sexta-feira, 13 de maio de 2016

Serra Pelada ou a opera do grotesco

Serra Pelada ou a opera do grotesco




É sabido que a cortina do teatro ou da opera serve para ocultar, ainda que temporariamente, o cenário ou o palco; logo, serve para facilitar as manipulações dos contrarregras e maquinistas, num teatro que se baseia na ilusão, no qual não se pode revelar os bastidores da ação.




"Os mais de 70.000 metros de sondagem executados pela CVRD (VALE) em pouco mais de 100 hectares da região de serra pelada (poucas áreas que conheço foram tão furadas) definiram reservas lavráveis de cerca de 50 toneladas de ouro a cerca de 400 metros de profundidade, com teor médio de 8 gramas por toneladas (varia com o preço).
A área desde 1974 fazia parte do decreto de lavra 74.507/1974, na qual por lei era proibido atividade de garimpagem, proibição que não foi respeitada.
Vale destacar que nas DENOMINADAS RESERVAS GARIMPEIRAS, as empresas não trabalham, são obrigadas a respeitar, porém, o mesmo não se observa com os garimpeiros, nunca eles respeitaram, e não respeitarão nenhum tipo de proibição.
Em uma comparação bíblica, agem COMO ADÃO E EVA, que tinham a sua disposição todas as frutas do paraíso, sendo proibido apenas comer o fruto da macieira, não se contiveram lá foram é comeram.
Em uma demonstração por absurdo, caso uma lei estabeleça que em todo o território brasileiro seja permitido a garimpagem, exceto em uma determinada ares de 200 hectares
(pode ser qualquer tamanho), eles entenderão que ali é que está A LAJE DE OURO, e a  invadirão.
 Pelo contexto geológico (siltitos, brechas e arenitos calciticos em muito caso friáveis) os garimpeiros com suas “modernas técnicas” não conseguem lavrar.

Devido a presença dos cerca de 50.000 ex garimpeiros ( há mais de 30 anos estão lá sem garimpar nada) que vivem na expectativa de enriquecer, inviabilizam que qualquer empresa monte um empreendimento mineiro lucrativo e que enriqueça 50.000.
Resumo da ópera: uma jazida (depósito economicamente viável) ficará sepultada por sabe-se lá quanto tempo, quem sabe para sempre.

Pior, não adianta esperar a depuração pelo tempo, já que a empresa como pessoa jurídica teria tempo de esperar desaparecer os garimpeiros, já que essa estória já esta com 35 anos perdurando,  pois o que tem ocorrido é que com o tempo  aumenta, pois,  como a hidra da mitologia, para cada um que morre SURGE NO MINIMO 6 (SEIS HERDEIROS), assim a expectativa dos políticos aumenta  e chegará um dia que se fosse possível transportar o que resta do ouro do mundo, ainda assim não chega para  saciar o sonho"

Fernando Lemos.

