sábado, 9 de abril de 2016

Opala: preciosidade do Sertão ganha o mundo

Opala: preciosidade do Sertão ganha o mundo

Pedra brasileira alcança prestígio internacional e amplia os negócios de ourives em Pedro II, no Piauí


Ernesto de Souza
Sobre a pedra bruta de onde são extraídas, estãos expostas gemas de opala (esq.) e peças já lapidadas que serão usadas em joias (dir.)
A paisagem árida do interior do Piauí esconde a riqueza que a região oferece. Em Pedro II, no norte do estado, no entanto, ela está estampada já no portal da cidade, onde se lê que o lugar é a “terra da opala”. 

Essa pedra preciosa, ainda pouco valorizada no país, movimenta a economia local e chega a render para os ourives até R$ 70 mil por mês. O município tem a única reserva de gemas nobres de opala no Brasil, que é a segunda maior do mundo – a primeira está na Austrália, que explorou minas brasileiras na década de 1970. 

Afastada a desorganização e a mineração desenfreada, a cidade tomou as rédeas do negócio e foram criadasassociações ligadas ao garimpo e à lapidação, estruturando o mercado da pedra.
Ernesto de Souza
Juscelino Souza, há 24 anos como lapidário em Pedro II, no Piauí
O lapidário Juscelino Araújo Souza, pioneiro no segmento de joalherias, conta que quando começou, há quase 24 anos, o setor não estava organizado. “Tinha a pedra, mas não tinha quem fizesse o trabalho”, diz. A falta de mão de obra especializada o estimulou a abandonar as feiras livres, onde era ambulante, e procurar um curso de lapidaçãopromovido pelo governo na época. Em 1992, Juscelino inaugurou a primeira empresa de lapidação de Pedro II e, em 2000, implantou ali uma área dedicada à joalheria.
Exportação e mercado interno 
Assim como a empresa de Juscelino, outras 30 se estabeleceram na região. Atualmente, elas são responsáveis pelo beneficiamento de 5 quilos de pedra bruta por mês, que resultam em 30 quilos de joias, já com valor agregado da prata ou do ouro utilizados na confecção das peças.

Cerca de 30% das opalas garimpadas são de alta qualidade e seguem para exportação, movimento que chega a render até R$ 500 mil anuais para lapidários do município. Os principais compradores são os Estados Unidos e a Alemanha, além de França e Suíça, que também valorizam o produto. Os 70% restantes ficam na região de Pedro II e são utilizados na produção de joias artesanais comercializadas no próprio Nordeste e em alguns estados brasileiros. 

Para reconhecer uma gema de valor é preciso estar atento à intensidade de cores que ela apresenta. Quanto maior o jogo de cores, mais valiosa é a pedra. A opala pode ser classificada, em ordem decrescente, como extramédiafracaou leitosa. Os garimpeiros chegam a vender as mais preciosas por até R$ 200 o grama, enquanto o grama da opala comum vale cerca de R$ 5.
Indicação Geográfica
Segundo estimativas dos garimpeiros, ainda há jazidas inexploradas na região. Hoje existem cerca de 30 minas locais, e estudos sugerem que apenas 10% da reserva foi explorada. Com a organização do setor, as associações receberam o suporte que faltava para se desenvolverem. Em 2005, foi criado o Arranjo Produtivo da Opala, projeto que ajudou a reestruturar o mercado das pedras de Pedro II.
Ernesto de Souza
Peças feitas em mosaico utilizando resíduos da lapidação de opala
Marcelo Morais, coordenador dos trabalhos, afirma que o negócio está mais orientado e hoje aspira até ao registro do selo de Indicação Geográfica, que já está em análise pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A expectativa é de que até o fim do ano a indicação acompanhe o nome das opalas da cidade. 

Juscelino, que também é o presidente da Associação para a Indicação Geográfica da Opala, diz que com a obtenção do selo a demanda deverá aumentar, o que pode elevar o preço final da joia em até 30%. Enquanto aguardam reconhecimento nacional, as associações se preparam para criar uma escola profissionalizante que começará a funcionar ainda em 2016. “O espaço irá atender o aumento da produção e oferecer formação para os jovens do município”, afirma.

