sábado, 12 de março de 2016

DESCOBRIMENTO DO BRASIL- RESUMO DA HISTÓRIA.

No ano seguinte ao da volta de Vasco da Gama [1]), encarregou Dom Manuel a Pedro Álvares Cabral, senhor de Belmonte e alcaide- nor de Azurara, o mando duma armada de treze velas [2]), que devia na sua derrota, correr a costa de Sofala, visitar o rei de Melinde, 3hegar a Calecut, e prosseguir na emprêsa, a um tempo mercantil e guerreira, iniciada com tanta fortuna pelo primeiro descobridor. Era a frota magnífica e poderosa, e tinha como capitães, entre Dutros, além de Pedro Álvares Cabral, Nicolau Coelho, qué fôra [3]) na anterior expedição, e Bartolomeu Dias, o primeiro que ousara iobrar o cabo da Boa Esperança, e que no seio das suas tormentas ia encontrar desta vez o perpétuo sono da morte. (
Preparado tudo para a partida, levantaram-se âncoras, des­fraldaram-se velas, e, cortando as águas, saiu a armada de mar em fora no dia 9 de março, e seguiu viagem próspera até as alturas do Cabo Verde, onde um temporal desfeito de tal modo agitou os ma-, res, que os navios, envolvidos entre serras de ondas, ora eram alça- ios no cume das vagas, como se elas quisessem expelir de si, ora quase se submergiram na concavidade do abismo. Acalmada a pro­tela, juntou-se tôda a frota à exceção dum navio, que depois ar­ribou a Lisboa e continuaram os doze restantes pelo oceano, afas­tando-se das costas de África, ou para evitarem as calmarias de Guiné, como já o praticara Vasco da Gama, ou porque, para o
prosseguimento de tal rumo, influísse de algum modo o espírito
aventuroso e obstinado dêsses homens enérgicos, que tudo arrosta­vam e a tudo se atreviam com o ardor que só deriva [4]) do verda­deiro entusiasmo.
As plantas marítimas encontradas no dia 21 de abril, as aves redemoinhando nos ares ou pousando sôbre as águas, um hálito perfumado que impregnava a atmosfera, anunciaram aos nave­gantes a proximidade de regiões desconhecidas; e porisso, na ma­nhã seguinte, apinhavam-se todos nos chapitéus [5]) da proa, fixa


