domingo, 3 de abril de 2016

Como fabricar um diamante do nada

Como fabricar um diamante do nada

Compartilhar
De vez em quando, Dan Frost escuta um forte estampido e o chão de seu escritório vibra. Só pode ser uma coisa: um de seus experimentos explodiu de novo.
Ao descer para o laboratório, ele pode ver o susto na cara dos colegas. É como se uma pequena bomba tivesse estourado. "O barulho é assustador, mas não é perigoso. Está tudo protegido", explica ele.
As explosões fazem parte do trabalho de Frost. Cientista no Bayerisches Geoinstitut, na Alemanha, ele está tentando reproduzir as condições do manto, a camada da Terra situada a milhares de quilômetros de profundidade. Isso significa submeter rochas a algumas das pressões mais altas já conhecidas pela humanidade.
Não é de se espantar que ocorram alguns percalços.
Como parte de sua pesquisa, Frost descobriu maneiras surpreendentes de fabricar diamantes. A partir de gás carbônico, por exemplo. Ou de pasta de amendoim.
Em comparação com nossos enormes avanços na exploração espacial, sabemos bem pouco sobre o universo que se estende debaixo de nossos pés.
A geologia elementar nos explica que o interior da Terra pode ser dividido em três camadas: o núcleo, o manto e a crosta. Mas a exata composição dessas camadas ainda é um mistério. Uma enorme falha no conhecimento humano.
Camadas da Terra
Image captionPouco se sabe sobre a exata composição das camadas da Terra
"Se quisermos entender como a Terra se formou, uma das coisas que precisamos saber é o material do qual o planeta é feito", explica Frost.
Muitos geólogos assumem que a Terra é feita da mesma matéria que os meteoritos do Cinturão de Asteroides. O problema é que a maioria dos meteoritos que caem na Terra tem uma proporção mais alta de silício do que encontramos na crosta terrestre. Onde todo esse silício foi parar? Uma das teorias é de que esteja retido no manto.
Para responder a essa pergunta, Frost utiliza dois tipos de prensa. A primeira usa um potente pistão para espremer minúsculas amostras de cristais a uma pressão até 280 mil vezes mais alta do que a pressão atmosférica, ao mesmo tempo em que elas são "assadas" em uma fornalha.
Isso recria as condições das camadas superiores do manto, que ficam a cerca de 900 quilômetros abaixo da superfície terrestre, fazendo com que os átomos do cristal se rearranjem em estruturas mais densas.
Uma segunda bigorna então esmaga os minerais recém-formados para que eles ganhem um aspecto parecido com aqueles encontrados em camadas ainda mais profundas da Terra.
Esse equipamento é composto por dois minúsculos diamantes que achatam os cristais lentamente. O resultado é 1,3 milhão de vezes maior que a pressão atmosférica.
Enquanto a amostra ainda está no aparelho, o cientista mede a maneira como o som viaja através do cristal resultante. Ao comparar esses dados com a leitura de ondas sísmicas que se propagam no interior da Terra, ele pode definir se a amostra está ou não próxima da composição do manto.

Sequestradores de carbono

Pasta de amendoim
Image captionRica em carbono, a pasta de amendoim poderia servir para a 'fabricação' de diamantes
As descobertas de Frost têm sido algo surpreendentes: o manto não parece conter uma proporção suficientemente alta de silício para se equiparar à composição dos meteoritos.
"Talvez ele tenha penetrado ainda mais profundamente, até o núcleo", diz o cientista.
Outra possibilidade é que a Terra inicialmente tivesse uma crosta muito mais espessa, cheia de silício, que foi então expelido pelos inúmeros impactos de meteoritos. Ou talvez tenhamos que repensar toda a questão do material de que é feita a Terra.
O processo de pressão intensa também criou um mineral chamado ringwoodita, um silicato de ferro e magnésio de cor azul que pode reter água. A descoberta sugere que o manto pode estar escondendo "oceanos" nas profundezas da Terra.
Os experimentos podem até, intuitivamente, nos contar mais sobre o ar que respiramos. E é aqui que entram os diamantes de Frost.
Ele suspeita que uma série de processos geológicos poderia retirar CO2 dos oceanos e injetá-lo em rochas, até o manto, onde seria transformado em diamante. "Essas pedras preciosas são menos voláteis que outras formas de carbono, o que significa que elas têm menos chances de serem liberadas de volta à atmosfera", diz o cientista. Um manto cravejado de diamantes poderia, portanto, ter desacelerado o aquecimento da terra, potencialmente ajudando na evolução da vida.
Para Frost, o principal ingrediente para esse processo é o ferro. As altas pressões do manto forçam o dióxido de carbono das rochas para os minerais ricos em ferro, que retiram o oxigênio e deixam o carbono para formar um diamante.
E isso é exatamente o que Frost descobriu quando recriou o processo usando as prensas – basicamente fabricando um diamante do nada.