PEDRAS PRECIOSAS "TURMALINAS"

PEDRAS PRECIOSAS "TURMALINAS"

As pedras preciosas são matérias minerais sólidas e com grande densidade e pigmentação nas cores : azul, verde, rosa (rubelita) e preta. São encontradas nas profundidades das rochas ou na superfície rasa do solo, formadas a bilhões de anos atrás e usadas como jóias à milhares de anos .
A extração das pedras preciosas e outros minerais no Povoado de Taquaral/Itinga se deu ainda no início do SEC. XX, mas muito pouco explorada . Foi com a vinda da Sra. Maria Gonçalves Soares ( Maria de Amaro )e sua família por volta dos anos de 1953 que se intensificou este tipo de exploração.
Segundo depoimentos da família, a vinda pra essa região se deu com a invasão de garimpeiros em suas terras .Sentido-se desepcinada com o ocorrido,vendeu as terras para uma Companhia Mineradora da época. Foi quando juntamente com seus filhos tomou uma difícil decisão de abandoná-las e ir à procura de um novo lugar para morar, resolveu então, comprar as novas terras,que até então eram do fazendeiro o Sr. Belizário Fulgêncio. Acreditando que ali seria improvável a existência de grandes quantidades de minérios nas novas terras, tiveram uma grande surpresa pois as novas terras adquiridas eram mais ricas em minérios, podendo ser facilmente encontradas em alguns lugares . 
As explorações de pedras preciosas na região não era a principal atividade, pois naquela época eram ainda de baixo valor comercial, predominando a criação de animais e o cultivo da lavoura de subsistência.
Com o passar do tempo, a criação dos animais e o cultivo da lavoura foi se tornando cada vez mais difícil, principalmente com a escassez da chuva, cada vez mais agravante e com as descobertas de novas e grandes minas , conseqüentemente a exploração de pedras preciosas se tornou a principal fonte de renda da população local, atraindo garimpeiros e investidores dos mais diversos lugares.
Uma destas minas se tornou internacionalmente conhecida pelas boas qualidades de suas pedras produzidas, conhecida pelo nome de Lavra do Pirineu, descoberta por garimpeiros locais.
Tradicionalmente os nomes das lavras desta região são dadas pelos próprios garimpeiros através das diversidades de cada localidade, não é regra, mas na maioria das vezes são nomes criados pelos seus próprios descobridores. Como exemplo temos a lavra do Imbaré, nome dado por ali existir grandes árvores chamadas de Imbaré , da mesma forma a Lavra da Jurema , mas também temos a Lavra da Pinheira, Lavra do Maxixe, Lavra do Urubu, Lavra do Quarto, Lavra da Pitomba, Lavra do Arroz - de - Leite, Lavra da Malva, Lavra do Engano, Lavra de Dona Mariazinha, Lavra do Sr. Hidelbrando, Lavra da Marmita, Lavra do PT, Lavra do Baixão, Lavra da Cruzinha, Lavra da Caixa d'água, Lavra do Boqueirão, Lavra dos Netos, Lavra do Sr. Percílio e etc.
Neste álbum vamos conhecer uma dessas Lavras "Imbaré" e conhecer um pouco do dia - a - dia de um garimpeiro de 57 anos que desde aos 12 anos de idade dedica com prazer a lida do garimpo. Na companhia do Sr. Eustáquio Esteves Vieira vamos conhecer um pouco mais, passo - a - passo de como se garimpa este minério tão cobiçado.

Descida ao inferno à procura de turmalinas

Descida ao inferno à procura de turmalinas


Garimpeiro_turmalina
O cenário faz lembrar as fotos dantescas das minas da Serra Pelada no Brasil,  registadas magistralmente pelo fotógrafo Sebastião Salgado. Mas a areia dourada que se entranha todos os dias nos pulmões de centenas de aventureiros é em Mavuco, Moçambique,  um lugar danado e miserável onde os deserdados do futuro melhor tentam a sorte, desafiando a cada golpe de marreta e picareta os aluimentos que de imediato transformam a miragem das pedras preciosas em tumbas de morte.
Mavuco, apesar de constar dos itinerários internacionais das turmalinas paraíba, é um lugarejo perigoso e semi-selvagem, a pouco mais de 20 quilómetros de Chalaua, um posto administrativo, a meio caminho entre Nametil e Moma, na província mais populosa de Moçambique: Nampula.


Desempregados de Cabo Delgado, Zambézia e Nampula  trabalham sol a sol em escavações que às vezes ultrapassam os dez metros, qualquer coisa como um prédio de três andares. Sem andaimes ou barrotes para escorar as paredes arenosas e instáveis do garimpo a céu aberto. De vez em quando lamentam a morte dos desafortunados que foram atingidos pelos desabamentos. “Sobretudo quando chove”, contam com um encolher de ombros  traduzindo destino.

