quarta-feira, 13 de abril de 2016

Depósito de diamantes no Brasil

Depósito de diamantes no Brasil

Oito especialistas do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia, mapearam e identificaram dezenas de novas áreas potencialmente ricas em diamantes no País, especialmente no Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Pará.
Essa iniciativa faz parte do projeto Diamante Brasil, cujas pesquisas de campo começaram em 2010. Desde então, os geólogos visitaram cerca de 800 localidades em diversos estados, recolheram amostras de rochas e efetuaram perfurações para descobrir mais informações sobre as gemas de cada um dos pontos.
O ponto de partida para as expedições foi uma lista deixada ao governo pela empresa De Beers, gigante multinacional do setor de diamantes que prestava serviços para o Brasil na área de mineração. Neste documento, constavam as coordenadas geográficas de 1.250 pontos, entre os quais muitoskimberlitos*. Apesar das informações sobre as possíveis localidades dessas jazidas, não havia detalhes sobre quantidades, qualidade e características das pedras, impulsionando o trabalho de campo dos geólogos.
O objetivo principal dos pesquisadores era fazer uma espécie de tomografia das áreas diamantíferas no território brasileiro, visando atrair investimentos de mineradoras e eventualmente ajudar a mobilizar garimpeiros em cooperativas. Essas medidas podem trazer um aumento na produção de diamantes em território nacional e coibir as práticas ilegais relacionadas a essas pedras preciosas.
Atualmente, o Brasil conta principalmente com reservas dos chamados diamantes industriais e de gemas (para uso em jóias). Os de gemas são os que fazem girar mais dinheiro, considerando que um diamante desses pode ser vendido em um garimpo do Brasil por R$ 2 milhões. Já o valor da pedra lapidada pode chegar à R$ 20 milhões.
Os detalhes dos achados ainda são mantidos em sigilo. Com o fim do trabalho de campo, os geólogos do Diamante Brasil darão início à descrição dos minerais encontrados e as análises das perfurações feitas pelas sondas. A intenção dos pesquisadores é divulgar todos os dados em 2014.
*O que é um Kimberlito?
De acordo com Mario Luiz Chaves, doutor em geologia pela Universidade de São Paulo e professor adjunto da UFMG, kimberlitos são rochas hibridas, ígneas ultrampaficas, potássicas e ricas em voláteis, com origem a mais de 150km de profundidade e que chegam a superfície por meio de pequenas chaminés vulcânicas ou diques. Normalmente, os diamantes são encontrados neste tipo de rocha. Confira uma foto:

Os cinco maiores diamantes lapidados do mundo

A obra Diamante: a pedra, a gema, a lenda, de autoria do professor doutor Mario Luiz Chaves e do doutor em engenharia de minas Luís Chambel, aborda aspectos geológicos e de mineração relacionados aos famosos minerais e traz diversas curiosidades para os leitores. Abaixo separamos uma lista baseada no livro com dados sobre os maiores diamantes do mundo e fotos incríveis de cada um deles.
1)    Cullinan I
Essa pedra foi encontrada em 1905 na África e recebeu o nome de Cullinan em homenagem ao dono da mina, Thomas Cullinan. É considerado o maior diamante já encontrado e pesa 3.106 quilates. Atualmente, adorna o Cetro do Soberano, propriedade real da Inglaterra.
2)    Incomparable
O Incomparable, ou Imcomparável, tem uma história curiosa: foi encontrado em 1984 por uma garota em uma pilha de cascalho próxima à mina MIBA Diamond, no Congo. Considerado inútil pela administração da mina, o cascalho foi descartado com a pedra, e a menina acabou descobrindo o segundo maior diamante bruto do mundo, com 890 quilates. O corte do diamante gerou 14 gemas menores e o Incomparável, um diamante dourado com 407,48 quilates.
3)    Cullinan II
O Cullinan II, conhecido como Pequena Estrela da África, foi encontrado no mesmo ano e local que oCullinan I. Com 317.4 quilates (63.48 g) é o terceiro maior diamante lapidado do mundo, e foi colocado na coroa imperial, também pertencente à realeza da Inglaterra.
4)    Grão Mogol
Encontrado na Índia em 1550, pesa 793 quilates. A pedra deu nome a um município em Minas Gerais. O paradeiro atual desta preciosidade é desconhecido.
5)    Nizam
O Nizam é o diamante mais antigo desta lista e foi descoberto na Índia em 1830. A pedra tem 227 quilates e já adornou coroas e joias reais (Elizabeth). Atualmente ninguém sabe ao certo qual foi o seu último destino.