Mas Frost provavelmente terá dificuldades em ficar rico com sua fabricação. Os diamantes levam longo tempo para serem formados.
"Para ter um diamante de 2 a 3 milímetros, teria que esperar semanas", diz. Isso não o deteve na experimentação de novas fontes para sua máquina de fazer diamantes.
A pedido de uma emissora de televisão alemã, ele tentou criar alguns diamantes a partir da pasta de amendoim, material rico em carbono. "Muito hidrogênio foi liberado, o que destruiu o experimento. Mas depois disso, consegui os diamantes."
Experiências malucas à parte, o instituto alemão agora se concentra em descobrir se consegue produzir diamante artificial com diferentes propriedades. Adicionar boro aos diamantes poderia torná-los semicondutores mais eficientes para artigos eletrônicos, que não aquecem com o uso – um dos maiores desperdícios de energia na indústria eletrônica atualmente.
Utilizar outras estruturas de carbono como matéria-prima, na forma de nanotubos, pode até fazer com que se chegue a um tipo de diamante superforte, mais resistente do que qualquer material que conhecemos.
Frost, no entanto, ainda gosta de se dedicar a desvendar os segredos sobre a história da Terra – e, potencialmente, sobre a vida extraterrestre.
"Estamos interessados em saber como o interior da Terra interagiu com a superfície; ao longo da existência da Terra, isso foi muito importante", diz. "E se estamos procurando por outros planetas habitáveis, teremos que considerar muitos desses processos."
Um trabalho vital que certamente compensa o sacrifício de um pouco de pasta de amendoim – e explosões ocasionais.

Conheça a planta que cresce onde há diamantes

Conheça a planta que cresce onde há diamantes

Compartilhar

Credito: Stepehn Haggerty
Image captionAté agora, todas as vezes que os cientistas encontraram a planta, encontraram também kimberlito, que pode abrigar diamantes

Ela é cheia de espinhos, parece uma palmeira e pode chegar a 10 metros de altura.
Mas a Pandanus candelabrum - uma planta identificada recentemente na Libéria - tem uma característica singular: aparentemente, só cresce em zonas onde há chaminés de kimberlito, formações rochosas de origem vulcânica que podem abrigar grandes quantidades de diamantes.
"Na Libéria - pelo menos - temos descoberto uma relação um para um: cada vez que encontramos a planta, encontramos kimberlito", disse à BBC Mundo Stephen Haggerty, geólogo da Universidade Internacional da Flórida, em Miami, nos Estados Unidos, e autor do estudo publicado na Economic Geology.
Haggerty acredita que a planta se adaptou a esses terrenos porque contém níveis elevados de magnésio, potássio e fósforo que constituem um "fertilizante muito bom".
Mas encontrar essa planta significa descobrir um tesouro?
Segundo Haggerty, as amostras não são estatisticamente significativas para fazer uma afirmação tão contundente.
Além disso, acrescenta, há outros requisitos fundamentais que precisam estar presentes.
"Os diamantes estão restritos geologicamente. Só se encontram nas regiões mais antigas da crosta terrestre [em partes da África, Canadá, Sibéria, Brasil]", destaca o pesquisador.
E a família desta planta aparece em regiões tropicais e subtropicais.
Se você encontrar a planta, não vai encontrar necessariamente diamantes. Tem que estar em um país onde eles existam."
Stephen Haggerty, geólogo da Universidade Internacional da Flórida
THINKSTOCK
"Então, só se esses dois elementos se combinam existe a possibilidade de se achar kimberlito e, se você encontra kimberlito, há chances de encontrar diamantes" acrescenta.
As chaminés de kimberlito são raras. Das mais de 6.000 que se conhece, cerca de 600 contém diamantes. E, dessas, apenas 60 contém diamantes em quantidade necessária para justificar o custa da extração, esclarece o cientista.

