sexta-feira, 1 de abril de 2016

Coral um animal marinho primitivo

Coral
um animal marinho primitivo
Sua cor e raridade deram ao coral, durante muito tempo, um status de pedra preciosa. Todavia, recentemente, o uso gemológico do coral começou a ser questionado por questões de agressão ao meio ambiente e por ele ser um animal marinho. Segundo algumas opiniões há desinformação sobre esse aspecto.
Literalmente em forma de árvores, os corais se formam em recifes, atóis e bancos de corais de água pouco profundas. Suas inúmeras ramificações é o que lhes dão o aspecto de árvore.
Ele é formado por pequenos animais chamados pólipos. Crescem sobre os restos de esqueletos calcificados de seus companheiros mortos em águas tropicais quentes. Os corais em árvore são encontrados em cores distintas dependendo do lugar de sua origem e profundidade da água.
Segundo Judith Crowe, em seu livro "The Jeweller´s Directory of Gemstones", existe um alto grau de desinformação quanto ao fato do dano ao meio ambiente causado pela coleta de corais para uso gemológico. Dos 2.000 tipos de corais conhecidos, somente certas variedades estão em risco de extinção e, as mais ameaçadas, não são usadas na indústria de joalheria.
A altura dos corais vão de 20 a 40 cm e a espessura de seus ramos chega a 6cm.
Seria impossível falar de coral sem mencionar Torre del Greco,que fica no sopé do vulcão Vesúvio, na província de Nápolis, na região italiana da Campania, o maior centro de comércio de corais.
O maior recife de coral vivo encontra-se na grande barreira de coral na costa de Queensland na Austrália. Ela é formada por 2.900 recifes e 300 atóis (recífes circulares). Lá vivem cerca de 360 espécies de corais e uma rica biodiversidade completada por peixes, moluscos, crustáceos, estrelas do mar, etc.
Coral sintético e imitações
Por ser uma gema escassa o coral é muito imitado usando diferentes produtos e substâncias. É importante diferenciar os aspectos da imitação e da sintetização de uma gema. No caso das gemas sintéticas, os cientistas e técnicos buscam a reprodução fiel da estutura do material a ser sintetizado. Assim, a gema sintética tem todas as características da gema natural, no entanto, é feita em laboratório. Já no caso das imitações não existe a preocupação com a estrutura do material e, sim, apenas com o aspecto visual. As imitações são feitas com diferentes tipos de materiais como porcelana, vidro, plásticos e resinas. As gemas sintéticas são bem aceitas no mercado mundial de joalheria. Primeiro porque elas mantém as mesmas características da gema original e, segundo, porque são mais baratas. A raridade de muitos tipos de gemas e seu alto custo tem ampliado cada vez mais o mercado de gemas sintéticas. O coral sintético pode ser entalhado, lapidado, polido e gravado, o que se torna difícil com o coral natural que tem baixa dureza e é frágil. Para verificar se um coral é imitação basta submetê-lo ao ácido clorídrico diluído e a frio. As imitações não reagem ao ácido enquanto o coral natural apresenta efervescência muito visível quando submetido à esse ácido.
Características gemológicas
Possuem baixa dureza - 3-4 Mohs. Densidade relativa - 2,60- 2,70. Fratura - irregular, estilhaçada e quebradiça. Sistema cristalino - trigonal, microcristalino. Transparência - translúcido, opaco. Apresenta forma ligeiramente cilíndrica e oca. Sua composição é de 87% de carbonato de cálcio, 7% de carbonato de magnésio e outras substâncias. Os corais vivem em associação, em verdadeira simbiose com algas unicelulares, como é o caso das zooxantelas. Isso dá ao coral a capacidade de crescimento muito rápida e são esses organismos que dão ao coral a cor viva. O coral fica esbranquiçado quando as condições do meio ambiente mudam. Com alterações ambientais desfavoráveis eles expelem as algas de maneira parcial ou total, perdendo assim a sua cor vibrante.  São encontrados nas cores rosa, vermelho, laranja e branco. O branqueamento dos corais tem ocorrido em larga escala nas últimas décadas, dependendo do tempo do desequilíbrio ambiental poderá haver a morte total ou parcial da colônia. O excesso de iluminação e tempo prolongado de exposição à luz ultra-violeta também pode causar o branqueamento. A elevação da temperatura do planeta também afeta a vida dos corais. Na joalheria são usados como gemas nos mais diferentes tipos de joias e ainda como camafeus. Também são usados na joalheria em seu estado bruto. Existem ainda os corais negros e azuis, menos valiosos.
Coral esponja
O coral esponja é encontrado em recifes. Não é um tipo de coral raro nem valioso. Tem um baixíssimo risco de extinção. Em estado natural é encontrado em tonalidade vermelha, púrpura e amarela. No entanto, é comum encontrá-lo tingido e com aplicação de resinas para obtenção de brilho.
Coral nobre (Colallium rubrum)
O coral nobre ou Corallium rubrum é o mais apreciado pelos designers de joias e consumidores em geral. Vive no ecossistema de maior biodiversidade no mundo e é considerado um dos mais vulneráveis. É muito trabalhoso converter o coral bruto em elemento gemológico, o que normalmente lhe dá alto custo. Esse processo é feito por lapidação, entalhe e polimento. Eles são frágeis.
Coral konojoi
São brancos e, às vezes, com manchas rosa, procedentes do Japão e Filipinas.
Coral secundum
São de cor rosa e branco procedentes do pacífico.
Coral bambu
O coral bambu foi chamado assim porque o crescimento de seus galhos se assemelha com o bambu. Em estado bruto é muito sensível e difícil de ser trabalhado (lapidação).
Coral Japonicum
São vermelhos e vermelho escuro, procedentes do Jãpão.
Coral Elatius
São laranjas, procedentes do Japão e Filipinas.
Cuidados
Assim como toda gema orgânica, o coral é pouco resistente e requer cuidados, tanto na produção da joia quanto no seu uso pelo consumidor. Os corais devem ser mantidos distantes de calor forte. Não devem ter contato com produtos químicos agressivos. Não é aconselhável esfregá-lo com escovas duras, pois, mesmo o coral tratado ainda apresenta fragilidade. É importante evitar contato com peças metálicas que podem arranhá-lo. Para limpeza devem ser lavados com detergente neutro.

