terça-feira, 20 de outubro de 2015

A degradação ambiental oculta pelos garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá

A degradação ambiental oculta pelos garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá

O garimpo é uma atividade de extração mineral existente já há muito tempo no mundo. Os primeiros sinais dessa atividade datam do século XV, com os europeus que partiam em busca de novas terras para conquistar suas riquezas minerais. No Brasil, os garimpos começaram a despontar com maior destaque no século XVIII, com as campanhas em busca de ouro e diamantes no estado de Minas Gerais.
Para melhor entendimento, o garimpo é uma forma de extrair riquezas minerais (pedras preciosas e semipreciosas são mais comuns) utilizando-se, na maioria das vezes, de poucos recursos, baixo investimento, equipamentos simples e ferramentas rústicas. Segundo a legislação brasileira vigente sobre mineração, a atividade garimpeira é considerada uma forma legal de extração de riquezas minerais desde que atenda a determinadas regras e obrigações. É facultado a qualquer brasileiro ou cooperativa de garimpeiros que esteja regularizado no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão no país que controla todas as atividades de mineração.
O garimpo se torna problema justamente porque a maioria deles segue às margens da lei. Infelizmente, no Brasil, muitos garimpos quase sempre estão associados a confrontos, assassinatos, roubos, disputas de terra, prostituição, vícios, insegurança, impunidade, patrocínio de armas e narcotráfico e à degradação ambiental. Isto porque os garimpos ilegais são extremamente difíceis de serem controlados. Situam-se em regiões de difícil acesso, são dispersos pelo país, é migratório e não há regularidade na mão-de-obra e no regime de trabalho. Há muitos riscos para se estudar diretamente essa atividade. Dentro deste cenário se insere o garimpo de topázio imperial no Alto Maracujá, no distrito de Cachoeira do Campo, município de Ouro Preto, Minas Gerais. Este garimpo se enquadra muito bem em parte das descrições expostas anteriormente.
O Alto Maracujá vem sofrendo desde a década de 1970, com a ação de garimpos de topázio imperial. O nome Alto Maracujá se refere à região que abriga as nascentes do rio Maracujá, afluente da margem esquerda do rio das Velhas, este último afluente da margem direita do rio São Francisco.
Revista Gems&Gemologist
Topázio imperial lapidado
O topázio imperial é uma pedra preciosa de beleza impressionante, porém muito rara na natureza. Logo, tem valor de mercado muito elevado, o que aguça a procura pelos garimpeiros.
Desde 1750, o topázio imperial é extraído na região de Ouro Preto. Esse município é considerado, atualmente, como o único local no mundo onde ainda é possível se extrair este mineral em condições econômicas viáveis, visto que a formação geológica permite sua retirada com o mínimo de danos possíveis à sua estrutura. Uma pedra de topázio imperial que sofre danos físicos, apresentando-se trincada ou lascada, tem seu preço desvalorizado no mercado.
O Alto Maracujá tem toda sua área praticamente exposta à ação dos garimpos de topázio imperial. Quase todos os pontos de extração do mineral são clandestinos, o que agrava a situação. São utilizados métodos de lavra agressivos em termos ambientais além da grande quantidade de água gasta na extração e lavagem do topázio.
O rio Maracujá é formado basicamente por quatro córregos: Cipó, Arranchador ou Ranchador, Caxambu ou Olaria e Cascalho. Os garimpos se concentram, em sua maioria, no leito, às margens e nas cabeceiras dos córregos Cipó e Caxambu. O Cipó é considerado o principal córrego formador do rio Maracujá. Logo, todas as atividades que geram degradação ambiental nesse curso d'água afetam de forma negativa grande parte do rio. Os córregos Cascalho e Arranchador são os únicos que se encontram em melhor qualidade ambiental. O Cascalho, porque não há ocorrência de topázio em suas margens e leito, e o Arranchador, devido à ação efetiva da proibição de garimpos pelos proprietários das terras por onde ele passa.
O topázio imperial é geralmente encontrado a profundidades que variam de dois a sete metros na região do Alto Maracujá. É comum a existência de uma camada de solo que encobre os veios de cascalho (quartzo) onde está embutido o topázio. A retirada dessa camada de solo é feita por meio de escavação com picareta, enxadas e enxadões ou trator, quando o garimpo é semimecanizado. Essa operação é uma das principais causadoras da degradação ambiental e dos acidentes de trabalho na região. O solo exposto é carregado pela água da chuva ou dos próprios córregos, quando em períodos de cheias, e os sedimentos se espalham pela bacia, gerando o que se conhece como assoreamento. Este impacto dificulta a sobrevivência de peixes, entope canais e tubulações, muda o curso dos córregos bruscamente, aumenta os riscos de enchentes, além de proporcionar um aspecto visual negativo ao espelho d'água, degradando a paisagem.
Além do assoreamento, o garimpo instalado junto às margens dos córregos promove a retirada de boa parte das matas ciliares e de cabeceira, que são formações vegetais essenciais à proteção não só das águas, mas principalmente das nascentes (áreas de recarga). Na região, não é difícil visualizar árvores derrubadas lançadas no leito dos córregos. Esta prática é crime porque vai contra o Código Florestal que proíbe atividades desse tipo em áreas como as descritas acima.
Margem do córrego Cipó destruída por garimpo
Muitas vezes são construídas pequenas barragens rudimentares para a lavagem do solo e cascalho que contêm o topázio. Essas barragens modificam o curso dos córregos, fazendo com que eles atinjam estradas e pastos de pequenos sítios da região, causando prejuízos consideráveis principalmente no período das chuvas.
Como se não bastasse a degradação ambiental, os garimpeiros e pessoas que trabalham e trafegam pela região estão expostos a uma série de riscos de segurança e saúde ocupacional. Como as escavações para a retirada do topázio são realizadas sem técnica, há riscos de desmoronamento constantes. Já houve vários casos de acidentes fatais. Outros riscos podem ser citados tais como problemas ergonômicos, doenças devido ao trabalho exposto à intensa umidade, alcoolismo, brigas entre garimpeiros, assassinatos, quedas em buracos sem proteção ou cheios de água e lama, etc.
Barragens feitas no leito do Córrego Cipó
Enfim, os problemas são muitos para serem descritos. Tanto a polícia do meio ambiente quanto a prefeitura local vêm tentando resolver o problema, mas o nível de complexidade da situação, somado à falta de aparelhamento dessas entidades, inibe uma solução a curto prazo.
Realmente, soluções definitivas para esse problema estão muito longe de serem alcançadas. Isto porque os garimpos geram impactos não só nos meios físico e biótico, como também no social. A criação de uma cooperativa de garimpeiros seria uma alternativa, porém, não se sabe com precisão quantos são, quem são e onde estão esses trabalhadores. Não existe um censo que demonstre com certeza a massa trabalhadora que se expõe nas frentes de lavra dos garimpos de topázio imperial do Alto Maracujá. Informações extra-oficiais indicam que existem pais de família que dependem desse trabalho para sustento familiar devido ao desemprego, assim como existem pessoas de má índole, aventureiros, aqueles que buscam o garimpo de topázio como fonte de renda extra, aqueles que tem o garimpo como vício e não querem mudar de situação, grandes empresários que agem nos "bastidores" e pessoas com grau de instrução considerável, estes últimos fazem tanto estrago quanto aqueles garimpeiros sem instrução, o que é mais lamentável ainda.
Uma das nascentes do córrego Cipó destruída pelo garimpo
O que é necessário se fazer hoje pela "saúde" da bacia do rio Maracujá, bem como pela segurança dos seres humanos envolvidos direta ou indiretamente no garimpo, é um estudo de grande porte, abrangendo diversas áreas do conhecimento, de forma a identificar todos os problemas detalhadamente nos campos físico, biótico e socioeconômico para que as alternativas de solução possam ser mais bem elaboradas e aplicadas. O certo é que o foco deve ser direcionado para a informação do garimpeiro e a tentativa de persuadi-lo de que suas ações impensadas corresponderão a reações irreversíveis no futuro não só dele mas dos seus descendentes. O que foi percebido nos estudos de campo é que vários garimpeiros sabem que seu trabalho prejudica o meio ambiente. Provavelmente, as medidas a serem tomadas para mudança desse panorama devam começar por esses elementos.
O rio Maracujá está sujeito a problemas de poluição muito parecidos com os de outros rios brasileiros. Logo, a revitalização da bacia tem que passar por políticas públicas de saneamento e investimento em informação. A questão do garimpo é só mais um agravante que influencia a já crítica situação do rio.
Programas de educação ambiental devem ser realizados junto à população, principalmente nas escolas, para que todos tomem consciência de que a água é um bem essencial ao ser humano. Este deve protegê-la com sabedoria , para que um dia ela não se torne artigo de luxo, como já anda acontecendo em muitos lugares do planeta.
Cascata do Dom Bosco formada pelas águas do rio Maracujá
E quanto ao garimpo? Bem, os recursos minerais existem na natureza para serem utilizados. Afinal, muitos deles são essenciais à vida da sociedade moderna. O que se deve levar em consideração é que é possível se fazer garimpo, ou mineração em geral, com responsabilidade social e ambiental. Basta haver investimento, boa vontade, e trabalho dentro das normas técnicas e de desenvolvimento sustentável.

