domingo, 24 de abril de 2016

Como Avaliar uma Pedra Preciosa Lapidada

Como Avaliar uma Pedra Preciosa Lapidada




O consumidor que pretende comprar uma pedra preciosa e não tem conhecimento especializado avalia a qualidade da gema com base em critérios puramente pessoais, sendo seu gosto o que atribui valor ao produto.
Além disso, se for um consumidor sem conhecimentos de gemologia, ele avaliará a gema com base principalmente em cor, brilho e tamanho. O que não está errado, mas deixará de considerar aspectos igualmente importantes, como a qualidade da lapidação. 
Como se trata de um comprador individual, essa avaliação poderá implicar perda ou prejuízo apenas para si próprio. Mas, quando se trata de comprar para uma empresa ou quando se faz necessária uma avaliação profissional, como no caso de uma ação judicial, a avaliação não pode ser assim subjetiva. Ela deve basear-se em critérios objetivos e quantificáveis. Mas como se faz isso?
São quatro os fatores a considerar na avaliação de uma pedra preciosa lapidada: corpurezaqualidade da lapidação e do acabamento e peso. Como se verá, esses fatores não têm o mesmo grau de importância.

Peso
O peso das gemas lapidadas é expresso sempre em quilates (símbolo ct). Um quilate corresponde a 200 miligramas, ou seja, um grama equivale a cinco quilates (1 g = 5 ct).

Cor
Normalmente a cor é o fator mais importante, representando 50% do valor da gema. Para determiná-la levam-se em conta três aspectos: o matiz, que é a cor propriamente dita ou uma combinação de cores (ex.: amarelo, amarelo-esverdeado, verde-azulado etc.); o tom(ou tonalidade), que é descrito em termos de claro ou escuro; e asaturação, que é a pureza ou intensidade do matiz e que varia de vívida a sem vida.

Pureza
Descreve a quantidade e o tamanho das inclusões existentes na gema, entendendo-se por inclusão corpos estranhos ou qualquer outra imperfeição que afete a transparência e a beleza da pedra. A pureza responde por 30% do valor da gema lapidada. Essa característica é avaliada usando-se lupa de 10 aumentos; o que não é visto com essa ampliação considera-se inexistente.
Nesse aspecto é preciso lembrar que há gemas que praticamente sempre têm inclusões, como a esmeralda e a rubelita. Outras – como topázio, água-marinha, ametista e turmalina verde – podem ser facilmente encontradas sem essas imperfeições. Rubi, safira, granada e alexandrita situam-se numa posição intermediária nesse aspecto. Portanto, a presença de inclusões numa ametista ou numa água-marinha é muito mais grave do que numa esmeralda. 
As gemas são classificadas em cinco categorias com relação à pureza: SI (sem inclusões), IL (inclusões leves), IM (inclusões moderadas), IA (inclusões acentuadas) e IE (inclusões excessivas). Não se deve esperar ver no mercado ametistas ou águas-marinhas com qualidade IE, tampouco esmeraldas com pureza SI.

Lapidação e Acabamento
A qualidade da lapidação e do acabamento é o fator de menor peso na avaliação da gema, representando 20% da nota final. Nesse item, devem-se observar vários aspectos:
a) Proporções: altura da gema (não pode ser muito alta nem baixa demais em relação à largura), tamanho da mesa (a faceta maior e mais importante), boa proporção entre comprimento e largura etc.
b) Acabamento: características da superfície da gema, como marcas deixadas pelo polimento.
c) Simetria: forma, posição e arranjo das facetas. 
Cada um dos três fatores – cor, pureza e lapidação/acabamento – recebe uma nota que vai de 1 a 10. Exemplos:
- Uma gema de matriz puro e uniforme com brilho intenso recebe nota entre 8 e 10 com relação à cor. Mas se ela tiver muita saturação (quase preta) ou, ao contrário, pouquíssima saturação (quase incolor), terá nota entre 1 e 4.
- Uma gema daquelas que são facilmente encontradas sem inclusões visíveis a olho nu terá uma nota entre 8 e 10 para pureza, se examinada com lupa de 10 aumentos e mostrar inclusões pouco visíveis ou ausentes. Mas se tiver inclusões visíveis a olho nu cai para uma nota entre 1 e 4.
- A pedra preciosa com lapidação bem feita, mostrando boas proporções, simetria perfeita, bom polimento e facetas bem colocadas terá nota de 8 a 10 com relação à lapidação. Mas se mostrar grandes variações de simetria e for mal proporcionada e mal polida sua nota cai para 1 a 4.
Notas entre 8 e 10 para um determinado parâmetro classificam a gema como excelente ou extra; notas entre 6 e 8 caracterizam a gema como boa ou de primeira. Se a nota cair no intervalo de 4 a 6 ela será média ou de segunda; e se tiver nota apenas entre 1 e 4 será fraca ou de terceira.

