domingo, 12 de junho de 2016

Como Identificar um Diamante Verdadeiro

Como Identificar um Diamante Verdadeiro


Descobrir se o seu diamante é verdadeiro ou não é um desafio tentador – afinal, quem não tem interesse em descobrir se comprou gato por lebre? A melhor (porém mais cara) solução para esse problema é pagar um joalheiro de boa reputação e de confiança para avaliar a joia sem danificá-la. Mas você também pode ser capaz de detectar a diferença entre um autêntico e uma imitação. Com um pouco de luz, água, uma baforada e uma lupa, isso é possível. Confira o primeiro passo para mais detalhes e informações sobre o maravilhoso mundo dos diamantes.

Método 1 de 5: Testando em Casa Diamantes Cravados em uma Jóia

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    Use o “bafômetro”. Coloque o diamante na frente da boca e solte o ar pela boca, da mesma forma que você faz com o espelho quando quer escrever com o dedo nele. Se a pedra continuar embaçada passados 2 segundos, é muito provável que se trate de uma falsificação. Um diamante de verdade dispersa o calor instantaneamente, ou seja, ele deixa de ficar embaçado em questão de instantes, muito mais rapidamente do que uma imitação.
    • Use um diamante que você já sabe que é verdadeiro e compare com a pedra suspeita. Bafeje nas duas ao mesmo tempo, repetidas vezes. Você verá a sua expiração sendo condensada na falsa, enquanto a verdadeira vai continuar sem embaçar.
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    Fique de olho no metal que acompanha o diamante na jóia. É muito pouco provável que um diamante verdadeiro esteja acoplado a um metal barato. O quilate do metal gravado na parte de dentro da jóia é um bom sinal (10K, 14K, 18K, 585, 750, 900, 950, PT, Plat). Já as iniciais "C.Z." representam a zircônia cúbica (usada para imitar diamantes).
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    Uma lupa de joalheiro pode identificar imperfeições encontradas em diamantes de verdade. Essas imperfeições vêm do processo de mineração. Já diamantes fabricados em laboratório e aqueles feitos com zircônia cúbica NÃO apresentam nenhuma imperfeição. Os verdadeiros geralmente têm pequenas imperfeições que ocorrem naturalmente, que são chamadas de "inclusões", as quais podem ser vistas com uma lupa. Olhe para as pequenas manchas de minerais ou alterações de cor bem sutis. Estes são os dois sinais de que você está lidando com um diamante autêntico, ou seja, naturalmente imperfeito.
    • As imitações de zircônia cúbica e diamantes cultivados em laboratório geralmente não têm imperfeições. Isso porque eles são cultivados em ambientes estéreis em vez de produzidos por acaso na Natureza. Uma joia que é muito perfeita apresenta grandes chances de ser uma fraude.
    • É possível, no entanto, que um verdadeiro diamante seja absolutamente perfeito. Não use imperfeições como o fator decisivo para determinar se o seu diamante é verdadeiro ou não. Use sempre os outros testes primeiro.