Na 'Suíça do Piauí', opala rende até R$ 60 mil no mês a garimpeiros

Na 'Suíça do Piauí', opala rende até R$ 60 mil no mês a garimpeiros

Mas, para encontrar pedra preciosa, é preciso sorte e dedicação.
Mineral é encontrado apenas em Pedro II e na Austrália.


Na pequena cidade de Pedro II, no norte do Piauí, a opala extra, pedra encontrada apenas nessa região e no interior da Austrália - que faz o mineral ser considerado precioso e chega a custar três vezes mais que o ouro - é o que move a economia local. Por ano, a cidade vende perto de 400 quilos de joias feitas com a pedra para os mercados interno e externo.
Processo de mineração da Mina do Boi Morto, em Pedro II, no Piauí. (Foto: Divulgação/Sebrae)Processo de mineração da Mina do Boi Morto, em Pedro II, no Piauí. (Foto: Marcelo Morais/Sebrae)

Tamanho é o valor do mineral que um garimpeiro chega a “achar” - com sorte e muita insistência - até R$ 60 mil em pedras em um mês. Normalmente, o ganho não atinge essa cifra com tanta frequência. No entanto, segundo José Cícero da Silva Oliveira, presidente da cooperativa dos garimpeiros de Pedro II, a atividade tem se desenvolvido, e o setor vem mantendo boas expectativas de crescimento - sustentável. Hoje, são explorados, legalmente, cerca de 700 hectares, o equivalente a 7 milhões de metros quadrados.

Na chamada Suíça piauiense, devido às temperaturas mais amenas, que não castigam a cidade, diferente de muitos municípios do Nordeste, Pedro II tem cerca de 500 famílias, entre garimpeiros, lapidários, joalheiros e lojistas que vivem da opala, de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Piauí. A população de Pedro II, segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 37.500 pessoas.
“A exploração não é mais desordenada. Todos os trabalhadores da cooperativa trabalham em áreas regulares, com licenciamento, com equipamento de segurança. Sempre recebemos a visita de fiscais de vários ministérios”, afirmou. No regime de cooperativa, 10% de tudo o que se ganha em vendas é dividido entre os 150 associados. “Mas se um encontra uma pedra maior, por exemplo, fica para ele. Se não fosse assim, não daria certo, né?”, ponderou.
Opala bruta (E) e anéis feitos com a pedra, em Pedro II. (Foto: Carlos Augusto Ferreira Lima/Sebrae)Opala bruta (esq.) e anéis feitos com a pedra, em Pedro II. (Foto: Carlos Augusto Ferreira Lima/Sebrae)


Pedro II tem se consolidado, nos últimos anos, como um polo de lapidação de joias. “Além da opala, também usamos pedras de outros estados do Sudeste, do Sul. Compramos essas pedras, lapidamos e fazemos as joias”, contou a presidente da Associação dos Joalheiros e Lapidários de Pedro II, Surlene Almeida. Esse tipo de atividade é desenvolvida há cerca de oito anos.