Algumas gemas podem se originar de animais ou vegetais, que são fontes antigas de ornamentos usados pelo homem.


Algumas gemas podem se originar de animais ou vegetais, que são fontes antigas de ornamentos usados pelo homem. Esses tipos de gema são mais frágeis e menos densos. Entre elas estão:
Âmbar – O âmbar é o nome dado às resinas fósseis encontradas em árvores. Dentro dessas resinas, geralmente encontram-se animais, que servem de prova para suas origens e de testemunha do passado, já que geralmente elas são bastante antigas, datadas de até milhões de anos atrás. Sua cor é geralmente amarelada.
Azeviche – O azeviche é uma madeira/carvão fossilizada, de cor geralmente escura (marrom/preta), de fácil modo de esculpir e polir. Na Era Vitoriana, ele era muito usado para confeccionar acessórios esotéricos e de luto. Apresenta um aspecto escuro e aveludado, com fácil uso para escultura.
Marfim – O marfim são as presas (dentes) de animais como o elefante, morsa, hipopótamo, javali, narval e cachalote. Esses dentes são compostos principalmente de mineral de fosfato, hidroxi-apatite e compostos orgânicos. Cada animal tem presas diferentes, fazendo, assim, com que existam diferentes formas e texturas de marfim.
Pérola – A pérola é um material orgânico em forma de esfera, produzida por determinadas espécies de moluscos aquáticos. Entre os mais conhecidos produtores dessa gema orgânica estão a ostra e o mexilhão. A criação da pérola se dá no momento em que corpos estranhos que invadem o organismo desses moluscos, como um grão de areia, entram em reação com esses organismos. Essa gema é muito valiosa e apreciada nas joalherias, e muito utilizada como colar de pérolas.
Coral – O coral é um tipo de esqueleto segregado formado por pequenos animais marinhos chamados 'pólipos'. Esses corais podem ter várias cores, como vermelho, azul, rosa, branco, preto e dourado.
Concha – As conchas sempre tiveram o fascínio do homem por suas variadas formas, camadas e tamanhos. Elas são revestidas de madrepérola em sua maioria. São órgãos rígidos e externos, bem característicos dos moluscos.

A origem das pedras preciosas pode ser classificada de diversas maneiras

Pedras Preciosas x Semipreciosas

A gema, expressão utilizada para caracterizar as pedras de valor, não faz distinção entre pedras preciosas e semi-preciosas. Antigamente, acreditava-se que as pedras preciosas eram apenas o diamante, a esmeralda, a safira e o rubi, fazendo com que todas as outras gemas fossem consideradas semipreciosas.
Foi então que com o tempo e o aprimoramento de estudos acerca do assunto, que se chegou à conclusão de que não existem pedras 'semipreciosas', uma pedra é simplesmente preciosa ou não.

Origem

A origem das pedras preciosas pode ser classificada de diversas maneiras. Um mineral magmático, por exemplo, é o que tem a origem através da associação do magma à gases ígneos do interior da Terra, ou também através de larvas vulcânicas que conseguiram alcançar a superfície terrestre.
Já os minerais sedimentários são os que se cristalizam e crescem com soluções solventes de água e auxílio de outros organismos.
Os minerais metamórficos, outro tipo de origem das gemas, normalmente se formam através da recristalização de outros minerais, que são submetidos às pressões e temperaturas altas.

Formação dos Cristais

A estrutura interna e a composição química de um mineral são determinantes para as características físicas da pedra preciosa. Existem sete tipos de sistemas que determinam o formato da gema:
Sistema cúbico – Tem como unidade fundamental o hexaedro ou o cubo, podendo aparecer também formatos de octaedro, tetraexaedro, tetraedro, entre outros;
Sistema hexagonal – O prisma de seis faces retangulares com duas bases hexagonais é a unidade básica desse sistema, que também pode apresentar o formato do romboedro, por exemplo;
Sistema tetragonal – Tem como unidade principal a bipirâmide de base quadrada;
Sistema ortorrômbico – O prisma de base retangular é a sua unidade principal;
Sistema trigonal ou romboédrico – Tem um eixo ternário de rotação com 25 grupos espaciais;
Sistema monoclínico – É caracterizado por três eixos cristalográficos de comprimentos diferentes;
Sistema triclínico – Agrupa as formas que não podem ser classificadas nos outros sistemas.