Modelos de formação de kimberlitos

Modelos de formação de kimberlitos



Desde a descoberta de diamantes em kimberlito muitas teorias surgiram a respeito do processo de formação desta rocha. Mitchell (1986) apresenta em detalhes as diferentes teorias. Destas, serão apresentadas as três mais conhecidas e discutidas, mas cuidado, outras aparecerão, ao estudar novas descobertas, não só para modelos de limberlitos, mas outros modelos para origem dos diamantes.
TEORIA DO VULCANISMO EXPLOSIVO
Esta teoria envolve o apontamento de magma kimberlítico em baixas profundidades e o subseqüente acúmulo de voláteis. Quando a pressão confinada é suficiente para romper a rocha superior segue-se uma erupção. Acreditava-se que epicentro da erupção encontrava se no contato da fácies abissal com a diatrema.
Através da extensiva atividade mineradora desenvolvida nas regiões kimberlíticas tornou-se claro que esta teoria não é sustentável. Não foi encontrada nenhuma câmara intermediária nas profundidades sugeridas. Além disso o ângulo de mergulho da grande maioria é muito alto (80-85 graus) para ter sido formado em tais profundidades, ou seja, a relação entre o raio na superfície e a profundidade é muito pequena. Fácies de transição entre diatremas e fácies abissais têm cerca de 2km de profundidade, enquanto crateras têm geralmente cerca de 1km de largura, perfazendo assim uma taxa de 1:2. Estudos do ponto original das explosões revelaram que a taxa deveria estar perto de 1:1.
TEORIA MAGMÁTICA (FLUIDIZAÇÃO)
Segundo Kopylova, a proposição original desta teoria foi feita por Dawson (1962,
1971). Subseqüentemente foi desenvolvida por Clement (1982) e vem sendo estudada atualmente por Field e Scott Smith (1999).
Em termos gerais a teoria aponta que o magma kimberlítico sobe à superfície em diferentes pulsos, formando o que é denominado de “embryonic pipes” (chaminés embrionárias; Mitchell, 1986). O resultado é uma rede complexa de chaminés embrionárias sobrepostas de fácies abissais de kimberlito. A superfície não é rompida e os voláteis não escapam. Um algum ponto as chaminés embrionárias alcançam uma profundidade rasa o suficiente (cerca de 500 metros) na qual a pressão dos voláteis é capaz de vencer o peso da rocha que o recobre e os voláteis escapam. Com a fuga dos voláteis um breve período de fluidização ocorre. Isto envolve o movimento ascendente dos voláteis, que é suficientemente rápido para “fluidizar” o kimberlito e a rocha hospedeira fragmentada de modo que as partículas são carregadas em um meio sólido-líquido-gasoso. Fragmentos da rocha encaixante que se encontrem neste sistema fluidizado podem afundar dependendo de sua densidade. A fronte fluidizada move-se descendentemente a partir da profundidade inicial. Acredita-se que a fluidização seja muito breve pois os fragmentos normalmente são angulares.


Esta teoria supostamente explica as características observadas em chaminés kimberlíticas tais como: fragmentos de rocha encaixante encontrados até 1km abaixo do nível estratigráfico através de fluidização; chaminés íngremes com ângulos de ~80-85 graus, dado que a explosão inicial acontece a profundidades relativamente baixas; Rede complexa de chaminés de fácies abismais encontradas em profundidade; a transição de fácies abismais para fácies de diatremas.
