quarta-feira, 16 de março de 2016

Trump alerta para tumultos se republicanos não confirmarem indicação

Trump alerta para tumultos se republicanos não confirmarem indicação

O magnata pode não alcançar a maioria exigida, o que permitiria ao Partido Republicano apresentar um novo nome na convenção em Cleveland em julho

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Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, fala durante um evento em Hickory, no Estado americano da Carolina do Norte
Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, fala durante um evento em Hickory, no Estado americano da Carolina do Norte(Chris Keane/Reuters)
O pré-candidato presidencial favorito nas pesquisas, Donald Trump, alertou nesta quarta-feira para o fato de que pode haver tumultos caso o Partido Republicano vete sua indicação após uma sequência de vitórias nas primárias partidárias. O bilionário nova-iorquino venceu outras três primárias na terça-feira, resultados que o deixaram mais perto de obter os 1.237 delegados necessários para ser indicado - ele agora conta com 646 votos, mais do que a somatória dos dois outros candidatos remanescentes, Ted Cruz e John Kasich.
Mas a derrota crucial no Estado de Ohio deixou a porta aberta para os membros do Partido Republicano que tentam impedir que Trump seja escolhido como candidato da legenda para a eleição de 8 de novembro. Trump pode não alcançar a maioria exigida, o que permitiria ao Partido Republicano apresentar um novo nome em julho, na convenção em Cleveland, para que seus correligionários escolham formalmente o candidato.
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"Não acho que não vamos obter a indicação automaticamente. Acho que teríamos tumultos. Estou representando muitos, muitos milhões de pessoas", disse Trump em uma entrevista à CNN. Na mesma entrevista, o magnata também afirmou que não vai comparecer ao próximo debate republicano entre os pré-candidatos. "Acho que já tivemos debates suficientes", disse.
Primárias - Hillary Clinton e Trump consolidaram ainda mais sua dianteira na corrida pelas indicações em seus respectivos partidos. O magnata de 69 anos venceu em Illinois, Carolina do Norte e Flórida, onde sepultou as aspirações do jovem senador desse Estado, Marco Rubio, que imediatamente anunciou a retirada de sua candidatura. Sua retórica beligerante contra os latinos não foi um problema na Flórida, Estado com uma ampla e organizada população de origem latino-americana.
Com essas vitórias (ele também venceu no arquipélago americano das Marianas do Norte), a noite foi quase perfeita para Trump, mas o ex-astro de televisão foi derrotado em Ohio por John Kasich, o governador local.
Ocorreram menos problemas para Hillary, que venceu o senador Bernie Sanders na Flórida, Illinois, Carolina do Norte e Ohio. Mas no Missouri os resultados eram tão apertados, com uma diferença de menos de 1%, que a contagem foi suspensa para considerar as abstenções e os votos do exterior, informou a CNN. As leis deste Estado permitem solicitar uma recontagem quando a diferença é muito estreita.

Em conversa com compadre de Lula, senador fala em 'enfrentar' Moro


Grampos indicam que Dilma agiu para tentar evitar prisão de Lula

Grampos indicam que Dilma agiu para tentar evitar prisão de Lula

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Presidente Dilma Rousseff concede coletiva de imprensa em Brasília (DF) nesta quarta-feira (16)
Presidente Dilma Rousseff concede coletiva de imprensa em Brasília (DF) nesta quarta-feira (16)(Adriano Machado/Reuters)
Grampos da Polícia Federal, feitos com autorização do juiz federal Sergio Moro, indicam que a presidente Dilma Rousseff agiu para evitar a prisão do ex-presidente Lula pela Lava Jato, nomeando-o Ministro da Casa Civil. O juiz Moro incluiu hoje no inquérito que investiga o ex-presidente um audio em que Dilma telefona para Lula - o número discado é de um assessor do ex-presidente, usado frequentemente por ele e o único grampeado, segundo os autos - e explica que encaminhará a ele um "termo de posse", a ser usado "em caso de necessidade". O cargo de ministro concede ao seu ocupante foro privilegiado, no Supremo Tribunal Federal (STF). O diálogo foi gravado hoje às 13h32.
Pouco mais tarde, por volta das 16h, Dilma Rousseff concedeu entrevista coletiva em que negou enfaticamente que a nomeação de Lula tivesse por objetivo garantir-lhe o foro no STF e tirar seu caso da alçada de Moro. Dilma afirmou que a transferência do processo de Lula para o Supremo não lhe traria qualquer proteção especial e qualquer ideia em contrario seria mera intriga das "oposições", incomodadas com a ideia de que o retorno do ex-presidente ao Palácio do Planalto fortaleceria o seu governo.
"Então, por trás dessa afirmação de que seria se esconder, estaria uma desconfiança da Suprema Corte do país? É isso que as oposições querem colocar? A única diferença que existe em ser investigado na primeira instância ou na última é quem é a corte que manda investigar. Prerrogativa de foro não é impedir a investigação, é fazê-la em determinada instância e não em outra", afirmou Dilma.
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Dilma - mais uma vez deixando de lado o figurino de presidente para assumir o de juíza - prosseguiu dizendo que toda a investigação em torno de Lula era "muito estranha", uma vez que ele já havia negado ser proprietário do tríplex no Guarujá e do sítio em Atibaia, e que essas suas explicações deveriam ser consideradas "suficientes".
A divulgação do audio desmente o seu discurso.
Confira a seguir a transcrição da conversa:
(intervalo - música de ramal)
DILMA: Alô.
LILS: Alô.
DILMA: LULA, deixa eu te falar uma coisa.
LILS: Fala querida. "Ahn"
DILMA: Seguinte, eu tô mandando o "BESSIAS" junto com o PAPEL pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o TERMO DE POSSE, tá?!
LILS: "Uhum". Tá bom, tá bom.
DILMA: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
LILS: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.
DILMA: Tá?!
LILS: Tá bom.
DILMA: Tchau
LILS: Tchau, querida

