terça-feira, 2 de agosto de 2016

Pesquisadores buscam minas de ouro no Centro-Oeste de Minas

Pesquisadores buscam minas de ouro no Centro-Oeste de Minas

Localizar ex-jazidas que abasteceram a economia local é um grande desafio, já que a maioria das entradas foi fechada pela vegetação ou por antigos donos. Grupo também quer transformar locais em pontos turísticos









Onça do Pitangui – Moradores e pesquisadores de Onça do Pitangui, pacata cidade do Centro-Oeste mineiro, com pouco mais de 3 mil habitantes, estão mapeamento a região para identificar e catalogar dezenas de minas de ouro que abasteceram a economia local na época do Brasil império (1808-1889) e ajudaram a povoar o então inóspito sertão da Gerais. Preservá-las é manter viva a história de um estado que carrega no próprio nome o local de onde é retirado o cobiçado metal. Localizar as dezenas ex-jazidas, entretanto, é o maior desafio enfrentado pelos estudiosos e voluntários, pois as entradas foram fechadas pelo crescimento da vegetação ou pelos antigos donos, receosos de que os tesouros fossem encontrados por estranhos.

Além de mapear a região, o grupo de pesquisadores está garimpando documentos sobre as antigas jazidas. As primeiras foram cavadas nos sopés de montanhas, na segunda metade dos anos 1800, quando bandeirantes já haviam explorado o ouro de aluvião, retirado com facilidade de rios, córregos e encostas. Foi naquela época que terras que hoje pertencem a Onça do Pitangui se transformaram em palco da última batalha da Revolta da Cachaça, um dos primeiros motins de brasileiros contra a Coroa Portuguesa.

Após a Proclamação da República, em 1889, outras cavernas foram abertas por investidores estrangeiros, sobretudo, alemães. A intenção dos pesquisadores vai além da localização exata das minas. Eles querem transformar as jazidas em pontos turísticos, como afirma Vandeir Santos.
No sábado, pesquisadores e turistas interessados em conhecer um pouco mais da história do estado visitaram quatro minas na companhia de pesquisadores e turistas. Uma delas foi descoberta por acaso, há poucos meses, durante a construção de uma praça próxima ao Centro do município. O local, à frente de um córrego canalizado, fica debaixo de um bambuzal. “Talvez tenha sido feito para prospecção”, acredita Santos. A ex-jazida tem menos de cinco metros de extensão. Já as outras três têm mais de 120 metros cada. A altura delas é de aproximadamente 1,7 metro, mas há trechos em que a distância entre o teto e o chão obriga uma pessoa dessa altura a se abaixar. Para chegar a elas, os pesquisadores se embrenharam na mata.

No percurso, tucanos, seriemas e outras aves puderam ser vistos e acompanharam de longe a movimentação do grupo. Já nas cavernas, a quantidade de morcegos chamou a atenção. “Não há iluminação e a umidade é muito grande, mas há bichos que vivem nesse ambiente”, explicou o geólogo William Campos, enquanto iluminava um shaft. Trata-se de uma espécie de túnel vertical, que liga a mina ao ambiente externo. “Em inglês, significa poço. É usado, por exemplo, para ventilar o local”, esclareceu o geólogo. Cláudio Faria acrescentou informações sobre a jazida em que estavam. “Nessa mina, por exemplo, há duas galerias, uma sobre a outra. A de baixo mede uns 15 metros. A de cima, uns 30 metros”, calculou.





POLÊMICA Há quem diga que as minas são importantes e que o primeiro nome da cidade foi inspirado na unidade de medida massa usada, entre outras, para pesar ouro. Uma onça troy, segundo o Banco Central,  corresponde a 31,1035 gramas do metal. O assunto é polêmico.

No livro Sinhá Braba, que romanceia a vida de Joaquina de Pompéu, uma empreendedora do Centro-Oeste mineiro, o autor não descarta a possibilidade de o nome ser associado ao metal precioso. Na página 16, Agripa Vasconcelos escreveu: “Bueno, com o ouro apertado na mão, repetia delirando: – Uma onça e oito oitavas! Essa medida de peso daria nome ao futuro Arraial de Nossa Senhora da Conceição da Onça”.

Vandeir Santos, porém, contesta a veracidade do caso narrado pelo romancista. Para ele, o nome se deve ao Ribeirão do Onça Brava. Ele cita uma pesquisa do historiador Sílvio Gabriel Diniz, baseada em documentos oficiais. “O historiador transcreveu das páginas do livro de guardamoria, da segunda metade do século 18, o seguinte: ‘Provisão de água e datas minerais concedidas a Romão da Mata Botelho, na passagem do caminho que vai para o Ribeiro da Onça Brava, chamado o Caxingó, por umas capoeiras até suas nascenças, de uma e outra parte’”, pontua o pesquisador.

