BREVE HISTÓRIA DO DIAMANTE NO BRASIL
Da descoberta até finais do século XIX (1ª parte) | |
A Índia foi a única fonte importante de diamantes do oitavo século antes de Cristo, quando surgem as primeiras referências a esta gema, até a sua descoberta no Brasil, no início do século XVIII, sendo a ilha indonésia de Bornéu uma fonte pouco relevante a partir do século VII.
Não há consenso quanto à data e local exato da descoberta de diamantes no Brasil, bem como de quem pela primeira vez o encontrou ou determinou sua verdadeira natureza. Normalmente, se aceita a tese de que a descoberta oficial ocorreu em 1725, embora alguns historiadores assegurem que o achado se deu ainda no final do século XVII, nas proximidades do antigo Arraial do Tijuco, hoje Diamantina, estado de Minas Gerais.Consta que os primeiros exploradores que desbravaram as matas em busca de ouro ao longo do rio Jequitinhonha (MG) e de seus afluentes encontravam pedras brilhantes no fundo de suas bateias e, sem saber que se tratavam de diamantes, as empregavam como tentos em jogos de cartas, até que um sacerdote, que estivera na Índia, as teria reconhecido. Há uma versão segundo a qual os primeiros diamantes teriam sido encontrados por Francisco Machado da Silva e sua esposa Violante de Souza, em 1714; outra credita a descoberta a Bernardino Fonseca Lobo, enquanto alguns historiadores a atribuem ao português Sebastião Leme do Prado, que residira em Goa, uma possessão lusitana situada na costa oeste da Índia. O fato é que a notícia da descoberta e a chegada dos primeiros diamantes brasileiros a Lisboa levaram a Coroa Portuguesa a empreender uma busca desenfreada pelo precioso mineral ao longo dos leitos, margens e áreas próximas dos rios da região, utilizando numerosa mão-de-obra escrava e métodos rudimentares. A descoberta teve enorme impacto na Europa, salientado pelo fato de que, à época, os depósitos aluvionares indianos encontravam-se quase esgotados. Para evitar que grandes quantidades fossem exportadas para este continente e ocorresse uma queda abrupta dos preços, prejudicando aqueles que até então detinham a primazia do comércio, disseminou-se na Europa a falsa notícia de que as pedras oriundas do Brasil seriam diamantes indianos de baixa qualidade, exportados de Goa para nosso país e daqui para a Europa. Os portugueses se viram, então, forçados a transportar as pedras brasileiras para Goa, de onde eram enviadas para a Europa como diamantes indianos, cuja boa reputação era inquestionável. Durante o período colonial, a exploração de diamantes foi monopólio da Coroa Portuguesa, com regulamentação e fiscalização rigorosas, mas insuficientes para impedir o contrabando, gerado pela taxação excessiva e dificuldade no controle do enorme fluxo de garimpeiros à região produtora. Às descobertas em Diamantina, seguiram-se outras no estado de Minas Gerais, sobretudo na região do Rio Abaeté (Triângulo Mineiro), em 1728, por mineradores que, clandestinamente, prospectavam pedras e ouro, apesar da proibição da Coroa Portuguesa. Mais tarde, esta região se tornaria célebre pela ocorrência dos maiores diamantes já encontrados no país. Em 1827, foram encontrados diamantes também na localidade de Grão Mogol, situada ao norte de Diamantina. Acredita-se que os diamantes foram descobertos na região da Chapada Diamantina, no centro do estado da Bahia, por volta de 1839, inicialmente na localidade de Mucugê e, posteriormente, em Lençóis, Andaraí e Palmeiras, na bacia do rio Paraguaçu. Estas ocorrências foram intensamente lavradas, levando opulência aos comerciantes da região, mas os trabalhos foram diminuindo gradativamente no final do século XIX, até quase cessarem com a Depressão Mundial, na segunda década do século XX. A ocorrência de diamantes em garimpos de ouro no Mato Grosso já era conhecida desde meados do século XVIII, onde foram descobertos na localidade de Diamantino, situada a noroeste de Cuiabá. No entanto, a dificuldade de acesso e a proibição de prospecção pela Coroa Portuguesa fizeram com que estas e outras regiões do estado só viessem a ser exploradas em meados do século seguinte. Ocorrências de diamante, neste período, nos estados de São Paulo (regiões de Franca e São José do Rio Pardo) e Paraná (Rio Tibagi) também são dignas de nota. O Brasil supriu o mercado