Método 2 de 5: Testando em Casa Diamantes Soltos

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    Observe como a luz reflete na pedra. Os diamantes têm um alto poder de refração, ou seja, eles conseguem “dobrar” os raios de luz que passam por eles. É graças a essa propriedade que eles brilham tanto. O vidro e o quartzo usados em imitações têm o poder de refração muito menor, mesmo que tenham sido lapidados de forma a imitar um diamante. Confira abaixo alguns testes que você pode fazer em casa:
    • O método do jornal: Teste a distorção ótica com o método do jornal. Caso o seu diamante esteja solto (ou seja, não está preso a um anel ou brinco, por exemplo), você pode fazer o seguinte teste: coloque-o em cima de uma folha de jornal. Se você conseguir ver as letras impressas através do diamante, é provável que ele seja falsificado (a não ser que o diamante tenha um corte bastante assimétrico, o que permitirá a visualização das letras através de determinados pontos).
    • O teste do ponto preto: Teste a distorção refrativa ótica fazendo um ponto com uma caneta. Desenhe um ponto preto em uma folha de papel. Coloque o diamante em cima desse ponto. Caso dê para enxergar um reflexo circular preto através do diamante, é porque ele é uma imitação.
  2. Imagem intitulada Tell if a Diamond is Real Step 3
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    Observe os reflexos de luz da pedra. Os reflexos de um diamante de verdade tem tons de cinza. Caso você encontre reflexos coloridos, é porque o diamante em questão é de baixa qualidade ou, pior ainda, uma falsificação
    • Confira a cintilação do diamante. Um diamante autêntico cintila muito mais do que uma imitação de vidro ou de quartzo. Se puder, leve com você essas imitações quando for fazer compras. Assim você poderá usá-las como referência.
    • Não confunda brilho com refratividade. O brilho consiste na intensidade com que a luz é refletida pelo corte da gema. Já a refratividade tem a ver com a cor da luz que é refratada. Então, fique de olho em um brilho 'intenso', e não um brilho colorido.
    • Porém, existe uma pedra que brilha tanto quanto um diamante: A moissanite. Essa pedra é tão parecida com o diamante que até joalheiros têm dificuldade em distingui-los. Para conseguir ver a diferença, mantenha a pedra perto de seu olho. Use uma lanterna (o ideal é usar uma lanterna clínica, daquelas que os médicos usam) e segure-a acesa contra a pedra. Se você ver as cores do arco-íris, isso é um sinal da dupla refração, ou seja, que a pedra se trata de um exemplar de moissanite, mas não de diamante.
    • Deixe o diamante cair em um copo de água. Devido à sua alta densidade, um diamante genuíno vai afundar. Já uma imitação vai ficar boiando na superfície ou no meio do copo.
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    Submeta a pedra a um "teste de resistência". Aqueça a pedra suspeita com um isqueiro por 30 segundos. Logo em seguida, deixe a pedra cair dentro de um copo de água. A rápida expansão e contração vai sobrecarregar a força de tensão de materiais mais frágeis como o vidro ou quartzo. Já o diamante é forte o suficiente para passar por esse teste.
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Método 3 de 5: Testes Profissionais

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    Peça à joalheria que realizem um teste com sonda termoelétrica. A Presidium Gem Tester é uma das marcas no mercado. Os diamantes verdadeiros dispersam calor rapidamente e não vão esquentar com a sonda. A vantagem deste método é que ele não danifica as pedras como outras formas de teste existentes.
    • O teste de calor age seguindo os princípios do teste de resistência das pedras. Mas, em vez de verificar se a gema se rompe após o aquecimento e súbito resfriamento, a sonda termoelétrica vai medir quanto tempo o diamante retém a temperatura.
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    Peça na joalheria uma combinação de testes para diamantes e moissanites.Muitos joalheiros mantêm equipamentos especializados que diferenciam os diamantes dos moissanites. O resultado é rápido.
    • Um teste de sonda de calor tradicional não será capaz de identificar a diferença entre moissanite e um diamante verdadeiro. Confira se o teste está sendo realizado com uma sonda de condutividade elétrica e não um testador térmico.
    • Se você estiver testando vários diamantes ao mesmo tempo em casa, há testadores que usam uma combinação de métodos diferentes e que podem ser comprados na internet ou em lojas especializadas em pedras preciosas.
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    Exame microscópico. Com a ajuda de um microscópio, a pedra é examinada de cabeça para baixo. Se houver reflexos alaranjados quando se move a pedra, você está lidando com uma imitação. Agite suavemente o diamante para frente e para trás com uma pinça. Se você ver um ligeiro reflexo alaranjado ao longo das facetas, as chances de se tratar de zircônia cúbica são grandes, ou de que esse material foi utilizado para preencher as imperfeições dentro do diamante.
    • Para obter a melhor visualização do diamante, procure usar um microscópio com a capacidade de aumento de 1200 vezes.
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    Submeta o diamante a uma pesagem de alta precisão. Como a zircÔnia cúbica pesa aproximadamente 55% a mais que os diamantes de mesmo formato e tamanho, uma balança capaz de medir até o nível de quilates ou grãos é necessária para revelar se a pedra é um diamante verdadeiro ou não.
    • A única forma de realizar este teste com precisão é usando um diamante autêntico com o mesmo tamanho e forma da pedra suspeita. Sem a pedra verdadeira para servir de referência, você vai ter dificuldade em determinar se o peso está equivalente ou não.
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    Inspeção de luz ultra-violeta. Muitos (mas nem todos) diamantes autênticos exibem um reflexo azul-fosforescente debaixo de luz ultra-violeta ou de uma lâmpada de luz negra. Porém, a ausência de azul não significa que uma pedra é necessariamente falsa; alguns diamantes não apresentam fluorescência sob a luz ultra-violeta. A moissanite, por sua vez, apresenta uma fluorescência esverdeada, amarela ou cinza sob a luz ultra-violeta.
    • Apesar do teste com a luz ultra-violeta ser útil para identificar um diamante verdadeiro, ele não pode ser o único a ser levado em conta. Como mencionado acima, alguns diamantes fluorescem sob luz ultra-violeta, mas outros não. Também é possível encontrar diamantes adulterados de modo que exibam o brilho esperado sob esse tipo de luz.
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    Exame de raio X. A estrutura molecular dos diamantes os torna invisíveis ao raio X. Já os materiais como o vidro, cristal e zircônia cúbica usados em imitações vão aparecer nitidamente.
    • Para o teste com raios X, seria necessário contatar um profissional do ramo de pedras preciosas ou conversar com a administração de um laboratório que realiza radiografias.