BATALHA CONTRA PORTUGUESES

Em 1719, Portugal determinou o estanco da aguardente em Pitangui. Dessa forma, apenas a coroa poderia vender cachaça na região. A decisão irritou os bandeirantes, pois a bebida era gênero de primeira necessidade à exploração do ouro: era o “combustível” dos escravos. O estanco encareceu a exploração do ouro. Os bandeirantes se rebelaram e ocorreram mortes. A última batalha foi às margens do Rio São João, em terras que hoje pertencem a Onça do Pitangui, em 1720. Mais de 400 pessoas morreram.

Garimpeiros ainda buscam fortuna procurando pedras preciosas em MG

Garimpeiros ainda buscam fortuna procurando pedras preciosas em MG

Terras são exploradas desde o século 18, mas no estado existe uma área preservada em que o garimpo mecanizado não entrou.


Foi da febre do garimpo que nasceu Minas Gerais. A coroa portuguesa queria garantir que o ouro e as pedras extraídas no interior do Brasil não fossem roubados ou desviados. A estrada real seria o caminho seguro. E ela foi sendo aberta no século 17 por escravos, bandeirantes e tropeiros, seguindo o trajeto de antigas trilhas indígenas.
Era por lá que as pedras preciosas saíam das Minas Gerais e chegavam até o litoral do Rio de Janeiro. E embarcada em caravelas, nossa riqueza ia embora para Portugal.
Diamantina é a terra natal do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Cidade das vesperatas com músicos tocando nas sacadas coloniais. As ruas se enchem de música e a festa enche a cidade. Passado e presente se misturam em harmonia quase todos os fins de semana de abril a outubro. 
A apenas dez quilômetros do centro de Diamantina, já na área rural, há um lugar que vale a pena conhecer. Natureza virgem, nem parece que são terras de garimpo. A família de Belmiro Nascimento explora as terras de Ribeirão do Guinda desde o século 18. Ele conduz a equipe do Globo Repórter pelo lugar que ele conhece desde menino. O que se fazia ali era o garimpo artesanal. Só com enxada, peneira e olhos muito atentos. A ocupação principal do Belmiro agora é o turismo. Naquelas terras nunca entrou garimpo mecanizado.
Não muito longe dali a realidade é completamente diferente. Areinha parece o fim do mundo, lugar perdido, destruído de tal forma, que não dá para saber como era antes. É ali que homens de todas as idades procuram a pedra dos sonhos. Pobre rio Jequitinhonha. É muito clara a lei estadual que deveria proteger os terrenos às margens dos rios. É proibido revolver sedimentos para a lavra. E também é proibido o exercício de atividade que coloque em risco o ecossistema. Mas não é exatamente o que está acontecendo ali. Máquinas e garimpeiros trabalham a todo vapor.
Pelo menos mil garimpeiros trabalhavam em Areinha até uma operação da Polícia Federal. Doze foram presos. Mas ainda há acampamentos em condições precárias, esgoto a céu aberto, gente cortando lenha. Homens e mulheres que culpam a falta de emprego na região. Na lei do garimpo, quem bota a mão na massa fica com, no máximo, 10% do que é achado. Se alguém enriquece, é o dono da máquina.
Um pequeno diamante bruto. Misturado a outras pedras, quem conseguiria distinguir?
Ao ser lapidado, perde metade do tamanho. E alcança a perfeição.
Equipe do Globo Repórter visita a casa onde Chica da Silva morou

