sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Garimpo explorado por Fernão Dias no Vale do Jequitinhonha é atração turística

Garimpo explorado por Fernão Dias no Vale do Jequitinhonha é atração turística






Diamantina e Sabará
 – Fernão Dias Pais e dezenas de homens de sua tropa, entre eles o genro, Manuel Borba Gato, desbravaram parte das terras que hoje formam o Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais carentes do país, atrás de uma serra resplandecente de esmeraldas, a Sabarabuçu, e de uma lagoa cheia do mesmo tesouro, a Vupabuçu. Corria os anos de 1680 e 1681. A bandeira se aventurou na área da Serra Fria, hoje cidade do Serro, e garimpou, sem sucesso, outras pedras preciosas em leitos da região. Quase três séculos e meio depois, o garimpo ainda é o ofício principal de muitos cabras daquelas bandas.

Há grupos que procuraram pepitas no fundo de rios, como o Rio Jequitinhonha, sem se preocupar com o meio ambiente. Derramam produtos químicos no leito e tampam a vegetação ciliar com areia retirada. Mas um garimpeiro, o qual acredita ser o único no Brasil, ganha a vida de forma interessante. Belmiro Luiz Nascimento, de 51 anos, transformou o “empreendimento” da família numa atividade turística. Apoiado por entidades como o Sebrae e o Instituto Estrada Real, ele mostra a grupos de visitantes como os garimpeiros retiravam diamantes da terra e do fundo d’água na época dos desbravadores.

O turismo herdado dos bandeirantes é o tema da terceira reportagem da série A origem das Minas Gerais, que o EM começou a publicar na segunda-feira em razão dos 340 anos da coluna liderada por Fernão Dias. A expedição deixou a Vila de Piratininga, em 1674, à procura de esmeraldas. Adentrou no inóspito sertão que hoje forma o estado de Minas Gerais e, durante a jornada de sete anos, fundou povoados e abriu picadas. Sem saber, Dias e seus homens começavam a formar a Capitania de Minas Gerais.

O Vale do Jequitinhonha, embora seja uma área carente, contribuiu para manter a regalia da coroa portuguesa na época do Brasil colônia. De Diamantina e do Serro, saíram muitas pedras de diamantes. O garimpo da família de Belmiro tem cerca de 200 anos. Fica às margens do Ribeirão do Guinda, na área rural de Diamantina. O local é bem preservado e não há agressão ao meio ambiente: tanto o leito do ribeirão quanto a mata no entorno são preservados pelo homem, que cobra R$ 30 de cada visitante.

Sul do Tocantins revela grandes potencialidades minerais


Sul do Tocantins revela grandes potencialidades minerais


Rochas ornamentais, zirconita, calcário, granada, areia e grande potencial para a indústria cerâmica. Essas são as potencialidades registradas pelo geólogo Rodrigo Meireles, durante pesquisa realizada em 17 municípios da região Sul do Tocantins. A pesquisa faz parte do projeto Diagnóstico das Potencialidades Minerais do Tocantins – uma iniciativa da Mineratins - Companhia de Mineração do Tocantins, com o apoio do Ministério de Minas e Energia. O destaque em Jaú do Tocantins é a zirconita, minério que serve de matéria-prima na fabricação de tintas para fornos de altas temperaturas, moldes, na cerâmica industrial e louças, pigmento para esmalte porcelanizado, isoladores térmicos e elétricos, refratários, entre outras aplicações. Lá, duas empresas exploram e comercializam o minério: a MITO – Mineradora Tocantins e a Mineradora Jaú. Juntas, essas empresas extraem aproximadamente 80 toneladas/mês desse minério e abastecem indústrias em Minas Gerais e São Paulo. O potencial de zirconita também tem atraído novas empresas ao município, como a Colorminas, que está iniciando os trabalhos de instalação. Além do Tocantins, a zirconita pode ser encontrada em apenas outros cinco estados brasileiros: Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Paraíba e Rio de Janeiro. “Isso se torna mais um atrativo para os investidores”, aponta o geólogo. Além da zirconita, outro potencial da região Sul tocantinense é o de rochas ornamentais, especialmente o granito verde e o gnaisse. O primeiro é abundante no município de Palmeirópolis, e o segundo pode ser encontrado em São Salvador do Tocantins. Praticamente toda a produção é vendida para empresas do estado do Espírito Santo. Em Gurupi, o destaque é para as indústrias cerâmicas. Das 27 visitadas na região, oito estão instaladas em Gurupi. Segundo Rodrigo Meireles, a indústria cerâmica está em expansão na região, o que pode ser notado especialmente em Gurupi, onde há um pólo de produção mais diversificado do que nos demais municípios. Além do tijolo simples (6 furos), há a fabricação de telhas e tijolos de vários modelos. O geólogo também registrou a existência de oito dragas de areia na região visitada e potencial de jazidas de granada – a pedra preciosa que é símbolo do Tocantins. Segundo ele, a empresa Colorgems Ltda está investindo em estudos de exploração dessa gema numa área de 10 mil hectares da região de Peixe. Outro mineral encontrado na região foi o calcário, explorado no município de Formoso do Araguaia e Palmeirópolis. O geólogo visitou ainda 12 garimpos desativados em vários municípios, entre eles de turmalina verde, preta e bicolor; granada rodolita, quartzito, zirconita e cristal de quartzo rosa. Segundo Rodrigo Meireles, a equipe da Mineratins foi muito bem-recebida em todas as empresas e 17 prefeituras visitadas. “Em todos os locais foi grande o interesse despertado pelos serviços que a Mineratins oferece”, observou. A visita para pesquisa das potencialidades minerais da região Sul do Estado ocorreu de 7 a 24 deste mês. Foram percorridos os municípios de Aliança do Tocantins, Alvorada, Araguaçu, Cariri, Crixás, Dueré, Figueirópolis, Formoso do Araguaia, Gurupi, Jaú do Tocantins, Peixe, Sandolândia, Sucupira, Talismã, Palmeirópolis, Paraná e São Salvador do Tocantins.