Descobertas recentes de chaminés de kimberlitos em Fort a la Corne no Canadá sugerem uma re-avaliação da teoria magmática. Field e Scott Smith não negam que a água pode desempenhar um papel na vasta variedade de chaminés de kimberlitos obervados. Eles acreditam que em alguns casos os magmas kimberlíticos possam entrar em contato com aquíferos e neste caso a morfologia resultante será significantemente diferente das chaminés encontradas em outros lugares, particularmente na África do Sul. Eles consideram que a configuração geológica em que o kimberlito está inserido desempenha um papel significante na sua morfologia. Rochas bem consolidadas, que são aqüíferos pobres, tais como basaltos, que cobrem a maior parte da África do Sul, promovem a formação de chaminés muito inclinadas com 3 fácies kimberlíticas distintas. Sedimentos mal consolidados são excelentes aqüíferos e podem promover a formação de chaminés com ângulo de mergulho suave, o quais são preenchidos com kimberlitos de crateras, enquanto existe ausência de kimberlitos de diatremas. De especial interesse é a morfologia da chaminé de kimberlitos de Fort a la Corne em Saskatchewan no Canadá. As paredes da chaminé possuem mergulho especialmente raso e são preenchidas com rochas vulcanoclásticas ou sedimentos das fácies da cratera. A geologia local apresenta sedimentos pouco consolidados. Field e Scott Smith atribuem a diferença na morfologia observada nas chaminés de Saskatchewan ao hidrovulcanismo.
TEORIA HIDROVULCÂNICA (FREATOMAGMÁTICA)
O principal propositor desta teoria é Lorenz (1999), que desenvolveu o modelo hidrovulcânico por 3 décadas.
Magmas kimberlíticos ascendem à superfície por fissuras estreitas (~1m). Pode ocorrer de o magma kimberlítico encontrar-se em falhas estruturais, que agem como foco de água, ou a “brechação” resultante da exsolução (desmescla) dos voláteis pela ascensão do kimberlito pode atuar como foco para água. Em qualquer um dos casos o ambiente próximo à superfície é rico em água e a interação do magma quente com a água fria produz uma explosão freatomagmática.
A explosão tem curta duração. A rocha brechada satura-se novamente com a água superficial. Outro pulso de magma kimberlítico segue a mesma fraqueza estrutural da rocha até a superfície e novamente entra em contato com a água produzindo outra explosão. Pulsos subseqüentes reagem com a água da mesma maneira enquanto a fronte de contato move-se para baixo até alcançar a profundidade média da transição entre a fácie abismal e a diatrema.
Críticas a esta teoria apontam os seguintes problemas:
I) A teoria não explica porque toda erupção ocorre em contato com água, certamente algumas erupções teriam ocorrido em regiões pobres em água. I) A complexa rede de chaminés encontradas na área de transição da fácie abismal e da diatrema não é explicada. I) A falta de características que apontem para a subsidência através da chaminé. IV) A ausência de soerguimento associado com as chaminés kimberlíticas.