Diamantina nasceu aos pés da Serra do Espinhaço, a única cordilheira brasileira. A cidade atrai equipes de cinema e seus filmes de época.
Um único homem recebia da coroa portuguesa o direito de explorar os diamantes. O mais famoso, o contratador João Fernandes de Oliveira, se apaixonou e se uniu com uma escrava: Chica da Silva. A equipe do Globo Repórter visitou a casa em que eles moraram, que está aberta à visitação.
Quando morreu no final do século 18, a ex-escrava recebeu as honras que eram devidas quase que exclusivamente às mulheres brancas e ricas. Foi sepultada no interior da igreja de São Francisco de Assis.
O que será que sobrou da fortuna de João e Chica? “Nada. Também eram muitos. Só de filhos ela e João Fernandes de Oliveira tiveram 13. E cada um desses filhos na época tiveram seus 10, 11 filhos. Então a minha bisavó teve 10 irmãos. Era muita gente”, conta Ana Catarina Pinheiro, jornalista e octaneta de Chica da Silva.
Mineiros que se espalharam por toda a região. Histórias que se entrelaçaram na estrada real.
Parque estadual é criado após população se rebelar contra garimpagem
Mais pra cima no mapa está São Gonçalo do Rio Preto. Na cidade, de pouco mais de três mil habitantes, também há uma casa de um descendente da Chica. E um parque estadual de encher os olhos.
Do centro de São Gonçalo até o parque são só 15 quilômetros de estrada de terra.
A paisagem é deslumbrante. O parque já tem 21 anos de idade e chega a quase 12.200 hectares de área. Nada no parque foi plantado ou replantado. A natureza se encarrega de tudo.
É raro encontrar animais no caminho durante o dia. Só pegadas e vestígios. Eles se escondem ao menor ruído. E a maioria sai à noite para caçar. Tudo é bonito e preservado, uma vitória do povo de São Gonçalo que se rebelou contra a garimpagem.

PROPRIEDADES FÍSICAS DAS GEMAS 2ª Parte: Tenacidade, Clivagem, Fratura e Partição

PROPRIEDADES FÍSICAS DAS GEMAS 
2ª Parte: Tenacidade, Clivagem, Fratura e Partição


TENACIDADE
Define-se tenacidade como a resistência ao rompimento ou esmagamento, também conhecida como coesão. Tendemos a confundir esta propriedade com a dureza que, por sua vez, trata-se da resistência ao risco.
Enquanto a dureza relativa de um mineral é determinada numa série de 1 a 10, conhecida como Escala de Mohs, em termos de tenacidade geralmente apenas o designamos como frágil ou resistente.A durabilidade de uma gema depende destas duas propriedades, entre outros aspectos.Exemplificando, o diamante possui dureza extremamente elevada (nenhuma substância é capaz de riscá-lo), mas pode ser rompido ou esmagado por um golpe, pois sua tenacidade não é tão significativa.Por outro lado, o jade (*) apresenta dureza 6 a 7 (portanto, vários minerais podem riscá-lo), no entanto é muitíssimo resistente ao rompimento, pois sua estrutura granular ou fibrosa é extremamente coesa.

CLIVAGEM

Define-se clivagem como a tendência de certos minerais se partirem segundo planos de debilidade estrutural, denominados planos de clivagem, que são invariavelmente paralelos às faces reais ou possíveis do cristal.
Na descrição da clivagem, deve-se indicar sua qualidade e direção cristalográfica. A qualidade se expressa como perfeita, boa, regular, etc.

Topázio imperial, no qual se observa clivagem basal
Fotografia: Luiz Antônio Gomes da Silveira
Nem todas as gemas apresentam clivagem e somente poucas, comparativamente, a exibem em grau notável; nestes casos, ela serve como critério diagnóstico decisivo. Nas gemas brutas é fácil observá-la, porém, nas lapidadas, existe muito pouca ou nenhuma evidência desta propriedade.
Apresentam clivagem perfeita, entre outras, as seguintes gemas:
topázio (clivagem basal, em 1 direção)
calcita (clivagem romboédrica, em 3 direções)
diamante e fluorita (clivagem octaédrica, em 4 direções)
espodumênio (**) (clivagem prismática, em 2 direções).

FRATURA

Entende-se por fratura a maneira pela qual um mineral se rompe, quando isso não se produz ao longo de superfícies de debilidade estrutural.
Os seguintes termos usam-se comumente para designar os diferentes tipos de fratura: conchoidal (ou concóide), plana ou irregular. O primeiro tipo é, de longe, o mais frequente entre as gemas. Os vidros, sejam artificiais ou naturais, também apresentam fratura conchoidal, inclusive de forma mais evidente que a maioria das gemas.

Obsidiana (vidro natural), na qual se observa fratura conchoidal
Fotografia: Kevin Walsh
PARTIÇÃO
A partição consiste no desenvolvimento, em determinados minerais com maclas (***) ou sujeitos às tensões, de planos de menor resistência estrutural, ao longo dos quais podem romper-se.
Distingue-se da clivagem pelo fato de que, enquanto esta ocorre em todos os exemplares de um dado mineral, a partição pode ocorrer apenas naqueles maclados (geminados) ou submetidos a tensões.Um exemplo clássico em gemologia é a partição de forma romboédrica do coríndon (rubi e safira), por conta da eventual existência neste mineral das denominadas maclas polissintéticas, importantíssimas para sua identificação.
* Termo genérico utilizado para referir-se aos minerais jadeíta ou nefrita.
** Mineral cujas variedades kunzita (rósea), hiddenita (verde) e trifana (amarela) são designações mais familiares aos que lidam com gemas, sobretudo a primeira, que o da própria espécie.
*** Intercrescimento rotacional de dois ou mais cristais de uma mesma espécie mineral.

