domingo, 10 de abril de 2016

O que são minerais?

O que são minerais?

Os minerais são a base de indústrias que vão desde a construção de fabricação para a agricultura à tecnologia e até mesmo cosméticos.
Usamos Minerais Muitas vezes todos os dias!
Cada pessoa usa produtos feitos a partir de minerais todos os dias. O sal que adicionamos à nossa alimentação é o mineral halita . Comprimidos antiácidos são feitas a partir do mineral calcita.
Leva muitos minerais para fazer algo tão simples como um lápis de madeira. O "lead" é feito de grafite e argila minerais; a faixa de metal é feito de cobre e zinco, e a tinta que as cores que contém pigmentos e materiais de enchimento feitos a partir de uma variedade de minerais. Um telefone celular é feita através de dezenas de diferentes minerais que são provenientes de minas em todo o mundo.
Os carros que nós dirigimos, as estradas que nós viajamos, os edifícios em que vivemos, e os fertilizantes utilizados para produzir nossos alimentos são todos feitos com minerais. Nos Estados Unidos, cerca de três trilhões de toneladas de commodities minerais são consumidos a cada ano para apoiar o padrão de vida dos 300 milhões de cidadãos. Isso é cerca de dez toneladas de materiais minerais consumidos para cada pessoa, a cada ano.

O que são minerais?

Para atender à definição de "mineral" usado pela maioria dos geólogos uma substância tem de cumprir cinco requisitos:
Que ocorre naturalmente
Inorgânico
Sólido
Composição química definida
Ordenou estrutura interna
"Ocorrência natural" significa que as pessoas não fazê-lo. O aço não é um mineral porque é uma liga produzida por pessoas. "Inorgânico", que a substância não é feita por um organismo. De madeira e as pérolas são feitas por organismos e, portanto, não são minerais. "Sólido" significa que não é um líquido ou um gás a temperatura e pressão padrão.
"Composição química definida" significa que todas as ocorrências do mineral que tem uma composição química que varia dentro de uma gama limitada específica. Por exemplo: o sal-gema mineral (conhecido como " sal-gema "quando é extraído) tem uma composição química de NaCl. Ele é constituído por um número igual de átomos de sódio e cloro.
"Estrutura interna ordenada" significa que os átomos de um mineral estão dispostas num padrão sistemática e repetitiva. A estrutura da halita mineral é mostrado na ilustração à direita. Halita é composto de uma relação igual de átomos de sódio e cloro dispostos em um padrão cúbico.

A Palavra "Mineral"

O termo "mineral" é usado de muitas maneiras diferentes. A definição dada acima é uma definição formal preferido pelos geólogos.
A palavra também tem um significado nutricional. Ele é usado em referência aos muitos produtos químicos inorgânicos que os organismos precisam para crescer, o tecido de reparação, metabolizar e realizar outros processos do corpo. Os nutrientes minerais para o corpo humano incluem: ferro, cálcio, cobre, enxofre, fósforo, magnésio e muitos outros.
Um uso arcaico da palavra "mineral" vem da taxonomia de Lineu em que todas as coisas podem ser atribuídos aos animais, vegetais e minerais reinos.
A palavra "mineral" também é usado de forma inconsistente em geologia. Em exploração mineira, nada obtido a partir do solo e utilizada pelo homem é considerado um "produto mineral" ou um "material mineral". Estes incluem: brita, que é um produto fabricado feito de pedra britada; cal, que é um produto fabricado feito de calcário ou mármore (ambas compostas do mineral calcita; carvão que é orgânico; petróleo e gás que são fluidos orgânicos; rochas como o granito , que são misturas de minerais e, como rochas de obsidiana que não tem uma composição definida e estrutura interna ordenada.

Propriedades Físicas dos Minerais

Há cerca de 4000 minerais diferentes e cada um desses minerais tem um conjunto único de propriedades físicas. Estes incluem: cor, traço, dureza, brilho, diaphaneity, gravidade específica, clivagem, fratura, magnetismo, solubilidade e muitos mais. Estas propriedades físicas são úteis para a identificação de sais minerais. No entanto, eles são muito mais importantes para determinar as potenciais utilizações industriais do mineral.
Fonte: geology.com
Minerais

Características de minerais e pedras preciosas

Os minerais são definidas como substância inorgânicas, que ocorrem naturalmente, com uma fórmula química definida e uma estrutura geral.
Quase todos os elementos químicos na crosta terrestre estão associadas com, pelo menos, um mineral.
Eles variam em cor, dureza, densidade, forma de cristal, tamanho de cristal, a transparência, a composição, localização e abundância.
Alguns minerais são radioativos (uranophane), enquanto outros são magnéticos (magnetita). Alguns são elementos não combinadas, tais como ouro, prata, enxofre, bismuto, cobre e platina. Certos minerais, tais como fluorite (fluoreto de cálcio), com um brilho de luminescência vibrante após a exposição à luz ultravioleta.
Feldspato (um silicato de alumínio de potássio) e quartzo (dióxido de silício) são os minerais mais abundantes na crosta da Terra.
A humanidade tem cobiçado muitos minerais e pedras preciosas, devido às suas impressionantes, belas cores.
Alguns espécimes de opala exibir, cores iridescentes do arco-íris-como dentro de seus cristais, enquanto alguns espécimes das pedras preciosas turmalina mostra progressões de melancia-like verde para cor-de-rosa de um lado de um cristal para outro.
Embora interessante, alguns minerais estão enganando; muitos garimpeiros amadores foram levados a pensar que encontraram ouro, mas em vez disso encontrou pirita (dissulfeto de ferro), também conhecido como "ouro de tolo", devido à sua estranha semelhança com o metal precioso.
Diamante, a mais difícil substância natural encontrada na Terra, tem sido valorizada como o mais desejável de todos os minerais, devido à sua interação com a luz deslumbrante. A maioria dos diamantes, no entanto, são impuros e não é adequado como pedras preciosas; em vez disso, encontrar o uso industrial como ferramentas de corte, e são ainda feitos sinteticamente para atender a essa demanda.
Minerais
Pirita
Minerais
Quartz

Os Minerais

CALCITA

Minerais
A calcita é um mineral constiuido de CaCo3 e ocorre com diferentes colorações tais como: incolor, branco, cinzento, azul, vermelho, rosa, castanho, verde e preto.
Apresenta brilho resinoso e dentro da escala de dureza de Mohs representa a dureza 3. Tem clivagem perfeita e reage a HCl a frio.
É usado em construção civil e ótica.

Quartzo

Minerais
Mineral constituído de SiO2, é o mineral mais abundante da Terra seguido da Calcita.
Aparece com grande variedade de colorações diferentes:
Violeta: Ametista 
Amarelo: citrino 
Preto: quartzo fume 
Rosa: quartzo róseo
O transparente é conhecido como cristal de rocha. O quartzo é observado com formato hexagonal, apresenta dureza 7 na escala de mohs e sua fratura é conchoidal.
O Brasil é um dos paises com maior abundancia desse mineral, possuem as mais ricas jazidas de quartzo. O mineral é utilizado para fabricação de vidros, aparelhos de óticas e comercializado em joalherias.