Jade a pedra dos deuses

Jade
a pedra dos deuses
Jade é um material usado desde os tempos pré-históricos, devido à sua dureza, era apreciado para confecção de armas e instrumentos.
Na China, seu uso fazia parte da fabricação de figuras e símbolos religiosos utilizados em cultos aos deuses. Na América Central pré-colombiana, a jade era mais valorizada que o ouro. Na joalheria, por volta do século XVII, descobriu-se que a jade era perfeita para compor adornos e acessórios.
O termo jade origina-se do espanhol “piedra de ijada”, que significa “pedra para dor do lado”. Recebeu esse nome quando os espanhóis, exploradores da América Central, viram que os nativos usavam a pedra para curar os rins. Os chineses se referem à jade como “yu”, que significa “celestial” ou “imperial”, e a tem como “pedra dos deuses”.
Na China, a jade é considerado tão preciosa que há um ditado chinês que diz: “o ouro é valioso; jade é inestimável”. Eles acreditam que ela tenha propriedades de fortalecimento da saúde e da longevidade. Os chineses frequentemente esculpem a jade em figuras tradicionais que trazem ainda mais significado, tais como dragões, que são símbolos de poder e prosperidade.

Na Nova Zelândia, a jade também tem um papel importante. Foi usada por muitos anos na confecção de armas, formões e anzóis.

Em 1863, foi descoberto, na França, que a pedra conhecida como jade é composta de duas espécies de minerais, que foram denominados jadeíta e nefrita. Como a distinção das duas é difícil, o termo jade continua sendo utilizado para as duas formas.

 A jadeíta é resistente e dura, composta de silicato de sódio e alumínio, em feltro de fibras. Já a nefrita é um silicato de cálcio, magnésio e ferro, mais resistente que a jadeíta, formada em cristais fibrosos reticulados.