Método 4 de 5: Obtendo Provas de que seu Diamante é Verdadeiro

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    Encontre um avaliador confiável. A maioria das joalherias contratam seus próprios gemólogos e avaliadores, mas muitos consumidores acham que é melhor solicitar uma terceira avaliação vinda de um profissional independente, o qual não irá lucrar com a venda.
    • Uma avaliação compreende duas etapas principais: em primeiro lugar, identificar e avaliar a pedra em questão. Em seguida, atribuir o devido valor à mesma. Ao procurar avaliadores independentes, verifique o número de registro no conselho de classe, incrição municipal e titulação.
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    Faça as perguntas certas. Além de ser capaz de descobrir se uma pedra é realmente preciosa ou não, um bom avaliador pode responder a uma variedade de perguntas sobre a qualidade de sua pedra para se certificar de que você não está sendo passado para trás. E essa segurança é ainda mais importante se você já comprou ou herdou uma pedra. O gemólogo deve ser capaz de dizer se:
    • A pedra foi produzida pela Natureza ou lapidada pelo homem;
    • A coloração da pedra foi alterada;
    • A pedra recebeu um tratamento de efeito temporário ou permanente;
    • A pedra corresponde à documentação de classificação fornecida por uma joalheria de boa reputação.
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    Exija um certificado de avaliação. Independentemente dos testes que você escolher para submeter a sua pedra, a forma mais confiável de saber se um diamante é verdadeiro é conferindo a papelada e falando com o gemólogo ou o avaliador. Esse cuidado se faz ainda mais necessário caso você esteja adquirindo a pedra pela Internet. Peça sempre um certificado.
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    Um certificado confiável inclui os seguintes itens:
    • Nome e CNPJ do estabelecimento emitente;
    • Número de registro no conselho de classe, incrição municipal, titulação e assinatura do gemólogo autônomo (responsável técnico);
    • Número e registro do certificado e data. Caso esteja interessado/a em mais detalhes sobre certificados de autenticidade de pedras preciosas, vale a pena visitar o site da GEM LAB - Gemologia e Engenharia Mineral.
    • Os certificados geralmente contêm muitas informações sobre o seu diamante, tais como o peso em quilates, medidas, proporções, grau de clareza, grau de cor e grau de corte.
    • Os certificados também podem apresentar informações extras, tais como:
      • Fluorescência , ou a tendência do diamante emitir um brilho discreto quando exposto à luz ultravioleta.
      • Polimento, ou o quanto a superfície da pedra é lisa.
      • Simetria, ou o quanto cada faceta se espelha uma na outra de maneira perfeita.
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    Registre o seu diamante. Uma vez que você tiver certeza de que o diamante é verdadeiro, seja por meio de uma avaliação independente ou um laboratório de avaliação, providencie o registro de autenticidade do mesmo.
    • Assim como os humanos, cada diamante é único. Uma nova tecnologia está permitindo que gemólogos consigam quantificar essa singularidade, produzindo uma espécie de "impressão digital" da sua jóia. O registro pode ser de grande valia na hora de fazer um seguro contra roubo. Se um diamante roubado aparece em um banco de dados internacional, você ppoerá recuperá-lo mostrando a documentação que comprova que ele é seu.
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Método 5 de 5: Dinstinguindo Diamantes de Outras Pedras