Cálculo da Nota Final
Obtidas as notas para cor, pureza e lapidação/acabamento, pode-se calcular a nota final da gema. Ela será a média ponderada das três notas, levando-se em conta a importância de cada um dos três parâmetros.
Vamos supor que uma gema alcançou nota 6 na cor, 9 na pureza e 7 na lapidação. A média será:
6 x 50% = 3,0 (cor)
9 x 30% = 2,7  (pureza)
7 x 20% = 1,4  (lapidação)
Total      = 7,1

A qualidade da gema como um todo terá então nota 7,1, sendo a gema da categoria boa ou de primeira. Com isso, podemos determinar seu preço usando as tabelas de preços publicadas regularmente pelo Convênio DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral)/IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos).
Nessas tabelas, procura-se na coluna à esquerda a faixa de peso da gema, e dali para a direita busca-se a coluna correspondente à sua categoria (no caso, boa). No encontro da linha referente ao peso com a coluna referente à qualidade está o preço, dado em dólares por quilate. 
A tabela abaixo mostra os preços do citrino, uma das gemas mais baratas. Supondo-se que a gema do nosso exemplo (qualidade boa) tenha 9 quilates, pela tabela pode-se ver que seu preço está entre 1,5 e 5 dólares por quilate, ou seja, ela vale entre 13,50 e 45 dólares.

Se em vez de citrino fosse uma turmalina paraíba azul néon, uma das gemas mais caras que existem, a tabela mostraria um preço incomparavelmente maior: 9.500 a 20.000 dólares por quilate. Como a gema do nosso exemplo tem 9 ct, ela valeria no mínimo 85.500 dólares (provavelmente bem mais, já que está quase no topo da faixa de peso).

Técnicos da CPRM de Porto velho visitam dragas que extraem ouro no rio Madeira

Técnicos da CPRM de Porto velho visitam dragas que extraem ouro no rio Madeira

A Gerência de Geologia e Recursos Minerais da Residência de Porto Velho promoveu, em parceria com a Federação Nacional dos Garimpeiros, uma visita técnica às dragas que extraem ouro no rio Madeira. 

 Equipe de geólogos faz visita técnica acompanhada do representante da Federação Nacional dos Garimpeiros, José Alves
Equipe de geólogos faz visita técnica acompanhada do representante da Federação Nacional dos Garimpeiros, José Alves
O objetivo da visita foi conhecer o método de extração de ouro e acompanhar todo o processo de concentração e separação do minério. Os alvos estão localizados a aproximadamente 230 km de Porto Velho. “Os pontos de extração estão entre os mais promissores do rio Madeira e totalmente legalizados”, afirma o representante da Federação Nacional dos Garimpeiros, José Alves.

De acordo com o assistente de produção da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM), Cassiano Costa e Castro, muitos técnicos conheciam apenas por livros a metodologia de extração e concentração do ouro usando dragas – processo histórico no rio Madeira. “Essa foi uma grande oportunidade para ampliação do nosso conhecimento acerca dos métodos de extração de ouro em nosso Estado”, afirma.