Em relação ao tempo em que as minas de opala são exploradas, a transformação das pedras em joias é recente, mas está evoluindo. Na cidade, já foi instalado um centro técnico de ensino de lapidação, design e joalheria, segundo Surlene. “É como se fosse um curso técnico mesmo, onde as pessoas se especializam nessa atividade.”

Apesar de o forte da economia de Pedro II ser a mineração, a cidade também vive da agricultura familiar. Durante o inverno, que tem períodos mais chuvosos, muitos garimpeiros migram para esse outro tipo de sustento.

Olho-de-gato e asterismo

Olho-de-gato e asterismo 
Dentre os efeitos ópticos que despertam especialmente a atenção para algumas gemas, destacam-se o efeito de olho-de-gato e o asterismo.
Ambos podem ser vistos em algumas gemas lapidadas em cabochão (ou seja, com uma base reta e uma abóbada curva), seja em formato redondo ou oval, e esses efeitos ocorrem pela existência de numerosas inclusões fibrosas ou canais ocos muito bem orientados no interior do mineral: para o efeito de olho-de-gato, as inclusões se orientam paralelamente em feixe único, enquanto para o asterismo há vários agrupamentos de inclusões (onde são paralelas entre si) que se entrecruzam sob ângulos específicos, determinados pelas características do mineral.
O efeito de olho-de-gato (também denominado acatassolamento ou chatoyance) se caracteriza pela visualização de linha esbranquiçada na região central da gema, semelhante ao olho de um gato, que corresponde à reflexão da luz em cada uma das inclusões que têm arranjo paralelo entre si e estão expostas à luz (ou seja, as inclusões mais superficiais à área que está sendo iluminada da gema). Pela soma dos reflexos luminosos de cada uma das inclusões adjacentes resulta uma linha única branca de reflexão que se destaca contra a coloração de fundo da gema.
A linha que é visualizada move-se com a inclinação da gema e com a modificação da posição da fonte luminosa.
O efeito de olho-de-gato mais valorizado é o observado no crisoberilo. Tanto isto é tradicional que quando se diz apenas “olho-de-gato”, automaticamente se subentende que se está falando de um crisoberilo. Para as outras gemas, deve-se especificar qual é o mineral que tem o efeito, como “quartzo olho-de-gato” ou “turmalina olho-de-gato”.
As gemas de melhor qualidade são obtidas quando a base reta do cabochão é paralela às inclusões da gema e quando as inclusões são bem paralelas entre si.
Nessa situação, as gemas têm estria bem centralizada, definida, fina (não excessivamente), reta, geralmente branca e que se estende de um extremo ao outro da gema.
Adicionalmente, gemas translúcidas e sem inclusões evidentes são mais belas. O asterismo se caracteriza pela observação de uma estrela esbranquiçada na região central da gema, que corresponde à reflexão da luz nos vários feixes de inclusões que se entrecruzam. Geralmente, as estrelas têm seis pontas, mas podem ser encontradas estrelas de quatro ou doze pontas. As estrelas mais conhecidas e famosas são as que ocorrem em rubis e safiras, mas outras gemas também podem demonstrar asterismo, como quartzo e granada.
As gemas de melhor qualidade são aquelas em que o cabochão é lapidado com sua base reta bem paralela ao cruzamento das inclusões e onde essas inclusões são, em cada agrupamento, bem paralelas entre si. Valorizam-se especialmente as gemas que têm a estrela bem definida e centralizada, composta de linhas (ou raios) retos, com todos as pontas visíveis e se estendendo de um extremo ao outro da gema. As gemas que são translúcidas e preferencialmente não têm inclusões evidentes são mais valiosas que as opacas (e muito mais raras).