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    Muito cuidado com diamantes sintéticos. Eles são feitos em laboratório e conseguem passar nos testes. Eles custam uma fração do preço de um diamante autêntico e apresentam uma composição química idêntica aos dos verdadeiros. Para saber qual é o verdadeiro e qual é o sintético, só mesmo um perito profissional.
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    Saiba identificar a moissanite. É difícil encontrar diferenças entre um diamante e uma moassanite, mas essa última brilha um pouco mais, além de produzir uma refração dupla, a qual passa despercebida por olhos não treinados. Você pode experimentar um foco de luz através de uma pedra, e se ela emitir um brilho muito mais colorido e intenso do que um diamante conhecido, então você saberá que se trata da moissanite.
    • O diamante e o moissanite são muito fáceis de serem confundidos. Ambos têm condutividades térmicas semelhantes. Caso sejam testados apenas com o teste para diamantes, o resultado dará verdadeiro mesmo que você tenha um moissanite. A melhor opção é pedir para um joalheiro profissional usar um teste combinado para diamantes e moissanites.
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    Fique de olho no topázio. O topázio branco é outra pedra que pode enganar os leigos. No entanto, ele é muito menos duro do que o diamante. A dureza de um mineral é determinada pela sua capacidade de arranhar e ser riscado por outros materiais. Uma pedra que pode arranhar outras facilmente sem ser arranhada é considerada dura. Diamantes verdadeiros são alguns dos minerais mais duros do planeta. Preste atençao se há riscos em torno das facetas da sua pedra. Se ela parece estar um pouco "arranhada", é porque se trata de um topázio branco ou outra imitação.
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    Saiba identificar uma safira branca. Ao contrário da crença popular, safiras não são apenas azuis. Na verdade, essas jóias estão disponíveis em praticamente todas as cores. Variedades brancas de safira são muitas vezes utilizadas como substitutos do diamante. No entanto, essas pedras não contêm o acentuado contraste entre as áreas claras e escuras que os diamantes verdadeiros apresentam.
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    Saiba reconhecer a zircônia cúbica. Ela é uma pedra sintética nuito parecida com um diamante. A maneira mais fácil de detectar uma zircônia cúbica é pela cor dele é pelo brilho alaranjado quen ela emite. Sua origem artificial também pode resultar em uma aparência "perfeita demais", pois os diamantes verdadeiros muitas vezes contêm manchas e pequenas imperfeições.
    • A zircônia cúbica também é famosa por apresentar um maior espectro de cores no brilho do que os diamantes verdadeiros quando a luz é focada na pedra. O brilho e o reflexo de um diamante autêntico devem ser em grande parte incolores, enquanto a zircônia cúbica pode projetar brilhos coloridos.
    • Um teste bastante usado é usar a pedra para riscar vidro. Segundo a crença popular, se a pedra conseguir riscar o vidro sem ficar arranhada, trata-se de um diamante verdadeiro. No entanto, algumas zircônias cúbicas de alta qualidadetambém conseguem arranhar o vidro e saírem intactas. Logo, este teste não é realmente uma maneira definitiva para determinar se um diamante é autên

  • Curta o prazer de exibir diamantes. Se ele é verdadeiro ou falso, isso só importa na hora de comprar e vender as jóias. Nas outras situações, relaxe.
  • Caso decida levar suas jóias para serem avaliadas profissionalmente, o IBGM - Instituto Brasileiro de Gemas e Metais preciosos cobra aproximadamente 120 reais por hora.