 Aglomeração de dragas na margem do rio Madeira, no
município de Nova Mamoré, Roraima
Aglomeração de dragas na margem do rio Madeira, no município de Nova Mamoré, Roraima
A equipe coletou amostras de minerais pesados para fazer a caracterização e analisar partículas de ouro em microscópio eletrônico de varredura (MEV-EDS) para estudos de proveniência. Além disso, será confeccionado um relatório de campo para memória e acervo técnico contendo as localizações e descrições de cada draga visitada, características dos cascalhos, morfologia de partículas de ouro, produção, teor, dentre outras informações pertinentes.

A iniciativa faz parte do processo de incentivo ao treinamento e reciclagem dos profissionais lotados na Residência de Porto Velho. Para o chefe da unidade regional, Edgar Iza, a visita técnica propicia uma excelente oportunidade para o desenvolvimento do grupo e melhor compreensão das técnicas aprendidas na Academia.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Brasil é mundialmente conhecido por sua riqueza em pedras preciosas

O Brasil é mundialmente conhecido por sua riqueza em pedras preciosas. Das nove províncias gemológicas existentes no mundo, ou seja, das nove regiões geográficas excepcionalmente ricas em gemas, nosso país é líder não apenas na quantidade produzida, mas também na diversidade.
Para se ter uma idéia do quanto aqui se produz, basta dizer que apenas o Estado de Minas Gerais contribui com cerca de 25% da produção mundial (Favacho, 2001). Para demonstrar a diversidade, basta dizer que um brasileiro bem informado e de bom nível cultural consegue citar (conhecendo ou não) cerca de quinze pedras preciosas, mas existem em nosso país mais de cem tipos diferentes.
Elaborar uma lista das gemas de um país é tarefa que apresenta algumas dificuldades:
- Devem-se incluir apenas as gemas produzidas ou todas as existentes?
- Devem-se incluir as gemas existentes mesmo que as ocorrências sejam esparsas ou apenas aquelas que são encontradas num número significativo de locais?
- Uma gema que já foi produzida, mas que hoje está com suas reservas esgotadas, deve figurar na lista?
- Minerais que podem ser lapidados, mas só o são para peças de coleção, não para confecção de joias, devem ser considerados?
Essas são algumas questões que exigem uma definição de critérios. Assim, os critérios adotados para elaborar a relação apresentada a seguir são os seguintes:
a) Foram incluídas gemas que podem não estar sendo produzidas, mas que existem em volume considerável em pelo menos um lugar do país, como é o caso do rubi.
b) Incluíram-se também gemas cuja produção foi importante, mas cujas jazidas estão hoje em fase de esgotamento, como a turmalina Paraíba.
c) Não foram incluídas substâncias minerais que são usadas para obtenção de objetos decorativos, mas não para adorno pessoal, pois, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT esse segundo uso é condição indispensável para que uma substância seja considerada gema. Ficaram de fora, por isso, substâncias como pedra-sabão, gipsita e agalmatolito.
d) Variedades diferentes de um mesmo mineral foram consideras gemas diferentes. Ex.: quartzo rosa, quartzo enfumaçado, ametista, citrino, ágata etc. (gemas diferentes, mas todas variedades de quartzo).
e) Gemas que têm dois nomes diferentes aparecem com o nome oficialmente recomendado pela Comissão de Minerais Novos - Nomenclatura e Classificação da International Mineralogical Association. Ex.: schorlita (e não afrizita), titanita (e não esfênio).
f) Em lugar de quartzo, termo que designa um grande número de gemas diferentes, usou-se cristal-de-rocha, que é o quartzo macrocristalino e sem impurezas. Embora esta seja uma denominação muito inadequada, está consagrada pelo uso em todo o mundo e em muitos idiomas.
g) Praticamente todas as gemas brasileiras são minerais, ou seja, pedras preciosas. Mas foram incluídas duas gemas orgânicas: o copal - uma espécie de resina semelhante ao âmbar - e a jarina - também chamada de marfim-vegetal, uma palmeira da Amazônia que tem sementes grandes e muito duras -, pois ambos são usados como adorno pessoal.
h) Foram incluídas gemas como aragonita, fluorita e apofilita, que não costumam ser vistas no mercado de gemas brasileiras, mas existem em nosso país e são assim consideradas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral.
i) São tantos e tão variados os tipos de jaspe que poderiam ser considerados gemas independentes; são aqui, porém, considerados uma só.
j) Existe, no Brasil, citrino natural, mas o citrino aqui produzido é principalmente aquele obtido por tratamento térmico da ametista. Isso permite que sejam considerados duas gemas diferentes, mas são aqui reunidas sob o mesmo nome, até porque o preço de mercado dos dois é o mesmo. Pela mesma razão, chama-se de ágata indistintamente a natural e aquela de cores obtidas por tingimento.
Obedecendo a esses critérios, chega-se à relação abaixo, de 108 gemas diferentes. Vê-se, portanto, que as cerca de 15 pedras preciosas que uma pessoa culta e bem informada consegue citar não são nem 15% do elenco de gemas brasileiras.