Apresar do ar desolador e inóspito do local, Augustavo Alfredo, o líder do garimpo que veio do Luabo, acha que “a situação hoje está muito melhor”. A equipa do SAVANA tentou perceber melhor as contradições e desafios neste pedaço de fim do mundo que ilustra páginas de internet com gemas esplendorosas.

O termo de comparação para os garimpeiros é o que consideram “a segunda guerra de Moçambique”,  quando em Abril de 2009 uma força policial apoiada por “buldozers”  pagos pela empresa “Mozambique Gems”, atacou milhares de mineiros estacionados em Mavuco, destruindo todas as construções precárias que havia no local. “Tínhamos quase tudo aqui no meio do mato. Mercearia com azeite de oliveira, restaurante, até discoteca”. Numa área de 1000 hectares chegaram a operar mais de 3000 garimpeiros ilegais, vandalizando a concessão atribuída em 2002 à Moz Gems, numa área de 300 hectares e onde foi desde o início assinalada a existência de turmalinas da variedade paraíba, de grande valor comercial.
Moussa Konate, guineense de origem e habitualmente residente em Nova Iorque, é o fundador da Moz Gems. Ele começou a sua actividade mineira em 1987, ainda durante a guerra na zona de Macula, no Gilé, comercializando águas-marinhas (aquamarine). Tendo fundado a empresa em 1992, logo a seguir ao Acordo de Paz, movimentou-se para a zona de Chalaua quando em 2002 foram notadas as primeiras ocorrências de turmalinas paraíba, tendo feito conhecer as gemas e os seus depósitos no exterior, nomeadamente no mercado americano e tailandês. As gemas Paraíba têm o seu nome atribuído à zona no Brasil onde foram inicialmente registadas as ocorrências.
As empresas é que são
As confrontações de 2009 resultaram num “separar das águas”. O garimpo ilegal foi afastado das concessões da Mozambique Gems e da Paraíba Mozambique, empresa concorrente formada em 2006. Os aventureiros internacionais, sobretudo os “sem papéis” foram afastados do local, muitos foram presos e levados para Nampula. Habitualmente guineenses, malianos e senegaleses, verdadeiros especialistas na determinação da qualidade das gemas prospectadas na zona. Os moçambicanos foram acantonados numa zona de “baixo rendimento”, criaram uma associação, a Agurmic e vendem as pedras encontradas às duas empresas ou a intermediários oeste-africanos sedeados em Nampula. A associação tem 418 membros e tem acesso a uma senha mineira. A área do garimpo, segundo Alfredo, tem 1500 homens e mulheres a tentar a sua sorte.
Não muito longe fica o Gilé, na Zambézia, outra zona de garimpo e prospecção mineira. A dar a cara pela Moz Gems aparecem habitualmente, para além do guineense Moussa Konate, o brasileiro Saint-Clair Fonseca, mas os garimpeiros falam também de um moçambicano, Jaime António Chiba. A Paraíba foi registada em nome de José Miranda da Costa e do guineense Mamadou Dabo. Nas conversas zangadas dos garimpeiros há sempre generais “por detrás do negócio” mas ninguém soube dar ao SAVANA os nomes dos generais envolvidos no negócio das turmalinas, como é o caso de Raimundo Pachinuapa nos rubis da zona de Montepuez.
Tal como em Namanhumbir, em Cabo Delgado, a disputa entre os garimpeiros é sempre a mesma. “A população a que descobre as áreas com boas pedras, mas depois vem o governo, expulsa-nos dos melhores sítios e entregou essas terras da população a empresas que habitualmente são também de pessoas ligadas ao governo”.
João Rosário, 22 anos, 6ª. Classe feita em Mocuba, mostra uma pedra de quartzo “enorme” mas diz que não tem nenhum valor comercial. “As boas pedras estão dentro da concessão”, diz. O trabalho duro nas grandes covas de Mavuco é feito por jovens que trabalham para os “bosses” da associação. Habitualmente, os controladores do negócio empregam seis a 15 garimpeiros, fornecendo-lhes alimentação e os instrumentos de trabalho. Em troca, têm a “obrigação” de vender as pedras aos “bosses”, mas preferem fazê-lo a intermediários oeste-africanos que aparecem pela zona e pagam muito melhor. Os entendidos das pedras preferem frequentar as barracas de Chalaua, onde mais facilmente se misturam com a população local.
Adélia Cipriano, nascida na zona, há quatro anos que vende refeições aos garimpeiros. Um prato de alumínio com arroz ou chima, caril de repolho e amendoim ou peixe seco, custa 10 meticais. Cada refeição dá direito a um copo de água servida a partir dum “jerrycan” de plástico e anormalmente límpida. “Temos nascente na montanha, é por isso que sai assim”. Rosário diz que a vida é miserável porque não faz mais do que dois a três mil meticais mês. “Mas é melhor que nada”.