Turmalina paraíba

Turmalina paraíba

Uma das descobertas mais impressionantes do mundo das gemas ocorreu recentemente no estado da Paraíba, aqui no Brasil. Sob a supervisão do Sr. Heitor Barbosa, a exploração persistente ao longo de sete anos da Mina da Batalha, localizada na proximidade da pequena cidade de São José da Batalha, finalmente resultou em 1988 no achado dos primeiros cristais de uma turmalina de coloração excepcional, cunhada como “Turmalina Paraíba”. ORIGEM DA COR As turmalinas são gemas que podem ser encontradas em quase todas as cores do arco-íris (do branco ao negro, inclusive existindo gemas incolores), mas os cristais de turmalina paraíba possuem tonalidades inigualáveis de azul e verde entre as turmalinas, assemelhando-se a cores vistas apenas nas asas de algumas borboletas, em conchas marinhas e nas penas de pavão (algumas apatitas podem ter coloração parecida). É freqüente que se usem termos como “azul pavão”, “azul turquesa” ou “azul e verde neon” para descrever essas cores tão chamativas. A turmalina paraíba também pode ser encontrada em lindas cores púrpuras e vermelhas, além de em azul profundo (como o de safiras de boa qualidade) e verde mais escuro (como o de esmeraldas de boa qualidade). Diferindo de outras turmalinas, detecta-se elevado teor de ouro em sua composição (aproximadamente 1200 vezes o encontrado na crosta terrestre) e, enquanto a coloração das turmalinas tradicionais resulta da presença de átomos de ferro, cromo, vanádio e manganês em sua estrutura, a turmalina paraíba deve sua coloração verde e azul principalmente à presença de pequena quantidade de átomos de cobre (podendo receber a denominação mineralógica de “elbaíta cúprica”) e as cores vermelho e púrpura a átomos de manganês. EXTRAÇÃO MINERAL Sempre houve enorme dificuldade na exploração da turmalina paraíba. Para encontrá-la, inicialmente foram escavados vários túneis de até sessenta metros de profundidade no Morro Alto (o sítio de escavação) e múltiplas galerias que os interligavam. Uma vez encontrados os primeiros cristais, as escavações se intensificaram, mas a produção sempre foi muito limitada, pois a dificuldade residia na raridade do material, que era encontrado em bolsões ou veios muito finos (às vezes de não mais que um centímetro de espessura). Durante o período de maior produção (até aproximadamente 1993), a maioria dos cristais azuis descobertos pesavam até 1,5 gramas e os verdes não mais que 4 gramas, sendo que quase todas as peças eram encontradas fragmentadas. Raros cristais de qualidade excepcional, variando entre 5 e 25 gramas, alguns inclusive não fragmentados, foram também recuperados. Desde 1993 a mina original está esgotada e a produção caiu dramaticamente. Existem agora três sítios de exploração: a) os túneis originais, que foram ampliados e vastamente trabalhados, ainda sem sucesso; b) a exploração aluvial no leito de pequeno riacho que passa junto ao Morro Alto e que “lava” depósitos do Morro Alto; c) rede adicional de túneis em outro ponto do Morro Alto. Dos três sítios citados acima, o que tem maior produção no momento (ainda que em sua maioria de cristais de baixa qualidade) é o aluvial. Para que se possa melhor entender a raridade do material, lembremos que a produção de grande parte dos garimpos no Brasil se expressa em quilos ou toneladas de minerais por mês. Na exploração aluvial de turmalina Paraíba, de cada 4000 toneladas de terra que é recolhida se obtêm aproximadamente 30 a 40 gramas de turmalina e, desses, geralmente apenas 25% tem qualidade razoável. Apesar dos reduzidos resultados obtidos, a demanda pelo material é tão intensa e seu valor tão elevado que a exploração persiste, sempre na esperança de se encontrar um novo filão e reativar o comércio. Mais recentemente, em 2001, começaram a aparecer no mercado turmalinas de coloração muito semelhante à da turmalina paraíba, porém procedentes da Nigéria, na África. Esse material é levemente mais claro que as turmalinas de origem brasileira, mas também tem em sua composição átomos de cobre e manganês, o que justifica sua similaridade. VALOR COMERCIAL Desde quando as primeiras gemas lapidadas de turmalina paraíba chegaram ao mercado, o material ganhou popularidade e, por sua beleza e raridade, atingiu valores nunca antes pensados para as turmalinas. Gemas acima de 1 ct nas cores azul e verde neon, principalmente, atingiram rapidamente preços de até US$5000.00 por quilate e gemas maiores chegaram a alcançar até mesmo patamares de US$20000.00 por quilate. Pode parecer muito, mas a raridade e as incertezas quanto a sua produção futura são marcantes e essas gemas são consideradas verdadeiros tesouros. Como curiosidade, a maior turmalina paraíba lapidada existente no mundo pesa 45,11 ct.


Opala nobre - Um Arco-íris ao seu alcance

Opala nobre - Um Arco-íris ao seu alcance 
A opala nobre ou opala preciosa é uma gema de aspecto sem igual. Diferindo de outras gemas, as opalas nobres podem exibir todas as cores do arco-íris, que aparecem como reflexos de vários tamanhos e formas, com distribuição única na superfície de cada opala e que são realçados pelo contraste com a coloração de fundo da gema. Ao movimentar uma opala nobre, inclinando-a em várias direções, os reflexos visíveis vão se modificando gradativamente (em tipo de cor e distribuição), parecendo “caminhar” pela gema. Esta característica, que ocorre unicamente na opala, é denominada jogo de cores ou opalização.
DESCRIÇÃO DAS OPALAS NOBRES E ORIGEM DE SEU JOGO DE CORES
As opalas são compostas por dióxido de silício (sílica) hidratado, com fórmula química SiO2.nH2O. Nessa fórmula, “n” traduz um número variável de moléculas de água, que geralmente oscila entre 6 e 10% do peso do material, mas pode chegar excepcionalmente até 30%. As opalas são gemas mais frágeis que o quartzo, apresentando dureza de 5,5 a 6,5 na escala de Mohs (a dureza de uma gema reflete sua resistência a ser riscada), e fraca tenacidade (característica que reflete a resistência à torção, pressão ou a ser dobrado).
Diferindo da maior parte das gemas inorgânicas, a opala classifica-se como mineralóide e não, mineral, uma vez que tem estrutura interna amorfa e não-cristalina de seus átomos. Por outro lado, a opala nobre apresenta, sim, um tipo de organização tridimensional interna, na forma de múltiplas pequenas esferas de sílica de diâmetro uniforme, estreitamente empilhadas em camadas paralelas sobrepostas. Essa estrutura foi descoberta em 1964 com o auxílio do microscópio eletrônico e nela reside a origem do jogo de cores observado nas opalas. A inter-relação entre as esferas de sílica e os espaços entre as esferas provoca os fenômenos de difração, dispersão, interferência e reflexão da luz, resultando na visualização na superfície da gema das diversas cores do arco-íris (cores espectrais puras, cada uma composta de comprimentos de onda com variação mínima – vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e roxo). Eventualmente, ocorre a observação de cores intermediárias entre as cores fundamentais. A regularidade da distribuição espacial das esferas influencia o brilho das cores da gema.
Figura 01 Fotomicrografia de esferas de sílica em opalas:
       Opala comum                   Opala nobre