Começa o segundo ciclo do ouro no Pará

Começa o segundo ciclo do ouro no Pará

O Estado do Pará ganhou notoriedade nacional e internacional, na segunda metade do século passado, graças à sua extraordinária produção de ouro. Primeiro com os milhares de garimpos espalhados no vale do Tapajós, tendo como polo de referência a cidade de Itaituba. Acredita-se que tenham sido extraídas da região, a partir de 1950, cerca de 500 toneladas de ouro. Mais tarde, já na década de 1980, a notoriedade ficou por conta de Serra Pelada, que, com seu formigueiro humano, foi na época internacionalmente reconhecido como o maior garimpo de ouro do planeta.
No final da década de 1990, com o declínio da atividade garimpeira, o que fez despencar também os números da produção, parecia ter-se acabado o ciclo do ouro no Pará. Esta era, porém, uma percepção equivocada. Na verdade, o Pará, detentor de alguns dos mais importantes distritos auríferos do país, está iniciando precisamente agora o segundo ciclo do ouro, este com uma importância econômica provavelmente muito superior ao primeiro.
O que muda, neste novo cenário, são as características da atividade extrativa: em vez da garimpagem manual, com o emprego de mão de obra intensiva e em condições brutais de trabalho do garimpo, entra em cena a mineração empresarial, com seu arsenal tecnológico, a lavra mecanizada e as técnicas mais sofisticadas de extração de metais. Sobrevivendo residualmente, os garimpos convencionais passam a ter importância secundária. A tendência é de aumento progressivo dos volumes de produção e de significativa redução dos impactos ambientais. A bateia e o mercúrio, símbolos do garimpo no século passado, ocupam página virada na história da produção de ouro no Pará e na Amazônia.
Em Belém, o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, dispõe de números que confirmam a nova corrida ao ouro no Estado do Pará. Num levantamento ligeiro, limitado somente às áreas com alguma tradição garimpeira, o Departamento confirmou, na sexta-feira, a existência de quase duas centenas de autorizações de pesquisa específicas para exploração de ouro em alguns municípios do Pará. Entre eles está Altamira, com 18 autorizações, Eldorado dos Carajás com 8, Marabá com 17 e Parauapebas com 15.
AUTORIZAÇÕES
Um caso especial é o município de Itaituba, no vale do Tapajós, região oeste do Pará. Berço da mais intensa atividade garimpeira do mundo durante quatro décadas (1950/1990), Itaituba conta hoje com 86 autorizações expedidas pelo DNPM só para pesquisa de ouro. No município de Itaituba já está confirmada a descoberta de pelo menos duas jazidas de classe mundial e se encontra em operação a única mina de exploração mecanizada hoje existente no Pará, a Serabi Mineração. Antes dela, o Pará só teve uma mina mecanizada de ouro – a do Igarapé Bahia, explorada pela Vale em Carajás na década de 1990, com produção realizada de quase 100 toneladas. A próxima será a Nova Serra Pelada, em Curionópolis.
Quando o assunto é ouro, aliás, Itaituba sempre é capaz de surpreender e impressionar. Além da única mina mecanizada e do grande número de autorizações de pesquisa, o município concentra também o maior quantitativo de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG). Esse tipo de autorização é concedido pelo DNPM a empresas e pessoas físicas exclusivamente para a extração de ouro em depósitos secundários, através de processo manual ou mecanizado, em áreas não superiores a 50 hectares.
De acordo com o superintendente em exercício do DNPM no Pará, Raimundo Abraão Teixeira, existem hoje cerca de quatro mil PLG’s expedidas para o município de Itaituba. Ele lembra, porém, que por volta de 1993 a 1995, quando o Ministério de Minas e Energia autorizou essas permissões, houve uma verdadeira avalanche de pedidos para aquele município. “Nós chegamos a ter naquela época mais de 40 mil requerimentos somente para Itaituba”, finalizou. (Diário do Pará)

Recomeçou a corrida do Ouro no Tapajós?

