohs). A característica que difere os diamantes de outras formas alotrópicas, é o fato de cada átomo de carbono estar hibridizado em sp³, e encontrar-se ligado a outros 4 átomos de carbono por meio de ligações covalentes em um arranjo tridimensional tetraédrico. O diamante pode ser convertido em grafite, o alótropo termodinamicamente estável em baixas pressões, aplicando-se temperaturas acima de 1.500 °C sob vácuo ou atmosfera inerte. Em condições ambientes, essa conversão é extremamente lenta, tornando-se negligenciada.
Cristaliza no sistema cúbico, geralmente em cristais com forma octaédrica (8 faces) ou hexaquisoctaédrica (48 faces), frequentemente com superfícies curvas, arredondadas, incolores ou coradas. Os diamantes de cor escura são pouco conhecidos e o seu valor como gema é menor devido ao seu aspecto pouco atrativo. Diferente do que se pensou durante anos, os diamantes não são eternos pois o carbono definha com o tempo, mas os diamantes duram mais que qualquerser humano.
Sendo carbono puro, o diamante arde quando exposto a uma chama, transformando-se em dióxido de carbono. É solúvel em diversos ácidos e infusível, exceto a altas pressões.
O diamante é o mais duro material de ocorrência natural que se conhece, com uma dureza de 10 (valor máximo da escala de Mohs). Isto significa que não pode ser riscado por nenhum outro mineral ou substância, exceto o próprio diamante, funcionando como um importante material abrasivo. No entanto, é muito frágil, esse fato deve-se à clivagem octaédrica perfeita segundo {111}. Estas duas características fizeram com que o diamante não fosse talhado durante muitos anos. A maior jazida do mundo, revelada pela Rússia ao mundo em 2012, porém de conhecimento do Kremlin desde 1970, tem capacidade para suprir diamantes, mesmo para uso industrial, pelos próximos 3 mil anos.
A jazida conta com trilhões de quilates, e conta com 10 vezes mais diamantes do que todas as jazidas conhecidas existentes no mundo hoje, juntas. Ela situa-se numa cratera com extensão de 100 km entre a região de Krasnoiarsk e da república da Iakútia na Sibéria, Rússia. Tal cratera teve origem há 35 milhões de anos atrás, com a queda de um asteroide, e seus diamantes são duas vezes mais resistentes, duros, do que os encontrados em outro lugares, sua origem é decorrente da pressão e do calor gerado no impacto. Tal durabilidade é do interesse de certos setores industriais pois é ótimo e de extrema utilidade para confecção de equipamentos da indústria eletrônica e ótica, assim como em equipamentos para perfuração do solo.[1] Outras jazidas no mundo são de África do Sul.Outras jazidas importantes situam-se na Rússia (segundo maior produtor) e na Austrália (terceiro maior produtor), entre outras de menor importância.[2]
A densidade é de 3,48. O brilho é adamantino, derivado do elevadíssimo índice de refracção (2,42). Recorde-se que todos os minerais com índice de refracção maior ou igual a 1,9 possuem este brilho. No entanto, os cristais não cortados podem apresentar um brilho gorduroso. Pode apresentar fluorescência, ou seja, a incidência dos raios ultravioleta produzemluminescência com cores variadas originando colorações azul, rosa, amarela ou verde.

Í

Condutividade elétrica[editar | editar código-fonte]

Alguns diamantes azuis são semicondutores naturais, em contraste com a maioria dos diamantes, que são excelentes isolantes elétricos.[3] Substancial condutividade é comumente observada em diamantes não dopados crescidos por deposição química a vapor, podendo ser removida usando certos tratamentos para a superfície.[4] [5] a
Mapa dos principais países produtores no mundo

Outras[editar | editar código-fonte]

Os diamantes são lipofílicos e hidrofóbicos, o que significa que a superfície de um diamante não pode ser molhada por água mas pode facilmente ser molhada e estragada por óleo.[6]
Sob temperatura ambiente os diamantes não reagem com a maioria dos reagentes químicos, incluindo vários tipos de ácidos e álcalis. Assim, ácidos e álcalis podem ser usados para refinar diamantes sintéticos.[6]

Aplicações, Classificação e Valor[editar | editar código-fonte]

Uma face de um diamante bruto.