mundial durante aproximadamente 150 anos, desde sua descoberta, em 1725, até alguns anos após o achado de diamantes na África do Sul, ocorrido em 1866, quando foi então suplantado pela produção africana, o que alterou completamente o panorama mundial desta gema. É provável que esta seqüência de eventos, caracterizados por descobertas de novas fontes quando as antigas declinavam, que muitos atribuem à casualidade, deva-se, de fato, às forças econômicas. Apesar da precariedade dos dados de produção, estima-se que tenham sido extraídos aproximadamente 13 milhões de quilates de diamantes no Brasil, no período compreendido entre a sua descoberta, em 1725, e o final do século XIX. Acredita-se que a imensa maioria destas pedras tenha sido de qualidade gema, uma vez que, na época, a demanda por diamantes para fins industriais era muito reduzida. Deste montante, supõe-se que cerca de 5,5 milhões teriam sido extraídos da região de Diamantina, 3,5 milhões da Bahia e 1,5 milhões de outras regiões de Minas Gerais, sendo os 2,5 milhões restantes roubados ou contrabandeados para fora do país. O autor do artigo não dispõe de informações a respeito da produção histórica dos estados de Mato Grosso, São Paulo e Paraná no período. | |
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
BREVE HISTÓRIA DO DIAMANTE NO BRASIL Da descoberta até finais do século XIX (1ª parte)
BREVE HISTÓRIA DO DIAMANTE NO BRASIL De finais do século XIX até os dias atuais (2ª parte)
BREVE HISTÓRIA DO DIAMANTE NO BRASIL
De finais do século XIX até os dias atuais (2ª parte) | |
No final do século XIX, um evento histórico relacionado ao mundo do diamante alterou drasticamente o panorama vigente. A descoberta das primeiras pedras na África do Sul, ocorrida em 1866, foi um divisor de águas neste cenário, pois o Brasil, que até então detinha a primazia da produção, foi suplantado após aproximadamente 150 anos de liderança.
Os anos seguintes ao achado africano marcaram um período de franco declínio da produção brasileira, que não deveu-se ao esgotamento de suas reservas, mas sim aos baixos teores dos depósitos, que eram intensamente lavrados com base em trabalho escravo, abolido no final do século XIX. Quando os primeiros diamantes provenientes da África do Sul alcançaram a Europa, por volta de 1870, Lisboa, outrora o principal centro de comercialização de mercadoria bruta, também já perdera importância, se comparada aos centros de lapidação de Amsterdã e Antuérpia.Após o fim da denominada era brasileira na história do diamante, a região de Diamantina, em Minas Gerais, continuou sendo a principal fonte deste mineral no país, embora sua produção tenha se mantido em níveis relativamente baixos até o princípio dos anos 1960 quando, além das atividades dos garimpeiros autônomos e dos garimpos semi-mecanizados, empresas de mineração iniciaram a exploração das aluviões diamantíferas, utilizando o método de dragagem em larga escala, ao longo dos leitos do Rio Jequitinhonha e de seus afluentes. Esta região manteve-se hegemônica no país até meados dos anos 80 mas, atualmente, seus depósitos encontram-se relativamente próximos da exaustão. Por outro lado, o Triângulo Mineiro alcançou projeção nacional, devido a sua produção significativa e por ser a região de ocorrência de grande parte dos maiores diamantes brasileiros encontrados na primeira metade do século XX, sobretudo nos domínios hidrográficos do rio Abaeté, nos municípios de Coromandel, Estrela do Sul, Tiros, Patos de Minas, Monte Carmelo, Abadia dos Dourados e Romaria. Atualmente, está em curso um projeto de identificação de kimberlitos nas regiões oeste e central do estado de Minas Gerais. A produção de diamantes matogrossense ressurgiu no início do século XX com as descobertas ocorridas nas regiões de Poxoréo, que remontam à década de 20, e Nortelândia, Alto Paraguai e Arenápolis, entre o final da década de 30 e início dos anos 40. As atividades de garimpagem em aluviões dessas regiões continuaram, intermitentemente, durante as décadas seguintes e intensificaram-se a partir dos anos 70, no noroeste do estado, em Juína, e no sudoeste, nos municípios de Tesouro, Guiratinga, Alto Garças, Barra do Garças e Poxoréo, sendo, neste último, criada uma reserva garimpeira, em 1979. Nesta mesma década, a chegada de