Nas opalas nobres, as esferas com diâmetro entre 150 e 400 nm (nanômetros, onde 1 nanômetro equivale a 0,000000001 metro) são as que têm jogo de cores. O tamanho das esferas e, conseqüentemente, dos espaços entre elas, tem relação direta com as cores que podem ser vistas em cada opala. As opalas com esferas menores (de aproximadamente 150 nm) geralmente produzem reflexos de cor azul e roxo. Esferas pouco maiores refletem roxo, azul e verde. A seguir, temos esferas que refletem roxo, azul, verde e amarelo. Com diâmetro pouco maior observam-se roxo, azul, verde, amarelo e laranja. Finalmente, com as esferas de maior diâmetro (350 a 400 nm) torna-se possível observar todas as cores do arco-íris – roxo, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. Em opalas com esferas grandes, mesmo quando não estão todas as cores aparentes ao observar a gema numa posição fixa, basta inclinar ou girar a gema gradativamente que a mudança no ângulo de incidência da luz permitirá a observação de todas as cores espectrais numa determinada região, passando sucessivamente de uma para outra (e respeitando a ordem, do vermelho para o azul ou o inverso). Na natureza, as opalas com reflexos vermelhos são as mais raras.
Adicionalmente, a coloração de fundo da gema influencia a qualidade das cores refletidas. Sempre que uma opala recebe iluminação, uma parte da luz (que denominaremos aqui de “A”) que nela penetra passa por todos os fenômenos ópticos descritos anteriormente e, em última instância, é refletida na superfície da gema como cores espectrais puras, produzindo o jogo de cores próprio. O restante da luz (que denominaremos de parte “B) é transmitida, chegando mais profundamente na gema. Idealmente, as melhores opalas manifestam suas cores expressando apenas a parte A e essa situação se verifica nas opalas de fundo negro, que absorvem toda a luz B – isto resulta em cores espectrais mais nítidas. Já as opalas de fundo claro, por outro lado, refletem a luz B de volta para a gema (totalmente nas brancas e parcialmente nas de outras cores), onde pode se espalhar e ser refletida para a superfície da gema em conjunto com as cores originadas de A, diluindo-as.
O jogo de cores observado em cada gema apresenta uma combinação única e exclusiva (não existem duas opalas que sejam idênticas). As cores distribuem-se em faixas, pontos, linhas ou figuras geométricas, sejam isolados ou combinados na superfície da opala, às vezes distribuídos aleatoriamente e outras vezes harmonizando-se em padrões belíssimos (vide seção de Avaliação de opalas nobres, abaixo).
TIPOS DE OPALAS NOBRES
As opalas nobres são classificadas de acordo com a coloração de seu fundo (ou “corpo” da gema) e de sua estrutura (apenas opala ou opala combinada a rocha matriz) em vários tipos:
A) Opala negra: entram neste patamar as opalas opacas que apresentam coloração negra, cinza escura, azul escura, verde escura ou marrom escura. Como visto anteriormente, as opalas negras realçam os reflexos coloridos em sua superfície, dando-lhes mais definição. Comparando-se opalas com outras características semelhantes, as de fundo negro são mais valiosas que as demais. Na atualidade, o único país com produção comercial de opalas negras é a Austrália.
 Cabochão de opala negra (figura 04, 05, 06, 07, 08)
         figura 04                      figura 05                    figura 06                     figura 07                  figura 08                                 



B) Opala semi-negra: é a gema opaca de coloração cinza, com tonalidade média. Essas gemas são produzidas principalmente na Austrália, com achados eventuais em outros países, inclusive o Brasil.
C) Opala branca: corresponde à opala opaca de coloração branca ou com outras cores em tonalidades claras (como amarelo, laranja ou cinza). É a mais encontrada no mercado mundialmente, originando-se da Austrália, do Brasil e dos Estados Unidos, principalmente. Por serem menos raras e apresentarem em geral coloração menos chamativa que as opalas negras ou cinzas, costumam ter menor valor e serem mais acessíveis, mas existem exemplares excepcionais que atingem elevado valor.
Opala branca bruta (figura 11) Cabochão de opala branca (figura 12 e 13)
figura 11                                                           figura 12                        figura 13




D) Opala cristal: é a opala transparente a translúcida, com coloração clara de fundo. Por sua transparência podem ser vistas várias camadas de reflexos coloridos no interior da gema. Ocorrem nos mesmos depósitos descritos anteriormente para as opalas brancas.
E) Opala cristal negra: é a opala transparente a translúcida, com coloração escura de fundo. Ocorrem nos mesmos depósitos descritos anteriormente para as opalas negras.
Opala cristal bruta (figura 14) Cabochão de opala cristal (figura 15)
        figura 14                  figura 15