primeira missa no Brasil
a vista no extremo aos mares, onde já. se divisava como que um ponto escuro que gradualmente ia crescendo. Afinal a voz do gageiro 1) da nau capitânea bradou no cesto da gávea — Terra! — e durante minuto só êsse grito de contentamento indizível ressoou em todos os navios. . . ! A ligeira névoa avultara no horizonte, a frota surdia sempre avante, e por fim já distintamente se observa um monte de forma arredondada, largas serranias para o sul, e ao longe uma extensa planície, vestida de sombrios arvoredos. Aproaram então as naus à terra, que, pela ignorância daquelas eras julgaram os pilotos que só podia ser uma grande ilha, como alguma dos Açores ou das Antilhas; ancoraram perto da costa, e na manhã seguinte sulcavam as águas em direção à praia.
Grupos de homens, de mulheres e de crianças apareciam por entre as árvores, e ora se adiantavam a medo, ora se retraiam, testemunhando nos gestos o espanto que lhes causavam as embar­cações, as velas, os mastros, coisas como que animadas e sobre­naturais, que pareciam obedecer ao impulso duma vontade única. Não tinha essa gente os caracteres físicos das raças africanas ou européias, e apenas se semelhavam com as da índia na côr ba­ça e no cabelo comprido e corredio. Os corpos eram altos e robus­tos, as feições regulares, a fisionomia franca e benévola; e, a-pesar- das armas que traziam, mostravam-se de índole pacífica, ditosos com seus costumes singelos, e satisfeitos com o que o solo espon­taneamente lhes oferecia.
Não podendo desembarcar ali, porque o mar quebrava então muito na costa, seguiram os portuguêses na volta do norte, buscando à feição do vento algum pôrto seguro, onde surgissem [6]); de-feito, tendo navegado cerca de 10 léguas, encontraram no dià 24 de abril uma enseada, onde entraram os navios menores, fican­do ao princípio as naus fora dos recifes, por não se conhecer se ha­via dentro suficiente fundo. Entretanto alguns marinheiros aproxi­maram-se em batéis à praia; conseguiram tomar de sobressalto dois indígenas, que andavam numa jangada ou almadia, formada a seu modo de três traves unidas, e que nem tentaram resistir, não obstsnte trazer um dêles arco e frechas, e poderem ser, facilmente socorridos. Levados à presença de Pedro Álvares Cabral, procurou êste de alguma forma interrogá-los, deu-lhes o que indicaram dese­jar, enviou-os no dia seguinte para terra [7]) a-fim-de evitar suspei­tas ou receios, e estabeleceu assim as primeiras relações com os ha­bitantes dessa parte do Novo Mundo, que o acaso nos sujeitava, co­mo o acaso .entregara a Colombo as costas ocidentais da América.
Não tentaremos descrever as várias cenas-de curiosidade e de inocência por parte dos indígenas, de contentamento, de entusias­mo e de nobreza por parte dos descobridores que tiveram como
teatro essas praias, enquanto aí se demorou a armada. O quadro que apresentássemos, seria apenas um esbôço, desenhado a largos traços que mal conseguiria trasladar a narração síncrona[8]) de Pedro Vaz de Caminha, onde miüdamente se apresentam os fatos e circunstâncias, e como que ressurgem os próprios protagonistas. Cingir-nos-emos, pois, a dizer que, tendo o capitão mandado reco­nhecer o país, e sabendo que era fértil, retalhado de rios caudais, coberto de árvores frutíferas, e povoado por gentio dócil, com o qual se mostrava fácil a entrada, resolveu tomar solenemente pos­se da região, oceano de soberbas e virginais florestas, em que pa­recia reproduzir-se o Eden dos livros santos.
Designado para aquêle ato o primeiro dia de maio, assistiram à missa em terra os navegantes, ataviados das melhores telas e de luzidas armas; e debaixo daquele céu puro, naquela atmosfera bal­sâmica, perante aqueles horizontes esplêndidos, um profundo sen­timento de confiança em Deus devia animar êsses homens ajoelha­dos em frente do mesmo altar, esquecidos dos perigos e fadigas, e enlaçados pelas recordações, pelas crenças, pelos trabalhos e pelo pensamento de glória, que mais ou menos se erguia em tôdas aque­las almas de bronze. Em seguida, no meio do ressoar (ias chara­melas e tambores, das aclamações da marinhagem e dos gritos festivos dos indígenas, levantou-se perto da praia uma grande cruz, feita com madeira daquelas selvas, psdrão glorioso da. nobre em- prêsa, que nenhum ato de crueldade desonrava.
Não quis Pedro Álvares Cabral demorar notícia tão extraordi­nária e expediu Gaspar de Lemos para a transmitir a>el-rèi, par­tindo êle próprio daquelas praias no dia 3 de maio, e deixando em terra dois degredados, vivo testemunho de posse incontestada. A fortuna, porém, que até então lhe fôra propícia, de-pressa o desam­parou. Assaltada a frota por uma tempestade horrorosa próximo ao cabo da Boa Esperança, abismaram-se no oceano, com a gente que levavam, quatro dos onze navios que se dirigiam à índia.
Passados meses, Gaspar de Lemos transpõe de novo a foz do Tejo, e vem anunciar a Lisboa, ao reino, ao mundo, o novo desco­brimento. A febre do entusiasmo exaltou então todos os ânimos, dando-lhes a energia e confiança que até essa conjuntura faltara a muitos. O pendão das quinas que tremulava na Europa e na África, nas ilhas do Atlântico e mares da índia, ia prolongar-se pelo Ocidente, e Portugal podia dizer, com legítimo orgulho, que tomara o primeiro lugar entre as nações.
Hoje o Brasil é vastíssima república, vívida, esperançosa e li­vre. Emancipado da metrópole, não só pelos sucessos políticos que se realizaram no primeiro quartel do século passado, mais ain­da pela lógica natural do progresso das sociedades, está destinado, pela sus. posição geográfica, pela excelência do clima, pelas rique- zus que possue, e peio patriotismo dos seus habitantes a desempe­nhar um grande papel na história do Novo Mundo. Possa o povo infante, filho e em tudo descendente duma nação pequena, mas no­bilíssima, viver e prosperar por muitos séculos, dando exemplo de sabedoria e de humanidade às velhas monarquias da Europa, que se julgam mais civilizadas, e que só têm mais poder ou fortuna.