Os quatro C's

Para caracterizar e classificar o valor de uma gema, é utilizada uma combinação de características conhecidas como “4 C's” - Color, clarity, carat e cut.
Color (Cor) – Diz respeito à coloração da gema. Geralmente, quanto mais as gemas possuem cores intensas e incolores (no caso do diamante, por exemplo), maior é o seu valor;
Clarity (Pureza) – Diz respeito à pureza da gema. Quando mais livre de impurezas (sujeiras ou outros componentes), mais valiosa ela é;
Carat (Quilate) – O quilate das pedras preciosas (ct) é totalmente diferente do quilate dos metais preciosos (K). O quilate métrico, no caso das gemas, diz respeito à unidade de peso utilizada para pesar as pedras já lapidadas. Um quilate é igual a 0,2 gramas, que são subdivididas em 100 pontos.
Cut (Lapidação) – Diz respeito ao corte da pedra. Assim, existem expectativas de lapidação que podem dar referência ao aproveitamento da gema.

Lista de gemas

  • Diamante
  • Rubi
  • Safira
  • Esmeralda
  • Água-marinha
  • Opala Ametista
  • Citrina
  • Ágata
  • Jaspe
  • Turmalina
  • Topázio
  • Peridoto
  • Zircão
  • Granada
  • Crisoberilo
  • Espinela
  • Jade
  • Turquesa
  • Lápis-lazúli
  • Pedra-de-lua Labradorite

Anglo Asian shares dive after reporting gold output drop

Anglo Asian shares dive after reporting gold output drop

Azerbaijan-focused miner Anglo Asian Mining (LON:AAZ), the country’s top gold producer, said Wednesday that output of the precious metal fell 17.6% to 14,172 ounces in the first quarter of the year, due mainly to harsh winter conditions.
Copper production, in contrast, went up. Gedabek, Azerbaijan's main mine, and the Gosha operation together produced 432 tonnes in Q1, significantly more than the 182 tonnes registered in the same period last year.
“The first quarter of the year has always had lower production due to the difficult winter weather conditions,” Anglo Asian CEO Reza Vaziri said in a statement. “However, the harder rock that has been encountered together with its lower grade has also further lowered production compared to the previous quarter."
Anglo Asian plans to develop seven mines in western Azerbaijan with estimated gold reserves of 430 tonnes.
The executive added they have contracted for a second SAG mill to be installed in the agitation leach plant to combat the harder rock, which he expects it to be operational in the third quarter of the year.
The London-listed miner is now targeting gold output for 2016 of 73,000 to 77,000 ounces, while copper production is expected to hit between 1,700 tonnes and 2,100 tonnes.
Investors reacted negatively to the news. The stock was trading almost 14% down in London early afternoon to 5.29p.
The firm highlighted that Q1 was the first full quarter of production from a small flotation plant installed at the end of last year, and said it expects to ramp up output from this facility in the months ahead.
Anglo Asian, which started mining at its flagship Gedabek operation six years ago, plans to develop seven mines in western Azerbaijan with estimated gold reserves of 430 tonnes.

O Stonehenge da Amazônia

O Stonehenge da Amazônia

Megalitos no Amapá são indícios de uma população pré-colombiana desaparecida.


  • Grandes blocos de pedras alinhadas, fincadas no solo, formando um círculo. A descrição parece a de Stonehenge, na Inglaterra, mas não é. Trata-se dos chamados megalitos – grandes pedras – do Amapá, sítios arqueológicos construídos por povos amazônicos que ocupavam a região pelo menos desde o início da era cristã.

    O zoólogo suíço Emílio Goeldi (1859-1917) organizou, em 1895, uma das primeiras expedições científicas feitas na região, enviada pelo Museu Paraense. Tendo o tenente-coronel Aureliano Pinto de Lima Guedes (1848-1912) como responsável pelo serviço arqueológico, a empreitada encontrou um sítio que ainda hoje desperta o fascínio de pesquisadores.