F) Opala matacão: é a opala que ocorre em cavidades e fissuras muito estreitas de rocha matriz porosa (um conglomerado ferruginoso laranja escuro a marrom). Pelo intercrescimento entre a opala e a rocha matriz, constituindo belos desenhos e padrões, ou pela reduzida proporção de opala em relação à quantidade de rocha matriz, esse material na atualidade é lapidado preservando-se a rocha matriz em conjunto com a opala. A rocha matriz que se mistura com e cobre a opala no fundo da gema praticamente se comporta como o fundo escuro das opalas negras e realça intensamente os reflexos de cores. Além disso, a matriz acrescenta resistência à peça. Estas opalas são encontradas apenas na Austrália. Existem vários subtipos de opala matacão e, para permitir melhor padronização em sua descrição, a Associação Gemológica Australiana sugere a seguinte distinção:
F.1. opala matacão negra: estas gemas são as preparadas a partir de peças brutas em que a opala se manifesta como fina camada intimamente aderida a sua matriz. Na lapidação das gemas, toma-se o cuidado de polir adequadamente a opala e manter a matriz como fundo, que constitui praticamente toda a espessura do corpo da gema. Assim, a gema final tem duas camadas: uma superior, de opala opaca negra, e outra inferior (fundo) de matriz;
F.2. opala matacão cristal: preparadas a partir de material como o descrito em F.1., as gemas resultantes têm duas camadas – uma superior de opala translúcida a transparente clara e outra inferior de rocha matriz. As gemas têm aspecto escuro devido à coloração da rocha matriz, que se torna visível através da opala;
F.3. opala matacão clara: preparadas a partir de material como o descrito em F.1., as gemas resultantes têm duas camadas – uma superior de opala opaca clara (cinza ou esbranquiçada) e outra inferior de rocha matriz;
F.4. “noz de Yowah” (Yowah nut): é o subtipo de opala matacão que se forma como pequenos nódulos arredondados ou ovóides de rocha matriz, geralmente com diâmetro máximo de 5 cm, contendo pequena cavidade central parcial, preenchida por opala nobre. Esses nódulos são clivados, expondo a opala entrelaçada à rocha matriz e então são polidos, formando belos e incomuns exemplares.
F.5. opala matacão na matriz ou opala na matriz: trata-se de opala que se formou preenchendo pequenas cavidades ou como uma rede de finos veios envoltos por rocha matriz porosa, ou ainda entre os grãos da rocha matriz. Uma vez lapidada, diferencia-se dos demais tipos por apresentar menor proporção de opala em relação à quantidade de rocha matriz. As gemas prontas demonstram rocha matriz evidente tanto no fundo quanto na face anterior, salpicada por pontos, linhas ou bandas de opala nobre.
Opala matacão bruta (figura 16) Noz de Yowah bruta (figura 17) Cabochão de opala matacão (figura 18) Cabochão de opala na matriz (figura 19) Cabochão de noz de Yowah (figura 20)
                   figura 16                              figura 17                           figura 18                     




            figura 19                                  figura 20



A ORIGEM DAS OPALAS NOBRES
As opalas nobres requerem condições muito especiais para sua formação e, curiosamente, apesar de seu elevado teor de água, a opala encontra essas condições geralmente em regiões áridas e semi-áridas, com chuvas sazonais.
Há milhões de anos, soluções de água e dióxido de silício (SiO2) se infiltraram para o interior de fendas e rachaduras de rochas vulcânicas ou espaços e cavidades desenvolvidos em rochas sedimentares, tornando-se ali aprisionadas pela baixa permeabilidade de seu envoltório. Com o passar do tempo, parte da água da suspensão sofreu evaporação e isso resultou no aumento gradativo da concentração de sílica. Quando essa concentração atingiu um nível crítico, as moléculas de sílica começaram a se agrupar, formando esferas sólidas. Com o surgimento de grande quantidade de esferas, a solução passou a se transformar em um gel e então ocorreu a deposição gravitacional das esferas em camadas (estima-se que cada 1 cm de espessura depositada levou um período de aproximadamente 5 milhões de anos para se processar). O tamanho das esferas é diretamente proporcional ao período de tempo que decorre entre sua formação e a deposição final (ou seja, quanto mais tempo levar sua deposição, maiores são as esferas). Se a evaporação de água ocorre em velocidade constante, formam-se esferas de diâmetro uniforme e que por sua vez se depositam em camadas sucessivas organizadas. A evaporação adicional de água levou à solidificação do material, constituindo então a opala nobre (após a deposição das esferas, estima-se um período adicional de 1 a 2 milhões de anos para a completa solidificação dos depósitos). Opala também se deposita entre grãos de argila e areia em arenitos, cimentando-os e constituindo rocha matriz.
Dentre os depósitos de opala nobre conhecidos mundialmente, praticamente todos os de origem sedimentar ocorrem apenas na Austrália. Sítios de extração das demais localidades e algumas poucas exceções localizadas também na Austrália são de origem vulcânica (inclusive os sítios brasileiros, que ocorrem em meio a formações de basalto).
EXTRAÇÃO E PRODUÇÃO MUNDIAL DE OPALAS NOBRES
Comprovando a raridade da opala nobre, do total de opalas extraídas mundialmente na atualidade, 95% consiste em opala comum, sem opalização e geralmente de cor única e monótona (negra, cinza, branca, azulada, esverdeada, amarelada ou alaranjada, conforme o sítio de origem), com aspecto leitoso a opaco. Dentre os 5% restantes que apresentam jogo de cores, aproximadamente 80% (ou 4% da produção mundial) são gemas de qualidade intermediária, acessíveis e as mais comuns no mercado. Finalmente, os outros 20% de opalas nobres (ou 1% da produção mundial) são os exemplares de qualidade excepcional, que muitas vezes alcançam valor por quilate superior ao de belos diamantes.
O país que mais se destaca na produção de opalas nobres no momento é a Austrália, responsável por 90 a 95% da produção mundial (único produtor comercial de opala negra e também produtor de opala branca, opala na matriz e opala matacão). Outros países também apresentam sítios de extração de opalas nobres, destacando-se o Brasil (produtor de opalas brancas, com achados eventuais de opalas negras ou cinzas), os Estados Unidos, Honduras, Japão, Etiópia e México.
LAPIDANDO A OPALA NOBRE
As opalas nobres usualmente são lapidadas em cabochão para realçar seu jogo de cores (vide comentários sobre Lapidação em Cabochão na seção “Dúvidas” do site). O formato mais popular e o mais utilizado é o oval, seguindo-se o redondo, mas os demais formatos tradicionais de cabochões também podem ser aplicados ao material. Pela raridade e valor das opalas, lapidários experientes avaliam com cuidado o formato das pedras brutas e a distribuição da barra de cor (a camada de onde se originam os desejados reflexos de cores) para melhor aproveitá-los na confecção da gema. Um cuidado especial é deixar o cabochão com espessura adequada para torná-lo mais resistente. Opalas de boa qualidade também podem ser lapidadas em formas livres (cabochões fantasia ou mesmo mini-esculturas).
TRATAMENTO DE OPALAS NOBRES
Algumas opalas podem ser tratadas para melhorar sua aparência:
- opalas com fissuras: resinas sintéticas, muito utilizadas em gemas transparentes com inclusões (como as esmeraldas), têm aplicação para opalas com fissuras, podendo diminuir sua visibilidade e oferecendo um tratamento duradouro. Óleos e ceras podem ser utilizados com o mesmo propósito, mas são tratamentos de pequena durabilidade;
- opalas na matriz: um processo muito utilizado e que tira proveito da característica porosa da matriz argilosa de opalas de algumas regiões consiste em mergulhar essas opalas primeiro em solução açucarada e depois em ácido sulfúrico. Com a reação química entre o açúcar e o ácido, partículas de carbono se depositam na superfície da matriz, escurecendo-a e realçando o jogo de cores das lâminas de opala.
DOUBLETS E TRIPLETS
Opalas nobres também são encontradas em gemas compostas, onde geralmente duas ou mais camadas de diferentes materiais são unidos para a composição da gema final:
- doublets (gemas duplas): nestas gemas, uma fina camada de opala nobre (branca ou negra) é cimentada sobre uma opala comum de coloração escura, com uso de cola transparente, ou sobre uma opala comum de cor clara, uma calcedônia ou vidro, porém com uso de cola escura.
- triplets (gemas triplas): são gemas formadas por uma camada de opala entre um fundo escuro (geralmente opala comum escura ou ônix negro, com cola transparente ou opala comum clara, calcedônia ou vidro, com cola escura) e uma camada frontal transparente (de cristal de rocha ou vidro). Os propósitos da camada frontal nestas gemas são dar maior proteção à camada de opala e obter um acabamento convexo, assemelhando-se à abóbada de um cabochão.
A principal vantagem das gemas compostas é seu preço em relação ao valor das gemas naturais (e doublets são geralmente mais valiosos que triplets porque suas camadas de opala são mais espessas). Por outro lado, sua desvantagem é que devem ser protegidas de exposição prolongada à água, pois pode ocorrer infiltração líquida entre as diversas camadas e prejudicar sua aparência.
OPALAS SINTÉTICAS
Existem no mercado opalas sintetizadas em laboratório. As primeiras opalas fabricadas pelo homem datam de 1964, através de método desenvolvido por John Slocum. Outros métodos foram desenvolvidos com o passar dos anos e os avanços tecnológicos têm permitido aprimorar o aspecto das gemas. Nesse material se produzem esferas de óxido de silício hidratado que são circundadas por substância (geralmente não presente nas opalas naturais e com origem que pode ser orgânica ou não) que dê estabilidade ao conjunto e permita que seja trabalhado nos formatos requeridos para peças de joalheria. No momento, existem vários tipos de opalas sintéticas, que estão sendo produzidas no Japão, na Austrália, na Rússia e na China.
Cabochão de opala sintetica (figura 21)
              figura 21