O DIAMANTE DO RIO DAS GARÇAS

O DIAMANTE DO RIO DAS GARÇAS
Após a descoberta dos "Garimpos" do rio das Garças, é conhecida de todos a maravilhosa historia: um índio bororó vira um diamante tão grande, faiscando tanto ao sol, que era impossível fixar-lhe os olhos.
Batizaram-no com o nome de "Abacaxi’ e o localizaram no Alcantilado, como o lugar mais provável onde fora percebido e isso talvez por se tratar de um despenhadeiro de difícíil acesso e em que ninguém poderia trabalhar.
Foi por motivo dessa lenda que um moço "curáo" se aventurou tragicamente em busca da preciosa gema. Seu cadáver, de uma palidez assustadora e que foi encontrado três dias depois, trazia um ferimento roxo na garganta.
Segue-se a este um outro caso idêntico: o mesmo lugar, as mesmas circunstâncias, o mesmo ferimento roxo na garganta. Foi quanto bastou para que em torno do caso se formasse a lenda respeitada: (o diamante enorme, cintilante, estava encastoada na ponta lisa de uma pedra à flor da água e, por mais que o rio enchesse, não conseguiria encobri-lo. Era guarda zeloso e sanguinário de tão precioso tesouro um negro musculoso, de estatura espantosa, que tinha as mãos e os pés providos de membranas natatorias, com os pés das aves aquáticas.
Infeliz do aventureiro que se aproximasse. Seria arrastado para o fundo do rio e sofregamente sugado até a última gota de sangue pelo Negro-Dagua…
Atribuia-se, ainda, a esse mesmo lendário personagem, a obrigação de zelar por todos os tesouros virgens da cobiça humana.
ABACAXI — Dizia a lenda, no rio das Garças, que ali existe encravado entre penedos um enorme diamante de fôrma de um abacaxi.
CURÁO — Noviço nos trabalhos dos Garimpos.

Juína: Pesquisador de universidade canadense aponta existência de oceano subterrâneo

Juína: Pesquisador de universidade canadense aponta existência de oceano subterrâneo

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Grupo 1 grande 566×100
Grupo 1 grande 566×100
O subsolo da cidade de Juína (750 km de Cuiabá) pode ser um grande reservatório de água, segundo cientistas internacionais. A descoberta feita por pesquisador de Universidade de Alberta (no Canadá), a partir da análise de um diamante encontrado em Juína, comprova a existência de um oceano subterrâneo na região.
De acordo com informações de uma pesquisa realizada pelo cientista e especialista em estudos de diamantes, Graham Pearson, da Universidade de Alberta, no subterrâneo do município de Juína, em Mato Grosso, há um grande reservatório de água.
A descoberta foi divulgada no site da universidade canadense em maio de 2014, mas ganhou atenção novamente após publicação da informação na última sexta-feira (20), pelo site de notícias “Epoch Times”.
A descoberta veio por meio da análise de um diamante, realizada pelo cientista canadense, que comprovaria a hipótese de que a água presente na superfície do planeta Terra teria sua origem no interior do próprio planeta, desbancando a teoria dominante de que ela teria na verdade sido trazida por cometas gelados há milhões de anos.
A pedra foi adquirida por acidente pelos pesquisadores da universidade do Canadá em 2009, quando estavam no município de Juína a procura de um outro mineral. A análise do diamante, que foi encontrado por garimpeiros em um rio raso da região, apontou a existência de um mineral raro que absorve água, o “ringwoodite”, que só havia sido encontrado em rochas de meteoritos.
Em análise mais detalhada, foi confirmada a origem do “ringwoodite” como sendo do manto da Terra, região interior do planeta, localizada a cerca de 410 km e 660 km abaixo da superfície.
A peculiaridade desta descoberta  é que  esta água não existe em qualquer um dos três estados que conhecemos: líquido, sólido ou gasoso. A água foi encontrada em estruturas moleculares de formações rochosas no interior da Terra.
Mapeamento subterrâneo de água mundial
Um estudo conduzido também por pesquisadores canadenses, desta vez da Universidade de Victoria, foi publicado na revista científica “Nature Geoscience”, mapeando toda essa água armazenada no subsolo terrestre. Segundo os resultados das pesquisas, o volume total chega a 23 milhões de km³, mas apenas 6% desse montante seriam próprios para consumo humano.