Benefícios

A descoberta tem o potencial de mudar radicalmente a forma como se faz prospecção para buscar diamantes.
Detectar um indicador de sua presença em superfície demanda menos trabalho e custo menor.
"Poderia ser [um método] particularmente útil em lugares como a Amazônia, onde a floresta é muito frondosa e onde é preciso escavar muitos metros antes de ver se há kimberlito", disse Haggerty.
E, para os países da África que passaram por guerras e foram assolados pela epidemia do ebola, destaca Steven Shirey, geólogo especializado em diamantes do Instituto Carnegie para a Ciência, nos EUA, a exploração mineral das chaminés de kimberlito pode oferecer benefícios econômicos sem gerar grandes danos ambientais, já que este tipo de minas - estreitas e verticais - têm um impacto muito menor que, por exemplo, as minas de cobre a céu aberto.
Mas Haggerty teme que muitos comecem a procurar diamantes desenfreadamente se encontrarem um exemplar de Pandanus candelabrum.
"Sou ambientalista e esta é uma planta exótica, por isso me preocupa que [a descoberta] possa ter um impacto negativo no sentido de que se comece a escavar sem ter em mente todos os elementos que devem estar presentes."
"Se você encontrar a planta, não vai encontrar necessariamente diamantes. Tem que estar em um país onde eles existam."

Kimberlito Rocha Vulcanica que Transporta Diamantes Para a Superficie

Kimberlito Rocha Vulcanica que Transporta Diamantes Para a Superficie



Kimberlito é vulgarmente conhecido como a rocha que contêm diamantes. Na realidade, não é um tipo específico de rocha, mas sim um grupo complexo de rochas ricas em voláteis (dominante CO2), potássicas, ultramaficas híbridas com uma matriz fina e macrocristais de olivina e outros minerais como: ilmenita, granada, diopsidio, flogopita, enstatita, cromita.

O clã dos kimberlitos são divididos em dois grupos [1] [2]
Grupo I: Tipicamente ricos em CO2 e empobrecidos em potássio em relação aos do grupo II. Corresponde à rocha original encontrada em Kimberley, na África do Sul.
Grupo II: Tipicamente ricos em água, apresentam matriz rica em micas e também calcita, diopsídio e apatita, e correspondem ao kimberlitos lamprofíricos ou micáceos [3]
Os kimberlitos são formados pela fusão parcial do manto a profundidades maiores que 150 km. O magma kimberlítico durante sua ascenção do manto para a crosta, comumente, transporta fragmentos de rochas e minerais - também conhecidos como xenólitos e xenocristais (entre eles o diamante). O kimberlito pode trazer diamante até a superfície desde que tenha passado por regiões no manto/crosta que fossem ricas neste mineral e que sua velocidade de ascensão seja rápida o suficiente para não desestabilizar a estrutura do diamante, que caso contrário se converteria em grafite (polimorfo estável do carbono na pressão ambiente). Ressalta-se, portanto, que o magma que forma o kimberlito não é o produtor de diamante, apenas um meio de transporte.
No Brasil diversos kimberlitos foram encontrados desde a década de 1970, no entanto, poucos foram estudados [4]para a compreensão dos mecanismos de colocação destes corpos ou do tipo de manto amostrado por estes magmas.




Ilustração como Kimberlito Transporta o diamante




  As fontes primárias dos diamantes - os kimberlitos - aparecem normalmente na forma de chaminés intrusivas na crosta, podendo apresentar contribuições variáveis de xenólitos das rochas por onde passou a intrusão. Os kimberlitos são rochas híbridas, ultrabásicas, potássicas e ricas em voláteis (COe H2O), compostas por fragmentos de eclogitos e/ou peridotitos, em uma matriz fina formada essencialmente de olivina (predominante), flogopita, calcita, serpentina, diopsídio, granada, ilmenita e enstatita (Chaves & Chambel, 2003).

O diamante se forma numa área delimitada pela interseção entre o Manto Superior e a região basal da Litosfera, onde esta se torna mais espessa. Esta área bem delimitada se denomina de Janela do Diamante. O seu limite superior é a isotermal de 900oC e o limite inferior, de 1200oC. Abaixo da curva do Manto Superior está a zona de equilíbrio do diamante e acima, a zona de equilíbrio da grafita. A gênese do diamante exige uma profundidade entre 150 e 200 km (acompanhe a curvatura da figura).


Esta figura (acima) mostra o início da ascensão da chaminé kimberlítica, a partir do Manto Superior, transportando os cristais de diamante no seu interior.

Concluída a sua ascensão, a chaminé kimberlítica atinge a superfície do terreno. Observe que o kimberlito estéril (barren kimberlite) se encontra na zona de equilíbrio da grafita, não podendo, portanto, conter diamante.