A teoria hidrovulcânica tem seus méritos e é aceita como o processo de formação dos kimberlitos encontrados em Saskatchewan pelos propositores da teoria da fluidização (Field e Scott Smith, 1999). No entanto não explica as características observadas na maior parte das outras chaminés kimberlíticas. A formação de “maares” são associadas a explosões hidrovulcânicas e possuem estrutura interna diferente dos kimberlitos, sendo as principais características a estrutura interna com subsidência em forma de disco, a descontinuidade que forma um anel no entorno da cratera e o soerguimento da rocha encaixante associado à explosão.

O JO retorna de ferias com "Um alerta para os donos dos garimpos a procura de negócios"(INCRÍVEL)

O JO retorna de ferias com "Um alerta para os donos dos garimpos a procura de negócios"


Mineração é coisa séria demais para ser deixada nas mãos de egocêntricos

OU O CAVALO PASSOU ENCILHADO

por Jose Fernando da Silva Lemos


O mineiro Dilson Fonseca dificilmente vai es­quecer aquele junho de 2013. Foi quando recusou um cheque de 1 bilhão de dólares por sua mina de minério de ferro, a Minerita, feita pela B&A, sociedade formada pelo banco BTG Pac­tual e pelo ex-presidente da Vale Roger Agnelli.
Dilson agradeceu o interesse e disse que, se fosse para vender por 1 bilhão de dólares sua mina, apelidada de “princesinha da Serra”, preferia doá-la a seus familiares. Olhada da perspectiva histórica da mina, a decisão de dizer não à proposta bilionária fazia muito sentido.
Nos anos 70, Cordovil Fonseca, pai de Dilson Fonseca, começou a extrair minério usando pás, marretas e garfos. Mas os anos passaram, o minério de ferro transformou-se em ouro e, em 2013, nenhum de seus vizinhos da região de Serra Azul, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, achou que ele estivesse maluco ao recusar a oferta. Fonseca diz ter uma reserva de 900 milhões de toneladas de ferro que, nas suas contas, deveria valer mais de 2 bilhões de dólares.
“Éramos assediados a todo momento”, diz ele, que também descartou ofertas de multinacionais como ArcelorMit­tal, BHP Billiton e Tata Steel. Na época, o minério de ferro vinha de anos e mais anos de alta, e as perspectivas eram de fato alvissareiras. Ter uma mina era um dos melhores negócios do mundo. Era.
Nos últimos meses, o mundo conspirou contra Fonseca. O preço do minério de ferro caiu 50% em 2014, passando de 136 para 69 dólares a tonelada, devido à redução do consumo na China, maior compradora mundial. Fonseca já cortou um terço da produção. E, agora, quer se livrar do negócio.
Recentemente, contratou o banco de investimento Bradesco BBI para assessorá-lo na busca de potenciais compradores. “O valor da empresa caiu ao menos pela metade. Outra oferta de 1 bilhão vai ser difícil”, diz um executivo de uma companhia interessada na mina. (Oficialmente, a Minerita não confirma os valores das propostas recebidas.)
Certamente não vale como consolo, mas Fonseca não é o único que tem muito a lamentar na região de Serra Azul. Seu vizinho Eduardo de Almeida Ferreira, controlador da Companhia de Mineração Serra Azul (Comisa), recebeu diversas propostas de 600 milhões até 1 bilhão de dólares de 2009 a 2013. Recusou todas. (Procurado, Ferreira não deu entrevista.)
A região de Serra Azul, formada por uma extensa reserva estimada em mais de 3 bilhões de toneladas de minério de ferro, que corta os municípios de Brumadinho, Igarapé, Itatiaiuçu, Itaúna, Mateus Leme e São Joaquim de Bicas, está cravada no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais,a maior área produtora de minério de ferro no país.
Os primeiros aventureiros instalaram-se na região nos anos 40 e passaram décadas vendendo alguns caminhõezinhos para pequenas siderúrgicas da região. Até que o apetite chinês e a disparada no preço do minério na última década transformaram suas histórias. A tonelada do minério passou de 16 dólares, em 2004, para quase 200 dólares, em 2011.
Em 2008, a Usiminas anunciou que pagaria quase 2 bilhões de dólares pela mina de José Mendes Nogueira, conhecido na região como “seu Zé Nogueira”. Seis meses depois, a maior siderúrgica do mundo, a inglesa ArcelorMittal, adquiriu por 810 milhões de dólares a mina de ferro da britânica London Mining, que no ano anterior havia comprado a empresa Minas Itatiaiuçu, da família Tavares, por 130 milhões de dólares. De repente, todo mundo achou que seu negócio valia bilhões. Hoje luta-se para pagar as contas.
Acontece que, com o minério cotado a 69 dólares, boa parte das minas de Serra Azul é inviável. Além de extrair minério sem equipamentos de ponta, os empresários sofrem com a logística da região. Para transportar pela malha ferroviária até o porto, há duas alternativas: usar os trens da Vale ou os da MRS, controlada por Vale, Usiminas, MBR, Gerdau e CSN.
No porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, também só há duas opções: os terminais privados da Vale e da CSN (veja quadro ao lado). Tudo isso encarece o custo, que hoje fica próximo de 73 dólares por tonelada — acima, portanto, do preço final. Na média, a Vale gasta 46 dólares por tonelada.
“O preço do minério de ferro caiu mais rápido do que as pessoas esperavam. Nos preocupa saber onde isso vai parar”, diz Wilfred Bruijn, presidente da Mineração Usiminas. A geração de caixa da empresa caiu 94% no último trimestre.