Do ouro às pedras coradas - MATO GROSSO

Economia

Colheita de Algodão - Foto por: José Medeiros - Gcom/MT
Colheita de Algodão
O estado de Mato Grosso é conhecido como o celeiro do país, campeão na produção de soja, milho, algodão e de rebanho bovino, e agora quer alcançar novos títulos do lado de fora da porteira das fazendas. Com crescimento “chinês” de seu Produto Interno Bruto, o estado iniciou um planejamento para atacar diversas frentes com potencialidades até então adormecidas. A estratégia vai permitir que sua produção seja diversificada para agregar valor a tudo aquilo que é produzido em terras mato-grossenses e que acaba abastecendo o Brasil e o mundo.
O governado do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), está planejando um conjunto de ações para atrair investidores para Mato Grosso. Cinco eixos prioritários para esta transformação foram definidos pela secretaria. A partir de agora serão realizados estudos para reformular as políticas tributária, de atração de investimentos, logística e mão de obra.
Os cinco setores com grande potencial de crescimento na região e que terão atenção especial do estado são agroindústria, turismo, piscicultura, economia criativa e pólo joalheiro. Para isso, o estado pretende reformular o Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic) e o sistema tributário estadual.
Agronegócio
Em pouco mais de uma década, o PIB estadual passou de R$ 12,3 bilhões (1999) para R$ 80,8 bilhões (2012), representando um crescimento de 554%. Neste mesmo período, o PIB brasileiro aumentou 312%, segundo dados do IBGE. Grande parte deste desempenho positivo veio do campo. Atualmente, o estado Mato Grosso lidera a produção de soja no país, com estimativa de 28,14 milhões de toneladas para a safra 2014/2015. Também está à frente na produção de algodão em pluma – 856.184 toneladas para 2014/2015 – e rebanho bovino, com 28,41 milhões de cabeças. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o agronegócio representa 50,5% do PIB do estado.
Com o agronegócio consolidado, Mato Grosso é terreno fértil para as indústrias que atuam antes e depois da porteira. Até 2013, segundo a Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), o estado tinha 11.398 unidades industriais em operação, com 166 mil empregos gerados.
Ainda assim, é preciso agregar mais valor ao produto que sai de Mato Grosso. Da porteira para dentro há potencial para as empresas que abastecem os produtores com adubo, defensivo e maquinário, entre outros produtos. Da porteira para fora, as empresas de beneficiamento, como a têxtil e de etanol.
Pesquisa e tecnologia
O que poucos sabem é que Mato Grosso, além de grãos, é o maior produtor de pescado de água doce do país, responsável por 20% da produção do Brasil, com 75,629 mil toneladas (IBGE 2013). E esse mercado tem muito a crescer. O potencial está na abundância de rios e lagos em território mato-grossense.
Atualmente, 72% do pescado produzido no estado são destinados ao consumo interno, de acordo com dados de 2014 do Imea. O segundo maior consumidor do peixe produzido no estado é o Pará (9,71%), seguido do Tocantins (2,35%). O plano do Governo do Estado é estimular o aumento da produção e atrair empresas de beneficiamento do peixe para exportá-lo para outros estados.
A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) é uma das que investe no setor, tanto em pesquisa quanto na produção. A instituição mantém no município de Nossa Senhora do Livramento uma estação de piscicultura onde são produzidos e comercializados alevinos de espécies como pacu, tambacu e tambatinga. A meta da instituição é fechar o primeiro quadrimestre de 2015 com uma produção de 800 mil alevinos.
Para isso a Empaer conta com 39 tanques de reprodução com capacidade para produzir um milhão de alevinos – sendo 12 tanques de pesquisa e 27 para recria. A instituição também oferece cursos para produtores rurais e técnicos agrícolas sobre noções básicas de piscicultura.
A borracha natural é outro foco da política de incentivos desenvolvida pelo Governo de Mato Grosso, que quer agregar valor à borracha produzida no estado, com beneficiamento e industrialização. O estado é o segundo maior produtor de borracha natural do país, com 40 mil hectares de área plantada e 25 mil famílias envolvidas na atividade, conforme dados da Empaer.