Cortando diamantes

Existem técnicas especiais usadas para polir e dar forma a um diamante antes de eles irem para as joalherias. O polimento cria as facetas que vemos no diagrama abaixo. Polidores de diamantes usam estas quatro técnicas básicas:
  1. Clivagem: para remover quaisquer impurezas ou irregularidades no diamante, uma pedra bruta é colocada em um cimento de secagem rápida. Uma fina ranhura é feita no diamante, usando um outro diamante ou um laser em seus pontos fracos. A seguir, uma lâmina de aço é colocada na ranhura e uma batida na lâmina quebra a pedra ao meio. Então a pedra é retirada do cimento;
  2. Desgaste: às vezes, diamantes precisam ser cortados em um plano de clivagem, o que não pode ser feito apenas com clivagem. Com uma lâmina giratória de bronze fosforoso a aproximadamente 15 mil rpm, a serra corta o diamante lentamente. Lasers também estão sendo usados para este fim;
  3. Desbaste: um diamante é colocado em um torno mecânico e outro diamante se esfrega contra ele para dar o acabamento rudimentar da borda exterior do esboço do diamante, no ponto de maior diâmetro;
  4. Polimento: para dar o acabamento ao diamante, ele é colocado em uma roda giratória de polimento. Esta é revestida com pó de diamante para alisá-lo enquanto ele é pressionado contra ela.
Cortes e a Linha Inferior

Apenas diamantes redondos e ovais podem ser cortados, enquanto diamantes de formato exótico (como pendeloque, marquesa e esmeralda) precisam ser produzidos por um método conhecido como “bruiting”. Alguns formatos, como o redondo e o brilhante, requerem mais facetas para que a luz seja devidamente refletida, de modo que precisam ser lapidados a partir de um diamante bruto maior. Como resultado, esses estilos de corte são mais dispendiosos que alguns outros.

Como funcionam os diamantes

Na próxima vez que você for ao shopping, dê uma passada em uma joalheria. Se você entrar na joalheria procurando por alguma peça de diamante, certamente o vendedor tentará lhe explicar os "4 princípios do diamante" - corteclaridade,quilate e cor - e por que um diamante é melhor do que um outro que está exatamente a seu lado. Por que toda essa polêmica com relação aos diamantes?
Diamantes são apenas carbono em seu estado mais concentrado. É isso mesmo, carbono, o elemento que está presente em 18% do peso de nosso corpo. Em muitos países não existe pedra preciosa tão adorada quanto o diamante. Ele não é mais raro do que muitas outras pedras preciosas, mas continuam sendo mais caros porque a maioria dos mercados de diamante é controlada por uma única entidade.