PROPRIEDADES FÍSICAS DAS GEMAS 1ª Parte: Dureza

PROPRIEDADES FÍSICAS DAS GEMAS 
1ª Parte: Dureza 


A propriedade física designada dureza é de fundamental importância em gemologia e em mineralogia.
Estas duas ciências empregam métodos de estudo semelhantes, no entanto, a abordagem do tema é bastante distinta.
O mineralogista pode riscar, pulverizar ou submeter a reações químicas os materiais a serem examinados, sem que se planteie qualquer problema.
O gemólogo, por lidar principalmente com exemplares lapidados, deve limitar-se a ensaios que utilizem instrumentos e técnicas específicas. Se estes não forem conclusivos, ao menos lhe permitem acumular informações que, acrescidas a outras, conduzem à identificação das gemas sem danificá-las. 
Por seu caráter destrutivo, o ensaio de determinação da dureza, frequentemente utilizado em mineralogia, raramente é executado em gemologia. Recomenda-se proceder a este teste apenas em exemplares gemológicos brutos e nos casos estritamente necessários.
Define-se dureza como a resistência ao risco ou à abrasão. Ela é uma propriedade vetorial, isto é, varia segundo a direção, e depende da natureza das ligações entre os átomos na estrutura cristalina. Não fosse esta uma propriedade vetorial e os diamantes não poderiam ser lapidados e polidos, pois não teriam direções cristalográficas de menor dureza que outras. 
Se, por um lado, a dureza relativa das gemas é poucas vezes determinada em laboratório, por outro, o conhecimento desta propriedade é de fundamental importância, por constatarmos que as gemas de maior dureza:
- têm maior durabilidade;
- adquirem melhor polimento e, consequentemente, maior brilho;
- não costumam apresentar arestas desgastadas.
A dureza é determinada por comparação com uma série que consiste de 10 minerais dispostos em ordem crescente e se conhece por escala de Mohs, em homenagem ao mineralogista alemão que a concebeu em 1822.

Fluorita policrômica
Mineral pertencente à escala de Mohs, de dureza 4
(Fotografia: Luiz Antônio Gomes da Silveira)
Escala de Dureza Relativa de Mohs
1. Talco
2. Gipsita
3. Calcita
4. Fluorita
5. Apatita
6. Feldspato Ortoclásio
7. Quartzo
8. Topázio
9. Coríndon
10. Diamante

Cada mineral desta série risca o anterior e deve ser riscado pelo seguinte. Por exemplo: o coríndon (dureza 9) risca o topázio (dureza 8) e é riscado com facilidade pelo diamante (dureza 10).
Apenas por comparação, é interessante sabermos que as unhas têm dureza 2 ½, o vidro comumente 5 a 5 ½ e uma lâmina de canivete geralmente 6.

Apatita com efeito olho-de-gato
Mineral pertencente à escala de Mohs, de dureza 5

(Fotografia: Luiz Antônio Gomes da Silveira)
Ao proceder a determinação, deve-se observar o seguinte: algumas vezes, quando um mineral é menos duro do que outro, porções do primeiro deixarão marcas sobre o segundo, que podem ser tomadas por engano como riscos. No entanto, elas podem ser removidas esfregando-se o local com o dedo umedecido, ao passo que um sulco será permanente.
É sempre aconselhável, quando se faz o ensaio de dureza, confirmá-lo invertendo-se a ordem do processo, isto é, não tentar sempre riscar o mineral A com o mineral B, mas também tentar riscar B com A.
Como a escala de Mohs é relativa, não tem valor quantitativo e, portanto, varia o intervalo de dureza absoluta entre os pares de minerais contíguos na escala. Por exemplo: a diferença de dureza entre o diamante e o coríndon é muitas vezes maior do que entre este e o topázio.

Topázio (variedade imperial)
Mineral pertencente à escala de Mohs, de dureza 8

(Fotografia: Luiz Antônio Gomes da Silveira)
Em vista disso, as gemas mais valorizadas, salvo algumas exceções, são aquelas cujas durezas são superiores a 7, que corresponde à dureza do quartzo. Gemas de durezas inferiores a esta podem até mesmo ter o seu polimento e brilhos alterados com o passar do tempo, pela ação da poeira, que contem grande quantidade de partículas de quartzo. Além disso, elas estão mais sujeitas ao risco das facetas e ao desgaste das arestas, pelo atrito com outros materiais devendo, portanto, ser manipuladas com cuidado.