Aplicações[editar | editar código-fonte]

O uso como adorno (gema) é milenar, na Índia era usado para identificar as castas.
Por ter grande índice de refração, é a gema mais brilhante. Por ser a substância mais dura da natureza, "não arranha" e por isso, seu brilho é eterno.
Os diamantes que não tem uso joalheiro terão uso industrial, pois são grandes abrasivos.
O valor da gema diamante (uso joalheiro), como o de todas as coisas, depende da oferta e da procura. Como o diamante é um mineral abundante na natureza, na década de 1950, o Instituto Gemologico Americano (GIA - Gemological Institute of America) criou um padrão de classificação para tornar possível a comercialização do diamante globalmente. Esse padrão foi criado para classificar diamantes da escala de incolores à matizadas (levemente amarelado ou acinzentado), os diamantes coloridos naturalmente são mais raros e possuem classificação diferente.
A classificação GIA para a escala de incolor à matizada é baseada em 4 variáveis, são elas: PESO, COR, PUREZA e LAPIDAÇÃO. Em inglês essas variáveis se chamam Carat, Color, Clarity e Cut, formando assim os 4 C's do Diamante. São esses itens que tornam um diamante mais valioso que outro.

Classificação e valor[editar | editar código-fonte]

  • Peso: A unidade de medida para pesar gemas é o Quilate (ct), em inglês Carat, 1 quilate equivale a 0,2 gramas. O preço de um diamante de 2ct é muito maior do que o de dois diamantes de 1ct, pois um diamante de 2ct é muito mais raro. Nessa variável, quanto mais pesado melhor.
  • Cor: A classificação de cor leva em consideração o tom de cada diamante comparado ao tom de gemas matrizes que são guias de referência criadas pelo GIA. Nessa variável, quanto "mais incolor" melhor.
D - E - F - G - H - I - J - K - L - M - N - O - P ... Z
  • Pureza: A classificação de pureza mensura a quantidade, o tamanho e as cores de inclusões internas e de características da superfície. Convencionou-se que essas características incluídas e superficiais, tem que ser vistas em uma lupa de 10x de aumento. Nesta variável, quanto menos melhor.
F - IF - VVS1 - VVS2 - VS1 - VS2 - SI1 - SI2 - I1 - I2 - I3
  • Lapidação: É a ação do homem para tirar da gema bruta o melhor nessas 3 variáveis anteriores sem comprometer o brilho, o "fogo" e a vida do diamante. A lapidação brilhante é a lapidação mais popular do diamante, a ponto de ser confundida com o próprio nome do mineral diamante. A lapidação brilhante, também conhecida como lapidação completa, foi projetada para que toda a luz que entre na gema seja refletida para cima fazendo com que o diamante brilhe ainda mais. Nesta variável, quanto mais brilho, mais fogo, mais vida melhor. Sem esquecer que o formato da gema também sofre impacto no seu preço pela procura, um diamante brilhante redondo pode ser mais desejado que um diamante triangular.

Talha[editar | editar código-fonte]

Uma vez selecionados, os diamantes são cortados e talham-se ao longo de direções nas quais a dureza é menor. Uma talha bem realizada é aquela que realça o foco, ou seja, o conjunto de reflexos de cores derivados dos reflexos.