DESCREVENDO E AVALIANDO UMA OPALA NOBRE
Apesar de não existir sistema padronizado que permita qualificar as opalas nobres de modo objetivo, os seguintes parâmetros servem de referência em sua avaliação:
a) Origem: as opalas são classificadas em naturais (esta categoria inclui as opalas matacão), compostas e sintéticas. Em ordem decrescente, as naturais são as mais valiosas, seguindo-se as compostas e depois as sintéticas.
b) Coloração, composição e opacidade do corpo da gema: determina-se se a gema é formada apenas por opala ou por opala e rocha matriz; se é opaca, translúcida ou transparente; e qual é a coloração de fundo da opala (branco, negro ou semi-negro). Respeitadas as outras características, como regra geral, as opalas negras são as mais valiosas. Seguem-se as opalas matacão (negra, cristal e clara) e as cristais. Finalmente, tem-se as semi-negras, as brancas, as nozes Yowah e as opalas na matriz.
c) Opalização – quantidade de cores: observam-se quais são as cores refletidas pela opala. Para efeito de descrição, citam-se as cores em ordem decrescente de proeminência na gema (da que é mais evidente em toda a superfície da opala até a que menos aparece). Recordando, a depender do tamanho das esferas na composição de uma opala, as possíveis combinações de cores que podem ser refletidas são: vermelho – laranja – amarelo – verde – azul – roxo (todas as cores, em opalas com as maiores esferas), ou laranja – amarelo – verde – azul – roxo, ou amarelo – verde – azul – roxo, ou verde – azul – roxo, ou azul – roxo (poucas cores e geralmente com predomínio do azul, em opalas com as menores esferas). As opalas mais desejáveis são as que têm a reflexão de todas as cores espectrais, pois apresentam esferas maiores, mais raras. Dentre estas, ainda, as opalas que refletem predominantemente a cor vermelha (como cor praticamente única ou predominando sobre as outras cores que também aparecem) são mais raras e, portanto, mais valiosas. A ordem decrescente de valor para a cor que predomina é vermelho, laranja, amarelo, verde, azul/roxo.
d) Opalização – uniformidade das cores: idealmente, as cores refletidas devem ser visíveis por toda a superfície da gema e também quando a gema é observada por vários ângulos.
e) Opalização – brilho das cores: preferem-se gemas com intenso brilho das cores, que mantenham cores evidentes mesmo quando vistas à distância. Gemas com cores mais apagadas, pouco brilhantes, têm menor valor.
f) Opalização – padrão das cores: descreve o arranjo da cor pela gema, que pode ser indistinto ou organizado, constituindo desenhos e/ou formas geométricas. Os principais padrões reconhecidos são: arlequim (extremamente raro, é constituído por várias figuras geométricas de dimensões e formatos semelhantes, como losangos, quadrados, retângulos ou triângulos, agrupados e parecendo formar um mosaico); escrita chinesa (onde finas linhas retas e curvas se entrecruzam, assemelhando-se aos símbolos de idiomas orientais); palha (com várias linhas finas próximas entre si); em ladrilhos ou blocos (definem-se vários segmentos grandes de cores observados simultaneamente na superfície da gema); em lampejos (observam-se áreas evidentes e de tamanhos variáveis de cores que cintilam subitamente à medida que a gema é inclinada ou girada); floral (é um dos mais comuns, onde vários reflexos de tamanhos e cores diversos estão presentes na gema); pontilhado (onde vários pontinhos de cor se distribuem por toda a superfície da gema). O tipo, a precisão e as cores do padrão determinam sua qualidade e, conseqüentemente, influenciam o valor da gema.
Escrita chinesa                             Floral                         Em ladrilhos                   