VIDROS ARTIFICIAIS E NATURAIS

VIDROS ARTIFICIAIS E NATURAIS



A imitação de objetos valiosos usados como adorno pessoal por meio de substâncias de menor valor remonta à Pré-História e a diversas nações se atribui o descobrimento da mais corriqueira delas, o vidro artificial. Os mais antigos exemplares deste tipo de material procedem do Egito, onde eram empregados para imitar diversas gemas, principalmente esmeralda, turquesa, lápis-lazúli, jaspe e ônix, desde épocas anteriores a 5.000 A.C..
Tal como o conhecemos hoje, o vidro artificial já era empregado no Egito por volta de 1.000 A.C. e consiste de uma única substância ou, mais freqüentemente, de uma mistura de substâncias que, ao se resfriar rapidamente, tem sua viscosidade elevada e solidifica-se sem se cristalizar, dando lugar a um produto inorgânico de fusão, na maior parte das vezes transparente.
Os vidros artificiais não se incluem no grupo das gemas sintéticas pois, geralmente, têm em comum com as gemas que imitam somente a cor e a transparência, ao contrário das sintéticas, que apresentam as mesmas propriedades físicas e óticas, composição química e estrutura cristalina das suas equivalentes naturais.
Ao contrário dos materiais cristalinos, os vidros não apresentam estrutura interna ordenada, sendo, portanto, amorfos. Por se tratarem de uma mistura de substâncias sem composição química definida, suas propriedades físicas e óticas variam dentro de limites muito amplos, de acordo com seu tipo e composição.
Apesar da abundância e diversidade das gemas naturais, os vidros artificiais continuam sendo amplamente utilizados no mercado de gemas de imitação, sobretudo em artigos de bijuteria e, de modo geral, a distinção entre eles e as gemas naturais é bastante evidente, seja à simples vista ou com o auxílio de uma lupa.
Por apresentarem dureza relativamente baixa, usualmente 5 na escala de Mohs, os vidros apresentam arestas menos definidas e admitem um polimento menos perfeito e duradouro que o das gemas que procuram imitar. Por serem piores condutores de calor que a maioria das gemas cristalinas, os vidros dão a sensação de ser mais quentes ao tato. Ademais, exibem um típico brilho vítreo e fratura conchoidal, embora estas características tenham pouca utilidade prática, uma vez que boa parte das gemas naturais também as possui.
As inclusões mais freqüentemente observadas nos vidros são bolhas de gás, usualmente esféricas ou ovais, mas podendo apresentar diversas outras formas, bem como agrupamentos delas, assim como linhas curvas ou onduladas formadas pela mistura pouco homogênea dos seus constituintes, conhecidas como "marcas de redemoinho".
Quando a identificação de uma substância que se supõe tratar-se de vidro requer a execução de ensaios em laboratórios gemológicos, o espécime é submetido a uma marcha analítica, que consiste em determinações de caráter ótico, índice de refração e peso específico, empregando-se os instrumentos polariscópio, refratômetro e balança hidrostática, respectivamente. Em seguida, o exemplar sob questão deve ser examinado à lupa e por microscopia, em busca de inclusões e estruturas diagnósticas. Adicionalmente, podem ser realizados ensaios de fluorescência à luz ultravioleta (a maior parte dos vidros apresenta reação sob ondas curtas, de cores e intensidades muito variáveis), pleocroísmo (por ser isótropo, o vidro não é um material pleocróico) e espectroscopia de absorção na região da luz visível. Eventualmente, procede-se a ensaios de dureza, embora, na medida do possível, seja conveniente evitar o emprego de técnicas destrutivas no campo da gemologia.
Além dos vidros artificiais, produzidos pelo homem, há vidros naturais que, eventualmente, são facetados e empregados na indústria joalheira. Entre eles, destacam-se a obsidiana e os tectitos, como a moldavita. A distinção entre os vidros naturais e os artificiais algumas vezes pode se tornar difícil, mediante a utilização exclusiva dos ensaios usuais acima descritos, uma vez que a maior parte das características e propriedades de ambos é semelhante. Em alguns casos, são requeridos ensaios que utilizem técnicas analíticas avançadas, não estritamente gemológicas, tais como microsonda eletrônica e espectroscopia Raman, através das quais pode-se detectar a presença e o conteúdo de determinados elementos químicos na amostra, de forma a obter um resultado conclusivo a respeito da origem do vidro.