Corindon

Minerais
O corindon é constituido de Al2O3 e ocorre nas colorações:
Incolor = leucosafira;
Vermelho = rubi;
Azul = safira;
Amarelo, rosa, púrpura, verde e cinzento.
Vemos o mineral com brilho adamantino ou vitreo, representa na escala de dureza de Mohs a dureza 9.
É usado como esmeril para material abrasivo e a safira e o rubi são pedras preciosas utilizadas em joias.

Resumindo

Todo mineral tem uma estrutura interna organizada organizada.
Isto significa dizer que ele tem partículas bem pequenas que estão arrumadas de uma forma especial, fazendo com que cada mineral tenha um arranjo só dele – chamado cristal cristal.
Fonte: www.geologiabrasil.hpg.ig.com.br/earth.rice.edu
Minerais
Minerais
Minerais

Definição

Mineralogia é a ciência que estuda os minerais, o que são, como são formados e onde ocorrem. Mineral são substâncias formadoras das rochas, solos e sedimentos. A definição mais atual para mineral é a seguinte: sólido, homogêneo, natural, com uma composição química definida (mas geralmente não fixa) e um arranjo atômico altamente ordenado geralmente formado por processos inorgânicos (Klein & Hurlbut, 1999). Embora sejam conhecidos mais de 3000 espécies de minerais, apenas algumas delas (silicatos) compõem a maior parte da crosta terrestre. Outras embora, mais raras, devem ser reconhecidas por sua utilidade, importância econômica, etc. As demais, constituem em geral objeto de interesse de especialistas. Os silicatos mais comuns e importantes ocorrem associados formando rochas, e seu número não ultrapassa 20 espécies. Na grande maioria das vezes, uma rocha é formada por uma a três ou quatro espécies diferentes.

Propriedades

Cada espécie mineral é caracterizada por suas propriedades físicas, químicas e conseqüentemente morfológicas. Peso específico, cor, brilho, cor do traço, clivagem, fratura, hábito e dureza são algumas das propriedades dos minerais mais facilmente observáveis e passíveis de caracterização macroscópica. O exame macroscópico cuidadoso de amostras manuais, permite a caracterização de algumas dessas propriedades e, através delas, a identificação da espécie mineral.
Como os minerais nas rochas aparecem em grãos de tamanho reduzido e estão agregados, algumas das propriedades observadas em indivíduos isolados, só são observadas com grande dificuldade ou não são passíveis de observação.
Algumas das propriedades mais utilizadas na identificação direta dos mineraissão as seguintes:
COR
A cor de uma substância depende da absorção seletiva da luz por ele refletida ou transmitida. A cor dos minerais deve ser sempre observada em fratura fresca (sem alteração).
Quanto a cor os minerais se dividem em:
Idiocromáticos: apresentam cor própria, constante, inerente à composição química; 
Alocromáticos
: quando puros são incolores (acróicos) e assumem diversas cores em função da presença de impurezas, variações na composição química ou imperfeições no retículo cristalino. 
BRILHO
 É a capacidade de reflexão da luz incidente. Distinguem-se minerais de brilho:
Metálico: aparência brilhante de metal; 
Não-Metálico
: vítreo, sedoso, gorduroso, resinoso, etc..
FRATURA E CLIVAGEM
A fratura é a superfície de quebra dos minerais, podem ser plana ou concóide (ou concoidal). Quando a quebra se dá preferencialmente segundo superfícies planas e que se repetem paralelamente, dizemos que o mineral apresenta clivagem.
COR DO TRAÇO
É a cor do pó mineral. Esta propriedade é especialmente importante em minerais de brilho metálico, visto que em inúmeros casos a cor do pó é bem distinta da cor exibida pela superfície do mineral.
TRANSPARÊNCIA
Observações em lascas delgadas, onde os minerais podem ser transparentes, translúcidos e opacos.
DUREZA
É a resistência que sua superfície lisa oferece ao risco. Em determinações rápidas para se conhecer a natureza relativa de um exemplar utiliza-se uma escala formada por minerais comuns, conhecida por “Escala de Mohs”, que consta de dez minerais em que cada um pode riscar todos os anteriores. Esta escala é relativa, isto é com ela se estabelece a dureza de um mineral em relação a outro(os). Materiais comuns podem servir juntamente com a escala de Mohs para a determinação da dureza dos minerais
HÁBITO
É a forma extrema mais freqüente com que se apresentam os indivíduos de uma mesma espécie mineral.
Citam-se os seguintes hábitos:
Equidimensional: as formas assumidas pelos cristais tendem a apresentar dimensões iguais nas 3 direções espaciais. Incluem-se aqui as formas cúbicas, piramidais, romboédricas, octaédricas, etc..; 
Prismático
: uma das dimensões predomina sobre as outras duas, resultando formas alongadas; 
Acicular
: o predomínio exagerado de uma das dimensões confere a forma agulha (prisma muito alongado) aos cristais
Tabular
: duas das dimensões predominam sobre uma terceira, configurando formas achatadas;
Placóides
: o mineral se apresenta em folhas ou placas. Distingue-se em hábito cristalino (cada indivíduo cristalino se apresenta) e hábito dos agregados cristalinos (formado por muitos indivíduos da mesma espécie, e nos quais, freqüentemente, não se consegue a observação de cada indivíduo isoladamente);
Compacto (maciço)
: massas homogêneas nas quais não se conseguem observar os indivíduos; 
Terroso
: massas pouco coerentes (friáveis) constituídas por grânulos; 
Botroidal
: concreções globulares que se reúnem a maneira de cacho de uva;
Fibroso
: massas de indivíduos aciculares onde se distinguem os indivíduos
DENSIDADE RELATIVA (peso específico) É o número que indica quantas vezes um certo volume de mineral é mais pesado do que um mesmo volume de água destilada, à temperatura de 4°C.
Fonte: www.ige.unicamp.br
Minerais

Definição

Uma das definições para MINERAL é substância com estrutura interna ordenada (cristais), de composição química definida, origem inorgânica e que ocorre naturalmente na crosta terrestre ou em outros corpos celestes.

História

A história da utilização dos minerais resulta da observação dos achados arqueológicos. O homem pré-histórico, para cobrir as suas necessidades, fez uso do sílex e outras variedades de quartzo. Nas sociedades neolíticas, o homem usou gemas ( minerais utilizados em joalharia e ourivesaria ) como moeda de troca. Quando descobriu os metais ( ouro, cobre, estanho, ferro ) passou a fazer uso deles. O conhecimento dos metais e a sua utilização caracterizou alguns períodos da antiguidade, como a Idade do bronze ou a Idade do ferro. Atualmente, o homem faz uso direto ou indireto de quase todos os minerais conhecidos, mais de 2.600 espécies minerais.
As características fundamentais de espécie mineral são a ordem geométrica, a periodicidade no arranjo da matéria, bem como a natureza dos átomos que entram na composição química da espécie mineral.
No contexto do Terra Planeta "Vivo", estamos preocupados em dar a conhecer alguns aspectos dos minerais, porque eles são os constituintes das rochas que por sua vez fazem parte da composição superficial da Terra.
O domínio da Geologia que estuda os minerais chama-se Mineralogia, sendo um domínio com vários subdomínios, um dos quais é a Cristalografia que se ocupa do estudo dos cristais.