Pioneira no estado em produção e pesquisa da seringueira, a empresa possui um campo experimental no município de Rosário Oeste (128 km ao Norte de Cuiabá) com jardim clonal e viveiro para atender a agricultura familiar. Os produtores contam com o apoio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf Eco), que disponibiliza uma linha de crédito com prazo de 20 anos para pagamento e oito de carência.
Paralelamente, a Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitec) investe em inovação e qualificação de mão de obra com a criação do primeiro parque tecnológico de Mato Grosso, além de negociação com centros europeus para cooperações na área de tecnologia.
Energia também não falta para mover esta máquina. Superavitário no setor energético, Mato Grosso alcançou em 2014 a produção de 14 milhões/MWh. Desse montante, consumiu 9 milhões/MWh e exportou 5 milhões/MWh via o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Do ouro às pedras coradas
Se durante a colonização Mato Grosso foi reconhecido pelo ouro, hoje é um mercado potencial para a fabricação de joias e semi joias a partir de pedras preciosas. Além de ser o maior produtor de diamante do Brasil – com 88% do total da produção brasileira, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) –, o estado  também se destaca pelas pedras coradas, como a ametista, o quartzo rosa, a ágata e a turmalina.
A atividade mineral no Estado é histórica. Não há como falar da povoação de Mato Grosso sem falar da extração do ouro e diamante. Era 1719, quando o ouro foi descoberto por bandeirantes às margens do Rio Coxipó. Já o diamante começou a ser explorado no fim do século XVIII nas regiões de Coité, Poxoréu e Diamantino.
Atualmente, conforme dados da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), as pedras coradas se concentram nas regiões noroeste, centro sul e leste de Mato Grosso. A granada, o zircão e o diopsídio em geral são encontrados associados ao diamante, nas regiões de Paranatinga e de Juína.
Nas proximidades de Rondolândia existe um depósito de quartzo rosa e as turmalinas são encontradas próximas a Cotriguaçu, enquanto as ametistas estão concentradas próximas aos municípios de Aripuanã (noroeste) e Pontes e Lacerda (oeste).
Economia criativa
A política de incentivo do Governo do Estado para o setor inclui o estímulo a pequenos empresários do ramo joalheiro, dentro do programa de Economia Criativa que vem sendo desenvolvido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), que abrange setores como moda, design, artes e gastronomia.
Há 30 anos no mercado de joias em Cuiabá, Carmem D’Lamonica vê Mato Grosso como um futuro pólo joalheiro pela abundância de pedras coradas existentes no solo mato-grossense e até então pouco exploradas. Para estruturar o mercado, avalia, é necessário criar uma política voltada para o ramo, desde a extração até o produto final.
“Temos condições de montar uma cadeia produtiva e nos tornar referência no setor”, garante a designer, lembrando que matéria-prima atrai não apenas joalheiros, mas também indústrias de semi joias e bijuterias. 
Paraíso do ecoturismo
Cachoeiras, safaris, trilhas ecológicas, observação de pássaros, mergulho em aquários naturais. Seja no Pantanal, no Cerrado ou no Araguaia, Mato Grosso é o destino certo para quem gosta de ecoturismo e para quem planeja investir no segmento que mais cresce no setor de turismo.
Dados da Organização Mundial de Turismo (OMT) apontam que o ecoturismo cresce em média 20% ao ano, enquanto o turismo convencional apresenta uma taxa de aumento anual de 7,5%, conforme divulgado pelo Ministério do Turismo em 2014. A organização estima ainda que pelo menos 10% dos turistas em todo o mundo sejam adeptos do turismo ecológico.
Como belezas naturais não faltam em Mato Grosso, os governos Federal e Estadual têm investido em infraestrutura de acesso a paraísos naturais mato-grossenses, como o Pantanal. Exemplo disso é o projeto de substituição de pontes de madeira ao longo da rodovia Transpantaneira – que liga a cidade de Poconé até a localidade de Porto Jofre, cortando a planície alagável. Ao todo serão construídas 31 pontes de concreto.
Chapada dos Guimarães é outro ponto prioritário para a Sedec quando o assunto é infraestrutura. No município, que atrai visitantes adeptos do turismo de contemplação e de esporte de aventura, será executada a conclusão do Complexo Turístico da Salgadeira e a pavimentação da MT-060 e MT-020. O Governo do Estado também retomou o diálogo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para o andamento das obras do Portão do Inferno e da entrada da Cachoeira Véu de Noiva, os dois principais pontos de contemplação do Parque Nacional de Chapada.

