terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Veja quais são as pedras preciosas mais valiosas do mundo

Veja quais são as pedras preciosas mais valiosas do mundo

 

A Terra está recheada de pedras preciosas, estejam escondidas bem no fundo do oceano, nas correntes dos riachos ou nas entranhas dos terrenos mais inóspitos. Localizadas nos lugares mais improváveis, os homens já encontraram verdadeiras raridades, pedras tão preciosas que valem milhões e estão nas coroas e anéis de realezas. Veja quais são algumas dessas preciosidades brilhantes (a relação não está na ordem dos mais caros):

1 – Diamante Koh-i-Noor

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Esse é simplesmente um dos diamantes mais famosos do mundo, pertencente à Coroa Britânica. Trata-se de um diamante especial, não somente pelo altíssimo valor, mas por estar envolto em lendas e mistérios ao longo dos séculos. Nos séculos passados, o Koh-i-Noor pertenceu aos indianos, considerado por muitos um dos maiores diamantes do planeta.
Alguns textos religiosos hindus indicam que o diamante pode ter sido encontrado há mais de 5 mil anos. Quando a Índia foi anexada ao Império Britânico, a Rainha Vitória foi declarada Rainha Imperatriz do país asiático, recebendo em mãos o Koh-i-Noor. Atualmente, esse precioso e raro item histórico pesa 108 quilates e é um dos diamantes mais brilhantes do mundo.
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2 – Safira Millennium

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
A Safira Millennium, que é do tamanho aproximado de uma bola de futebol, é uma preciosidade esculpida com desenhos de figuras históricas famosas. Caso você se interesse, essa raridade está à venda por míseros US$ 180 milhões. Contudo, se você quiser comprar, é necessário colocar a peça em um local onde as pessoas possam contemplar a grandiosidade do objeto.
Essa peça valiosíssima foi esculpida pelo artista italiano Alessio Boschi, que concebeu a Safira Millennium como um tributo aos seres humanos mais geniais que já andaram entre nós. Entre as personalidades, é possível encontrar Shakespeare, Beethoven, Michelangelo, Einstein e muitos outros. A safira mede 28 centímetros e foi descoberta em Madagascar, em 1995.

3 – Aquamarine Dom Pedro

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
O maior pedaço de pedra aquamarine (ou água-marinha) encontrado no mundo foi aqui no Brasil. A preciosidade foi batizada com o nome do antigo imperador do Brasil, Dom Pedro, encontrada em 1980. Atualmente, ela está em exposição permanente em um museu em Washington, nos Estados Unidos.
Essa joia foi polida pelo alemão Bernd Munsteiner, que esculpiu o material no formato que ele possui hoje. A principal beleza da Aquamarine Dom Pedro está no brilho, por ser translúcida e de um azul-claro profundo.

4 – Maior pérola do mundo

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Essa é a maior pérola do mundo, pesando seis toneladas e medindo 1.6 metros de diâmetro. Ela foi descoberta na China e vale, aproximadamente, US$ 300 milhões – na China as pérolas são mais valorizadas do que diamantes. A pedra é formada, basicamente, de minerais fluoritas, compostos de fluoretos de cálcio.
Apesar de o material em si não ser algo raro, a magnitude da formação é que chama a atenção do público. As pessoas que poliram essa raridade levaram mais de três anos para deixá-la nesse formato arredondado perfeito. Além disso, ela é capaz de brilhar no escuro quando é exposta por tempo demais a luz.

5 – Esmeralda Bahia

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
A Esmeralda Bahia é uma das preciosidades que também foi encontrada aqui no Brasil. Hoje, ela está nos Estados Unidos, e muitos clamam ser os donos reais da raridade. Trata-se de uma pedra que possui inúmeras esmeraldas dentro de si, pesando cerca de 360 quilos. O valor? Mais de R$ 700 milhões.
Cilindros verdes e brilhantes podem ser encontrados na rocha, em estado bruto, o que é muito raro de ocorrer com esmeraldas. Ela já passou por várias mãos até chegar aos Estados Unidos, muitos a vendarem sem saber o real valor da peça. Hoje ela está em disputa no Tribunal de Justiça de Los Angeles, sem um dono definido.