Conceito

O conceito de mineral é complexo e de difícil definição, de resto como todas as definições. Contudo, atendendo aos nossos objetivos, podemos considerá-los como substâncias naturais, inorgânicas, caracterizados por propriedades físicas e químicas determinadas. De modo controverso, podemos estender aquela definição aos líquidos e gases encontrados na natureza (água, gases atmosféricos), bem como aos materiais orgânicos fósseis (petróleo – óleos minerais, carvões, resinas, asfaltos e betumes). Porém, quase todos os minerais se encontram no estado sólido e sob a forma cristalina. De acordo com a definição, os minerais são elementos ou compostos químicos, podendo-se expressar por meio de fórmulas químicas que admitem uma pequena variação, mas conservam fixa a estrutura.
Deste modo, os minerais são constituídos por átomos dispostos segundo um modelo regular tridimensional característico para cada mineral. A maior parte dos minerais aparece na forma de cristais, apenas visíveis ao microscópio de luz polarizada. Os cristais são sólidos geométricos limitados por faces planas (poliedros) e de composição química definida. As faces planas de um cristal são paralelas aos planos da sua malha elementar. A malha elementar delimita uma porção de espaço dotado de uma certa quantidade de átomos. A malha elementar repetindo-se periodicamente em três direções do espaço define uma rede de três dimensões que será o suporte geométrico das estruturas atômicas dos cristais. As propriedades geométricas de um cristal, tais como as arestas, ângulos e planos das faces, estão diretamente ligadas à sua malha elementar, podendo ser descritas a partir de um certo número de operações de simetria.Os elementos de simetria de um cristal são fundamentalmente o plano de simetria, o eixo de simetria e o centro de simetria.
A combinação de todos os elementos de simetria origina 32 classes de simetria, pelas quais se repartem todos os cristais. De acordo com certas características comuns ou parecidas, podem-se distribuir estas 32 classes por sete grandes grupos, os chamados sistemas cristalinos (cúbico, romboédrico, hexagonal, tetragonal, ortorrômbico, monoclínico e triclínico).
A germinação e o crescimento de um cristal estão sempre dependentes das condições físico-químicas do meio. As condições físico-químicas que determinam a génese dos minerais são, a maioria das vezes, muito complexas e, atualmente, impossíveis de reproduzir em laboratório. Os principais fatores condicionantes são a temperatura, a pressão e a concentração dos elementos químicos. Estes fatores não são independentes: numa solução, a solubilidade de um composto cresce com a temperatura, salvo raras excepções. Um cristal germinado a partir de uma solução sobressaturada cresce fixando as moléculas (unidades de crescimento) à sua superfície.
As propriedades químicas dos minerais estão estreitamente relacionadas, como é óbvio, com a sua composição química, com a natureza dos átomos e iões que os constituem. Mas dependem também, tal como as propriedades físicas, da sua estrutura, isto é, do arranjo das partículas elementares.
As características das ligações interatômicas nos minerais são tais que podemos considerar uma estrutura como uma associação de esferas cujas dimensões são definidas pelo raio iônico do átomo. Os catiões, as esferas mais pequenas, seriam cercadas por aniões, as esferas maiores. A associação catião mais anião forma, deste modo, um poliedro de coordenação (Ver a figura "Modelo da rede cristalina da halite NaCl"). Os poliedros de coordenação necessitam de uma neutralidade eléctrica. De acordo com este modelo, poderíamos pensar que a cada mineral corresponderia uma única estrutura e uma única composição química, expressa por uma fórmula química perfeitamente definida.
Acontece que a maioria dos minerais de igual composição química pertence a uma única classe de simetria e a um único sistema cristalino. Porém, as excepções são muitas devido, fundamentalmente, às diferentes condições de pressão e temperatura em que se formam os minerais.
Assim sendo e a título de exemplo vejamos o caso de um mineral chamado olivina. A sua composição química é (Fe, Mg)2(SiO4). Isto explica que o ferro (Fe) e o magnésio (Mg) são miscíveis em todas as proporções, logo a composição química da olivina não é definida. Quando se dá a substituição total do ferro pelo magnésio, passamos a ter a forsterite Mg2(SiO4) com composição química definida, no caso inverso temos a fayalite Fe2(SiO4). Entre estes dois pólos todas as composições intermédias podem existir, mantendo-se a estrutura. Estamos perante um caso de isomorfismo. Podemos, então, dizer que dois elementos são isomorfos, caso do Fe e do Mg, se podem substituir-se mutuamente dentro da mesma estrutura. Como a estrutura não se altera, as substâncias isomorfas apresentam forma cristalina muito semelhante, independentemente, da sua natureza química.
Vejamos, ainda, outra situação de excepção, embora haja muitas mais. O diamante é constituído, quimicamente, só por átomos de carbono (C); outra espécie mineral, a grafite, é igualmente constituída só por átomos de carbono (C). Embora constituídos pela mesma substância química, o carbono, estas duas espécies minerais assumem, ao cristalizar em condições físico-químicas específicas, formas cristalinas muito diversas, com graus de simetria diferentes. Enquanto o diamante cristaliza no sistema cúbico, a grafite cristaliza no sistema hexagonal. Dizemos que estes dois compostos são polimorfos, porque sendo quimicamente idênticos têm simetria diferente. Entre as referidas condições físico-químicas específicas, a temperatura tem uma importância primacial. Por exemplo, se cristais de diamante forem aquecidos a uma temperatura superior a 1500o C, à pressão normal e no vazio, dar-se-á uma transformação lenta da sua rede cristalina na rede cristalina da grafite. A 1900o C, essa transformação duma rede cristalina na outra é rápida. Isto apenas tem interesse académico, já que não existe motivo algum para transformar uma pedra preciosa como o diamante num material muito mais barato e abundante como a grafite.
A ocorrência de espécies minerais com formas cristalinas próprias de outras é um fenômeno relativamente vulgar na Natureza e tem o nome de pseudomorfismo.
Neste caso os minerais apresentam falsas-formas. As pseudomorfoses podem ter géneses variadas.
Os minerais apresentam propriedades físicas, químicas e óticas que permitem fazer a sua caracterização e identificação.
De entre as propriedades físicas destacamos a dureza, cor, cor da risca, transparência e o brilho. A dureza é, por definição, a resistência que um mineral oferece à risca provocada por uma ação mecânica externa. Na prática mineralógica utilizam-se escalas de dureza relativas, representadas por determinados minerais. A mais comum é a escala de Mohs, que contem 10 graus e é composta unicamente por minerais de risca branca. Os minerais estão ordenados segundo o seu grau de dureza, do menos ao mais duro e do seguinte modo: 1-talco, 2-gesso, 3-calcite, 4-fluorite, 5-apatite, 6-ortóclase, 7-quartzo, 8-topázio, 9-corindon, 10-diamante. Exemplificando, um mineral terá uma dureza aproximada de 8½ se risca o topázio mas é riscado pelo corindon.
Minerais
Quartzo leitoso
Minerais
Xenotimo
Minerais
Malaquite
Minerais
Monazite
Minerais
Halite