Há cerca de 600 milhões de anos, um acontecimento geológico único criou a mais espetacular variedade de gema

Turmalina Paraíba
uma das gemas mais raras
Há cerca de 600 milhões de anos, um acontecimento geológico único criou a mais espetacular variedade de gema do grupo das turmalinas - a Turmalina "Paraíba".
A descoberta
A Turmalina Paraíba foi encontrada pela primeira vez no Brasil nos anos 80, na Região da Paraíba, no distrito de São José da Batalha - por isso seu nome -, depois na Nigéria em 2000 e, mais tarde, em 2004 em Moçambique. A gema é encontrada em apenas cinco minas ao redor do planeta; três delas no Brasil, de onde saem os exemplares mais valiosos. A produção, entretanto, é muito escassa, quase extinta, tornando-a cada vez mais cara e cobiçada. As principais joalherias do país têm algumas peças com a pedra preciosa, guardadas a sete chaves, e o valor de uma dessas exclusivas joias pode chegar a R$ 3 milhões.
No início, os brasileiros não deram muita atenção à nova descoberta, mas os japoneses ficaram fascinados com as gemas e começaram a comprar e revender na Ásia, fazendo com que alcançassem preços inacreditáveis. A produção da Turmalina Paraíba é diminui a cada ano. Meros 20 mil quilates por ano, contra 480 milhões dos diamantes.
A cor
As turmalinas são encontradas em muitas cores, incluindo a azul (indicolita), mas o fator determinante para se afirmar que se tratava de uma pedra, até então desconhecida, foi a sua composição química, pois em virtude da presença de pequenos traços de cobre e manganês, a Paraíba tem essa cor azul neon ou azul esverdeada, uma cor brilhante e única.
Mesmo que não sejam mais caras que os diamantes, as gemas raras conferem exclusividade às joias. Para calcular a qualidade de uma pedra preciosa, especialistas usam o critério dos quatro Cs, adaptado da língua inglesa: lapidação (cut), pureza (clarity), quilate (carat) e, o mais importante, cor (color). Além disso, a raridade de uma gema e o design exclusivo de uma joia podem fazer o seu preço se multiplicar rapidamente.
A Turmalina Paraíba cativou desde o início o mundo das pedras preciosas, por sua beleza e cores eletrizantes. Elas tornaram-se populares quase que instantaneamente e, hoje, estão entre as mais procuradas e valiosas gemas do mundo.
Lapidação
Como são muito raras, os joalheiros não costumam partir as pedras, mas sim trabalhar com elas mais ou menos no formato em que aparecem. Isso faz com que seja difícil, por exemplo, fazer brincos, o que requer pedras bastante parecidas. A lapidação, no entanto, é fundamental para intensificar o brilho da pedra, ela é facetada em ângulos determinados, de forma que a luz possa penetrar nela e voltar aos olhos com a maior beleza possível. A lapidação aprimora cor e brilho, tirando da pedra seu melhor potencial.
É amor à primeira vista: a gema tem um brilho interior só seu, um esplendoroso azul neon que toca o coração. É pura emoção! Quando a gente coloca uma dessas pedras no escuro, ela parece estar acesa, como se fosse um neón. É a única gema transparente que possui cobre em sua composição, o que confere essa cor vibrante, iluminada e elétrica. Diz-se que, assim como o sol, essa gema tem luz própria!
As expectativas apontam sempre para preços mais altos, visto que a demanda cresce a passos mais largos que a oferta. Valores de cinco dígitos por quilate não são incomuns para gemas azul neon de boa qualidade e, para as azuis esverdeadas, de mais de 5 quilates.
     
Valores
Como já dissemos, as joalherias que adquiriram as pedras no auge da extração aproveitam e guardam seus tesouros em forma de Turmalina Paraíba, pois a escassez só aumenta seu valor.