empresas de mineração, que passaram a prospectar diamantes sistematicamente na região, contribuíram para que a produção alcançasse maior relevância nos últimos 35 anos, convertendo Poxoréo em um importante centro produtor nacional. Em Rondônia, junto à divisa com o estado do Mato Grosso, a reserva indígena Roosevelt apresenta grande potencial diamantífero. Como no Brasil as atividades de mineração em terras indígenas são ilegais, há uma expectativa por parte da etnia Cinta-Larga, das mineradoras e dos garimpeiros quanto a sua regulamentação, após conflitos ocorridos em 2004. Atualmente, há diversos kimberlitos no estado sendo pesquisados com vistas à implantação de empreendimentos de mineração, principalmente na promissora região de Pimenta Bueno, no leste do estado. A produção de diamantes na região da Chapada Diamantina, no centro do estado da Bahia, teve seu esplendor na segunda metade do século XIX, quando as ocorrências de Lençóis, Andaraí, Palmeiras e Mucugê, na bacia do rio Paraguaçu, foram intensamente lavradas. As atividades de garimpagem diminuíram gradativamente no final do século XIX, até quase cessarem ao término da segunda década do século passado. A partir dos anos 80, várias garimpos entraram em atividade nos leitos dos rios situados no Parque Nacional da Chapada Diamantina e próximos dele. Por uma ação conjunta de entidades ligadas à mineração e ao meio ambiente, estes garimpos foram fechados em 1996. Os diamantes foram descobertos em Roraima no início do século XX, inicialmente na região do rio Maú e, mais tarde, nos leitos dos rios Cotingo, Quinô e Suapí. Na década de 30, deu-se a descoberta do depósito da serra do Tepequém, próximo à divisa com a Guiana, que manteve-se como o mais importante do estado por longo tempo. No início da década de 60, ocorreu um declínio da produção, como resultado da impossibilidade de aplicação de métodos rudimentares aos já baixos teores das aluviões remanescentes. A partir dos anos 70, teve início a produção mecanizada e, em meados da década seguinte, foi criada a reserva garimpeira de Tepequém, fechada em 1989. Dois anos mais tarde, deu-se a criação do Parque Nacional dos Índios Ianomâmis, neste estado em que as questões indígenas e ambientais exerceram influência preponderante na produção. Depósitos diamantíferos menos significativos foram descobertos nos séculos XIX e XX em diversas regiões do país, nos estados de Minas Gerais (Serra da Canastra e Presidente Olegário), Piauí (Gilbués e Monte Alegre), Paraná (Rio Tibagi), São Paulo (Franca), Mato Grosso do Sul (Aquidauana), Goiás (Israelândia e Araguatins), Pará (Itupiranga e Itaituba), Tocantins e outros. Atualmente, o Brasil detém uma posição quase insignificante no mercado global de diamantes, respondendo por aproximadamente 1 % da produção mundial. O modo de ocorrência dos diamantes em todas as localidades brasileiras mencionadas é similar, sendo as gemas lavradas em depósitos secundários, sejam aluviões, eluviões, colúvios e/ou em metaconglomerados. Embora no Brasil ocorram centenas de kimberlitos e lamproítos, as fontes primárias do diamante, a imensa maioria destes corpos rochosos é estéril ou apresenta teores insignificantes sob o ponto de vista econômico, de modo que, até onde sabemos, toda a produção ainda é oriunda de depósitos secundários. Os corpos mineralizados conhecidos ocorrem, assim como em todo o mundo, em regiões estáveis a pelo menos 1,5 bilhões de anos e, no Brasil, estão associados a lineamentos estruturais, embora não seja esta uma premissa em termos mundiais. Em nosso país, a proporção entre as pedras para uso em joalheria e as destinadas à indústria é muito variável segundo a origem, sendo o percentual de diamantes-gema na região da Serra do Espinhaço (MG) o mais alto do país, superior a 80 %, uma das maiores médias mundiais. Quanto à gênese, a teoria mais aceita hoje em dia é a de que os diamantes encontrados nos depósitos secundários brasileiros derivaram de fontes primárias de idade pré-cambriana, em alguns casos originalmente localizadas a centenas de quilômetros da região onde hoje são encontrados os diamantes, que teriam sido transportados e distribuídos por eventos glaciais. A título de curiosidade, cabe mencionar que evidências sugerem que os diamantes de algumas ocorrências, como as da região de Franca (SP) e do rio Tibagi (PR), sejam oriundos, em parte, do continente africano, evidentemente formados antes da separação continental América do Sul / África. Desde os anos 60, diversas empresas de mineração vêm atuando na prospecção sistemática por fontes primárias e secundárias de diamante em várias regiões do país que, descobertas e comprovadas viáveis, resultarão na renovação dos meios de produção, com os métodos empregados na atividade de garimpagem sendo gradativamente substituídos pelas operações mecanizadas de lavra e beneficiamento. Fontes | |