 Lampejo                                  Pontilhado                       Arlequim



g) Dimensões: gemas maiores são mais raras, e portanto, mais valiosas. Idealmente, não devem ser nem muito finas e nem muito espessas.
h) Lapidação e formato: avalia-se a regularidade do acabamento da lapidação e o tipo de formato.
i) Inclusões: observação da presença, quantidade e distribuição de inclusões (geralmente de opala comum, rocha matriz ou gipso) em meio à superfície da opala. Esses achados podem tornar menos chamativos os reflexos coloridos ou interferir em determinado padrão das cores. Opalas sem inclusões são menos valiosas.
j) Imperfeições: nesta categoria entram as fraturas e fissuras, sejam acidentais ou por desidratação do material.
l) Tratamento: também deve ser considerado qualquer tratamento realizado na opala. Gemas sem tratamento são mais valiosas.
As opalas são gemas de avaliação muito difícil, particularmente porque cada gema é única. Os comentários apresentados acima não têm a pretensão de definirem regras absolutas de avaliação destas gemas, mas apenas de servir como orientações gerais de detalhes que devem ser levados em consideração. Ao escolher uma opala, busque sempre uma gema que seja cativante para você. Não necessariamente as opalas mais caras são as de seu agrado. Muitas pessoas preferem opalas com reflexos azuis e roxos às gemas com reflexos avermelhados.
Ainda, não se esqueça que, pelo complexo jogo de suas cores, as opalas são muito difíceis de fotografar. A gema real é sempre muito mais bela do que o aspecto revelado em suas fotos. Nosso olhos conseguem captar nuances impressionantes que os atuais equipamentos de fotografia ainda não expressam.
CUIDADOS COM A OPALA
As opalas são gemas delicadas. Conhecendo suas características e usando o bom senso é fácil cuidá-las, preservando sua beleza. Algumas medidas que são aconselháveis no cuidado das opalas incluem:
- limpeza com pano suave seco ou discretamente molhado. Não são necessários produtos químicos para sua limpeza.
- manter as opalas e jóias com opalas que estão em desuso sempre limpas e guardadas em invólucros individuais (como saquinhos plásticos ou de tecido). Opalas expostas ao ambiente recebem a deposição de pó em sua superfície e, como partículas de quartzo (de maior dureza que a opala) são o componente principal do pó comum, essas gemas podem ser riscadas quando são submetidas a atrito nessas condições. Com o tempo, o polimento da gema perde qualidade, diminuindo o brilho da gema e a nitidez de seu jogo de cores. Procure um especialista, pois um simples re-polimento pode deixar sua gema como nova mais uma vez.
- evitar exposição a calor excessivo, pois esta condição pode desidratá-las e resultar em fissuras espontâneas em sua estrutura, diminuindo sua opalização dramaticamente;
- evitar armazenamento sem proteção em ambientes secos (como os refrigerados com ar condicionado ou no interior de cofres bancários, onde o nível de umidade é controlado a níveis reduzidos), condição em que também podem sofrer desidratação e fissuras. Aconselha-se para armazenamentos prolongados guardar a opala em saquinho plástico lacrado com pequena quantidade de água para manter certa umidade ambiente;
- no dia-a-dia, evitar situações que exponham as gemas a impactos (como exercícios, ou atividades que exijam movimentos bruscos);
- no design e preparo de jóias com opalas deve-se sempre buscar a montagem com metais de modo a proteger a gema. Também é importante evitar transmitir-lhe calor durante a cravação.
MITOS
Alguns mitos falsos a respeito das opalas nobres que merecem discussão são os seguintes:
- essas gemas não são porosas, portanto não absorvem água (é desnecessário mantê-las em imersão para “reidratação”) ou óleos;

- as fissuras que ocorrem em uma opala são irreversíveis. O aspecto das gemas melhora quando são molhadas ou cobertas por óleos, mas esses tratamentos são apenas paliativos, pois as fissuras ficam mascaradas a olho nu, mas permanecem inalteradas em número e tamanho. Assim que a água secar ou que o óleo for removido, elas voltarão a estar bem aparentes. A tendência de uma opala em desenvolver fissuras depende principalmente de seu sítio de origem. Várias opalas originadas no México e em algumas localidades dos Estados Unidos são particulamente suscetíveis a estes problemas. As opalas brasileiras, por outro lado, são bem resistentes. Para evitar o desenvolvimento posterior de fissuras em gemas já prontas para comercialização, muitos lapidários tomam o cuidado de guardar o material bruto seco por extenso prazo de tempo (3 a 6 meses), às vezes até em condições adversas (como ao ar livre, no sol), para permitir que a exposição ao ambiente teste sua estabilidade. Após esse período de tempo, as gemas podem ser lapidadas com segurança, uma vez que a possibilidade de surgimento de fissuras em pedras assim testadas passa a ser muito reduzida.