Ametista original e sedutora

Ametista
original e sedutora
Considerada a representante mais marcante dos quartzos, a ametista sempre foi cobiçada.
A rainha Catarina, a Grande, tinha verdadeira adoração por esta gema.
Foi considerada, por muito tempo, uma pedra tão preciosa como a safira, o diamante e a esmeralda.
Hoje, pela descoberta de jazidas abundantes já não tem tanto valor.
Seu valor diminuiu - mas sua beleza sedutora continua intacta.
A variedade violeta ou púrpura do quartzo, a ametista, além de ser muito usada como pedra preciosa até o século XVIII, também tem, em torno dela, uma aura de misticismo. Muitos “poderes” são atribuídos à ela, em diversos tipos de culturas. Algumas pessoas dizem que o nome ametista vem de uma antiga crença que esta pedra protegia seu dono da embriaguez. O nome vem do termo grego “amethuskein”, onde o “a” significa não e o “methuskein” significa intoxicar. Contudo, há algumas controvérsias da origem do nome.
Sua cor vem da presença de impurezas de ferro e traços de alumínio, algumas variedades apresentam as cores por exposição à radiação. As cores variam do púrpura ou roxo claro ao escuro, sendo que as escuras com maior transparência são melhor conceituadas e, consequentemente, mais caras. Algumas podem mudar totalmente de cor se submetidas à tratamento térmico, conforme você vai ver mais adiante.

A ametista não tem uma homogeneidade de distribuição da cor. Ela aparece em fragmentos, em cantos desiguais e/ou externos. Essa característica determina, muitas vezes, o tipo de lapidação para melhor aproveitamento da gema e sua valorização. As ametistas com distribuição perfeita das cores são muito raras e, quando encontradas, têm alto preço.
A ametista é composta por uma sobreposição irregular de lâminas alternadas de quartzo, dos lados esquerdo e direito. Em consequência desta formação, a ametista pode se quebrar com uma fratura ondulada ou mostrar “impressões digitais” Alguns mineralogistas aplicam o nome de ametista a todos os quartzos que exibem esta estrutura, independentemente da sua cor.
Os cristais sempre crescem sobre uma base. Quando têm formato de pirâmides, a cor mais intensa predomina nas pontas destes cristais. Existem algumas variedades de ametista que podem apresentar faixas brancas de quartzo leitoso. As ametistas são encontradas principalmente nas crostas cristalizadas de enormes rochas vulcânicas, como o basalto.
A comercialização da ametista é abundante e com preços bem acessíveis, porém, as variedades mais bonitas e valiosas se encontram em poucos locais. Estas, tem cores mais profundas, púrpuras ou violetas. As jazidas mais importantes estão no Brasil, porém, apenas em torno de 3% das ametistas brasileiras são adequadas para serem lapidadas e utilizadas em joias. As outras são utilizadas para dar origem ao citrino e, ainda, usadas em decoração ou coleções. Outras importantes jazidas estão no Uruguai, Índia, Rússia, Sri Lanka, Madagascar e Estados Unidos. Também são produtores de ametista a Argentina, Bolívia, México, Namíbia, Zâmbia, África do Sul e Canadá.
Por apresentar tonalidades e nuances diferentes, elas costumam receber o nome do país de origem, ex. ametista brasileira, boliviana, etc.
Avaliação
Já falamos, em outras edições da revista, sobre os 4C’s de avaliação de diamantes. Apesar de ser um padrão de classificação instituído pelo GIA (Gemological Institute of America) para diamantes, ele é o mais aceito no mundo e muito utilizado para outras gemas e, ainda, por diversos laboratórios, gemólogos e peritos avaliadores. Color, Carat, Clarity e Cut em português, cor, peso, grau de pureza e corte são os 4C´s que são usados para avaliar as ametistas também. Cor - As ametistas mais valiosas tem um roxo forte puxando para o avermelhado e sem zoneamento de cor, ou seja, a cor é distribuída uniformemente por toda a pedra. Ametistas muito escuras não são tão valiosas pois há uma grande redução de brilho. A presença de tons castanhos ou bronze nas ametistas também reduzem o seu valor. Para identificar, a olho nu, alguns zoneamentos de cor, os compradores costumam colocar a ametista em uma mesa com superfície branca.
Grau de pureza - as inclusões são um dos fatores que determinam o grau de pureza da ametista. Quanto menor a quantidade de inclusões maior o valor e melhor a classificação. A maior parte das ametistas facetadas à venda no mercado não tem inclusões perceptíveis a olho nu, porém, elas estão presentes na grande maioria delas. Fraturas também são normalmente encontradas.
Peso/Tamanho - O peso dessa gema é avaliado em quilates. Assim como a maioria das gemas, as ametistas são encontradas em diversos tamanhos e calibradas em milímetros. Pedras grandes centrais são extremamente usadas e vendidas na joalheria, desde que o preço final não seja alto.
Corte/Lapidação - Como já dissemos, a maioria das ametistas são facetadas, para um melhor aproveitamento da distribuição de cor e, também, de localizar o menor número de inclusões possível. Se essas inclusões forem muito visíveis são lapidadas em cabochões pequenos ou grânulos.
Ovais, pêra, cortes de esmeralda, triangulares, marquise e almofada, são cortes bastante utilizados. Alguns arranjos e combinações de corte aparecem nessa gema como os cortes de etapa e cortes mistos facetados. Há, ainda, diversificações de cortes chamados cortes fantasia que exibem determinadas facetas côncavas - normalmente são produzidos em massa para determinadas coleções. Até esculturas de animais são feitas com ametistas. Na prática, a cor e o grau de pureza sobressaem na avaliação das ametistas. Pela alta oferta, a demanda diminui, tornando-a uma gema relativamente barata e fácil de comprar. Porém, as ametistas não caem de moda e estão sempre presentes, tanto em joias caras como em peças mais baratas.
Variedades de tons
As ametistas tem uma grande variedade de tons de acordo com o local de origem. As do Uruguai e do Arizona tem uma cor púrpura-azul profundo. As ametistas da Rússia são conhecidas como “siberian” e tem cores muito profundas com tons avermelhados e azulados. Originam-se de depósitos que já foram esgotados e, portanto, tem um preço mais elevado. A África produz ametistas com cores mais profundas que o Brasil e outros países sul-americanos. O termo ametista africana pode ser usado para designar ametistas com diversos tons ou mais escuras, porém nem sempre significa que esta é a sua origem. O Brasil, é considerado o maior produtor de ametistas, embora a maioria das ametistas brasileiras são tratadas e vendidas como citrino aquecido. Aqui as pedras estão disponíveis em todos os tamanhos e formas. As cores não são tão boas quanto as da África, mas atendem à demanda de mercado.
Tratamentos e sintéticos
O tratamento térmico pode ser utilizado para clarear a cor da ametista quando for muito escura, escurecer quando claras ou retirar inclusões acastanhadas. A radiação ultravioleta também é usada para melhorar ou alterar a cor das ametistas. Os tratamentos de fraturas raramente são feitos, em virtude da disponibilidade alta dos exemplares que não as apresentam a olho nu. O tratamento térmico causa uma expansão das inclusões, o que pode gerar fraturas na gema, ele aumenta também o efeito do zoneamento de cor.
Normalmente, as inclusões e expansões de zoneamento são usadas para diferenciar uma ametista tratada de uma não tratada ou sintética.