Garimpo do Roosevelt abriga um kimberlito mineralizado (rocha de origem vulcânica que dá diamante)

Garimpo do Roosevelt abriga um kimberlito mineralizado (rocha de origem vulcânica que dá diamante)

Reserva indígena, que pode ter a maior mina de diamantes do mundo, é explorada pelo crime organizado, que fatura US$ 20 milhões por mês

Numa sala dos fundos da joalheria Oriental, no centro do município de Juína, no Mato Grosso, o comerciante Rogério de Souza desdobra uma folha de veludo preto e espalha sobre a mesa centenas de pequenas pedras brilhantes. Depois de separar com uma pinça um lote de diamantes maiores, o comerciante anuncia o preço do produto: R$ 150 por quilate (1/5 de grama). “Veio de longe. Mas se você quiser as pedras boas e grandes dos índios tem de avisar antes. Na semana passada, um garimpeiro de Rondônia estava pedindo US$ 6 milhões por uma raridade de mais de 100 quilates”
A exemplo dos demais escritórios
de diamantes do município, a Oriental fica na avenida 9 de Maio,
o local preferido dos garimpeiros 
e dos compradores da Bélgica, de Israel e de vários outros países. 
O comércio de pedras também
é intenso nos principais hotéis 
da cidade. “IMG Comércio de Diamantes”, anuncia uma placa colocada no apartamento 202 
do Hotel Caiabi. Era nesse escritório improvisado que despachava o contrabandista de Tel-Aviv Israel Mattiyahu Garby, preso em março
do ano passado pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande (MT), quando tentava contrabandear dois quilos de diamantes. Uma carga avaliada em R$ 1,5 milhão ao preço
do mercado de hoje. A prisão de Garby, no entanto, não foi suficiente para afugentar os compradores estrangeiros. No mesmo hotel, o belga Luix Uícus, não hesitou em dizer a ISTOÉ por meio do amigo Talai Did
o que procurava na cidade: “Diamantes grandes e bonitos.” Did e Uícus somente perderam a calma e encerraram a conversa quando
foram perguntados sobre a legalidade da transação.
Esse cenário explica por que Juína, município cercado por várias reservas indígenas, na divisa de Mato Grosso com Rondônia, é conhecido por manter em funcionamento a bolsa de diamantes do País. Na década de 90, esse título, escrito em duas torres erguidas na avenida 9 de Maio 
pelo israelense Izac Ben David, 
se devia à grande produção de diamante industrial no município. Minúsculo, escuro e vendido a preços bem inferiores para indústrias
de ponta, esse tipo de diamante anda em queda, mas é o único
produzido nos garimpos do município. A Polícia Federal, o Ministério Público Federal, e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sabem 
que as pedras preciosas que atraem compradores e contrabandistas 
para Mato Grosso têm outra procedência: a reserva Roosevelt dos
índios cinta larga. Ocupando uma área de 2,6 milhões de hectares nos Estados de Rondônia e do Mato Grosso, a reserva foi presenteada com um raro kimberlito (rocha vulcânica onde é encontrado diamante).
Segundo estudo da Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM), órgão do Ministério das Minas e Energia, o kimberlito, o único do País que pode gerar uma mina industrial de diamante de gema, tem capacidade para produzir no mínimo um milhão
de quilates de pedras preciosas por ano, o que representa uma receita anual de US$ 200 milhões. A extração de mineral em terra indígena é ilegal
e depende de regulamentação do Congresso. Mesmo assim, a Abin
e o serviço de inteligência da PF estimam que US$ 20 milhões de diamantes do Roosevelt saem ilegalmente do País todos os meses.
Para a PF e o Ministério Público, o contrabando explica a enorme discrepância entre a exportação legal 
de diamantes de gemas, que segundo o Serviço de Comércio Exterior (Secex) no ano passado foi de apenas 9.096 quilates, e o destaque
que as pedras brasileiras começam a ganhar no mercado externo.
De acordo com o Mining Journal, publicação especializada da Inglaterra 
que mede a comercialização de pedras preciosas na Europa, a produção de diamantes de gema do País foi de 900 mil quilates, no mesmo 
período, comercializados a US$ 41 milhões. Esse número colocou o
Brasil como o 10º maior produtor de diamantes do mundo. Basta fazer
a conta – 900 mil quilates menos nove mil – para concluir que 890 mil quilates saíram ilegalmente do País em 2001. Cerca de 98% da
produção nacional. “Está claro que a maior parte desses diamantes 
sai do País contrabandeada”, afirma o procurador da República Pedro Taques, que coordena uma força tarefa do MP que investiga o contrabando de diamantes em terras indígenas.
“Lá está a riqueza que os estrangeiros e os políticos querem tirar do meu povo. Tudo o que saiu é pouco. Os garimpeiros estão somente arranhando a rocha maior (kimberlito), abaixo do igarapé, onde está o grosso do diamante”, mostra o cacique Tataré Cinta Larga, enquanto a aeronave sobrevoa o garimpo do Roosevelt. Visto do alto, o cenário apontado por Tataré é assustador. Em meio à floresta devastada, dezenas de tratores e escavadeiras abrem crateras no Igarapé do Lajes, que numa extensão de 40 quilômetros se transformou num gigantesco lamaceiro. Os problemas do garimpo do rio Roosevelt não se resumem, no entanto, ao campo ambiental. A quantidade de pedras preciosas, grandes e de várias cores, atraiu, além dos garimpeiros e mineradoras do Brasil e do Exterior, todo tipo de criminoso e forasteiro para a região. Nos últimos dois anos, a PF retirou cinco mil garimpeiros do local. Centenas de carros e 200 toneladas de maquinário de garimpo foram apreendidos.
A presença de policiais federais não conseguiu, no entanto, acabar com a atividade ilegal. Contrabandistas do Mato Grosso e de Minas Gerais e até mesmo políticos da região assumiram o controle do garimpo. Cooptados pelos grupos organizados, os caciques, iludidos pelos contrabandistas com carros importados e outros presentes caros, além da porcentagem na venda das pedras, passaram a exigir um pedágio de R$ 30 mil pela entrada de cada máquina no garimpo. Um amontoado de quase mil fotos apreendidas no mês passado pela PF, ao qual ISTOÉ teve acesso, mostra cenas assustadoras. Armados com escopetas e armas de repetição, policiais e contrabandistas desfilam com celulares ligados a satélites e em aviões que descem em pistas clandestinas para buscar as pedras valiosas.
A PF chegou a montar dois postos de fiscalização na reserva para combater
o crime organizado, mas, revoltados 
com a apreensão de maquinários e camionetes do garimpo, os guerreiros cinta larga, acionados pelos caciques, expulsaram os federais de sua reserva
no mês passado. Em protesto contra
a apreensão, os caciques assumiram 
o comando do escritório da Funai 
em Cacoal, que permaneceu fechado durante 15 dias em outubro. O administrador do escritório, Laerte Ferraz, em conflito com os Cinta Larga, se licenciou do cargo. Os índios, que exigem a exoneração de Laerte, se aliaram aos técnicos indigenistas José Nazareno de Mares e Valdir Gonçalves, que estão sendo investigados pela PF pelo envolvimento com o contrabando de pedras. As investigações atingem também Vladimir Manqueiro, fiscal do Ibama de Cacoal.
A vida dos contrabandistas tem sido facilitada ainda pela concessão
de licenças de pesquisas minerais em áreas próximas à reserva pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão do 
Ministério das Minas e Energia que regulamenta a atividade mineral
no País. Nem mesmo os parques federais são poupados pelo DNPM. 
A PF acredita que licenças como essas são utilizadas pelos contrabandistas para regularizar as pedras retiradas ilegalmente da reserva. “Essa mina é amaldiçoada, é a mina da morte. Estou cansado
de tanta violência. Já pedi minha transferência para outro local”,
afirmou o delegado Raimundo de Souza Filho, de Espigão D´Oeste, assustado com a onda de crimes e violência no local.
Pelos cálculos do delegado, o garimpo do Roosevelt, que atraiu ladrões de pedras, prostitutas e traficantes para a região, provocou a morte de pelo menos 100 garimpeiros, índios e contrabandistas nos últimos dois anos. Normalmente, as vítimas são garimpeiros que não trabalham para os grupos organizados. Sem dinheiro para pagar o pedágio, eles se arriscam a entrar clandestinos na reserva, onde acabam sendo mortos por índios guerreiros e jagunços contratados pelos contrabandistas. Nos últimos dois anos, 11 ossadas foram encontradas por agentes federais.