6 – Diamante Moussaieff

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Esse é o maior diamante vermelho já encontrado no mundo – e também foi descoberto aqui no Brasil. Com quase um quilo, essa raridade possui um corte triangular característico, capaz de fazer com que ele emita mais brilhos e reflexos. Foi descoberto em 1990, nas Minas Gerais, na região de Alto Paranaíba.
O diamante vermelho foi comprado por William Goldberg, um famoso empresário no segmento de pedras preciosas. Originalmente, a preciosidade foi batizada de "Escudo Vermelho". Entretanto, a joia foi comprada em 2002 por Shlomo Moussaieff, que o rebatizou com o próprio nome.

7 – Turmalina Paraíba

Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Realmente o Brasil é uma terra de muitas preciosidades. A Etheral Carolina Divine também foi encontrada em nossas terras, classificada com uma turmalina Paraíba. As turmalinas Paraíba são nomeadas desse jeito por serem encontradas com maior facilidade nesse estado do Nordeste, apesar de serem extremamente raras. O principal diferencial dessa pedra é o tom de cor, levemente azulado, que não é encontrado em nenhum outro lugar do mundo.
A Etheral Carolina Divine vale aproximadamente US$ 100 milhões e já não se encontra no Brasil. Atualmente, o dono dela é o canadense milionário Vincent Boucher. Ela é a maior e mais preciosa turmalina Paraíba já encontrada no mundo.

O futuro do minério de ferro

O futuro do minério de ferro



  A guerra do minério de ferro e seus efeitos colaterais, como a queda dos preços, não irão matar a mineração.

Por mais destrutiva e perniciosa que seja a avareza de poucos, que gerou a desgraça de tantos, no final deste capítulo negro da mineração, algumas empresas irão sobreviver.

Não só sobreviver, mas auferir lucros enormes ao controlar um mercado bilionário, o maior da mineração moderna.

Em decorrência da guerra muitas minas e empresas tiveram que fechar as portas, deixando de produzir centenas de milhões de toneladas de minério pouco competitivo e de alto custo. Os chineses, que eram os maiores produtores mundiais, mas também os menos eficientes, sofreram na carne os efeitos devastadores da queda dos preços da commodity: fecharam em massa.

Somente neste ano o preço já caiu mais de 45% chegando aos US$38/t, um preço que inviabiliza a maioria das jazidas e dos produtores mundiais.

Mas, como sabemos, existe uma minoria que produz enormes quantidades de minério de ferro a custos baixíssimos.

É o triunvirato do ferro, composto pelas três gigantes Vale, Rio Tinto e BHP.

A partir de agora o Triunvirato do ferro, vai dividir, quase sozinho, um mercado de 1 bilhão de toneladas de minério de ferro.

Os lucros serão monstruosos, já que essas mineradoras excedem em qualidade e competência produzindo minério de baixíssimo custo operacional, que se aproxima dos US$10 por tonelada.

Depois da guerra do minério de ferro começa agora a consolidação dos vencedores que se preparam para reduzir e não aumentar a produção.

É que com a competição morta e fora do jogo, que os vencedores irão repartir 75% de um mercado mundial gigantesco. A partir de agora eles poderão se dar ao luxo de dosar a quantidade exata assim como a qualidade do minério de ferro a ser colocado no mercado.

Com isso essas empresas passarão a controlar, depois de muito tempo, os preços do minério.

É exatamente isso.

A Vale já declara que vai atrasar a entrada em produção da jazida S11D. Uma decisão sensata, pois acelerar a produção de seu melhor minério para ser vendido a preços minimalistas é uma estratégia predatória e prejudicial à Vale e ao país.

A Rio e a BHP já estão, também, reduzindo a produção dos próximos anos, entrando, consequentemente , na estratégia da “dosagem” do minério de ferro.

Em breve, como resultado desta nova tática, os preços começarão a subir aumentando, mais ainda, os lucros do Triunvirato.

Com o controle de preços, qualidade e da quantidade veremos um novo período de jugo mundial: um verdadeiro monopólio do minério de ferro.

Nesta fase que se aproxima é altamente improvável que novos projetos consigam passar o crivo econômico e deslocar os minérios produzidos pelo Triunvirato.

É a mineração monopolista ressurgindo das cinzas.