A cor sendo uma das características importantes não é muito fiável. Por exemplo, o berilo pode ser incolor, branco, amarelo pálido, verde, rosa, azulado, roxo. O berilo apresenta um grande número de variedades, segundo a cor. A cor de um mineral depende da absorção de algumas das vibrações da luz branca e da reflexão de outras. A cor resulta, normalmente, da composição química, isto é da presença de átomos de um determinado elemento, na estrutura do mineral (exemplos: a esmeralda, variedade de berilo de cor verde, contêm pequenas quantidades de Cr2O3; a água marinha, outra variedade de berilo de cor azul esverdeado a azul claro, contêm Mn e Cr em pequenas quantidades). Os minerais com Al, Na, K, Ca, Mg, Ba, apresentam cores claras ou são incolores, enquanto aqueles que contêm Fe, Cr, Mn, Co, Ni, Ti, Va, são corados, apresentando, por vezes, cores intensas de acordo com os teores daqueles elementos na sua composição química. Também, o modo como os elementos estão dispostos na rede cristalina do mineral e a valência que possuem afetam a cor.
A cor da risca dos minerais, pode-se determinar de uma maneira simples. Riscando o mineral num fragmento de porcelana não vidrada. A cor do pó deixado sobre a porcelana é a cor da risca.
A transparência é a propriedade que os minerais têm de se deixarem atravessar pela luz. Segundo o grau de transparência podemos distinguir os minerais transparentes, semitransparentes, translúcidos, não transparentes e opacos.
O brilho é a propriedade que o mineral tem de refletir a luz. Depende de numerosos fatores, entre eles, o índice de refração, a dispersão cromática, a absorção da luz e as características da superfície estudada ( lisa ou rugosa). Podemos distinguir vários tipos de brilho: metálico, adamantino, vítreo, gorduroso, nacarado.
Longe de estarmos a ser exaustivos, vamos, ainda, citar mais algumas propriedades dos minerais, pensando naqueles(as) que querem fazer a identificação de minerais, quanto mais não seja para as suas coleções particulares ou, quem sabe, pelo prazer do estudo.
A piroeletricidade consiste no aparecimento de uma polarização eléctrica quando determinado mineral é submetido ao calor.
A piezoeletricidade consiste no aparecimento de uma polarização eléctrica quando determinado mineral é submetido a forças de compressão ou tensão.
A clivagem é a propriedade que os cristais têm de se partirem segundo planos reticulares bem definidos. Estes planos, tal como referimos atrás, são paralelos a possíveis faces do cristal, existindo uma dependência entre a clivagem e a estrutura atômica do mineral. É bem conhecida a clivagem das micas e da calcite.
O estudo das propriedades óticas dos minerais é complexo e como tal referimos apenas dois aspectos: 1) é necessária a feitura de lâminas delgadas a partir dos minerais e/ou rochas; 2) é necessário um microscópio de luz polarizada para se fazer o estudo das lâminas delgadas. Para mais informação deve ser feita a consulta de bibliografia especializada.
Nos laboratórios mineralógicos modernos, para além do estudo das propriedades atrás referidas, utilizam-se técnicas sofisticadas, tais como difração de raios X, análise térmica diferencial, análise espectral, microssonda eletrônica e outras, para a identificação dos minerais. Todas estas técnicas exigem equipamento de laboratório complexo e muito caro, bem como formação especializada. Porquê a utilização de técnicas sofisticadas? Por várias razões: 1) não podemos esquecer que estamos a trabalhar à escala do átomo, 2) as redes cristalinas dos minerais sofrem vários graus de desordem o que pode afetar profundamente as propriedades do cristal, 3) os cristais com faces desenvolvidas, tais como as fotografias dos exemplares apresentados nesta página, são raros ou pouco frequentes porque, tal como já foi dito antes, para que as faces cresçam é preciso que todas as condições físico-químicas sejam favoráveis; o que acontece, normalmente, é que as condições físicas de temperatura, pressão, espaço e tempo, bem como as condições químicas de concentração de elementos, não são favoráveis ao desenvolvimento de grandes massas cristalinas, mas sim de agregados de diferentes cristais microscópicos que vão dar origem às rochas.
A origem do nome dado às diferentes espécies minerais é bastante diversificada. Existem nomes derivados da composição química do mineral (exemplos: cuprite = óxido de cobre; manganite = hidróxido de manganês), nomes derivados do nome de uma localidade onde o mineral foi descoberto (exemplos: autunite = Autun (França); labradorite = Labrador (Canadá), nomes derivados de uma das propriedades do mineral [exemplos: cor – albite = albus (branco); densidade – barite = barus (pesado); clivagem – ortóclase ou ortose = clivagens ortogonais], nomes derivados do nome de uma pessoa (exemplos: berzelianite = Berzelius; smithsonite = Smithson). Os problemas de nomenclatura não são simples.
Como em todas as ciências naturais, é indispensável classificar os minerais mediante uma sistemática que permita compará-los entre si e identificá-los. Graças ao emprego dos raios X e ao estudo da composição química e das propriedades cristalográficas foi possível repartir, todos os minerais conhecidos, por classes, subclasses e grupos. Esta classificação é denominada por cristaloquímica. Nela os minerais estão agrupados em 9 classes: classe I – elementos nativos e ligas metálicas (metais, semi-metais, metalóides), classe II – sulfuretos,…(sulfuretos simples, duplos; sulfossais…), classe III – halogenetos (halogenetos simples, duplos e oxihalogenetos), classe IV – óxidos e hidróxidos (óxidos simples, múltiplos; hidróxidos, arseniatos,…), classe V – carbonatos, nitratos, boratos, classe VI – sulfatos, cromatos, molibdatos, volframatos, classe VII – fosfatos, arseniatos, vanadatos, classe VIII – silicatos (subclasses – nesossilicatos, sorossilicatos, ciclossilicatos, inossilicatos, filossilicatos, tectossilicatos) e classe IX – minerais orgânicos. Os silicatos formam a classe mais abundante e importante da crosta terrestre. Sendo a classificação cristaloquímica a mais usada, queremos deixar claro que se utilizam outras classificações.
Depois do oxigénio, o silício é o elemento mais abundante da crusta terrestre. Na Natureza só aparece sob a forma de compostos. Por exemplo, o quartzo é um dióxido de silício ( SiO2 ); a anortite é um silicato de alumínio e cálcio ( Ca[Al2Si2O8] ); a moscovite é um silicato de alumínio e potássio ( KAl2[AlSi3O10](OH,F)2 ). Os silicatos são compostos formados pela substituição de átomos de hidrogénio dos diferentes ácidos silícicos (ácido ortosilícico, ácido metasilícico) por metais.
A titulo de curiosidade, sobretudo das mulheres, passamos a referir alguns aspectos das chamadas pedras preciosas. Já na primeira página fizemos uma breve referência às gemas. Costuma-se dividir as gemas em duas categorias: as preciosas e as semipreciosas. As pedras preciosas não são mais que minerais que, particularmente, pela sua raridade e beleza, depois de talhadas (lapidadas), têm um elevado valor comercial. O grupo das pedras preciosas inclui apenas quatro espécies minerais: diamante, rubi (variedade do corindon), safira (variedade do corindon) e a esmeralda (variedade de berilo). O grupo das semipreciosas é formado, essencialmente, por: variedades de berilo, turmalina, topázio, quartzo, opala, turquesa, jade, granada, zircão e feldspatos.
Para terminar este tema, podemos dizer que os minerais se formam a partir de três grandes processos: magmático, metamórfico e sedimentar. No tema Rochas iremos abordar estes grandes e complexos processos naturais.
Minerais
Turquesa pedra bruta - CuAl6[(OH)2PO4]4 4H2O
Minerais
Anatase - TiO2
Minerais
Brookite - TiO2
Minerais
Leucite - K(AISi2O6)