TOPÁZIO IMPERIAL
TOPÁZIO IMPERIAL
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Algumas teorias procuram explicar a origem do termo topázio e a mais plausível é que derive do vocábulo sânscrito tapas, significando fogo. A designação imperial, por sua vez, foi atribuída à gema em homenagem a D. Pedro I que, segundo relatos históricos, teria se encantado com a exuberância dos matizes e tons de alguns exemplares de topázio que lhe foram oferecidos durante uma estadia na antiga Vila Rica, em Minas Gerais, de onde foram extraídos. Descoberto por volta de 1760, o topázio imperial é a variedade mais valorizada desta espécie mineral e ocorre unicamente na região de Ouro Preto, em diversos depósitos numa área de aproximadamente 150 km2. Atualmente, as minas mais produtivas são as do Capão do Lana, cuja lavra é inteiramente mecanizada e situa-se na localidade de Rodrigo Silva; e a do Vermelhão, localizada em Saramenha, além de diversos depósitos aluviais nas cabeceiras de alguns córregos e ribeirões da região. Em termos de composição química, o topázio trata-se de um silicato de alumínio e flúor, incolor em seu estado puro. Acredita-se que as cores do imperial se devam à presença de elementos de transição e de terras raras dispersos na rede cristalina do mineral, entre eles Cr, Cs, Fe, V, Mn e Ti, sendo que os teores dos dois primeiros exibem uma correlação com a intensidade e tonalidades do amarelo ao avermelhado. Existem topázios de cores algo similares ao imperial provenientes de outras fontes no mundo, porém a produção é pequena e descontínua, como em Katlang (Paquistão) ou apresenta importância apenas histórica, como a outrora proveniente da Rússia, onde o jazimento encontra-se praticamente esgotado. O topázio imperial ocorre em pequenos cristais prismáticos, apresentando faces estriadas longitudinalmente, quase sempre com uma única terminação. Possui clivagem basal perfeita e sua elevada dureza (8 na escala Mohs) e brilho intenso conferem às gemas lapidadas uma rara beleza. Acredita-se que o topázio imperial possui origem hidrotermal, relacionada ao último evento vulcânico ocorrido na região; a rocha mineralizada compõe-se de uma argila alterada, cortada por veios de caolinita, que são lavrados por desmonte hidráulico, sendo, em seguida, os espécimes submetidos à cata manual e classificação. Os minerais associados ao topázio imperial são quartzo, mica, dolomita, especularita, rutilo e, raramente, euclásio, florencita e xenotima. As principais inclusões são as fásicas, os tubos de crescimento, as fraturas parcialmente cicatrizadas e as minerais, sobretudo de ankerita, tremolita, rutilo, goethita, especularita, topázio e pirofilita. O topázio imperial pode ser submetido a tratamentos, por meio de técnicas amplamente utilizadas e aceitas no mercado internacional de gemas, visando melhorar o seu aspecto e tornar suas cores ainda mais atraentes, com o conseqüente aumento do seu valor monetário. O método mais usual é o tratamento térmico, através do qual obtém-se gemas rosas a partir de exemplares alaranjados ou amarelos amarronzados, mediante a remoção do centro de cor amarelo. Este tratamento é estável e, geralmente, a melhor coloração é obtida após um lento aquecimento até uma temperatura de aproximadamente 450oC. Outros tipos de tratamento, mais recentemente aplicados ao topázio imperial, consistem no preenchimento de fraturas com resina, de uso consagrado em diamantes, rubis, safiras e esmeraldas, e o método de difusão superficial, empregado comumente em safiras e rubis. Como único país produtor da singular variedade imperial, o Brasil ocupa posição privilegiada na exportação do mineral topázio, seguido pela Nigéria, Madagascar, Paquistão, Sri Lanka e Rússia. Atualmente, os principais países de destino do topázio imperial são os Estados Unidos, Taiwan, Japão, Alemanha, Hong-Kong, China, Índia e Itália. | |