Colômbia diz ter localizado navio San José, tesouro submerso mais procurado do mundo

Colômbia diz ter localizado navio San José, tesouro submerso mais procurado do mundo

 Image caption Figura representa galeão da mesma época do San José, que afundou com tesouro dentro
O governo da Colômbia anunciou ter localizado os restos do galeão San José, o mítico barco que afundou perto da costa de Cartagena no século 18 enquanto transportava uma carga de ouro, prata e esmeraldas para a Espanha.
O presidente colombiano Juan Manuel Santos anunciou a descoberta de forma empolgada pelo Twitter nesta sexta-feira.
"Grande notícia: encontramos o galeão San José!", disse ele.
O navio, um dos maiores da época, transportava aquilo que viraria o maior tesouro submerso da história quando foi afundado por ingleses perto da península de Barú em junho de 1708.
Acredita-se que, a bordo, estavam 11 milhões de moedas de ouro, além de outras riquezas.
Na década de 1980, o Congresso da Colômbia avaliou a carga em US$ 11 bilhões. Outros cálculos falam em US$ 5 bilhões.
Image caption Navio afundou perto de Cartagena
Com o passar os anos, o San José virou o sonho de muitos "caça-tesouros", que chegaram a travar longas batalhas legais com o governo colombiano.
"Acredito que, entre os tesouros lendários que ainda estão sendo buscados, o San José é aquele do qual as pessoas mais falam", disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Mark Gordon, presidente da empresa Odissey Marine Exploration, em 2011.
Em 1982, a empresa Sea Search Armada anunciou o descobrimento do galeão a poucos metros da costa de Cartagena, o que acabou sendo negado pelo governo colombiano.
Mas, em 1989, a empresa deu início a uma disputa legal com a Colômbia.
Em 2007, o tesouro finalmente foi declarado patrimônio cultural e histórico da nação pelo governo colombiano e um tribunal americano se pronunciou a seu favor quatro anos depois.
O governo da Espanha também reclama direitos sobre o San José, argumentando que ele pertencia a uma frota militar espanhola.

O caso das esmeraldas encontradas no gelo após desastre de avião

O caso das esmeraldas encontradas no gelo após desastre de avião


Image caption Pedras preciosas descobertas são avaliadas em quase 150 mil euros
Este é um enredo que poderia fazer parte de uma das histórias em quadrinhos de Tintin – um prefeito francês, um historiador, um comerciante de pedras preciosas judeu de Londres e suas conexões tênues com uma sacola de joias descoberta no pico Mont Blanc.
As primeiras pistas vêm de 24 de janeiro de 1966, quando o voo 101 da Air India inicia sua descida para o aeroporto de Genebra. O piloto havia feito um erro de cálculo em relação à altitude e o Boeing 707 rumava para o topo da Mont Blanc, a mais alta montanha da França.
Todos os 117 passageiros abordo morreram na colisão. “O avião fez uma grande cratera na montanha”, teria dito o primeiro guia a chegar ao local. “Tudo foi completamente pulverizado. Nada era identificável exceto por algumas cartas e pacotes”
Várias tentativas de resgate de corpos e destroços foram canceladas devido a condições climáticas desfavoráveis. Muitos restos foram coletados nos anos seguintes à tragédia – incluindo uma mala diplomática, mas pedaços de metal retorcido ainda podem ser encontrados no alto da montanha.
Mas levou meio século para que o local da queda revelasse seu maior segredo.