    A expedição de Goeldi percorreu o Rio Cunani, no norte do atual estado: uma região costeira, de terras baixas e alagáveis, permeada por uma intrincada rede de rios e igarapés. Entre as peças coletadas pela equipe havia várias vasilhas cerâmicas inteiras. A delicadeza das pinturas e dos motivos modelados e a originalidade das formas fizeram com que Goeldi afirmasse que aqueles eram alguns dos “melhores produtos cerâmicos conhecidos dos indígenas da região amazônica” – uma cerâmica chamada pelos arqueólogos de “Aristé”.
    Essas vasilhas foram encontradas dentro de poços especialmente construídos para guardar urnas funerárias. Para tapá-los, os índios usavam grandes discos de granito. Talvez como um marco, um outro bloco de rocha também estava fincado no chão. Goeldi fez esta primeira descrição de um sítio com megalitos no Amapá em Excavações archeologicas em 1895 (1900). Ele escreveu: “N’uma exploração do Igarapé do Hollanda, tributário esquerdo do rio Cunany, desembocando no rio-mar pouco abaixo da Villa, descobriu-se n’um morro, chamado Monte Curú, uma pedra lavrada, quasi como um d’aquelles marcos, em toda parte usados para limites de terreno. (...) Este pedaço de granito (...) estava em posição obliqua, quer intencional, quer casual por queda posterior. Reflectindo-se sobre sua significação, não se tardou em descobrir, que elle marcava o meio entre dous grandes discos, granitos também. Estes discos por sua vez eram as tampas protectoras que cobriam duas espaçosas cavernas, artificiaes e de forma particular” (Goeldi, 1905: 5-6).
    Já na década de 1920, o etnólogo alemão Kurt Unkel (1883-1945) – mais tarde conhecido como Curt Nimuendajú, nome dado pelos apapokuvas guaranis do Araribá (SP) – encontrou uma série de sítios arqueológicos com megalitos. Esses alinhamentos de pedra, como ele chamava, lembravam menires (por serem blocos de pedra em posição vertical), e eram comuns em toda a costa. Ele fotografou e mapeou mais de dez estruturas megalíticas, mas ficou desapontado com as cerâmicas que encontrou. Bem diferentes dos achados de Goeldi, eram peças rústicas, com poucos ornamentos e, em grande parte, já estavam quebradas.
    Observações semelhantes foram feitas pelo casal de arqueólogos norte-americanos Betty Meggers e Clifford Evans (1920-1981). Eles visitaram a região na década de 1940 e propuseram, pela primeira vez, uma síntese sobre antigas ocupações na foz do Rio Amazonas. Os sítios com megalitos foram classificados por eles a partir de poucos fragmentos de cerâmica. Seriam vestígios de grupos emigrados da região do Caribe e de seu entorno.
    Essa tese se baseia nas ideias do antropólogo norte-americano Julian Steward (1902-1972), para quem os ambientes naturais determinariam o nível de evolução cultural. À Amazônia cabia um papel intermediário entre as altas culturas andinas e caribenhas e os chamados grupos marginais, de caçadores e coletores nômades. Com uma agricultura não muito eficiente, os povos amazônicos não teriam potencial para desenvolver sua organização social, política e religiosa.
    Mas as estruturas megalíticas do Amapá não se encaixavam nesse modelo. O trabalho envolvido na sua construção exigiu não só força bruta, mas também muita organização. Nossas pesquisas recentes em sítios megalíticos mostram que as rochas foram posicionadas no solo com muito cuidado e maestria, apesar do imenso tamanho e do peso de algumas delas. Para isso, foi necessária a coesão de muitas pessoas, um esforço coletivo para criar um espaço onde várias cerimônias seriam realizadas. Provavelmente, havia uma liderança forte por trás de tudo isso, capaz de reunir um grupo e convencê-lo de que o esforço valia a pena. Para Betty Meggers e Clifford Evans, a origem dessas construções estava fora da Amazônia, na região das Antilhas, reforçando a tese de que o ambiente amazônico limitava o desenvolvimento cultural. 
    As pesquisas atuais não comportam mais esse determinismo ecológico de Steward – essa rigidez na relação entre as pessoas, suas culturas e os ambientes onde vivem. Desde a década de 1990, vários arqueólogos vêm trabalhando em diferentes áreas da Amazônia e sugerindo ocupações antigas mais densas – com organizações sociais, políticas e religiosas mais formalizadas e hierarquizadas. A diversidade de sítios e de culturas arqueológicas demonstra que as limitações ambientais não foram determinantes para a organização social dos povos indígenas. Profundas alterações nas paisagens, como os geoglifos do Acre, os aterros de Marajó e as estradas no Alto Xingu, foram realizadas por povos amazônicos nos últimos mil anos. Os megalitos na costa do Amapá são mais um elemento desse contexto indígena antigo da Amazônia e expressam a riqueza cultural desses povos nativos.