Malas com rodinhas 
Nas ruínas da antiga “cidade mineira” destruída pelos “buldozers” em 2009, os pequenos comércios vão aparecendo timidamente. Abdulselem Hassan, veio de Mogadíscio na Somália e foi deixado num barco junto a Palma, em Cabo Delgado. Foi preso pela polícia moçambicana quando viajava  coberto por um encerado numa carrinha de caixa aberta. Esteve seis meses preso, mas com a intervenção do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) foi liberto e viu a sua situação legalizada temporariamente através do Núcleo de Apoio aos Refugiados. Uma folha de papel A4 com fotografia garante-lhe livre circulação só para a província de Nampula e uma entrevista um dia destes.. Em Mavuco vende geradores eléctricos, motorizadas e malas executivas com rodinhas. A sua irmã Quimi, tem também a sua barraca onde oferece trens de cozinha “ a bom preço”.  Apesar dos lamentos da baixa renda do garimpo, Hassan diz que os seus produtos, tipicamente de cidade, saem com muita facilidade.
“Há noite isto parece cidade”, diz para justificar a popularidade dos geradores chineses que tem em exposição.
Não percebe muito bem o alcance da palavra xenofobia, mas diz que o entendimento com os moçambicanos é muito bom. “Guerra é onde eu venho”. “Aqui entendemo-nos todos , porque precisamos uns dos outros”. Os garimpeiros meneiam a cabeça afirmativamente e riem.
Ao longe, um polícia de motorizada e um acompanhante à paisana, acompanham a situação.
Parecem mais interessados nos jornalistas que nos refugiados somalis.

Mina de turmalina na Paraíba está no centro de fraude internacional

Mina de turmalina na Paraíba está no centro de fraude internacional

Esquema explorava ilegalmente a turmalina paraíba, uma das pedras preciosas mais caras que existem. Operação teria ligação com Al-Qaeda.

Uma das pedras preciosas mais caras que existem em uma das regiões mais miseráveis do país. O Fantástico mostra como funcionava um esquema internacional para explorar ilegalmente a turmalina paraíba e levá-la para fora do Brasil.
Os repórteres Maurício Ferraz e Alan Graça Ferreira revelam como a turmalina paraíba chegava à Tailândia, em um esquema que teria conexão com um dos grupos terroristas mais temidos do mundo.
Sertão da Paraíba, cidade de Salgadinho, distrito de São José da Batalha. É uma das regiões mais pobres do país, mas guarda um tesouro valioso, 40 metros debaixo da terra.
O Fantástico teve acesso à mina que funcionava até janeiro deste ano sem autorização, sem segurança e com pouquíssima circulação de ar e iluminação.
Maurício Ferraz: Você anda, anda, anda e vai faltando o ar. Em alguns pontos da mina o que liga um túnel ao outro é um buraco de 15, 20 metros. Eles colocam madeiras e a gente tem que confiar.
O lugar está no centro de uma fraude internacional que envolvia empresários do Brasil e compradores estrangeiros, entre eles um homem do Afeganistão, Zaheer Azizi, suspeito de envolvimento com um dos principais grupos terroristas do mundo, a Al-Qaeda.

Apesar da precariedade no trabalho e dos riscos, uma preocupação a empresa tinha: fechar os túneis com grade. As grades são para evitar o roubo da pedra preciosa que era explorada ilegalmente. Os garimpeiros chamam de caolim, um tipo de uma argila. E é geralmente onde eles encontram a turmalina tão preciosa.
A turmalina paraíba é uma das pedras mais raras, mais caras e mais procuradas do mundo. Mais rara até que o diamante. “É umas das gemas mais caras que se tem pela raridade, porque o diamante, na verdade, geologicamente falando, não é tão raro quanto se pensa”, afirma Antônio Luciano Gandini, geólogo da Universidade Federal de Ouro Preto.
“A turmalina paraíba, devido ao seu neon, essa cor com essa grande luz que ela tem, ela impressiona os olhos de todo e qualquer consumidor. Nós podemos ter valores que podem começar de R$ 15 mil, R$ 20 mil e atingir até R$ 200 mil por quilate”, diz a joalheira e gemóloga Lydia Leão Sayeg.