Jazigos Minerais

Este Tema faz parte da Geologia Aplicada, um dos domínios da Geologia. Muitos minerais e rochas são matérias primas vitais para o Homem, apresentando uma grande importância industrial e social, sendo a sua descoberta e exploração essenciais para o progresso e continuidade do Homem. A extração e transformação de substâncias minerais é essencial ao desenvolvimento e bem estar das sociedades contemporâneas. Nomeadamente, a atividade de determinados setores da indústria transformadora de um país depende da capacidade de obtenção de matérias-primas minerais, seja pela sua aquisição no mercado internacional, seja pela utilização dos recursos do território nacional.
Jazigos Minerais são acumulações ou concentrações locais de rochas e minerais úteis ao homem que podem ser exploradas com lucros. Quase todos os processos de concentração de minerais envolvem movimentos de fluidos (líquidos e gases), como iremos ver mais à frente. Podemos reunir os fluidos em três categorias: 1) fluidos de origem magmática (ígnea), 2) águas provenientes da atmosfera, 3) fluidos associados a processos metamórficos, isto é, fluidos presentes nas rochas que são postos em movimento pelas variações de pressão e temperatura.
Minério é qualquer mineral explorado para um fim utilitário. O minério em bruto, normalmente, é constituído por uma mistura do mineral desejado (útil) e de minerais não desejados, os quais são designados por ganga.
Minerais
Cristais idiomórficos octaédricos de magnetite (M=minério de ferro),
sendo G a ganga constituída por quartzo
Clarke é uma unidade de medida correspondente à percentagem média de um elemento existente na crusta terrestre, o mesmo que abundância média de um elemento pertencente à crusta terrestre. Na tabela abaixo representada, observamos que muitos elementos estão presentes em muito baixas concentrações.
CLARKES DE ALGUNS ELEMENTOS ECONÔMICOS, EM PARTES POR MILHÃO (PPM) OU GRAMAS POR TONELADA (g/T)
ElementoClarkeElementoClarkeElementoClzarke
 
Alumínio81.300Chumbo13Prata0,07
Antimónio0,2Lítio20Tântalo2
Berílio2,8Manganésio950Estanho2
Crômio100Mercúrio0,08Urânio1,8
Cobalto25Molibdénio1,5Vanádio135
Cobre55Níquel75Tungsténio1,5
Ouro0,004Nióbio20Zinco70
Ferro50.000Platina0,01  
Após a análise da tabela verificamos que existem elementos, como o alumínio e o ferro que são abundantes. Contudo, as suas concentrações econômicas só interessam quando ocorrem sob a forma de óxidos simples, hidróxidos ou, no caso do ferro, como carbonatos. Isto porque, geralmente, estão alojados na rede espacial dos minerais silicatados (as leis da química regulam a união de átomos para formar moléculas), o que impede a sua fácil separação e recuperação econômica.

ÁGUA BRANCA, UM GARIMPO EM ASCENSÃO-ITAITUBA- PA

ÁGUA BRANCA, UM GARIMPO EM ASCENSÃO



Vista aérea do garimpo.
Muito antes do garimpeiro e empresário Raimundo Santos, o conhecido Truth chegar ao garimpo Água Branca nos anos 70, já existia aquele que hoje é um garimpo em ascensão. Hoje, não podemos negar a luta de Truth e de muitos outros que por ali passaram ou que hoje se empenham para ver o garimpo tornando-se comunidade, o que está acontecendo com Água Branca, que devido a seu crescimento, transformou-se numa comunidade com 250 casas.
Vista da Comunidade de Água Branca.
A comunidade de Água Branca tem hoje, dentro da vila, uma população com cerca de 500 pessoas, e contando com os bachões (áreas de garimpagem) aproximadamente 4.000 pessoas. Hoje, o garimpo não é explorado apenas por garimpeiros, mas também por empresas mineradoras que estão se fixando lá.
Eu (Peninha) e o Presidente da Comunidade.
A exploração do ouro já não é feita somente com equipamentos antigos simples como o maracá, bico jato, cobra fumando e outros. A evolução atingiu também os instrumentos utilizados na extração como escavadeiras (PC), e métodos menos poluentes.
Eu (Peninha) no Garimpo de Água Branca
A comunidade possui hoje uma escola municipal que atende as crianças de 1ª à 4ª serie, um posto de atendimento de endemias para fazer exame e tratar os pacientes com malária, campo de futebol, igrejas das diversas religiões, moto-taxis, além de rede telefônica e sistema de internet ligando, assim, a área garimpeira ao mundo. Nos comércios há notebooks por que o acesso e comunicação pela internet dão-se mais fácil do que pelo telefone. A energia elétrica ainda é particular, ou seja, cada um tem seu grupo gerador.
Momento da despescagem.
Antigamente só era possível chegar ao garimpo de avião, atualmente, devido à ligação da rodovia estadual Transgarimpeira com a comunidade, o acesso é mais fácil, fato que torna Água Branca apta a vivenciar uma nova era do ouro.
No garimpo, fica evidente a corrida do ouro. Minha visita à vila durou cerca de 3 horas, e no decorrer dela, presenciei uma compra de ouro comprar mais de 500 gramas de ouro, o que prova que há, ainda, em Água Branca muito ouro para ser extraído.

Garimpeiro com bico jato.
A visita me fez ver a importância dos garimpos para a econômia do município de Itaituba que vive do ouro que ainda é à base de sua econômia, portanto, devemos nos unir para defender nossos garimpos e torcer para que os órgãos ambientais percebam nossa sensibilidade e atendam às nossas necessidades concedendo as licenças ambientais, e olhem a questão dos garimpos para vê-la como os outros órgãos a vêem. O DNPM, por exemplo, já liberou aproximadamente 2.000 PLG - Permissão de Lavra Garimpeira.
Escola da Comunidade.
Posto de Saúde da Comunidade.