O maior símbolo da ascensão e queda de Serra Azul é a mineradora MMX, fundada em 2005 pelo empresário Eike Batista. A companhia comprou por cerca de 350 milhões de dólares a AVG Mineração, da família Valadares Gontijo, e a Minerminas, do empresário mineiro Cândido Moreira Jardim, entre o fim de 2007 e o início de 2008.
Três anos depois, adquiriu o direito de explorar por 30 anos a mina Pau de Vinho, da Usiminas. Batizadas de Unidade de Serra Azul, essas operações produziam 5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Eike queria alcançar 29 milhões de toneladas por ano e anunciou investimentos de 4,8 bilhões de reais.
Mas a queda do preço do minério, a crise de confiança no grupo X e a dívida de 440 milhões de reais levaram a MMX a pedir recuperação judicial em outubro. Foram demitidos cerca de 300 dos 420 operários da companhia.
“Era o sonho de muita gente enriquecer com o Eike, mas virou pesadelo”, diz David Carvalho da Silva, de 25 anos, que era operário da MMX. Seu pai, José Laurin­do da Silva, de 54 anos, ainda é um dos poucos empregados da empresa, mas sabe que por pouco tempo. “Disseram que é culpa da crise do minério”, diz.
A derrocada da MMX e o péssimo momento das mineradoras trouxeram o caos à economia da região. Os efeitos estão por todos os lados nos seis municípios visitados por EXAME. Em São Joaquim de Bicas, um alojamento construído para cerca de 2 000 operários da MMX foi abandonado e saqueado após a quebra da empresa. Vasos sanitários, TVs e sofás foram furtados, e o alojamento veio abaixo.
A varejista de móveis e eletrodomésticos Dione, criada em 1991 em Igarapé, e que avançou por nove municípios nos últimos anos, perdeu 30% do faturamento e viu a inadimplência crescer 50%. “Teve cliente que sumiu da cidade”, diz Henrique Palhares, presidente da empresa.
No município de Igarapé, a arrecadação de impostos caiu 30% neste ano. Em Brumadinho, a receita de royalties caiu 25  milhões de reais de 2013 a 2014. Na en­trada da mina da ArcelorMittal, caminhoneiros esperam o dia todo para encher a carga — a empresa decidiu produzir menos, esperando que os preços voltem a subir. Moradores, empresários e prefeitos já têm um novo apelido para a região: “Serra Vermelha”.
Como em toda história de sucesso e derrocada, empresários e moradores de Serra Azul têm na ponta da língua os “culpados” por seu infortúnio. Os chineses e Eike Batista são alvos óbvios. Mas a outra vilã é a maior produtora de minério de ferro do mundo, a Vale.
Como gasta apenas 46 dólares para extrair e exportar seu minério, a companhia sente menos os efeitos da queda na cotação. E está aproveitando o momento para ganhar ainda mais terreno. No terceiro trimestre, a Vale produziu um volume recorde de 85,7 milhões de toneladas de minério de ferro.
A mesma estratégia está sendo adotada por suas concorrentes anglo-australianas Rio Tinto e BHP Billiton. A Rio Tinto gasta 35 dólares por tonelada de minério. A BHP Billiton, 43 dólares. “A Vale está perdendo dinheiro dos acionistas, o país está entregando seus recursos naturais, há dezenas de municípios desesperados. É uma irracionalidade total”, diz José Francisco Viveiros, ex-presidente da ArcelorMittal Serra Azul e atual presidente da Bahia Mineração.
Em entrevista a EXAME, Murilo Ferreira, presidente da Vale, diz que a estratégia de aumentar a produção foi definida há muitos anos e que o setor está passando por um rearranjo natural. “As mineradoras menos eficientes estão sob forte ameaça de desaparecer”, diz.
Em 2015, o jogo deverá ficar ainda mais difícil para as mineradoras em Serra Azul. Segundo a projeção de analistas dos bancos Citi, Bank of America e Merrill Lynch, o preço do minério de ferro deverá ficar abaixo de 60 dólares. “Somente a Vale e a CSN vão conseguir operar no azul”, diz o analista de mineração Ivano Westin, do banco Credit Suisse.
Um pequeno alívio pode vir com o Porto Sudeste, idealizado por Eike Batista e controlado pela holandesa Trafigura e pelo fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala. A conclusão estava prevista para o primeiro semestre de 2013, mas atrasou. A nova previsão é 2015. Com ele, a expectativa é economizar de 5 a 10 dólares por tonelada. Para quem contava bilhões, agora qualquer centavo faz diferença.