Um quilate corresponde a 200 miligramas. O nome Paraíba vem do estado onde ela foi descoberta. Existem outros tipos de turmalina. Nenhuma tão valiosa quanto esta.

Além da Paraíba, mais três lugares do mundo produzem esse tipo de turmalina: no Brasil, no Rio Grande do Norte; e na África, na Nigéria e em Moçambique. Mas nenhum deles oferece uma pedra de maior qualidade do que São José da Batalha. “São as melhores ocorrências do mundo na Paraíba”, diz o geólogo Antônio Luciano Gandini.

Durante dois anos, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigaram minas da região. Também acompanharam os passos de garimpeiros e empresários no Brasil e no exterior com a ajuda do FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos. Assim, desvendaram o esquema de exploração ilegal das turmalinas paraíbas.

Rainieri Addario: É bom as pedras?
Sebastião Lourenço: Tem 150 gramas de mercadoria. 
Rainieri Addario: Isso que tirou do passado ou tirou hoje?
Sebastião Lourenço: Hoje, começou hoje.
Rainieri Addario: Glória a Deus. Eu estou falando para você que nós vamos tirar um bilhão de doláres!

Duas pessoas falam na gravação, feita com autorização da Justiça em março do ano passado: Ranieiri Addario e Sebastião Lourenço. Ranieri seria um dos donos da empresa Parazul Mineração, que explorava sem autorização a mina do começo da reportagem.
Segundo a investigação, Sebastião era um dos líderes do grupo e o responsável pela venda das pedras. “Essa turmalina, a partir do momento em que ela é extraída, ela é ensacada transportada para Parelhas, município do Rio Grande do Norte”, diz o delegado da Polícia Federal Fabiano Martins.

Em Parelhas, fica a sede da mineração Terra Branca, empresa que tem autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral para extrair pedras preciosas. Sebastião é um dos investidores. O irmão de Ranieri, Ricardo, é um dos donos.

As turmalinas, raríssimas, eram misturadas com outras de menor valor. De acordo com a investigação, essa fraude era uma forma de tentar legalizar a exploração clandestina.

“Era feito dessa forma porque a organização criminosa não tinha autorização para lavrar turmalina paraíba na mina de São José da Batalha, mas tinha autorização para lavrar em Parelhas”, conta o procurador da República João Raphael Lima.
“De Parelhas elas iam para Governador Valadares, onde elas eram lapidadas e de lá elas eram remetidas para o exterior”, afirma Fabiano Martins.
Imagens feitas por agentes do FBI em fevereiro do ano passado mostram Sebastião vendendo turmalina paraíba extraída ilegalmente em uma feira na cidade de Tucson, no Arizona, Estados Unidos.
Segundo a PF, em apenas cinco dias, o grupo teria faturado US$ 1 milhão. Ranieri e Sebastião estão entre oito pessoas suspeitas de integrar a quadrilha. Sebastião e outros cinco foram presos. Ranieri está foragido. O outro homem que segue livre é um cidadão do Afeganistão: Zaheer Azizi.

“Era um financiador do grupo aqui no Brasil. Aquelas pedras eram enviadas de alguma forma para ele e ele vendia essas pedras em vários locais do mundo”, afirma João Raphael Lima.

O esquema foi denunciado por um brasileiro especialista em pedras preciosas, que prestava serviços ao grupo.
No depoimento, gravado pela Polícia Federal, o homem faz uma afirmação sobre Azizi: “Esse pertence à Al-Qaeda”.

A PF investigou essa alegação. Descobriu que o afegão está proibido de entrar no Brasil desde 2005, quando chegou com passaporte falso. Na época, as embaixadas do Brasil nas duas cidades onde ele tem casas, Islamabad, no Paquistão, e Bangcoc, na Tailândia, enviaram telegramas para o ministério das Relações Exteriores listando as suspeitas contra Azizi.

O texto diz que há alegações de que Zaheer Azizi estaria envolvido com os crimes de lavagem de dinheiro, contrabando de joias, tráfico de drogas e subsídio ao terrorismo. A direção da Polícia Federal diz não ter encontrado provas concretas ligando Azizi a grupos terroristas.
 
“É bom frisar que são apenas suspeitas”, diz o delegado.

“No Brasil não é crime financiar o terrorismo. O Congresso Nacional brasileiro em nenhum momento editou lei que tipifique o crime terrorismo”, afirma o procurador.