ÁGUA-MARINHA E BERILOS MAXIXE E TIPO-MAXIXE
ÁGUA-MARINHA E BERILOS MAXIXE E TIPO-MAXIXE | |
A água-marinha é a variedade azul a azul-esverdeada da espécie mineral berilo e, certamente, trata-se da gema mais característica e representativa do Brasil, onde existem inúmeras ocorrências significativas em corpos pegmatíticos e depósitos secundários deles derivados. Berilo Maxixe e Berilo Tipo-Maxixe Eventualmente, deparamos-nos com berilos de intensas cores azuis ou azuis-esverdeadas que, no entanto, não são águas-marinhas. Estas cores ocorrem na natureza, mas podem ser igualmente obtidas por irradiação e ambas são instáveis. A taxa de descoloração destes materiais é bastante variável, de modo que o empalidecimento pode ocorrer em apenas umas poucas semanas ou durar até dezenas de anos, de acordo com as condições em que são mantidos e/ou da freqüência com que são usados. Acredita-se que o material original, não-tratado, foi encontrado na segunda década do século passado na Mina do Maxixe, ao sul de Araçuaí (MG), daí a designação "berilo Maxixe". No início da década de 70, material similar, provavelmente oriundo de Barra de Salinas, município de Rubelita (MG), reapareceu no mercado internacional de gemas, sendo então designado "berilo tipo-Maxixe". Atualmente, atribui-se o azul intenso destes materiais a um centro de cor produzido por irradiação (natural no berilo Maxixe e induzida no berilo tipo-Maxixe) em espécimes originalmente incolores, rosas pálidos ou amarelos pálidos, de determinadas localidades no Brasil e em outros países, desde que possuam certos precursores (NO3- no berilo Maxixe e CO3-2 no berilo tipo-Maxixe). Os berilos Maxixe e tipo-Maxixe podem, geralmente, ser identificados através de ensaios gemológicos convencionais, como a espectroscopia de absorção na região da luz visível (apresentam linhas intensas na região do vermelho e débeis próximas da região do amarelo, todas ausentes no espectro da água-marinha); a averiguação do pleocroísmo (exibem dicroísmo anômalo, pois, ao contrário da água-marinha, a cor mais intensa corresponde ao raio ordinário); e o exame das inclusões por microscopia (podem apresentar películas fluidas com aspecto listrado característico). Além disso, usualmente os berilos Maxixe e tipo-Maxixe possuem densidade e índices de refração superiores aos da água-marinha e o berilo tipo-Maxixe pode apresentar fluorescência azul-esverdeada sob luz ultravioleta de ondas curtas, embora estas características não sejam diagnósticas e, portanto, devam ser interpretadas com muita cautela. Pode-se identificar materiais suspeitos submetendo-os também a um eventual teste direto de descoloração, mediante exposição à luz do sol, durante uma ou mais semanas; por meio de tratamento térmico a aproximadamente 200oC; ou através da imersão em água, em ebulição, ambos durante cerca de 30 minutos. Caso os ensaios acima referidos não sejam suficientes para identificar a amostra, faz-se necessário recorrer às técnicas analíticas avançadas e não estritamente gemológicas. | |
A HIERARQUIA DAS GEMAS
A HIERARQUIA DAS GEMAS
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Atendendo a sugestão de uma leitora, abordaremos este mês um tema controverso, mas de grande interesse, o da hierarquia de valor das pedras preciosas. Sabemos que é no mínimo arriscado propor qualquer espécie de ranking das gemas comerciais pelo critério de valor, tendo em vista que a diversidade e a subjetividade dos fatores envolvidos na sua avaliação dificulta qualquer consenso, mesmo entre aqueles que lidam cotidianamente com a comercialização e a avaliação de gemas e que, portanto, devem estar sintonizados com as particularidades e a dinâmica desse mercado. Assim sendo, ao elaborá-la, não tivemos a pretensão de apresentar uma relação ultimada e definitiva, nem nos propusemos a suscitar uma discussão sobre o tema que, sabemos, jamais teria termo. Visamos com ela, orientar o público consumidor de jóias quanto ao valor relativo das gemas mais apreciadas, mostrar a relevância no mercado internacional de algumas ainda pouco difundidas pelo setor joalheiro nacional e estimulá-lo a tirar