Zé da Roça, um polivalente no garimpo

Zé da Roça, um polivalente no garimpo


Trinta e cinco anos de vida passados no garimpo, a maioria deles no vale do Tapajós. Uma história recheada de fatos inusitados, que fazem de Zé da Roça, um personagem da vida real dos mais interessantes das milhares que foram escritas ao longo deste meio século. Nasceu no Piauí, na Barra do Maratoam, no dia 10 de fevereiro de 1934. Cedo, começou a trabalhar na roça, seguindo os passos da família. Há uns vinte anos deu uma entrevista para a revista Veja. Hoje, aos 74 anos, com uma saúde de dar inveja a muita gente mais nova, ele mora numa chácara, no Laranjal, onde a reportagem o encontrou para uma conversa de quase duas horas.


“Com dezessete anos eu casei, em 1952. Vivi doze anos com a primeira mulher. Não deu certo porque ela me botou umas perucas (de touro). A essa altura eu já estava vivendo no Maranhão, para onde eu me mudei em 1956, na esperança de ter ao menos o que eu tenho hoje, porque eu venho de uma família muito carente. Fiquei dez anos no Maranhão. Lá eu comecei a trabalhar com farmácia, mesmo com pouquinho estudo. Depois que o casamento acabou a vida desaprumou e eu resolvi vir para o Pará.


Cheguei a Belém; de lá me mandei para Santarém aonde eu cheguei urrando de liso. O trabalhou que eu arranjei foi catar litro seco, que eu lavava e vendia. Isso durou 28 dias até que eu consegui ir para Manaus e de lá para Porto Velho, com a idéia fixa de ir para o garimpo. Fiquei um tempo em Ariquemes com o velho João Estrela, cuidando da farmácia, aplicando soro. Ele era muito brincalhão e começou a me chamar de doutor Sopapo. O pessoal chegava e perguntava: cadê o doutor Sopapo?


Estava lá quando surgiu a notícia de que no Aripuanã tinha um garimpo onde a gente enchia uma garrafinha de diamante ligeirinho. Eu me empolguei. Pensei: pegando diamante bom a gente se arruma ligeirinho; eu vou morrer de rico. Mas, não foi como eu esperava que fosse, o que fez com que eu só ficasse quatro meses. Voltei para Porto Velho e de lá fui para Santarém. Quando cheguei lá o Zeca Furtado estava juntando gente para levar para o garimpo. Eu perguntei quanto ele cobrava e ele me disse que para brabo (sem experiência) eram trinta dias de trabalho.


No dia 28 de junho de 1968 eu pisei pela primeira vez num garimpo do Tapajós. Chegando na pista do Marupá eu coloquei um jamanxim nas costas pela primeira vez. Foi nessa data que eu cheguei ao garimpo do Pau D’Arco. Trabalhei quatro meses, até que a malária me pegou pra valer. Eu pedi o meu saldo, mas o Zeca Furtado não quis me dar, porque o ouro que tinha ele disse que era para o Zé Arara. Ruim como eu estava me mandei para o Marupá. Gastei dois dias, numa viagem que a gente fazia em seis horas. Onde anoitecia eu dormia.


Sozinho no mundo eu tinha que me virar de qualquer jeito. Assim, cheguei ao Marupá, muito ruim, mas não tinha para quem apelar. Fui procurar o Bebé Sudário, que tinha uma roça a qual o fogo só tinha queimado um pouco pelo meio e perguntei se ele tinha serviço. Quando ele viu o meu estado, que não era nada bom, pois eu cheguei ao Marupá me arrastando de doente, com uma anemia danada, disse: Pra homem eu tenho serviço, mas pra defunto o lugar é bem ali, disse ele, me mostrando o cemitério que era bem pertinho. Eu fiquei zangado com aquilo, mas, fazer o que?


Passados uns seis dias, eu já tinha tomado uns remédios e estava bem melhor. Nisso fui procurar o Raimundo sudário para pedir que ele intercedesse junto ao irmão dele, o Bebé, para que ele me desse um serviço, pois eu já estava devendo e tinha que pagar quem tinha me ajudado na precisão. Em pouco tempo eu deixei a roça em condições de ser plantada. Quando eu plantei foram dizer para o Bebé que o arroz estava muito junto igual cebola. Eu disse que deixasse comigo, porque daquilo eu entendia.


Depois que eu plantei disse que queria ir embora. O Bebé Sudário me falou que era para eu ir para Santarém, para a casa dele, me tratar, pois eu tinha melhorado, mas não estava bom ainda. Lá fui eu, para ser tratado pelo Dr. Manoel Fernandes. Fiquei vários dias até que achei que estava no ponto de encarar a dureza do trabalho novamente. Depois disso, nunca mais tive um dia de malária. Durante mais três anos eu continuei fazendo roça para o Bebé, com trinta ou mais linhas. Aí, outras coisas, outras atividades começaram a aparecer.


Agricultor, farmacêutico, enfermeiro e delegado


O apelido de Zé da Roça pegou lá no Marupá. Quando chegava alguém perguntando pelo enfermeiro a turma dizia: quem, o Zé da Roça. Aí, pegou. Nesse tempo, passados uns dois anos eu fiz uma roça pra mim, de umas trinta linhas. O Bebé achou ruim, querendo saber com ordem de quem eu tinha feito. Eu disse que eu fazia o que quisesse com o dinheiro que ele me pagava. Mas, a terra é minha, disse ele. Quem foi que disse que é sua? Você não tem documento nenhum dela, então eu posso plantar.


A essa altura eu já era muito procurado pelo pessoal para passar remédio, fazer curativos e costurar gente cortada. Peguei uma caixa de sabão e arrumei dentro dela um pouquinho de remédio que tinha e comecei a vender. Era uma coisainha de nada. Era medicamento para malária e outras coisas. Tinha hepavitan, dextrovitase, paludil, paludan, anecrosan, anecromin e um bocado de comprimidos.


Estava difícil porque o Bebé não deixava eu comprar remédio para aumentar o estoque. Queria que eu ficasse no cabresto, trabalhando na roça dele e na farmácia. Foi aí que o finado Valdemar, sobrinho dele me pediu o dinheiro e comprou o que eu precisava. Nisso, o Allfredo Andrade, que já tinha me ajudado quando eu estava doente, soube o que estava acontecendo e me chamou querendo saber o que estava acontecendo. Depois que eu contei ele disse que era para eu escolher um lugar para fazer um barraco no terreno dele, podendo ficar o tempo que eu quisesse. Se eu fizesse alguma benfeitoria, seria dele, mas, lá, ninguém mexeria comigo. Assim eu fiz.


Ao mesmo tempo em que atendia quem precisava de remédio, eu cuidava da minha roça de mandioca, que foi uma coisa que ajudou a fazer com que eu melhorasse de situação. Mal terminava de fazer a farinha e o pessoal já estava esperando para comprar. Para encurtar a história, com um ano nesse serviço eu tinha com o que comprar a pista que o Bebé, que foi me oferecer por 65 mil cruzeiros. Eu disse que dava no monte, mas não queria que não ficasse nenhum Sudário lá. Como ele disse que não dava para tirar o pessoal da família dele, eu não comprei. Eu continuava sendo agricultor, farmacêutico e enfermeiro, atendendo a todos os que me procuravam, com dinheiro ou sem dinheiro.