Reação – Mas nem tudo está perdido. Uma operação conjunta de vários órgãos federais vem dando resultado. O Ministério Público e a PF comemoram a prisão do advogado Avelino Tavares Jr. e dos empresários de Juína Laudelino Alves Queiroz e Renato Marine, do piloto Eliano Antônio Correia e de um grupo de compradores do Paraná. Mas o policial militar mato-grossense Carlos Santana e o comprador Nilmo Pires dos Santos conseguiram fugir. Depoimentos sigilosos apontam que o grupo de Juína é controlado pelo ex-garimpeiro Hermes Bergamini, proprietário da Diajamur, uma das principais lojas de compras e exportação de pedras da avenida Nove de Maio. A Diajamur reserva uma sala especial para um comprador indiano, que se identifica apenas como Zavarello, principal contato de Bergamini com a Bélgica. Está sob investigação também a prefeita de Espigão D’Oeste, Lúcia Teresa Rodriguez dos Santos (PDT), acusada
em vários depoimentos de manter máquinas dentro do garimpo, que funcionariam com combustível desviado da prefeitura. As investigações atingem até mesmo assessores de políticos de Rondônia e uma quadrilha de Minas Gerais liderada pelo comprador de pedras e empresário Gilmar Alves Campos. Segundo os índios e os garimpeiros, Gilmar teria 
assumido o controle do contrabando no Roosevelt logo após a prisão
de alguns integrantes da quadrilha mato-grossense. Curiosamente,
o empresário ganhou notoriedade ao aparecer no mercado de 
diamantes há dois anos com uma pedra rosa de 75 quilates.
A luta dos Cintalarga
A invasão na reserva dos cinta larga começou na década de 60. Os seringueiros foram os primeiros a chegar. Logo depois, os garimpeiros passaram a rondar as terras indígenas à procura de diamantes, que já brotavam às margens do rio Roosevelt. Muito antes de o sertanista Apoena Meirelles manter contato amistoso com os cinta 
larga na década de 70, os índios
que moram há pelo menos 500 anos nos cerca de três milhões de hectares nos Estados do Mato Grosso e de Rondônia já eram atormentados por invasores. “Eu era criança quando numa emboscada vi meu tio ser morto pelos garimpeiros”, recorda o cacique Tataré Cinta Larga. Naquela época, na avaliação do cacique Nacoça Piu,
os cinta larga eram uma nação composta por seis mil pessoas. Atingidos por constantes conflitos e doenças trazidas pelo homem branco, a reserva está reduzida hoje a 1.200 índios.
Mas, para antropólogos, procuradores e autoridades os estragos provocados pelo novo garimpo à beira do Igarapé Lajes conseguiram, em menos de três anos, superar os muitos anos de invasão. Embora
a maioria dos cinta larga ainda não tenha aprendido o português
e o estado de miséria seja uma realidade na reserva, os caciques
e os índios mais jovens começam a tomar gosto por carros importados, bebidas, óculos escuros, drogas, frete de avião e outros hábitos
da cidade. Na maioria das vezes, o luxo da cidade é trocado por pedras que os contrabandistas recebem por um preço infinitamente abaixo do preço do mercado. Histórias como a do índio que trocou
uma pedra preciosa por dois carrinhos de supermercado cheios de
leite Moça são contadas nas esquinas e nos bares da cidade. “Tentaram eleger o índio como o grande culpado pelo contrabando. Essa visão é simplista e atende aos grandes interesses que a 
mina desperta. Os índios são as principais vítimas de tudo o que
está acontecendo”, afirma o procurador Guilherme Schelb, que
integra a força-tarefa que investiga o contrabando.
A Constituição de 198 passou para o Congresso a responsabilidade
de regulamentar a extração mineral em terras indígenas. Um projeto
de lei, do senador Romero Jucá (PSDB-RO), que permite a entrada
das mineradoras nas reservas, tramita desde 1996. Mesmo antes
de a atividade ter sido regularizada, as mineradoras do País e os grandes produtores do mundo já demonstram cobiça pelos diamantes dos índios. De acordo com levantamento da ISTOÉ, foram registrados no DNPM mais de 400 pedidos de licença de pesquisa na reserva Roosevelt. As mineradoras esperam a aprovação da lei para disputar
o direito de extrair os diamantes da reserva.
Os maiores