Diamantes sintéticos[editar | editar código-fonte]

Atualmente, existe a possibilidade de fazer diamantes sintéticos, submetendo grafite a pressões elevadas. No entanto, o resultado são quase sempre cristais de dimensões reduzidas para poderem ser comercializados como gemas. A chance de adquirir um diamante sintético no lugar de um natural é quase nula, sendo inclusive inferior à possibilidade de encontrar gemas que os comerciantes dizem ser diamante mas que não o são realmente.
A estabilidade térmica do diamante sintético é menor do que o natural, em ambiente oxidativo, como ao ar, o diamante sintético oxida (grafitiza) a temperaturas em torno de 850 °C. Já em atmosfera controlada sua resistência a grafitização é próxima aos 1200 °C.
Embora já em 1880 J. Balentine Hannay, um químico escocês, tivesse produzido minúsculos cristais, só em 1955 cientistas da General Electric Company conseguiram um método eficaz para a síntese de diamantes. Este feito foi creditado a Francis Bundy, Tracy Hall, Herbert M. Strong e Robert H. Wentorf, depois de investigações efetuadas por Percy W. Bridgeman na Universidade de Harvard. Os diamantes assim conseguidos eram de qualidade industrial (não gemológica), sendo hoje em dia produzidos em larga escala. Cristais com a qualidade de pedras preciosas, só se conseguiram sintetizar em 1970 porStrong e Wentorf, num processo que exige pressões e temperaturas extremamente elevadas.

CRISTAIS QUE NÃO SÃO CRISTAIS

CRISTAIS QUE NÃO SÃO CRISTAIS


           Cristal é um corpo caracterizado por uma estrutura interna regular, chamada estrutura cristalina. Isso significa que ele é formado por um arranjo ordenado de átomos, íons ou moléculas, o que não acontece, por exemplo, com madeira, plástico e vidro.

            A estrutura interna regular pode se traduzir externamente em faces planas.  A foto abaixo mostra cristais de topázio totalmente limitados por faces planas.

 


 


Como foi dito, o cristal PODE ter faces planas. O exemplo da foto acima é um cristal euédrico, mas, mesmo com estrutura interna regular, externamente o cristal pode ser totalmente irregular (cristal anédrico) ou possuir algumas faces planas, mas não todas (cristal subédrico). Alguns minerais frequentemente formam cristais euédricos. Outros, raramente.
     Abaixo, cristal subédrico de quartzo enfumaçado e cristal anédrico de bornita.
 


 
 Isso decorre das condições de formação; a falta de espaço pode impedir que o cristal se desenvolva de modo completo.
 
Muitas vezes se ouve a palavra cristal sendo usado como sinônimo de cristal de rocha, que é o nome dado ao quartzo incolor. Essa simplificação não está correta e deve se evitada.
 
Mas, eu quero aqui falar é de materiais que são chamados de cristal e que não o são.
 
Um deles, bem conhecido, é o cristal da Boêmia. Esse material é chamado de cristal, mas trata-se, na verdade, de um vidro de alta qualidade, rico em chumbo, que é usado em obras de arte, vasos, cálices, etc. Sendo um vidro, não tem estrutura cristalina e, portanto, não deveria ser chamado de cristal.
A foto a seguir mostra peças feitas com esse material. (Fonte: pragaturismo.com).
 


Outro exemplo de material erroneamente chamado de cristal é o Murano. Murano é um arquipélago de sete ilhas da cidade de Veneza (Itália), famoso pela qualidade das obras de arte em vidro que produz. O vidro de Murano (foto abaixo) não contém chumbo, como o da Boêmia, e sim soda. Por isso, seus produtores enfatizam que ele deve ser chamado de vidro de Murano, porque, além de não ter estrutura cristalina ele não é igual ao chamado cristal da Boêmia.
 



Por fim, há o igualmente famoso cristal Swarovski.  Este nome é uma marca registrada conhecida internacionalmente e que identifica um vidro de alta qualidade criado em 1895 na Áustria, por Daniel Swarovski, para imitar o diamante. A partir de 1976, a empresa, até então apenas fornecedora de matéria-prima, desenvolveu seu própriodesign e desde então abriu pelo menos seiscentas lojas em todo o mundo, seis delas no Brasil. 
  Ao contrário dos anteriores, muito usados em objetos decorativos, na decoração de interiores, este material é largamente empregado para adorno pessoal. 
Abaixo, exemplo de produtos da Swarovski. (Foto:Wikipédia)
 


Portanto, os chamados cristais da Boêmia, Swarovski e Murano são todos vidros, ainda que de alta qualidade.