Relação das Gemas Brasileiras
Gemas orgânicas
Copal
Jarina

Granadas
Almandina
Grossulária
Hessonita
Piropo
Rodolita
Spessartina

Grupo das olivinas
Crisólita
Peridoto


Variedades de berilo
Água-marinha
Berilo verde
Esmeralda
Goshenita
Heliodoro
Morganita

Variedades de coríndon
Rubi
Safira

Variedades de crisoberilo
Alexandrita
Crisoberilo
Olho-de-gato

Variedades de espodumênio
Hiddenita
Kunzita
Trifana
Variedades de feldspato
Adulária
Amazonita


Variedades de opala
Opala-de-fogo
Opala preciosa
Variedades de quartzo
Ágata
Ametista
Aventurino
Calcedônia
Cornalina
Crisoprásio
Jaspe
Ônix
Ônix-real
Concreção de sílica
Heliotrópio
Citrino
Cristal-de-rocha
Madeira fossilizada
Oneguita
Quartzo azul
Quartzo com dendritos
Quartzo com goethita
Quartzo com turmalina
Quartzo enfumaçado
Quartzo mórion
Quartzo olho-de-gato 
Quartzo rosa
Quartzo rutilado

Variedades de turmalina
Acroíta
Dravita
Indicolita
Rubelita
Schorlita
Turmalina bicolor
Turmalina melancia
Turmalina Paraíba
Verdelita

Variedades de topázio
Topázio
Topázio-imperial
Demais gemas
Allanita
Ambligonita
Anatásio
Andaluzita
Apatita
Apofilita
Aragonita
Axinita
Barita
Brasilianita
Calcita
Cassiterita
Childrenita
Cianita
Cordierita
Crisocola
Diamante
Diopsídio
Dumortierita
Epídoto
Escapolita
Esfalerita
Espinélio
Estaurolita
Euclásio
Fenaquita
Fluorita
Gahnita
Hematita
Herderita
Lazulita
Malaquita
Nefrita
Obsidiana
Petalita
Pirita
Quiastolita
Rodonita
Rutilo
Scheelita
Sillimanita
Sodalita
Titanita
Turquesa
Zircão


As mesmas 109 gemas em ordem alfabética são:
Acroíta
Adulária
Ágata
Água-marinha
Alexandrita
Allanita
Almandina
Amazonita
Ambligonita
Ametista
Anatásio
Andaluzita
Apatita
Apofilita
Aragonita
Aventurino
Axinita
Barita
Berilo verde Brasilianita
Calcedônia
Calcita
Cassiterita
Childrenita
Cianita
Citrino
Concreção de sílica
Copal
Cordierita
Cornalina
Crisoberilo
Crisocola
Crisólita
Crisoprásio
Cristal-de-rocha
Diamante
Diopsídio
Dravita
Dumortierita
Epídoto
Escapolita
Esfalerita
Esmeralda
Espinélio
Estaurolita
Euclásio
Fenaquita
Fluorita
Gahnita
Goshenita
Grossulária
Heliodoro
Heliotrópio
Hematita
Herderita
Hessonita
Hiddenita
Indicolita
Jarina
Jaspe
Kunzita
Lazulita
Madeira fossilizada
Malaquita
Morganita
Nefrita
Obsidiana
Olho-de-gato
Oneguita
Ônix
Ônix-real
Opala-de-fogo
Opala preciosa
Peridoto
Petalita
Pirita
Piropo
Quartzo azul
Quartzo com dendritos
Quartzo com  goethita
Quartzo com turmalina
Quartzo enfumaçado
Quartzo mórion
Quartzo olho-de-gato 
Quartzo rosa
Quartzo rutilado
Quiastolita
Rodolita
Rodonita
Rubelita
Rubi
Rutilo
Safira
Scheelita
Schorlita
Sillimanita
Sodalita
Spessartina
Titanita
Topázio
Topázio imperial
Trifana
Turmalina bicolor
Turmalina melancia
Turmalina Paraíba
Turquesa
Verdelita
Zircão