Esmeraldas, safiras e rubis

Entre os destroços que se espalharam com a explosão estava uma pequena caixa com 100 preciosas esmeraldas, safiras e rubis, que acabou sendo jogada longe e engolida pelo gelo.
A caixa, que está sendo reclamada por duas famílias, teria o nome delas gravado em uma lateral. Ela foi escondida pelo gelo e encontrada por um alpinista local, que a entregou para a polícia.
A decisão do montanhista de não tomar posse das pedras preciosas – avaliadas em 246 mil euros – impressionou a polícia.
“Como você pode ver, ele é muito honesto”, disse Sylvain Merly, da polícia local. “Ele não queria ficar com uma coisa que pertenceu a uma pessoa que morreu”.
As joias foram levadas para o prefeito de Chamonix, que as armazenou em um cofre da prefeitura até que a imprensa ficou sabendo do caso.
Quando a história veio a público, jornalistas começaram a buscar mais detalhes. Eles chegaram a publicar a foto de um guia de montanhas, Stephane Dan, que teria achado as pedras. Na verdade o que ele tinha eram pedras extraídas da própria montanha, as quais vendia por 20 euros cada.
“Gostaria ter ter achado as pedras reais”, ele lamenta. “Escalo todos os verões para coletar pedras para vender. Achei muitas peças do avião. Achei uma garrafa de café da Air India e um altímetro usado no avião”.
Aquele havia sido o segundo acidente aéreo da Air India na mesma região. Dezesseis anos mais cedo outro avião, um Constellation conhecido como Princesa Malabar, caiu na montanha, também durante o processo de aproximação de Genebra. Por isso há destroços de duas aeronaves na mesma região.
Dan disse que segundo os rumores locais, o escalador que descobriu as pedras preciosas era de Bourg-Saint Maurice, uma vila que fica a três horas de carro de Chamonix. “Nós todos ouvíamos o que estava acontecendo, mas soava como um mistério. Agora sabemos que foi real, mas não sei quem as encontrou”.
Nesse ponto eu tentei filmar as pedras preciosas. Mas Sylvain Merly disse que não estava mais autorizado a falar sobre o assunto e me direcionou para a administração do Estado de Haute-Savoi, na vila de Annecy.
Lá me disseram que não participavam da investigação e me recomendaram procurar François Bouquin, chefe de gabinete da prefeitura de Chamonix. Bouquim me indicou o Tribunal de Bonneville.
Aquela corte me enviou para o tribunal de Albertville, que por sua vez me mandou de volta a Bouquin.
“Eu não queria dizer não para você. Mas não pode ver as pedras. Neste ponto é uma questão de segurança. Estamos conduzindo nossa investigação e não acreditamos que a imprensa seja útil ou necessária neste momento”, disse Bouquin.
Image caption Autora desconfia que autoridades locais esteja tentando ficar com pedras preciosas
Consegui porém que ele me enviasse duas fotos do que ele chamava de “tesouro”, nas mãos do prefeito e escondido em pacotes policiais opacos.
“Essa história é tão francesa”, disse Francoise Rey, uma historiadora local e autora do livro “Crash ao Mont Blanc”, sobre os dois acidentes da Air India. “Você pede para ver as pedras e eles mandam uma foto delas em um saco”.

Acordo

A própria historiadora tentou ver as pedras, mas teve o pedido negado pelo prefeito.
Rey disse estar convencida de que o alpinista e o prefeito fecharam um acordo de 50% para cada um antes mesmo de contar aos jornalistas sobre o achado.
A legislação francesa prevê um período de dois anos. “Se nenhum dono for achado em dois anos, metade das joias ficarão com o prefeito e metade com o escalador”.
“Tenho certeza de que eles estão interessados em ficar com as pedras e que não farão nada para ajudar as famílias ou o dono a provar que são deles.”
O prefeito Fournier minimizou o valor das joias, para diminuir o interesse sobre elas. “Ele me disse que as pedras não são tão bonitas. Eles fingem estar mais aborrecidos que felizes, é essa impressão que querem passar”.
O prefeito, que está em campanha eleitoral, não deu entrevista, mas Bouquin respondeu em nome dele. “A sugestão de que nós fizemos um acordo é louca. Não há acordo. Nem conhecemos quem achou as pedras. Há uma lei e um procedimento que devem ser seguidos e isso é tudo”.
Na década de 1990, enquanto Rey pesquisava para seu livro ela teve acesso a um dossiê criminal compilado pelo tribunal de Bonneville que continha muitos documentos. Entre eles estava uma carta relacionada a um seguro, reclamando as joias para um homem que vivia em Londres.
Ela anotou o nome da família: Issacharoff.
Infelizmente ela não conseguiu copiar suas iniciais. “Eu vi a carta. Não a tenho, mas eu a vi. Copiei o nome da pessoa que esperava as pedras em Londres. Tenho certeza de que há mais detalhes nessa carta. O que precisa ser feito é voltar lá e achar essa carta, o que tem se provado muito difícil”.
Esse processo não será mais aberto ao público nos próximos 75 anos. Por isso a historiadora está agora pedindo autorização na Justiça para voltar a vê-lo.
Uma busca rápida na internet revela que a família Issacharoff é uma das mais tradicionais no ramo de comércio de pedras preciosas na Grã-Bretanha. O negócio foi iniciado pela família de origens russa e judia na década de 1930. Ele se tornaram os maiores importadores de pedras coloridas do Reino Unido.