Um belo dia desceu uma guarnição da Polícia Militar para pegar uns Sudário que tinham matado o Alemão e o Cearazinho. A ordem era levar de qualquer maneira, o Elias, o Bebé e o Antônio. O Raimundo era calmo. Eu conversei com o sargento, ao qual pedi que não fizesse aquilo, pois as famílias deles iriam ficar passando necessidade. Só tem um jeito de eu não leva-los, me disse o sargento. E qual e? perguntei. Se você aceitar ser o delegado daqui, para botar ordem, porque seu nome é muito forte; você é muito respeitado. Deus me livre e guarde duma desgraça dessas, respondi. Então eu vou levar os homens, falou o sargento. Não faça isso, pedi de novo.


O sargento me fez uma proposta que eu aceitei: fazer uma votação na manhã seguinte para o pessoal decidir se queria ou não que eu fosse delegado. Eu topei e fui cedinho falar com a turma que trabalhava nos baixões, que era para votarem contra mim. Quando chegou na hora da votação o sargento disse: quem for a favor de que Zé da Roça seja o delegado, fique no lado direito; quem for contra, passe para o lado esquerdo. Todos passaram. Aí não teve jeito, tive que aceitar o cargo, mas exigi que só ficava se me mandassem uma carteira de delegado. Passados oito dias recebi a tal carteira.


Eu não agia como um delegado, mas, como um presidente de comunidade, procurando resolver as coisas por meio do entendimento. O Barba de Aço, um garimpeiro que era macho, que não enjeitava parada, eu consegui acalmar várias vezes. Quando perguntavam se ele tinha medo de mim ele respondia: não, o que eu tenho é respeito, porque ele me trata melhor do que meu pai.


Aquela vida de delegado de garimpo não era vida pra gente não. Se uma mulher enganava um homem, se um homem enganava uma mulher, corriam lá com o Zé da Roça. Felizmente, com muito jeito, eu consegui fazer um bom trabalho durante uns três anos. Nunca precisei disparar um tiro contra ninguém. Com calma e boa conversa estou aqui hoje para contar a história.


O auge, tempos difíceis e o presente


Não tenho nenhuma dúvida de dizer que Zé da Roça foi o pai a pobreza no Marupá por diversos anos. Quando eu estava numa situação muito favorável, com comércio grande de secos e molhados, com farmácia, nunca deixei de atender a todos. Quando a fase é favorável a gente ganha dinheiro fácil. Eu fiquei numa situação realmente muito boa. Houve dia em tinha 43 redes de doentes, armadas no meu barracão


No trabalho do garimpo, mesmo, eu nunca peguei muito ouro. Teve um baixão onde eu me dei bem, do qual tirei quatro quilos e oitocentos gramas. Peguei bastante ouro no meu comércio. Às vezes vinha para cidade fazer compras e eu trazia três quilos de ouro ou mais. Acontece que eu pegava e investia. Eu moro numa casa de madeira, não porque eu não tenha podido construir uma de alvenaria. Eu preferi investir em outras coisas para prevenir o futuro.


Tem um bocado de coisa em que não acredito, mas, o tal de olho grande, esse existe e a gente tem que se defender dele. Digo isso, porque quando eu estava no auge começou uma perseguição contra mim. O Toninho Sudário, que o Diabo o tenha no Inferno, botou um pistoleiro chamado Pinto, para me matar. Mas, mas o cabra era ruim de tiro e acertou numa lata de farinha que estava do lado. Eu saí atrás dele, disposto a matar. Mas, graças a Deus, não precisei sujar minhas mãos de sangue e espero nunca precisar em toda minha vida, pois quando eu cheguei na beira do rio ele já tinha fugido.


A perseguição foi grande em cima de mim. Um dia, depois que eu voltei de Santarém, onde fui atender o chamado de um advogado, o Toninho Sudário me peitou. Eu ainda era delegado nesse tempo. Eu falei para ele, que se ele quiser trocar tiros comigo a gente trocava na hora. Ele saiu rosnando, mas foi embora.


As coisas foram dando errado e eu fui tomando abuso pelo meu trabalho. Um dia, chegou uma mulher da vida em casa, m pleno dia. O comércio estava fechado porque eu não tinha ânimo para abrir. Ela disse: Zé, abre essa porta! O que é que está acontecendo contigo? Tu estás te entregando? Eu estava com um quilo e setecentos e oitenta gramas de ouro, em casa, ouro meu e mais quatro quilos e meio dos outros. Eu chamei o pessoal para receber o ouro deles, pois queria sair para Itaituba para me tratar. Aqui procurei o seu Alemar, que me disse que não me vendia mais nenhum comprimido, porque o meu problema, médico nenhum podia dar jeito.


Onde hoje é a Loja Giorama era o Hotel São Francisco. Eu ia passando por lá e parei para conversar com a Maria do Paulinho, que trabalha no hotel, contando tudo o que estava acontecendo comigo. Ela me disse: tu não estás vendo o que o homem (seu Alemar) está te dizendo? Bem ali tem uma velha que chegou de Fortaleza, que manda chover. A velha disse que faria o trabalho, mas que lá dentro não iria de jeito nenhum e garantiu que o que era meu estava perdido, pois tinham feito um trabalho brabo pra cima de mim. Ela ainda falou que se eu fosse lá, levasse logo o caixão, ou então teria que sair matando gente para não morrer. Se daqui a oito dias você não estiver bonzinho eu paro de trabalhar. E tem mais: a derradeira pessoa que vai lhe trair vai ser sua mulher, que vai lhe abandonar quando você blefar. Fiquei um ano e meio sem ver ela. Um dia, quando eu fui a Santarém ela estava dando os pulos dela por lá com outros, como a velha tinha dito.


Ajudei muita gente, mas também fui ajudado por diversos amigos que foram solidários nas horas de dificuldades, como o finado Raimundo Dias, que foi um homem que se condoeu de mim na hora do maior aperto. O Goiano também me ajudou bastante, no Marupá. Hoje, vivo tranqüilo com a renda da fazenda que tenho no Guajará, porque soube guardar, mesmo tendo passado por momentos difíceis. Não tenho mágoa de ninguém. O que tenho são boas lembranças, como dos crioulos, homens direitos, que pagavam tudo direitinho. Eu fazia questão de vender para eles. O Caetano, o James, o Felipão, o René, o Zé Crioulo e outros, tudo gente boa. Eu ainda vou voltar ao garimpo. Tenho um negócio aí que eu não posso falar muito. Mas eu vou voltar lá, e não vai demorar.