Alguns comentários adicionais
- Alguns autores não fazem diferença entre berilo verde e esmeralda; outros consideram berilo verde aquele com menos de 0,1% de cromo (ou 0,15% para outros).
- Adulária é o mesmo que pedra-da-lua.
- Ônix é a calcedônia com faixas retas e paralelas de qualquer cor, exceto vermelha, alaranjada e marrom (cores da cornalina e do sárdio). A preta é a mais apreciada e a maior parte do ônix hoje comercializado é calcedônia tingida dessa cor.- Ônix-real é o nome comercial de uma variedade que ocorre em Sapopema e Curiúva, próximos da Cidade de Ibaiti, no Estado do Paraná. As cores comumente distribuem-se em anéis, e são preta e branca, às vezes com tons cinza alternados com branco e marrom. Tem alta densidade e brilho metálico após lapidação. O aspecto metálico da gema deve-se à presença de pequenas quantidades de ouro, platina, cobre ou ferro, geralmente dois desses metais.
- Concreção de sílica não é um nome muito apropriado, mas designa melhor a gema conhecida comercialmente como conchinha de ágata e medalha.

Entre as muitas pedras preciosas, o diamante destaca-se

Entre as muitas pedras preciosas, o diamante destaca-se por várias razões e tem características que o tornam único, daí se dividir as gemas em dois grupos: diamante e gemas de cor.

A denominação gemas de cor é muito inadequada, porque há diamantes que são bem coloridos (e com as modernas técnicas de tratamento de gemas eles são cada vez mais comuns) e há muitas gemas que podem ser incolores. Mas essa divisão está consagrada e é amplamente usada e aceita no meio gemológico, pois a diferença entre o diamante e as demais gemas, como veremos, é muito mais que uma questão de cor.

A importância do diamante é ressaltada também nos manuais de gemologia. Neles a descrição das gemas costuma iniciar pelo diamante, vindo a seguir as demais pedras preciosas.

Vejamos, então, quais são as características que tornam o diamante uma gema singular.


Dureza
A substância mais dura que se conhece é o diamante. Ele tem dureza 10 na Escala de Mohs, que vai de 1 a 10. O rubi e a safira têm dureza 9, mas o diamante é na verdade 150 vezes mais duro que eles. Isso tem a vantagem de permitir um excelente polimento, mas traz uma desvantagem: é bem mais difícil serrar, facetar e polir um diamante do que qualquer outra gema. Como nada é mais duro que ele, para polir o diamante é preciso usar pó do próprio diamante e contar com o conhecimento de um lapidador especializado - que, aliás, tem um nome especial: polidor de diamantes.


Aproveitamento Integral
Em matéria de diamante nada se perde. Mesmo as pedras de qualidade muito ruim são muito úteis e valiosas, pois podem ser empregadas em ferramentas de corte ou perfuração. E até mesmo o pó do diamante tem valor, pois, como vimos, ele é usado para polir o próprio diamante.


Diamantes coloridos
Diamantes coloridos

Cor
Como regra, quanto mais escura a cor de uma gema, mais valiosa ela é. Acontece, porém, que 99,9% dos diamantes são incolores ou levemente amarelados. Com isso, quanto menos cor o diamante tiver, mais valioso ele será, a menos que tenha uma cor bem definida (como os da figura ao lado), caso em que o preço poderá ser altíssimo. É por isso que a classificação de diamantes lapidados adotada e recomendada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT possui as categorias: absolutamente incolor, excepcionalmente incolor, nitidamente incolor e aparentemente incolor.