Recomeçou a corrida do Ouro no Tapajós?

Mentor intelectual do movimento que resultou na criação, em 1990, da Associação dos Mineradores de Ouro do Tapajós (Amot), que dirige até hoje, diretor da Associação Nacional do Ouro (Anouro) e atualmente dono de nove garimpos, três dos quais ativos, o empresário Dirceu Frederico, com escritório de compra de ouro na cidade de Itaituba, garante que está começando uma nova corrida do ouro no vale do Tapajós região que já foi a maior produtora do Brasilem boa parte da segunda metade do século passado e cujo ápice ocorreu na década de 1990. E mais: mesmo com a decadência da garimpagem, hoje reduzida a menos de dez por cento do que foi no passado, a atividade ligada ao ouro injeta ainda hoje, na economia da região, entre 10 e 11 milhões de reais por mês.

Segundo Frederico, apontado em Itaituba como "um baú de memórias da garimpagem no Tapajós", o ciclo do ouro tem sua origem nos idos de 1948, data do primeiro relato de que se tem notícia da ocorrência do metal. Da chegada dos primeiros faiscadores, nessa época, até o início da década de 1980, a extração do ouro se processava exclusivamente pelo método manual.

Ele lembra que foi a partir de 1982 que teve início a mecanização dos garimpos, com a chegada dos primeiros motores, bico-jatos e "chupadeiras" ao rio Marupá, inaugurando em território paraense técnicas até então restritas ao rio Madeira, em Rondônia. Continuando a imitar os procedimentos adotados pelos produtores de ouro de Rondônia, os garimpeiros do Tapajós introduziram, pouco tempo depois, uma novidade: as dragas de rio, com as quais passaram a revolver os "baixões" (vales e drenagens naturais do Tapajós e de alguns de seus afluentes).

Dois fatores se combinaram nessa época para provocar o que ficou conhecido então como "a febre do ouro" no vale do Tapajós. Ainda que um tanto rudimentar, a mecanização da atividade garimpeira provocou, de imediato, um extraordinário crescimento na produção. "O volume produzido foi multiplicado por dez", garante Frederico.

Ao mesmo tempo em que as máquinas impulsionavam a produção, o mercado internacional, surpreendentemente aquecido, registrava um grande aumento na cotação do ouro, induzindo com isso novos investimentos nas atividades de exploração. Ou seja, os preços do ouro compensavam os gastos com a aquisição de máquinas, que, por sua vez, resultavam em mais crescimento na produção.

Para Frederico, o vale do Tapajós abriga em seu subsolo muitos minérios, o que a coloca como uma província polimetálica. A província aurífera, porém, está confinada a uma área de 98 mil quilômetros quadrados delimitada pelos rios Tapajós, Iriri (afluente do Xingu) e rio das Tropas. Nessa área chegaram a funcionar mais de dois mil pontos de garimpo, cuja produção na época pode ter superado a casa de 700 toneladas de ouro.

No auge da produção garimpeira, entre 1982 e 1990, a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, do Ministério de Minas e Energia) chegou a catalogar na região 432 pistas de pouso. "Provavelmente havia mais, já que não existiam os modernos recursos de hoje, como imagens de satélites", afirma Frederico. Em Itaituba, o que se diz é que o município chegou a ter perto de 700 campos de pouso em operação.