O Fantástico viajou até Bangcoc, na Tailândia, para procurar uma das lojas do afegão Zaheer Azizi naquele país. A jornalista Mariana Aldano foi até um centro comercial onde se vendem apenas pedras preciosas. Lá, paraíba é sinônimo de luxo e riqueza.
Maria Aldano: Bastou dar uma voltinha no shopping que a gente já encontrou uma prateleira cheia de turmalina paraíba. Depois de passar pelo controle de segurança, a gente conseguiu chegar até uma das lojas do Azizi e vamos ver se eles dão autorização e mostram para gente a turmalina paraíba.

Após se identificar como jornalista, a repórter é obrigada a apagar o que tinha filmado. Mas ela continua a gravar o áudio. O homem diz que o chefe é o senhor Azizi e que ele não está.

Segundo a investigação, era de escritórios como o citado que Azizi acompanhava seus negócios no Brasil, em tempo real, por câmeras de segurança. Em uma gravação, de novembro do ano passado, Azizi, em Bangcoc, conversa com Sebastião, na Paraíba:

Sebastião: Alô.
Zaheer Azizi: Oi.
Sebastião: Ei, Azizi.

O afegão deixa claro que consegue ver o brasileiro. “Eu posso vê-lo", diz Azizi.

Em nota, o advogado de Sebastião Lourenço afirma que Sebastião e Azizi se conhecem há muitos anos, e que o afegão é um cliente importante. Ele nega que Sebastião comercialize pedras da Parazul, a empresa que extraía ilegalmente a turmalina paraíba.

O advogado de Rainieri Addario também nega as acusações e diz que seu cliente não é mais sócio da empresa. “Ranieri foi vítima também dos que hoje administram a Parazul”, diz Ivanildo Albuquerque Filho, advogado de Rainieri Addario.

O irmão de Rainieri, Ricardo, também falou. Ele é dono da mineração Terra Branca, empresa do Rio Grande do Norte, onde, segundo a investigação, as pedras eram repassadas como legais. “Nós não temos nenhum vínculo com o que acontece na Paraíba para lá”, afirma Ricardo Addario, dono da mineração Terra Branca

Ele também afirma que não tem nenhum tipo de relação com o irmão. “Não vejo, não vi, ele não frequenta a minha casa", afirma Ricardo Addario. 
“O Ministério Público Federal irá processar essas pessoas por organização criminosa com tentáculos internacionais, crime de usurpação do bem da União, crime ambiental”, afirma o procurador João Raphael Lima.
“Toda essa riqueza ia parar no exterior sem qualquer benefício para comunidade. Eles cavavam de uma forma rudimentar, absolutamente precária”, diz o delegado da Polícia Federal Fabiano Martins.
Situação que o Fantástico registrou, caminhando, com cuidado, pela mina em São José da Batalha.
Maurício Ferraz: Tudo muito improvisado. A fiação, molhada. A madeira que faz escoramento está bem podre, úmida. Eram nessas condições que os garimpeiros trabalhavam.

Zepelim vai encontrar ouro e diamantes em África

Zepelim vai encontrar ouro e diamantes em África

“Pode aterrar na terra, água, areia, até no gelo.” Foi assim que um responsável da Hybrid Enterprises apresentou o novo dirigível, movido a hélio, que poderá chegar a zonas remotas e escondidas das terras africanas, onde estão mais de 90 por cento dos recursos minerais em África.
Desenvolvido a partir do famoso balão de ar, criado em Paris em 1783, o zepelim não era o tipo de transporte aéreo mais falado, pelo menos até a data. Após 20 anos de pesquisa, a Lockheed Martin e a Hybrid Enterprises estão prestes a lançar um novo e revolucionário tipo de veículo que pode render milhares de milhões em recursos dos solos africanos, incluindo ouro ou diamantes.
Este zepelim híbrido pode realizar milhares de quilómetros numa só viagem e a uma velocidade de 60 nós. Pode ainda carregar dezenas de toneladas de recursos.
O inovador veículo foi apresentado na Cidade do Cabo, no evento African Mining Indaba, como a próxima descoberta em prol das companhias mineiras. Utilizando a frase ” No roads, No problem” (sem estradas, sem problemas), os promotores destacaram a capacidade de chegar a locais remotos mas extremamente lucrativos.
Locais como os Camarões, a República do Congo ou a Guiné, podem ter a oportunidade de explorar novas e inacessíveis áreas, mas ainda vão ter de esperar porque estima-se que este zepelim esteja pronto a funcionar em 2018.