Sendo mais rara, a jadeíta é mais valiosa. A jade imperial é uma jadeíta de um verde impressionante, considerada a mais valiosa.
Tanto a jade como a nefrita tem uma textura bonita, tenacidade e cores, que vão dos tons pastéis a tons intensos e terrosos e o verde mais conhecido. Na joalheria é muito utilizada e apreciada.
No passado, algumas pessoas se encantaram tanto que se tornaram obcecadas por ela.
Durante os séculos, em relatos históricos, a jade aparece com uma importante participação, pois essa obsessão inflamou guerras, como a do Imperador Chinês Qianlong que era fanático pela gema e invadiu a antiga Birmânia em busca de suas jazidas. A coleção de esculturas, peças e joias da dinastia Qin, a qual faz parte o imperador, é conhecida como uma das mais maiores e mais valiosas.

O valor da jade incentivou, também, os saques dos tesouros imperiais, por franceses, britânicos e japoneses, além de aventureiros e bandidos. Ela ainda cativou os ricos e famosos que passaram a colecionar peças com a gema -, tudo isso ajudou a levar seu preço às alturas.
E todas essas histórias geraram a ideia de um livro, idealizado por dois jornalistas - Adrian Levy e Cathy Scott-Clark, que fizeram um estudo ambicioso para mostrar a história intrigante dessa gema valiosa.

Em 1997, a “Christie” vendeu o famoso colar de jade “Doubly Fortunate” por quase 10 milhões de dólares e, em 2014, esse recorde foi quebrado com a venda do colar Hutton Mdivani, com fecho de rubi da Cartier por mais de 27 milhões de dólares.
A jadeíta apresenta um característico espectro de absorção na região da luz visível, observado através das bordas nas gemas mais opacas. Apresenta um brilho mate nas superfícies de fratura que, quando polido, se torna um brilho gorduroso.
A nefrita é uma variedade agregada fibrosa da série do mineral actinolita-tremolita, por isso sua estrutura é mais forte que a da jadeíta. A maioria delas apresenta manchas e bandas, entretanto, podem ser encontrados exemplares com cores homogêneas.
Os principais depósitos de jadeíta são encontrados em Myanmar (Birmânia), também é a única fonte da jadeíta imperial - falaremos mais sobre ela mais adiante. Há, também, minas no Japão, Canadá, Guatemala, Cazaquistão, Rússia, Turquia, Cuba e na Califórnia.
Os depósitos de nefrita são encontrados na Nova Zelândia, com muitos exemplares verdes. E, também, na China, Birmânia, Austrália, Brasil, Canadá, Zimbábue, Rússia, Taiwan e Alaska.
Variedades de jadeíta e nefrita
A jadeíta pura é branca. Tanto a jadeíta como a nefrita, devido à presença de impurezas como por exemplo, ferro e manganês, podem se apresentar em diversas cores como já citamos. As cores tendem a ser pastéis e opacas, com exceção da jade imperial, que tem um brilho especial e é translúcida ou semi transparente. As jadeítas com cores uniformes são mais valorizadas. No Ocidente, verde esmeralda, espinafre e maçã verde são consideradas particularmente valiosas. No Extremo Oriente, por outro lado, o branco puro e o amarelo com um fundo rosa claro, são muito apreciados.