suas conclusões através da prática e da experiência próprias. Levando-se em consideração as cotações médias praticadas no mercado internacional de espécimes com qualidade para uso em joalheria, que apresentem tamanhos comerciais e possam ter sido submetidos a tratamentos tradicionalmente aceitos pelo mercado, é esta, em nossa opinião, a atual hierarquia das dez gemas minerais mais valiosas: 1. Diamante 2. Alexandrita 3. Rubi 4. Padparadscha 5. Safira Azul 6. Esmeralda 7. Turmalina da Paraíba 8. Demantóide 9. Tsavorita 10. Benitoíta Considerações É importante salientar que o Brasil produz ou produziu até recentemente, de forma regular, quatro dentre as sete gemas que consideramos as mais valiosas: diamante, alexandrita, esmeralda e turmalina da Paraíba. Caso estendêssemos esta hierarquia aos 20 ou 30 tipos mais apreciados ou nos detivéssemos apenas às gemas de uso amplo e consagrado em joalheria, certamente figurariam outras espécies e variedades produzidas regularmente em nosso país, tais como olho-de-gato, topázio imperial, água-marinha, rubelita(turmalina vermelha), indicolita(turmalina azul), turmalina verde, opala e crisoberilo. Dentre as 10 gemas consideradas mais valiosas e que não ocorrem no Brasil ou sua produção é pequena e descontínua em nosso país, encontram-se: rubi, padparadscha (safira laranja-rosada, de tom claro a médio), safira azul, demantóide (nome comercial de uma variedade da granada andradita, de cor verde a verde-amarelada), tsavorita (designação comercial da granada grossulária verde) e benitoíta (espécie mineral de cor azul a azul violácea e, até onde sabemos, de ocorrência restrita a uma única localidade nos EUA). Outras gemas que não ocorrem no Brasil ou sua produção é aqui escassa e irregular e que, certamente, deveriam constar de uma relação com os 20 ou 30 tipos mais valiosos, são a tanzanita, as safiras de diversas cores (rosas, alaranjadas, roxas, amarelas e com mudança de cor), os espinélios de diversas cores (vermelhos, azuis, rosas) e algumas espécies de granadas de características ou procedências específicas, tais como a Malaya (nome comercial da combinação de piropo-espessartita, de cor laranja), a Kashmirina (designação comercial da espessartita laranja, proveniente do Paquistão) e a Mandarim (nome comercial da espessartita laranja, oriunda da Namíbia). Muitos leitores poderão, com razão, estranhar a ausência da pérola, que deveria, sem dúvida, constar de qualquer hierarquia de gemas mais valiosas que se proponha séria. No entanto, ela não foi incluída por ser extremamente difícil situá-la no ranking, tendo em vista sua diversidade de tipos e cotações, além de tratar-se de uma gema de origem orgânica, quando todas as demais constantes da relação acima possuem origem mineral. Como as variações de qualidade e preço das gemas, sobretudo das antes conhecidas como preciosas (diamante, rubi, safira e esmeralda) são extremamente amplas, o fato de que um determinado tipo esteja situado em uma posição hierarquicamente superior não significa, evidentemente, que todos os espécimes deste referido tipo devam ser necessariamente mais valiosos que os de um tipo situado em uma posição hierarquicamente inferior. Muitas vezes, é uma tarefa extremamente difícil tentar situar adequadamente na hierarquia determinados tipos de gemas, como são os casos, por exemplo, do rubi e da alexandrita. Enquanto a pesquisa direta e as cotações existentes em publicações referenciais de preços indiquem que os melhores exemplares de rubi usualmente apresentam valores um pouco superiores ao melhores de alexandrita, os preços médios praticados para mercadorias de qualidade comercial (cotações média e boa) são superiores no caso da alexandrita, motivo pelo qual melhor a situamos no ranking. A mesma dificuldade ocorre entre a safira azul e a esmeralda que, historicamente, apresentam cotações muito próximas, de modo que, ressalvamos, não devem ter suas posições relativas na hierarquia tomadas com absoluta rigidez. Nos últimos anos, a presença no mercado de grandes quantidades de safiras azuis e esmeraldas tratadas por métodos de difícil detecção tem tido maior influência sobre as cotações destas gemas do que propriamente o aumento ou a diminuição de sua oferta. | |
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