Descobertas Novas Jazidas

Dirceu Frederico observa que, historicamente, o ouro sempre valeu como ativo financeiro em torno de US$ 10 a 11 mil o quilo, o equivalente a cerca de US$ 340 a onça troy. Em 1983, coincidindo com um período de grande turbulência na economia mundial, o ouro chegou a valer US$ 800 a onça troy, o equivalente a perto de US$ 25 mil o quilo. Ou seja, quase duas vezes e meia a sua cotação histórica, o que resultou, aqui, numa febre de investimentos em abertura de pistas e compra de maquinário.
Hoje vale Us$1.280,00 ou R$150,00 o grama do ouro.
Mais de vinte anos depois, embora a época e as condições sejam diferentes, conforme o diagnóstico de Frederico, está se repetindo algo semelhante, com a cotação do ouro já atingindo um valor próximo à casa de US$ 30 mil o quilo. "O resultado disso é que já está ocorrendo uma nova corrida do ouro em Itaituba", garante.

Ele destaca que, até 1995, por dispositivo da Constituição Federal de 1988, a legislação brasileira não permitia a entrada direta de capital estrangeiro para investimento no setor mineral. A aprovação de uma emenda constitucional em 1995, no início do governo Fernando Henrique, eliminou essa restrição. A partir daí, a convite do governo brasileiro, através do Ministério de Minas e Energia, a Amot integrou comissões internacionais para tentar atrair, principalmente nos EUA, empresas dispostas a atuar em pesquisas no Brasil. 

Dirceu Frederico calcula que cerca de trinta empresas americanas se interessaram pelo projeto e, delas, aproximadamente a metade se fixou na região para o desenvolvimento de projetos de pesquisa.

Do trabalho dessas poucas empresas já é possível concluir, segundo o diretor da Amot, que no vale do Tapajós existe ainda muito ouro. Ele confirma, inclusive, a descoberta de algumas jazidas de classe mundial.


"Restrições Ambientais engessam uso de riquezas"


Depois da morte de Irmã Dorothy Stang, em Anapu, em 2005, o governo brasileiro decidiu responder, da pior maneira possível, à intensa pressão da comunidade internacional: passou a criar unidades de conservação às pressas e sem o menor critério, que viram engessar perigosamente a Amazônia.

A opinião é de Dirceu Frederico, que, como diretor da Anouro, acompanhou as discussões em torno das restrições ambientais planejadas para a região. Representando os mineradores do Tapajós, ele chegou a participar de várias reuniões em Brasília e de audiências públicas realizadas na própria região oeste do Pará.

"A morte de Dorothy fez com que as unidades de conservação nascessem antes da hora", afirma. O resultado, segundo Frederico, somente hoje está sendo percebido. "As áreas onde existem grandes reservas minerais estão se transformado em reservas indígenas ou unidades de conservação".

O diretor da Amot observa que é assim na reserva Roosevelt, em Rondônia, área riquíssima em diamantes e que foi palco, no dia 7 de abril de 2004, de um massacre em que 29 garimpeiros foram trucidados por índios. Áreas ricas em minério estão hoje interditadas também em Mato Grosso, no Pará e em Roraima.

O grande problema, segundo Frederico, é que se tem hoje uma visão caolha da questão ambiental no Brasil. "O foco é única e exclusivamente na questão da biodiversidade. Não há a mesma preocupação com a população estabelecida nessas áreas, e muito menos com a geodiversidade, que tem para o futuro do Brasil importância estratégica".

As crescentes restrições ambientais impostas à região, segundo ele, ignoram o fato de que a riqueza mineral existente no subsolo é um patrimônio da nação e, como tal, deve ser aproveitada em benefício de toda a sociedade. "Não se leva em conta nem o fato de que uma empresa de mineração, para obter o alvará de lavra, tem que assumir o compromisso prévio de regeneração da área impactada".