Um estudo inédito que mapeou
as reservas minerais do Brasil apontou que o garimpo do Roosevelt abriga um kimberlito mineralizado (rocha de origem vulcânica que dá diamante) com idade, estrutura geológica e capacidade de produção de pedras preciosas semelhantes
às da mina de diamantes do Guaniano, na Venezuela.
Elaborado pela Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM), o levantamento apontou que o kimberlito tem 1,8 bilhão de anos e uma capacidade de produção de no mínimo um milhão de quilates por ano. Esse número subestimado coloca a Roosevelt, no mínimo, entre as cinco maiores minas de diamantes do mundo. A capacidade real somente poderá ser verificada com uma análise mais detalhada, o que ainda não foi feito, pois o garimpo está localizado em área indígena. Para especialistas, a sondagem poderá indicar a Roosevelt como a maior mina do mundo, superando a atual campeã, localizada em Botsuana, que produz nove milhões de quilates por ano.
Segundo o diretor de geologia e recursos minerais do CPRM,
Luiz Augusto Bizzi, o levantamento foi feito com base na análise
de imagens de satélite, cedidas pelo Japão e pela Nasa, e de
ondas magnéticas captadas por avião. Bizzi lembra que a mina Guaniano já está operando industrialmente com uma produção
de 350 mil quilates por ano. Nos próximos cinco anos, atingirá
a marca de um milhão de quilates. Os maiores produtores 
são Austrália, Botsuana, Rússia, Congo e África do Sul.