Comerciantes

Telefono para Avi Issacharoff, chefe da Diamantes Henig e ele diz instantaneamente que as pedras são de sua empresa. “Venha a meu escritório e lhe contarei os detalhes”.
Encontro Avi atrás de varias portas blindadas em Hatton Garden, o bairro dos diamantes de Londres. Ele diz se lembrar do pai falando sobre o acidente e o alívio coletivo da família com o fato de que nenhum parente estava no avião. Normalmente, quando faziam uma compra desse tamanho, um deles ia pessoalmente pegar a mercadoria.
Neto de Ruben e filho de David, Avi é o terceiro a comandar o negócio. Seu pai ainda está vivo, mas sofre de demência e não consegue lembrar dos detalhes. “Nós consultamos nossos advogados, mas eles disseram que não temos chances. Não temos mais registros de 50 anos atrás. A única forma de provarmos que as pedras são nossas é que nosso nome estaria escrito no pacote”, disse.
Mas os Issacharoff de Londres não são os únicos a reclamar as pedras. Outro ramo da família Issacharoff, da Espanha – sem relação com os primeiros, mas também mercadores de pedras preciosas – estariam abordando autoridades francesas em uma tentativa de ter acesso à carta que Francoise Rey diz ter visto.
Bouquim, do escritório do prefeito, disse que viu o pacote no qual as pedras foram achadas, mas não necessariamente seria possível identificar um nome nele.
“Talvez consigamos identificar o nome no pacote, mas é difícil de ver. Foram 50 anos sob o gelo”.
Enquanto isso, os meses estão passando.

América do Sul vive nova corrida ao ouro

América do Sul vive nova corrida ao ouro


O comerciante colombiano Lucio Ruiz (Foto: João Fellet/BBC Brasil)
Lucio Ruiz observa as pilhas de ouro que serão negociadas com grupos empresariais de Medellín
A valorização de quase 100% no preço do ouro desde o início da crise econômica mundial, em 2008, está provocando uma nova corrida ao minério na América do Sul, com a reabertura de minas desativadas há décadas e a migração em massa para áreas de garimpo.
O fenômeno é sentido, em variados graus, em pelo menos nove países, segundo levantamento da BBC Brasil.
Enquanto tentam atrair investimentos estrangeiros para o setor, os governos da região vêm intensificando os esforços para combater a mineração informal.
Eles argumentam que a atividade destroi o meio-ambiente, sonega impostos e cria áreas sem lei, onde há problemas como a exploração sexual de mulheres. Além disso, dizem que grupos criminosos em alguns países sul-americanos estão se valendo da exploração de ouro para se financiar e lavar dinheiro.
Considerado um investimento seguro em tempos de instabilidade nas bolsas e forte oscilação de moedas, o ouro valia cerca de US$ 800 a onça (31 gramas) no fim de 2007.
Desde então, dobrou de preço, chegando a US$ 1.600. "Com o preço nesse nível, minas que não eram viáveis por terem baixo teor de ouro, hoje, se tornaram rentáveis, e minas já exploradas estão sendo reabertas", disse à BBC Brasil Arão Portugal, vice-presidente no Brasil da mineradora canadense Yamana.
No Brasil, entre as minas que serão reabertas está a de Pilar de Goiás, cidade fundada em 1741 durante o primeiro ciclo de ouro brasileiro. Outra é Serra Pelada, no Pará, que deve retomar suas atividades no início de 2013.