Classificação
Existem várias maneiras de classificar as gemas em termos de qualidade de cor e de pureza, e cada país, ou mesmo cada produtor, emprega o seu. O diamante, porém, é a única gema que possui um sistema de classificação reconhecido internacionalmente. Na verdade existe mais de um, mas hoje em dia praticamente se usa apenas o do Gemological Institute of América - GIA. O sistema adotado pela ABNT é o mesmo, apenas com tradução para o português (conforme tabelas abaixo). Isso facilita muito a comercialização da gema, pois a definição dos preços é muito menos subjetiva.

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO DIAMANTE LAPIDADO QUANTO À COR
CLASSIFICAÇÃO
ABNT
CLASSIFIAÇÃO
GIA
CLASSIFICAÇÃO
 HRD/ CIBJO
Absolutamente incolor
D
Exceptional white +
Excepcionalmente incolor
E
Exceptional white
Acentuadamente incolor
F
Rare white +
Nitidamente incolor
G
Rare white
Aparentemente incolor
H
White
Aparentemente colorido
I
Slightly tinted white
Levemente colorido
J
Claramente colorido
K
Tinted white
Nitidamente colorido
L
Acentuadamente colorido
M-Z
Tinted  colour
Cor excepcional
Z+
Fancy diamonds
1) A especificação da cor deve ser determinada por um profissional competente, utilizando um conjunto de padrões obtido por comparação com os conjuntos de padrões HRD, CIBJO ou do GIA, sob luz artificial padronizada, equivalente a 5.000- 5.300 kelvins (ABNT).

2) GIA = Gemological Institute of America.
HRD = Hoge Raad voor Diamant.
CIBJO = Confédération Internationale de la Bijouterie, Joaillerie e Orfèvrerie, des Diamants et Pierres.


SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO DIAMANTE LAPIDADO QUANTO À PUREZA
(adotada mundialmente, inclusive pela ABNT)

CLASSE

CARACTERÍSTICAS
FL
Flawless
Interna e externamente puro ao exame com equipamento óptico.
IF ou LC
Internally flawless ou loupe clean
Internamente livre de qualquer inclusão ao exame com equipamento óptico.
VVS1 / VVS2
Very very small inclusions
Inclusões pequeníssimas e muito difíceis de serem visualizadas ao exame com equipamento óptico.
VS1 / VS2
Very small inclusions
Inclusões muito pequenas e difíceis de serem visualizadas ao exame com equipamento óptico.
SI1 / SI2
Small inclusion(s)
Inclusões pequenas, fáceis de serem visualizadas com equipamento óptico e invisíveis a olho nu através da coroa.
I1 ou P1
Piqué I
Inclusões evidentes ao exame com equipamento óptico e difíceis de serem visualizadas a olho nu através da coroa, não diminuindo a transparência do diamante.
I2 ou P2
Piqué II
Uma inclusão grande e/ou algumas inclusões menores, fáceis de serem visualizadas a olho nu através da coroa, diminuindo um pouco a transparência do diamante.
I3 ou P3
Piqué III
Uma inclusão grande e/ou numerosas inclusões menores, muito fáceis de serem visualizadas a olho nu através da coroa, diminuindo sensivelmente a transparência do diamante.
1) As subdivisões encontradas em algumas das classes são definidas de acordo com número, posição, tamanho, cor, forma e natureza das inclusões.

2) A pureza de um diamante deve ser determinada por um profissional competente, examinando a gema sob iluminação adequada, com equipamento óptico de lentes aplanáticas e acromáticas com dez aumentos (ABNT).



Controle do Preço
Existe uma empresa, a DeBeers Consolited Mines, que exerce um grande controle sobre a produção e comercialização do diamante em todo o mundo. Esse controle já foi bem maior e, embora nunca tenha sido um monopólio, chegou perto disso. Como consequência, o preço do diamante há muito tempo é definido em grande parte pela atuação dessa empresa. Não fosse por isso, essa gema, que está entre as pedras preciosas mais caras do mundo, seria valiosa sim, mas não tanto.