Foto cedida por Smithsonian Institution/Chip Clark
Colar, brincos e anel de diamantes The Hooker expostos no National Museum of Natural History (Museu Nacional de História Natural)
Neste artigo, acompanharemos a trajetória de um diamante desde o momento em que ele se forma até quando chega à superfície da Terra. Também examinaremos a raridade artificial criada pelo cartel do diamante, De Beers, e discutiremos rapidamente as propriedades destas pedras preciosas.
Primeiro, iremos discutir o carbono, o elemento por trás do brilho dos diamantes.
Diamantes do espaço
Diamantes não são exclusivos da Terra. Cientistas acreditam que estas pedras poderão um dia ser encontradas na Lua. Amostras de rochas trazidas da Lua indicam que o carbono é 10 vezes mais abundante na crosta da Terra do que na lunar, de acordo com o Projeto Artêmis (site em inglês), um grupo cujo objetivo é estabelecer uma comunidade permanente na Lua. Mas este grupo acredita que podem existir diamantes embaixo da superfície da Lua que os astronautas da Apollo não conseguiram detectar.
Existem também evidências científicas de que diamantes possam ser encontrados em maior abundância em Netuno eUrano. Netuno e Urano contêm uma grande quantidade do gás hidrocarboneto metano. Pesquisadores daUniversidade da Califórnia mostraram que, ao concentrar um raio laser em metano líquido pressurizado, pode-se produzir pó de diamante. Netuno e Urano contêm cerca de 10 a 15% de metano embaixo de uma atmosfera externa de hidrogênio e hélio. Cientistas acreditam que este metano poderia se transformar em diamante em profundidades bem superficiais.

Chineses invadem cidades da região Central de MG em busca de pedras semipreciosas

Chineses invadem cidades da região Central de MG em busca de pedras semipreciosas

Pedras preciosas em estado bruto saem de Minas com destino ao gigante asiático em contêineres com preço abaixo do mercado. Em Curvelo e Corinto, negócio gera R$ 50 mi

Euler Júnior/EM/DA Press


Curvelo – São 7h30 da manhã de terça-feira em Curvelo, na Região Central de Minas Gerais, e já se nota o início do carregamento de caminhões com contêineres cheios de pedras preciosas brutas que sairão do meio do estado em direção à indústria de joias na China. Somente em municípios mineiros como Corinto e Curvelo, a extração e venda clandestina de pedras movimenta mais de R$ 50 milhões ao ano, segundo cálculo a partir de informações da Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto (Coopergac) e da Associação Comercial e Empresarial de Curvelo (Ace). Isso sem contar o faturamento em municípios como Inimutaba, Diamantina, Felixlândia, Governador Valadares, Teófilo Otoni e em pequenas cidades da região.


O número contrasta com a informação oficial de exportação de pedras preciosas em bruto no estado. Em 2011, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as vendas externas desse material em toda a Minas Gerais foram de US$ 23,06 milhões (R$ 46, 12 milhões), um total inferior à estimativa de faturamento de apenas dois municípios mineiros. Entre 80% e 90% das pedras preciosas em bruto produzidas no Brasil são exportadas, principalmente ao gigante asiático.

O dinheiro apurado no negócio é invisível aos olhos oficiais. É que 95% dele circula nas mãos de uma poderosa indústria clandestina, que começa no garimpo informal e segue comandada por atravessadores, compradores – hoje, chineses, em sua maioria –, despachantes e empresas de exportação. O silêncio ronda todos os agentes que, de uma ou de outra forma, participam do esquema. A reportagem do Estado de Minas procurou conversar com vários deles. A maioria se recusou a dar declarações sobre o assunto. Outros forneceram informações sob a condição de anonimato.

Segundo uma dessas fontes, a cada 20 dias, em média 12,5 contêineres carregados com 250 toneladas de pedras extraídas dessa região seguem de Curvelo para serem embarcadas no Rio de Janeiro. O mesmo acontece com dezenas de tambores cheios de material mais valioso, que viajam de avião. Tudo aparentemente certo, não fosse o fato de que as notas fiscais mostram valores subfaturados, o que permite que essas pedras sejam enviadas para fora a preços muito inferiores aos praticados pelo mercado. “Um dos caminhos do subfaturamento é a própria Receita Estadual. Os garimpeiros saem de lá com o documento nas mãos”, diz G.L.H, que atua no ramo.

“Qualquer empresário, de dentro ou de fora do país, só pode comprar pedras preciosas de mineradoras legalizadas ou de cooperativas de garimpeiros. Mas os números da nossa exportação são tão baixos que ou elas saem altamente subfaturadas ou são contrabandeadas”, diz Raymundo Vianna, presidente do Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais (Sindijoias). Curvelo é o centro mineiro dessa indústria fantasma. De lá partem minerais como quartzos e cristais variados (rutilo, cabelo fachado, lodo verde), ametistas e águas-marinhas, que enriquecem os integrantes da rede.