Dragas reviram o rio Tapajós em busca de ouro e diamante


Os riscos da bacia do Tapajós voltar novamente a ficar barrenta são cada vez maiores. Centenas de dragas, agora com maior potência e mais poder de destruição do meio ambiente, estão revirando o leito do rio e funcionando a todo vapor em busca de ouro e diamante.
Há décadas, a região do Tapajós é alvo de milhares de garimpos ilegais em busca de ouro e diamante. Depois de sofrer uma intensa fase de exploração durante os anos 70 e 80, a exploração ficou quase estagnada décadas seguintes. Nos últimos cinco anos, porém, o garimpo voltou a prosperar com força total, mas de maneira mais perversa ainda.
As novas tecnologias e a utilização de cianeto na apuração do ouro deram novo gás na exploração do mineral, mas pode ser mortal para várias espécies, entre elas o próprio homem.
A pressão cresce e os fiscais do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) com seu poder de atuação reduzido, praticamente assistem a agressão a um dos mais belos rios da Amazônia.
Mais grave, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) que deveria fiscalizar a atividade não possui agentes suficientes para coibir mais este desastre ambiental.
O Ministério de Minas e Energia tenta regularizar a atividade na região, e procura solução ao caos fundiário. Mas o próprio presidente do ICMBio, Roberto Vizentin, reconhece que quase tudo é ilegal.
“O garimpo é uma das questões que mais nos preocupa nessa região”, enfatiza.
Com tantos garimpos, é natural o aumento da ocupação irregular na região já marcada por conflitos fundiários. Segundo o Incra, entre 5 mil e 6 mil famílias demandam regularização de terras nestas áreas.

CIANETO Segundo estimativas atualmente há cerca de 60 mil homens trabalhando na extração de ouro e diamante na bacia do Tapajós. É mais da metade dos 110 mil garimpeiros que estão espalhados por toda a Amazônia.
Quase todo esse batalhão atua de forma irregular, seja utilizando materiais ou máquinas proibidas, seja agindo sem qualquer tipo de autorização e fiscalização. Antigamente era só o mercúrio, agora também o cianeto, produtos usados para apurar o ouro, que seguem direto para o leito dos afluentes e do próprio rio Tapajós.
Para complicar ainda mais a situação, os garimpeiros passaram a utilizar retroescavadeiras para cavar mais fundo o solo e chegar a camadas da terra ainda não explorada. Até cinco anos atrás, esse tipo de equipamento, conhecido como “PC”, não era usado na exploração do ouro. O número é impreciso, mas calcula-se que hoje há cerca de 150 retroescavadeiras revirando terras na bacia do Tapajós.
É muito fácil observar balsas carregando os equipamentos pelo rio. Apesar da ilegalidade total, tudo transcorre normalmente. O maquinário é caro. Uma “PC” nova, com todos os apetrechos, custa cerca de R$ 600 mil.
O alto preço, porém, não mete medo nos garimpeiros que apostam na falta de fiscalização da Sema e na alta lucratividade para ampliar ainda mais suas áreas de garimpo.

ELDORADO As ações dos garimpeiros aumentaram diante da escalada vertiginosa do preço do ouro que voltou a viabilizar que a bacia do Tapajós voltasse a ser alvo de ações de garimpo. O rio Tapajós voltou a ser um eldorado.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Mineração de Itaituba, a região está produzindo meia tonelada de ouro por mês, o que representa mais de 26 milhões de dólares, de acordo com o preço atual do metal. Há cinco anos, este volume mensal não passava de 200 quilos. “O preço disparou e o negócio voltou a atrair muita gente para o garimpo”, conta um empresário da cidade.
Em 2005, o preço da onça do ouro (31,10 gramas) teve média de US$ 445. Em 2009, a cotação dobrou e chegou a US$ 974 e não parou mais de subir. Hoje o preço da onça está em US$ 1.643.
A situação é grave, principalmente diante da falta de autorização para lavra, da maioria dos garimpeiros. Eles culpam a Sema de morosidade na liberação e regularização da exploração e sabedores da ineficiência do órgão, apostam quase todos na impunidade, para perpetrar mais este crime ambiental.