Justiça decide que compensação de Belo Monte deve ficar no Xingu, PA

Justiça decide que compensação de Belo Monte deve ficar no Xingu, PA

A Justiça Federal em Altamira (PA) ordenou a suspensão do repasse de mais de 70% das verbas de compensação ambiental de Belo Monte ao Parque Nacional do Juruena, no Mato Grosso, e obrigou que o novo plano para a destinação dos recursos dê prioridade à região impactada pelas obras da usina, no médio curso do rio Xingu, no Pará.
Com isso, fica suspenso o repasse de cerca de R$ 109 milhões, em valores atualizados. A quantia deverá ser depositada em juízo até a decisão final sobre o destino da compensação.  Para a Justiça, “a deliberação do Comitê de Compensação Ambiental Federal (CCAF) não contemplou todas as unidades de conservação afetadas pelo empreendimento” e “há desproporcionalidade entre os valores destinados ao Parque Nacional de Juruena e as demais unidades de conservação, sobretudo porque a deliberação desconsiderou a primazia que deve ser conferida à região impactada”.

Pela decisão, assinada pela juíza Maria Carolina Valente do Carmo, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e o Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) terão 180 dias para apresentar um novo plano de destinação, garantindo que a bacia hidrográfica do Xingu seja o destino das compensações. A decisão registra que dia 28 de abril é o prazo final para o depósito dos valores pela Norte Energia, de acordo com um termo de compromisso assinado com o ICMBio, por isso a urgência em suspender o repasse. 

De acordo com o pedido do Ministério Público Federal (MPF) e da Procuradoria Geral do Estado do Pará (PGE), “deverá, em respeito às normas legais aplicáveis e ao princípio da razoabilidade, priorizar a região impactada pela hidrelétrica e a bacia hidrográfica do rio Xingu”. A bacia do Xingu tem 11 unidades de conservação diretamente afetadas pelas obras de Belo Monte e muitas delas em condição crítica por falta de recursos. O governo do Pará tentou interferir na decisão do comitê de compensação, mas teve o pedido de participar das reuniões negado pela Coordenação de Compensação Ambiental Federal do Ibama, que coordena o comitê.

“Esse desvio na destinação dos recursos da compensação ambiental é reflexo da invisibilidade dos grupos ribeirinhos que habitam os rios da região no processo de licenciamento ambiental e é resultado da omissão do ICMbio em reconhecer que as Unidades de Conservação do médio Xingu são impactadas por Belo Monte”, diz a procuradora Thais Santi.

Processo nº 466-95.2016.401.3903
Íntegra da liminar

Ministério Público Federal no Pará

sábado, 9 de abril de 2016

GARIMPO DE ESMERALDAS DA BAHIA- CARNAÍBA




Montanhas de beleza rara, vales que parecem não ter fim, rios que se espremem nos corredores de pedras. O conjunto de monumentos impressionantes foi criado pela natureza há 400 milhões de anos, quando a Terra ainda era criança. No coração da Bahia, as águas do inverno saltam dos pontos mais altos do Nordeste. Um espetáculo exuberante. A Queda d'Água da Fumaça, de quase 400 metros, parece que começa nas nuvens.Na Chapada Diamantina, a trilha das águas mostra o caminho das pedras. Pedras preciosas, que contam a história de muitos aventureiros. Carnaíba, norte da chapada. O vilarejo com cara de cidade atrai milhares de garimpeiros. As serras da região concentram a maior reserva de esmeralda do Brasil.
O empresário Alcides Araújo vive perseguindo a sorte há mais de 20 anos. Ele é um dos grandes investidores na extração da valiosa pedra verde. Alcides diz que ainda não encontrou a sorte grande. Do garimpo dele só saíram pedras de segunda. Mesmo assim não dá para reclamar.
"Já ganhei um dinheiro razoável no garimpo, produzi quase quatro mil quilos. Se tivesse essas pedras hoje, valeria R$ 300, R$ 200 o grama. Já ganhei mais de R$ 3 milhões", revela o empresário.
Boa parte desse dinheiro está enterrada na jazida que Alcides explora. O Globo Repórter foi ver como os garimpeiros vão atrás da esmeralda. Uma aventura que requer, além de sorte, muita coragem.

Na maior mina da região, a equipe foi a 280 metros de profundidade. Para chegar lá embaixo, o equipamento é um cinto de borracha conhecido como cavalo. Confira esse desafio em vídeo.Os garimpeiros são mesmo corajosos. No abismo dos garimpos, a vida anda por um fio. O operador da máquina que faz descer e subir o cabo-de-aço não pode vacilar. A água que cai do teto vem do lençol freático que o túnel corta. Parece uma viagem ao centro da Terra. Mas será que vale mesmo a pena correr tanto risco?
Foram quase seis minutos só de descida. Seis minutos de arrepios. A 280 metros a equipe chegou a um corredor estreito. No rastro da esmeralda, os garimpeiros abrem quilômetros de galerias. Calor, pouco ar, oito, dez horas por dia no estranho mundo subterrâneo. Esses homens vivem como tatus-humanos.
Alegria mesmo é quando o verde começa a surgir na rocha. Sinal de que pode estar por perto o que eles tanto procuram. É preciso detonar a rocha para ver se é mesmo esmeralda. O desejo de enriquecer é mais forte que o medo do perigo. Sem nenhuma segurança, eles enchem com dinamite os buracos abertos pela perfuratriz.
“Costumamos fazer até quatro detonações por dia. A cada detonação, são disparados de dez a quinze tiros", conta o fiscal de garimpo Klebson de Araújo.
Muita pedra desceu do teto da galeria. O trabalho agora era levar tudo lá para cima e examinar direito as pedras. E o dono do garimpo? Será que ele confia nos seus garimpeiros?
"Eles encontram e a gente fiscaliza. Se facilitar uma coisinha, eles botam dentro do bolso”, diz o garimpeiro Manoel.
“Tem várias formas de levar. Uns dizem que estão com sede, pedem uma melancia para chupar. Partem um pedacinho, colocam as pedrinhas lá dentro e levam a melancia”, denuncia Alcides.
Escondida ou não, esmeralda na mão é dinheiro no bolso. Nos fins de semana, a praça principal da cidade de Campo Formoso vira um mercado movimentado de pedras preciosas. No local, o que menos importa é a procedência. A esperteza sempre prevalece. Esmeralda de qualidade nunca é vendida na praça. Negócio com pedras valiosas é fechado dentro de casa, por medo de assalto.Os minérios da Chapada Diamantina fizeram fortunas e produziram histórias. Histórias como a de Herodílio Moreira que já viveu dias de glória.
“Já ganhei muito dinheiro com esmeralda. De comprar mercadoria e ganhar cinco carros de uma vez, de lucro. Hoje esses carros acabaram. Estou querendo dinheiro para comprar uma bicicleta velha”, conta o garimpeiro.
No mundo desses aventureiros, pobreza e riqueza dividem o mesmo espaço. O garimpeiro José Gomes, de 70 anos, também já viveu as duas situações, mas nunca perdeu a esperança.
“Quando vejo na joalheria uma esmeralda em forma de jóia, analiso o que perdi. Vejo as pedras nas lojas valendo milhões de dólares e eu sem nada", diz ele.