Conhecimento da Produção
Grande parte das gemas, provavelmente a maior parte delas, é produzida por processos ainda bastante rudimentares ou pouco mecanizados, a exemplo dos garimpos brasileiros. Com isso, o real volume produzido não é bem conhecido, de modo que a produção mundial é sempre um valor estimado. Já com o diamante é diferente. Como a produção está muito centralizada em uma só empresa, é bem mais fácil obter dados confiáveis sobre o volume da produção anual, bem como saber, ano a ano, quais os países que mais produziram.


Estilo de Lapidação
Cada gema costuma ter um estilo de lapidação que lhe é mais adequado. Para as turmalinas, por exemplo, recomenda-se a lapidação navete. Para a alexandrita, a lapidação pera. Para o diamante, a lapidação mais apropriada é o brilhante. Em nenhuma das gemas conhecidas, porém, a lapidação mais indicada se confunde tanto com a própria gema como no caso do diamante. O brilhante está tão associado ao diamante que muitas pessoas usam erroneamente esse nome como sinônimo de diamante, dizendo "anel de brilhante" quando querem dizer anel de diamante. Isso não é correto porque o diamante pode ser lapidado do outras maneiras e outras gemas podem receber lapidação brilhante.


Controle de Procedência
O diamante é a única gema que possui um controle internacional de procedência. Devido ao seu uso para aquisição clandestina de armas, sobretudo em países africanos (o que gerou as expressões "diamantes de sangue" e "diamantes de conflito" para designar os diamantes assim vendidos), foi criado em 2002 o Processo Kimberley. Trata-se de um acordo que envolve dezenas de países produtores, pelo qual os signatários não compram diamantes brutos que não venham acompanhados de um documento padronizado atestando sua procedência, o chamado Certificado do Processo Kimberley. O Brasil é, desde 2003, um dos signatários desse acordo e tem tido presença ativa nas reuniões realizadas para tratar desse assunto.

O carbono, o elemento por trás do brilho dos diamantes.

Na próxima vez que você for ao shopping, dê uma passada em uma joalheria. Se você entrar na joalheria procurando por alguma peça de diamante, certamente o vendedor tentará lhe explicar os "4 princípios do diamante" - corte, claridade, quilate e cor - e por que um diamante é melhor do que um outro que está exatamente a seu lado. Por que toda essa polêmica com relação aos diamantes?
Diamantes são apenas carbono em seu estado mais concentrado. É isso mesmo, carbono, o elemento que está presente em 18% do peso de nosso corpo. Em muitos países não existe pedra preciosa tão adorada quanto o diamante. Ele não é mais raro do que muitas outras pedras preciosas, mas continuam sendo mais caros porque a maioria dos mercados de diamante é controlada por uma única entidade.

Foto cedida por Smithsonian Institution/Chip Clark
Colar, brincos e anel de diamantes The Hooker expostos no National Museum of Natural History (Museu Nacional de História Natural)
Neste artigo, acompanharemos a trajetória de um diamante desde o momento em que ele se forma até quando chega à superfície da Terra. Também examinaremos a raridade artificial criada pelo cartel do diamante, De Beers, e discutiremos rapidamente as propriedades destas pedras preciosas.
Primeiro, iremos discutir o carbono, o elemento por trás do brilho dos diamantes.
Diamantes do espaço
Diamantes não são exclusivos da Terra. Cientistas acreditam que estas pedras poderão um dia ser encontradas na Lua. Amostras de rochas trazidas da Lua indicam que o carbono é 10 vezes mais abundante na crosta da Terra do que na lunar, de acordo com o Projeto Artêmis (site em inglês), um grupo cujo objetivo é estabelecer uma comunidade permanente na Lua. Mas este grupo acredita que podem existir diamantes embaixo da superfície da Lua que os astronautas da Apollo não conseguiram detectar.
Existem também evidências científicas de que diamantes possam ser encontrados em maior abundância em Netuno e Urano. Netuno e Urano contêm uma grande quantidade do gás hidrocarboneto metano. Pesquisadores da Universidade da Califórnia mostraram que, ao concentrar um raio laser em metano líquido pressurizado, pode-se produzir pó de diamante. Netuno e Urano contêm cerca de 10 a 15% de metano embaixo de uma atmosfera externa de hidrogênio e hélio. Cientistas acreditam que este metano poderia se transformar em diamante em profundidades bem superficiais.
O carbono é um dos elementos mais comuns no mundo e é um dos quatro princípios básicos para a existência da vida. Os seres humanos contêm mais de 18% de carbono em seu corpo, e o ar que respiramos contém traços de carbono. Quando ocorre na natureza, o carbono existe em três formas básicas:
  • diamante: um cristal extremamente duro e claro;
     