Quando a ametista é aquecida à altas temperaturas, em torno de 470ºC a 750ºC, as impurezas de ferro são reduzidas tendo, como resultado, o citrino aquecido. Embora este tratamento seja altamente utilizado, a cor obtida do citrino nem sempre é permanente. Falaremos mais sobre isso na matéria sobre citrino em uma próxima edição.
Ametistas sintéticas podem ser produzidas a partir de métodos hidrotermais, neste caso pequenos fragmentos de quartzo e uma solução de carbonato de cálcio, por exemplo, são colocados em um recipiente selado com alta pressão. Isso faz com que os cristais se fundam e recristalizem após o aquecimento.
 Alguns especialistas em gemas dizem que as ametistas sintéticas estão amplamente misturadas, no mercado, com as naturais, porém como os testes de identificação - no caso delas - não são muito utilizados, não se pode afirmar. Outros dizem que a oferta é tão alta que a produção das sintéticas se limita ao uso em rádios, relógios e outros aparelhos elétricos.
Propriedades terapêuticas
Antigamente a ametista era muito usada para proteger os indivíduos da embriaguez e intoxicação, daí o nome. Hoje, as pessoas usam ametistas para manter a fé, trazer a paz e acalmar o espírito. Dizem que fortalece a sabedoria e a religiosidade. Ela impede que a pessoa tenha pensamentos e ações malignas, dá sensibilidade nos negócios e boa saúde. Mulheres orientais a utilizam na testa e acreditam que ela dá energia positiva para o chakra Ajna, conhecido também por “terceiro olho”.
Cuidados
A ametista é uma pedra muito durável, porém deve-se tomar o cuidado de retirar a joia em atividades que a pedra possa sofrer riscos. É importante não expô-la à luz solar intensa por muito tempo, radiação ou luz negra. Pode ser facilmente limpa com água morna e sabão neutro, com pano macio ou escova de dentes. Ao armazenar deve-se ter cuidado para não colocá-la junto com outras pedras mais duras, pois riscos são inevitáveis. Não utilizar produtos químicos e abrasivos. O ideal é enrolá-la em um pano macio ou uma caixa forrada com tecido.