    Apesar de poucas informações, o que dificulta interpretações mais elaboradas, os dados produzidos nos últimos anos permitem visões mais detalhadas dos usos desses monumentos megalíticos. Desde 2006, em uma área a dezesseis quilômetros da cidade de Calçoene, no nordeste do Amapá, uma grande estrutura tem sido pesquisada. Composta de mais de 150 blocos de rocha – alguns medindo mais de três metros de comprimento e muitos fincados com firmeza no solo –, ela forma um círculo no topo de uma pequena elevação. Muitas rochas foram entalhadas em formas específicas, e ainda que seus significados não sejam fáceis de decifrar, o esmero dedicado a essa tarefa não deixa dúvidas sobre a importância desses lugares.
    Ao contrário do que ocorreu durante as expedições de Nimuendajú, Meggers e Evans, as últimas escavações nesse sítio revelaram uma bela coleção de vasos cerâmicos completos, semelhantes, no estilo e na forma, aos que haviam sido coletados por Goeldi. O levantamento de sítios arqueológicos que está sendo feito na região mostra que outras áreas também propiciam descobertas parecidas. Em um dos sítios megalíticos que Nimuendajú havia visitado – e onde não encontrou cerâmica alguma –, coletas recentes revelaram uma coleção surpreendente de urnas encontradas no interior de poços funerários.
    As escavações nos sítios megalíticos mostram que eles não foram usados apenas como cemitérios. Há vasos cerâmicos colocados como oferendas por toda a estrutura. Alguns foram enterrados e outros deixados sobre os blocos, sofrendo a ação do sol e da chuva. Muitos foram quebrados lá mesmo, e outros trazidos já aos pedaços. Aqueles que haviam sido ornados com desenhos de sapos, cobras e lagartos foram colocados junto às pedras, enquanto os decorados com pássaros ficaram afastados.
    Havia, com certeza, um controle sobre o uso daquele espaço, regras a serem seguidas e, provavelmente, algumas datas reservadas para celebrações. Isso é o que indica o alinhamento de alguns blocos com o sol na região de Calçoene, durante o chamado solstício de dezembro, que marca o momento em que o sol está na sua posição máxima ao sul e atinge a superfície da terra a uma inclinação de aproximadamente 67 graus. Esta é também a inclinação de um dos blocos de rocha, que, alinhado com o sol, fica sem sombra nas laterais. Como isto só ocorre durante o solstício, o bloco serve como um marcador dessa data – assim como o alinhamento de outros dois blocos com o nascer do sol, que surge por trás das pedras.
    Ainda há poucas informações sobre as pessoas que construíram esses fascinantes monumentos. O que se conhece são alguns fragmentos de seus rituais, a importância da morte e dos ancestrais, dos animais e de ciclos naturais, como o do sol. O potencial artístico, a produção refinada de cerâmica e a capacidade de agrupar pessoas para a construção de monumentos especiais são reconhecidos, até o momento, como algumas de suas virtudes. Embora tivessem vivido nessa região por mais de quinze séculos e de terem passado por diversas transformações, ainda há muitos detalhes do seu cotidiano por descobrir.
    Mas, certamente, nenhuma dessas transformações foi tão violenta quanto o encontro com outros povos que vieram pelo mar: os europeus. Estudos históricos e etnográficos sugerem que, durante os primeiros momentos da “conquista”, pode ter existido, na mesma região de ocorrência dos sítios megalíticos, uma grande confederação, autônoma e refratária a todo tipo de intrusão, formada por muitas tribos diferentes. Apesar dessa organização, a escravidão e a violência impostas pelos invasores obrigaram esses povos a se reorganizar e procurar refúgio em outras áreas da costa do Amapá, menos acessíveis aos europeus.
    Rearranjados, eles pararam de reproduzir sua cultura dessa forma. O rico patrimônio cultural que herdamos desse período, como a cerâmica Aristé e os monumentos megalíticos, deixaram de ser produzidos. No entanto, alguns dos atuais indígenas que habitam a região do baixo Rio Oiapoque podem ser descendentes desses antigos povos, que seguem criando novas maneiras de pensar e expressar suas culturas.