Descobrir um corpo diamantífero na floresta amazônica não é facil

Descobrir um corpo diamantífero na floresta amazônica não é facil





O tamanho dos corpos primários diamantíferos são muito pequenos comparados aos corpos contendo aoutros minérios, Daí a extrema dificuldade para encontrá-los. A dificuldade provocada pela diminuta dimensão, adiciona-se o fato que são corpos formados por rochas fracas sob o efeito do clima da amazônia e essas rochas logo se alteram, destruidas pelas intemperias e não aforam na superficia

O indispensável bulk Sampling (amostra de grande volume)

O indispensável bulk Sampling (amostra de grande volume)



A pesquisa de diamantes em fontes primárias como kimberlitos e lamproitos, não é para qualquer um. É um trabalho altamente técnico, incrivelmente caro e se não for adequadamente conduzido, há o risco de se perder uma jazida ou de investir onde não existe depósito econômico. 

Quando os teores são baixos, o que é o caso da maioria dos kimberlitos, uma amostra de pequeno volume não tem nenhuma representatividade e qualquer que seja o teor obtido não deve ser considerado. Para entender essa premissa é necessário ler os próximos parágrafos. 

A concentração dos diamantes na rocha fonte é frequentemente muito pequena, de apenas algumas miligramas por tonelada. Isso obriga o pesquisador fazer verdadeiras minas piloto para obter dados fidedignos como teor, qualidade, preço e tamanho médio dos diamantes.


Um bom exemplo é a mina de Letseng no Lesotho. Ela é uma das mais importantes minas de diamante primário do mundo. 

No kimberlito de Letseng o teor médio é de apenas 3 quilates (600 miligramas) por tonelada de minério. 

Com teores tão baixos as amostras pequenas, de 50kgs, por exemplo, irão quase sempre dar resultados negativos para diamante. Se você fizer esse erro poderá simplesmente perder uma jazida de bilhões de dólares. Ou, gastar muito em um prospecto sem nenhum valor...

A pergunta que se deve fazer é: qual o tamanho mínimo de uma amostra que seja representativa do teor, qualidade, preço e tamanho do diamante de Letseng? 

Lembre-se que o investimento em Capex para uma mina destas pode chegar e ultrapassar a 1 bilhão de dólares, o que nos obriga a ter muita confiança nos dados obtidos na pesquisa. Na realidade antes da viabilidade econômica o nível de confiança deve estar próximo dos 97,5%, mas isso é uma outra história...

Sem entrar em cálculos estatísticos complexos a resposta mais utilizada pelos pesquisadores é que é necessário coletar um mínimo de 2.000 quilates de diamante (por amostra) para que essa tenha alguma representatividade de teor. 

Por este cálculo simples seria necessário uma amostra mínima de 67.000 toneladas. Ocorre que em Letseng os diamantes médios são os maiores do mundo. Este kimberlito é o que  produz mais diamantes acima de 10 quilates, o que faz o preço médio do diamante de Letseng ser um dos mais elevados.

Estas características fazem com que uma amostra representativa tenha que ser, no mínimo, de 1 milhão de toneladas. 

Assustado? 

Lembre-se que dependendo do kimberlito existem imensas variações faciológicas o que vai aumentar em muito o número de amostras a serem coletadas. O pior é que cada fácie tem um teor diferente e alguns, no mesmo pipe, podem ser estéreis. 

Ou seja, é necessário uma verdadeira mina para que o investidor tenha a certeza de que o projeto é viável. 

É por essas características da jazida que várias empresas amostraram o kimberlito e nunca conseguiram entender os teores, qualidade e tamanhos médios reais. Alguns anos atrás eu debati esse assunto com um “expert” em diamantes Sul-Africano. Ele me confidenciou que a empresa dele havia investido milhões em Letseng sem conseguir ver a viabilidade do projeto, pois nunca amostraram grandes volumes, como necessário. 

Como se vê, essas particularidades fazem a pesquisa em Letseng ser caríssima. Foi por isso que entre a descoberta em 1957 e a mina se passaram 20 anos e muitos perderam dinheiro em uma das jazidas mais rentáveis da África.

Lembre-se deste exemplo quando for avaliar os teores de um kimberlito. Talvez a resposta só seja possível se a sua empresa estiver disposta a investir dezenas de milhões na pesquisa. 

Enviado por Fernando Lemos