  • grafite: um mineral preto e macio, feito de carbono puro. Sua estrutura molecular não é tão compacta quanto a do diamante, por isso é mais fraco;
     
  • fulerite: um mineral feito de moléculas perfeitamente esféricas, consistindo de exatamente 60 átomos de carbono. Esta alotropia foi descoberta em 1990.
Diamantes se formam a, aproximadamente, 161 km abaixo da superfície da Terra, na rocha derretida do manto da Terra, que proporciona a pressão e o calor adequados para transformar carbono em diamante. Para que um diamante seja criado, o carbono deve estar embaixo de, pelo menos, 435.113 libras por polegada quadrada (psi ou 30 kilobars) de pressão a uma temperatura de, pelo menos, 400º C. Se as condições estiverem abaixo destes dois pontos, será formado o grafite. Em profundidades de 150 km ou mais, a pressão vai para 725.189 psi (50 kilobars) e o calor pode exceder 1.200º C.

A maioria dos diamantes que vemos hoje foram formados há milhões (ou até bilhões) de anos. Poderosas erupções de magma trouxeram os diamantes até a superfície, criando chaminés de kimberlito.
Kimberlito é um nome escolhido em homenagem a Kimberly, África do Sul, onde estas chaminés foram encontradas pela primeira vez. A maior parte destas erupções ocorreu entre 1.100 milhões e 20 milhões de anos atrás.
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As chaminés de kimberlito foram criadas conforme o magma passava por profundas fraturas na Terra. O magma de dentro da chaminé de kimberlito funciona como um elevador, empurrando os diamantes e outras rochas e minerais pelo manto e crosta em poucas horas. Estas erupções eram breves, mas muitas vezes mais poderosas do que erupções vulcânicas que acontecem atualmente. O magma destas erupções foi originado em profundidades três vezes mais profundas do que a fonte de magma nos vulcões, como o Monte St. Helens, de acordo com o American Museum of Natural History (site em inglês).
Com o tempo, o magma esfriou dentro das chaminés de kimberlito, deixando para trás as veias cônicas da rocha de kimberlito que contêm diamantes. Kimberlito é uma rocha azulada que os mineradores procuram quando estão atrás de depósitos de diamantes. A área da superfície das chaminés de kimberlito que contêm diamantes variam de 2 a 146 hectares.
Diamantes também podem ser encontrados em leitos de rios, chamados de reserva aluvial de diamantes. São originados em chaminés de kimberlito, mas se movimentam por atividade geológica. Geleiras e águas podem movimentar os diamantes para milhas de distância de seu local de origem. Hoje, a maioria dos diamantes é encontrada na Austrália, Brasil, Rússia e vários países africanos, incluindo Zaire.
São encontrados como pedras brutas e devem ser processadas para se transformarem em predras brilhantes, prontas para a venda.

Crátons arqueanos
As temperaturas podem chegar a 900ºC nos crátons arqueanos. São os locais onde os diamantes se formam. São formações geológicas estáveis e horizontais, criadas há bilhões de anos, que não foram afetadas pelos principais acontecimentos tectônicos, de acordo com a Rex Diamond Mining Corp (site em inglês). São encontradas no centro da maioria dos sete continentes (a maior parte das atividades tectônicas ocorre ao redor das margens).