Euler Júnior/EM/DA Press


Esquema Para facilitar o caminho até as pedras, os chineses contam com empresas que oferecem a eles um pacote de serviços para localização, compra e desembaraço das pedras por cerca de R$ 13 mil. São R$ 3.500 de transporte de Curvelo ao porto, R$ 300 para o “chapa” (carregador), R$ 2.000 pelo frete marítimo e R$ 500 de imposto. Para cada contêiner, o lucro dos prestadores de serviço com o negócio é de cerca de R$ 7 mil. Ou seja: uma média de R$ 87,5 mil ao mês para cada 12,5 contêineres enviados ao exterior, segundo uma fonte que pediu anonimato.

“Em média, o total declarado para o conteúdo de cada contêiner é de US$ 6 mil (R$ 12 mil), mas o valor de fato pode ser US$ 100 mil (R$ 200 mil)”, diz uma fonte do setor. Ele lembra que o quartzo mais barato custa R$ 2 o quilo, mas, segundo Raymundo Vianna, o preço do quilo do quartzo muda de acordo com a variedade e a qualidade da pedra. “O quartzo rosa e o rutilado de boa qualidade custam entre R$ 8 mil e R$ 10 mil o quilo. Já a ametista e a rodonita, outras variedades, podem valer até R$ 30 mil o quilo. Porém é impossível estabelecer o valor da pedra sem a avaliação de um perito”, diz.

Segundo a Secretaria de Estado de Fazenda, há equipes especializadas para atuar na fiscalização do setor nas regiões onde a exploração de gemas é predominante. Além disso, o produtor individual pode emitir sua nota fiscal, mas um procedimento de retaguarda é adotado no caso de remessa de mercadoria para o exterior.

Chineses invadem o estado

A rota de interesse dos chineses pelas pedras preciosas brasileiras passa por municípios mineiros e também baianos. Em Minas, os principais são Curvelo, Corinto e Inimutaba. Na Bahia, Novo Horizonte, Ipupiara, Campo Formoso e Oliveira dos Brejinhos. Em Curvelo, profissionais que atuam com eles, mesmo sem formação superior, aprendem até a falar mandarim, ainda que com noções rudimentares. Com isso, têm rendimentos garantidos. Os pagamentos são todos feitos em dinheiro vivo. E adiantados. Entram nessa lista prestadores de serviço, restaurantes, hotéis, postos de gasolina, imobiliárias e lojas de aluguel de veículos. Todos extremamente satisfeitos.

“De coração, se for para prejudicar os chineses não faça essa matéria. Eles pararam de comprar pedras por quatro meses por causa do preço e do ano novo chinês e Curvelo inteira sentiu”, diz um prestador de serviços que viu na chegada dos compradores da China a solução para ter renda. De acordo com ele, de 2006 para cá a presença de chineses na cidade cresceu 70%. “Só na Bahia tem dez famílias”, afirma. Em Curvelo, alguns vivem em hotéis baratos, de R$ 25 a R$ 70 a diária, outros alugam casas onde vivem por cerca de três meses, depois dos quais voltam para o seu país de origem e são substituídos por membros da família.

Em junho de 2010, a Polícia Federal apreendeu 700 quilos de pedras semipreciosas e cristal em Itacambira. Elas foram obtidas por meio da exploração ilegal por quatro chineses e dois brasileiros. As investigações indicaram a existência de um esquema de venda dos produtos para a China, que teria base em Curvelo, na Região Central do estado. Foram presos os chineses Wu Tsung Ying, Daí Yong Dong, Rayoin Huo e Shao Kang He, além do garimpeiro Adilson Mariano de Oliveira e Cláudio Afonso dos Santos, transportador e intermediário do negócio.

Os 700 quilos de cristal e pedras semipreciosas estavam sendo transportados em 18 sacos de linhagem na carroceria de um Fiat Strada e, de acordo com informações da Polícia Federal, foram vendidos para os chineses por R$ 15 mil. Os produtos minerais teriam sido retirados de garimpo no povoado de Machados, na zona rural de Bocaiúva, e seguiam para Itacambira, passando por uma estrada vicinal. A Polícia Militar de Itacambira fez a apreensão, depois de receber uma denúncia anônima. Dias antes, também no Norte de Minas, foi apreendida 1,2 tonelada de cristal de quartzo e 20 quilos de pedras semipreciosas, que saíram de Licínio de Almeida, no sertão da Bahia, e que seriam levados para Curvelo. Segundo a PF, os minérios extraídos na Bahia também teriam como destino a China.

"Se for para prejudicar os chineses não faça essa matéria. Eles pararam de comprar pedras por quatro meses por causa do preço e do ano novo chinês e Curvelo inteira sentiu" - prestador de serviços aos chineses em Corinto, que pediu para não ser identificado.