PF gravou Dilma e Lula após Moro interromper interceptação telefônica 1

PF gravou Dilma e Lula após Moro interromper interceptação telefônica
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Felipe Amorim e Flávio Costa
Do UOL, em Brasília e São Paulo
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A interceptação telefônica, feita pela Polícia Federal, que gravou a conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi realizada duas horas após o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, ter determinado a suspensão das interceptações telefônicas sobre Lula.
A decisão de Moro que determina o fim das interceptações ao ex-presidente foi juntada ao processo judicial às 11h12 desta quarta-feira (16). O juiz determina que a Polícia Federal seja comunicada da decisão "com urgência, inclusive por telefone", diz o texto do despacho.
Às 11h44, em outro despacho, a diretora de Secretaria Flavia Cecília Maceno Blanco escreve que informou o delegado sobre a interrupção. "Certifico que intimei por telefone o Delegado de Polícia Federal, Dr. Luciano Flores de Lima, a respeito da decisão proferida no evento 112", diz o documento.
O evento 112 refere à decisão de interromper as interceptações telefônicas do ex-presidente. Neste despacho, Moro afirma que não há mais necessidade das interceptações, pois as ações de busca e apreensão da 24ª fase da Lava Jato já foram realizadas.
"Tendo sido deflagradas diligências ostensivas de busca e apreensão no processo 5006617-29.2016.4.04.7000, não vislumbro mais razão para a continuidade da interceptação", diz o despacho, assinado pelo juiz.
A conversa entre Lula e Dilma foi gravada pela Polícia Federal às 13h32, segundo consta em relatório encaminhado ao juiz.
No diálogo, Dilma informa a Lula que está enviando a ele o "termo de posse" para que ele utilize o documento "em caso de necessidade".
Luciano Flores de Lima, o delegado que foi avisado pela manhã por Moro do fim do grampo, é o que manda juntar nos autos o áudio feito às 13h32. Também é o mesmo que interrogou Lula no dia 4 de março.
A interpretação da força-tarefa da Lava Jato é de que Lula foi nomeado ministro como forma de escapar de um suposto pedido de prisão feito pelo juiz Sérgio Moro. Como ministro, Lula só poderia ser preso por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).
Por meio da assessoria de imprensa da Justiça Federal do Paraná, Moro informou que só se manifesta apenas nos autos do processo. A reportagem do UOL tentou por telefone, mas não conseguiu entrar em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Federal na noite desta quarta-feira.


Reprodução
Às 11h44, funcionária da Justiça Federal informa que ligou para o delegado da Polícia Federal e avisou da interrupção das interceptações
Reprodução
Às 13h32, as interceptações continuavam. Lula e Dilma Rousseff conversam. O conteúdo foi vazado no final da tarde da quarta (16)

Quebra de sigilo

O juiz federal Sergio Moro incluiu no inquérito que tramita em Curitiba uma conversa telefônica entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, na qual ela diz que encaminhará a ele o "termo de posse" de ministro.
Dilma diz a Lula que o termo de posse só seria usado "em caso de necessidade".
Os investigadores da Lava Jato interpretaram o diálogo como uma tentativa de Dilma de evitar uma eventual prisão de Lula. Se houvesse um mandado do juiz, de acordo com essa interpretação, Lula mostraria o termo de posse como ministro e, em tese ficaria livre da prisão.
O juiz Moro não pode mandar prender ministros porque eles detêm foro privilegiado.