OS NOMES DOS MINERAIS

OS NOMES DOS MINERAIS

  Quando algum amigo ou parente olha minha coleção de minerais, é normal que pergunte o nome de alguns deles.  E quando informo esses nomes, é   comum dizerem:                                                    
- Que nomes complicados!
Há, de fato, espécies minerais cujos nomes podem ser considerados “complicados”, como zektezerita,radhakrishnaíta, jarosewichita e o mais longo de todos,ferriclinoferro-holmquistita sódica.  Mas há nomes extremamente comuns e simples, como quartzo, ouro, pirita, topázio, etc.
Na verdade, mesmo os nomes de minerais mais difíceis de escrever ou pronunciar são até simples se comparados aos nomes de animais e vegetais.  Nestes dois casos, o nome oficial das espécies, ou seja, o nome científico, é formado sempre por duas palavras e ambas em latim.  A pequena pulga, por exemplo, chama-sePulex irritans. O simpático e onipresnte pardal é oPasser domesticus. A banal cenoura é Daucus carota. E por aí vai.
É comum que animais e plantas recebam diferentes nomes populares conforme o país ou mesmo conforme a região de um mesmo país.  O simpático quero-quero dos gaúchos é o téu-téu dos baianos, e o jerimum deles e a nossa abóbora aqui no Sul. Daí a necessidade de disciplinar o assunto estabelecendo nomes que sejam aceitos e reconhecidos no mundo todo.  E este nome é o nome científico, de duas palavras latinas. É através deles que os cientistas se entendem. Aliás, não só os cientistas. Uma amiga bióloga que estava morando no exterior havia pouco tempo, quando queria comprar peixe olhava num dicionário de português qual era o nome científico do animal. A seguir, num livro de Biologia que tinha em casa, procurava o nome científico e via como o peixe se chama em inglês.  Aí, estava pronta para ir ao mercado. 
Com os minerais, não sei por que, nunca foi adotada a nomenclatura científica latina. Eles recebem um nome de uma só palavra (com raras exceções), variando apenas a terminação. Usualmente, no português brasileiro e no espanhol eles terminam, em –ita ou –lita; no português europeu, francês e no inglês, teminam em –ite ou -lite.
Isso vale para os nomes mais modernos e para os nomes das espécies novas que vão sendo escritas.  Mas, há nomes muito antigos (a Bíblia tem muitos deles) que não seguem essa regra, como jade, esmeralda, rubi, quartzo, mica, etc.
 E quem determina se um nome está correto ou foi bem escolhido?  Para animais e plantas deve haver organizações científicas encarregadas disso, mas não sei quais são. Para os minerais, existe a Comission on New Minerals Nomenclature and Classification, daInternational Mineralogical Association.  Ela determina não apenas se o nome proposto para um novo mineral está bem escolhido e se ele já não existe (caso em que a proposta é recusada), mas também se a nova espécie foi adequadamente estudada e descrita.

 
E os autores, em que se baseiam para propor o nome de um mineral novo?  Pesquisa que fiz recentemente mostra, em números redondos, que 40 % dos novos nomes homenageiam uma pessoa, comoruifrancoíta (homenagem ao brasileiro Rui Ribeiro Franco); 30% fazem alusão ao local onde o mineral foi descoberto, como bahianita (de Bahia); 21% referem-se à composição química do mineral, como vanadinita, um vanadato (foto) e 6% fazem alusão a alguma propriedade do mineral, como azurita (por ter a cor azul).  Os 3% restantes têm outras origens.
Entre esses 3% que têm outras origens, há muitos casos curiosos e engraçados.  Mas, isso é conversa para outro dia.