Jade imperial
Tem uma cor verde esmeralda de translúcida a transparente. É a variedade mais apreciada e procurada, consequentemente, a mais cara. Essa cor vívida se dá devido à presença de cromo.É uma jadeíta encontrada na Birmânia, em Myanmar (foto lado esquerdo).
Alguns exemplares podem apresentar pequenas inclusões negras. Em relação ao tamanho, são menores, porém perfeitas.
Jade yünan
Esse é o nome chinês dado à jadeíta, devido ao nome da província chinesa pela qual a jade era importada da Birmânia (foto lado direito). São jadeítas de menor qualidade quando comparadas à jade imperial.
São encontradas no norte da Birmânia em depósitos secundários como conglomerados ou seixos rolados. Apresentam-se, também, em camadas intercaladas com serpentina.
Jade albita
Duas variedades recebem esse nome. Uma é a mescla de jadeíta com albita, é verde com manchas negras, vem da Birmânia. A outra é uma cloromelanita.
Composta de kosmoklor, uma material relacionado à jadeíta, combinada com albita, jadeíta e outros minerais. A presença de clorita, dá à ela uma cor verde profunda, com veios e pontos verdes escuros.
Também é encontrada na Birmânia.
Jade nefrita
A nefrita é constantemente chamada somente de jade. As cores são menos delicadas e puras que da jadeíta. Vão de verde escuro (com presença de óxido de ferro) aos tons pastéis (ricos em magnésio). Podem apresentar manchas, bandas ou serem homogêneas.
O tom típico da nefrita é o verde sálvia ou espinafre. O verde muito escuro aparenta ser preto.
Se as fibras da nefrita estiverem alinhadas paralelamente é possível conseguir um efeito “chatoyance” (efeito olho de gato, brilho), que não se consegue na jadeíta por sua composição granular.
Cor e Tingimento
A jade é, frequentemente, submetida à tratamentos. Pode ser branqueada com ácido para remover os pigmentos ou manchas. Esse tratamento faz com que a gema se torne mais porosa e mais propensa à ruptura, então, geralmente é feito um preenchimento das fraturas com um polímero, que melhora a sua aparência. Esse tratamento ou até um tingimento pode ser verificado com um “filtro de Chelsea” (é um filtro que foi desenvolvido para distinguir esmeraldas puras de imitações, porém é muito usado para outras gemas). Apesar de uma grande quantidade de jade ser tratada, não é difícil encontrar jades naturais.
Classificação
A indústria de jade chinesa utiliza um sistema de classificação para classificá-las, de acordo com a quantidade de melhorias que recebeu. Esse sistema é descrito em graus - de A a D:
Grau A - a jadeíta não é tingida nem preenchida, mas pode ter recebido um revestimento, é considerada estável.
Grau B - pode ter sido preenchida e branqueada mas não é tingida.
Grau C - tingida e preenchida.
Drau D - não é uma jade natural.
Lapidação e Aplicação
A jade é extremamente versátil e pode ser tanto lapidada como esculpida, até mesmo em formas intrincadas. É esculpida em uma variedade de figuras tradicionais chinesas, como Budas, cães, dragões, morcegos e borboletas mas também em formas arredondadas, geométricas, enfim, ela tem muitas possibilidades que variam de acordo com o design da peça que a utilizará. Outras opções, esculpidas a partir de seixos e cascalhos, são as miçangas, em forma de pérolas para anéis, broches e pingentes. Pulseiras inteiras também são feitas de jade. A maioria das jades são cortadas em Taiwan, China e Hong Kong.
O cabochão é uma das escolhas preferidas para jade, para os anéis, ou em esferas ou discos, para colares. Jade é ideal para homens e mulheres. Pode ser misturado com outras pedras preciosas, com ouro ou prata. Sua versatilidade é tão grande que pode ser utilizada em peças com preços acessíveis ou em peças sofisticadas e caras.
Para os homens, os itens mais populares são anéis robustos, prendedores de gravata, abotoaduras e pingentes. Para as mulheres, a jade pode ser usada como pingentes, colares de contas ou braceletes, pulseiras, anéis, brincos e, até, enfeites de cabelo. No Oriente, os pais costumam dar pulseiras de jade para as crianças.
Cuidados
A jade é um material resistente, porém, deve ser tratada com cuidado para manter seu brilho. Pode ser lavada com água e sabão neutro, deve ser bem enxaguada e seca com um pano macio. Produtos de limpeza e abrasivos não devem ser utilizados. Não deve ser usada ao fazer exercícios. E, como outras pedras preciosas, deve ser armazenada em caixas de veludo ou cobertas por um pano macio para evitar riscos.
Mitos e lendas
No período pré-colombiano, os maias, astecas e olmecas davam à jade importância maior que ao ouro. Os Maoris da Nova Zelândia entalhavam armas e instrumentos de culto acreditando no poder da gema. No antigo Egito, jade era considerada a pedra do amor, da paz interior, da harmonia e do equilíbrio. Por volta de 3000 aC, a jade era conhecida na China como “yu”, a “verdadeira jóia”. Além de usada em objetos e figuras de culto, as joias de jade eram usadas pelos altos membros da família imperial.
Hoje, a jade também é considerada como um símbolo do bem, do belo e do encantador. Na Antiguidade e na Idade Média, as pessoas acreditavam que o cosmos é refletido em pedras preciosas, atribuindo à jade as energias de Júpiter e Plutão.
No esoterismo são atribuídos à ela, poderes de cura para doenças renais, que já eram mencionados durante séculos por curandeiros e pajés.