Migração

No Peru, principal produtor de ouro da América do Sul e sexto maior do mundo (os primeiros do ranking são China, Austrália e Estados Unidos), a alta do minério tem estimulado dezenas de milhares de moradores da região andina a tentar a sorte na Amazônia, onde há vastas reservas inexploradas sob a floresta.
Muitos deles se instalaram em barracas à beira da recém-inaugurada Interoceânica, estrada que liga o noroeste brasileiro a portos peruanos no Pacífico, para explorar ouro no entorno do rio Madre de Deus e de seus afluentes.
A BBC Brasil esteve em alguns desses garimpos, que se estendem na rodovia por ao menos 50 quilômetros e começam a surgir a cerca de 250 km da fronteira com o Brasil.
Ao redor dos acampamentos, áreas desmatadas e que tiveram o solo revirado expõem os efeitos colaterais da atividade, agravados à medida que a exploração avança pela floresta. Os danos ambientais incluem ainda a sedimentação dos rios e contaminação de suas águas por cianeto e mercúrio, usados no beneficiamento do minério.
Para combater a mineração informal, o governo peruano aprovou, no início do ano, um decreto que torna a atividade crime, com pena de até dez anos de prisão. Simultaneamente, passou a explodir dragas encontradas nos garimpos.
Em resposta, cerca de 15 mil mineradores, segundo estimativa da imprensa local, foram protestar em Puerto Maldonado, capital de Madre de Dios. O grupo se deparou com 700 policiais, que abriram fogo para dispersar a multidão. Os confrontos deixaram três mineradores mortos e ao menos 55 pessoas feridas, entre as quais 17 policiais.

Economia local

Confrontos em razão de restrições governamentais à mineração informal também têm ocorrido na Colômbia. Em dezembro, mineradores da região do Baixo Cauca, no noroeste colombiano, incendiaram pneus e fecharam vias na cidade de Caucasia. Eles protestavam contra o que consideram um tratamento prioritário dado pelo governo às multinacionais na concessão de licenças para mineração. As forças de segurança intervieram com bombas de gás lacrimogênio.
Garimpeiro (Foto: João Fellet/BBC Brasil)
Alta no preço do ouro provoca reabertura de minas desativadas e migração para áreas de garimpo
Segundo Carlos Medina, professor da Faculdade de Direito e Ciência Política da Universidade Nacional da Colômbia, o ouro começou a ser explorado no Baixo Cauca nos tempos coloniais. No entanto, a atividade foi reduzida drasticamente nas últimas décadas, porque deixara de ser rentável. Com a escalada nos preços, o ouro voltou a sustentar a economia local.
O lojista Davidson Garcez, que atua na compra e revenda de ouro em Caucasia desde 1986, calcula que nos últimos quatro anos houve um incremento de 40% no comércio do minério. Ele diz que, quando ingressou no mercado, os mineradores que empregavam retroescavadeiras tinham de encontrar três castelhanos (ou 13,5 gramas) de ouro por dia para cobrir seus custos. Hoje, devido à valorização, basta que encontrem 1 castelhano (4,5 gramas) ao dia.
"Minas que foram degradadas há 15, 20 anos voltaram a ser exploradas", disse ele à BBC Brasil.
Em sua loja, o vendedor Lucio Ruiz observa orgulhoso as pilhas de ouro que serão negociadas com grupos empresariais de Medellín, maior cidade da região. De lá, serão exportadas principalmente para a Europa, Ásia e Estados Unidos.
"Gosto de imaginar que logo este ouro poderá estar no pescoço de alguma mulher americana, ou quiçá nos cofres de um banco no Japão", afirma.

Combate

Em discurso em janeiro em Caucasia, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou que buscaria coordenar esforços com países vizinhos que também estariam sofrendo com a mineração ilegal, entre os quais citou o Equador, o Peru e o Brasil.
"É um fenômeno que está acontecendo na região, entre outras coisas, pelo alto preço do ouro, mas também porque os grupos criminosos encontraram um filão onde às vezes os Estados demoram em ser efetivos em sua reação."
Nos últimos anos, governos da Venezuela, Bolívia e Equador também vêm adotando linha mais dura quanto à mineração informal, empregando inclusive as Forças Armadas em operações contra a atividade.
No Brasil, 8.700 militares atuam desde o último dia 2 numa megaoperação na Amazônia que busca, entre outros objetivos, combater garimpos ilegais nas fronteiras com a Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
A ação, denominada "Agata 4", mobilizará, por um mês, 11 navios, nove helicópteros e 27 aviões. A iniciativa se soma a três operações da Polícia Federal (PF) ocorridas desde o ano passado para combater o garimpo ilegal de ouro na região Norte.
O governo brasileiro vem sendo cobrado especialmente pela Guiana Francesa, Guiana e Suriname a controlar a ação de garimpeiros brasileiros na fronteira com esses países, atividade desenvolvida há décadas mas que ganhou novo fôlego com a alta dos preços.
No dia 25 de abril, num sinal da crescente tensão na região, cerca de cem mineradores brasileiros foram presos na Guiana.